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A contribuição dos imigrantes e os capitais rural e comercial no

MAPA 11 – Localização das empresas industriais em atividade no município de

1. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO

2.6. Gênese e desenvolvimento industrial Joaçabense

2.6.1. A contribuição dos imigrantes e os capitais rural e comercial no

Como se mostrou no processo de ocupação da região Meio Oeste Catarinense, observa-se o início de uma pequena acumulação de capital que teve origem na expansão agrícola. Esta acumulação primitiva ligada num primeiro momento ao cultivo de lavouras de trigo, alfafa e arroz impulsionaram a exploração da madeira e erva-mate de forma sistemática e predatória seguida pela atividade tritícola que permitiu no caso do município de Joaçaba o surgimento da atividade industrial. Paralelamente desenvolveu-se o setor metal-mecânico que se tornaria um dos mais dinâmicos do município, e neste setor deve ser destacada a contribuição dos imigrantes para o desenvolvimento industrial.

Os primeiros imigrantes foram acolhidos na terceira década do século XX e muitos dos que se fixaram na região, dentre eles italianos e alemães trouxeram consigo experiência e conhecimentos técnico – industriais. Em 1934, sob a chefia do ex-ministro da Agricultura da Áustria, Andréas Thaler, chegou a Joaçaba uma leva de imigrantes da região do Tirol que se instalou em Treze Tílias, região onde os

imigrantes puderam encontrar um ambiente geográfico semelhante ao de sua terra de origem. Nos anos seguintes, inúmeros outros imigrantes chegaram em busca de melhores condições de vida, uma vez que a Europa era assolada pela Segunda Guerra Mundial. (QUEIROZ, 1967).

Na primeira leva de imigrantes, destacaram-se os irmãos Lindner, Francisco e Rudolf, que ao se mudarem para Joaçaba instalaram uma pequena oficina mecânica. O progresso da indústria criada por eles acompanhou o do município e a Francisco Lindner S/A Indústria e Comércio é uma das mais importantes no setor da indústria mecânica estadual. (QUEIROZ, 1967). O pioneirismo destes imigrantes e outros tantos que desenvolveram a atividade industrial do município de Joaçaba e região deve ser destacado, pois eles propiciaram a criação de inúmeras empresas e, aliados à mão de obra local, formaram a base do capital industrial joaçabense.

Desta maneira, pode-se acrescentar que o capital da indústria joaçabense veio da poupança e do trabalho familiar. Os imigrantes europeus dispunham de pequenas somas em dinheiro que foram aos poucos sendo investidos na indústria e somados a outras empresas constituíram um diversificado parque industrial.

A Francisco Lindner S/A Indústria e Comércio, fundada no ano de 1935 surgiu vinculada à atividade tritícola, assim como a Caetano Branco & Filhos Ltda. instalada em 1944. De acordo com Pimenta (1984), a Caetano Branco & Filhos Ltda., empresa do ramo de implementos agrícolas surgiu a partir da colonização do Vale do Rio do Peixe baseada no pequeno proprietário rural e passou a fabricar máquinas pequenas, de baixo custo e fácil manuseio. Sua produção vinculava-se essencialmente ao sucesso da pequena propriedade rural.

Dessa maneira, a produção do trigo nas pequenas propriedades criou inúmeras oportunidades para o surgimento das primeiras empresas e rapidamente destacaram-se outras ligadas à atividade, especialmente as de máquinas agrícolas e industriais. Introduzido no Estado de Santa Catarina pelos açorianos em 1920, o trigo chegou ao Vale do Rio do Peixe em 1920, época do surgimento dos primeiros moinhos. Em 1938, o incentivo criado pelo presidente da República Getúlio Vargas determinou a distribuição de sementes e a fixação de um preço mínimo ao cereal

fazendo com que a partir da década de 1940 Joaçaba e região se destacassem no cenário tritícola (IETESP – UNOESC)9.

A circulação de riquezas provenientes da triticultura, associada às vantagens de armazenamento e transporte, propiciaram o surgimento de inúmeras atividades, atraindo para a região de Joaçaba investimentos em várias frentes. Dessa, maneira o urbano foi sendo constituído e um exemplo disso é o início das atividades do Banco do Brasil em 1940, como a principal instituição financeira na época.

No ano de 1950, a grande Joaçaba possuía 41 moinhos10 e o Banco do Brasil fornecia, através de carteira subsídios para os agricultores: crédito aos pequenos, distribuição de sementes e máquinas agrícolas e obrigatoriedade de aquisição de cotas nacionais. Em razão do crescimento da atividade tritícola foi fundado em 1952 o SINDITRIGO – Sindicato da Indústria do Trigo de Santa Catarina. Neste ano, Joaçaba teve uma safra aproximada de 300 mil sacos (18 mil toneladas). A grande produção fez com que em 1957 o Ministério da Agricultura construísse um grande armazém – CIBRAZEM – junto à linha férrea da Estação do Herval utilizando a ferrovia no escamento da produção. Por ocasião do decreto/lei que dava ao governo federal o monopólio na comercialização do trigo em grão, e para atingir as exigências legais, foi criada em 1969 a COOPERIO – Cooperativa Tritícola do Rio do Peixe Ltda., que além de facilitar a comercialização fazia a distribuição do cereal entre os produtores (IETESP).

A presença destas primeiras empresas, em especial a mecânica e a alimentar vai caracterizar também o processo de ocupação e urbanização das áreas. O espaço não aparece como uma região industrial, nem com centros industriais específicos, mas é caracterizado por empresas isoladas e auto-suficientes, que vão organizando o espaço regional com todas as outras atividades surgindo posteriormente.

Se anteriormente o espaço regional era visto apenas através dos pequenos produtores, com o início do processo de industrialização já começava a se praticar

9

IETESP – UNOESC JOAÇABA: Instituto de Estudos Tecnológicos, Econômicos, Sociais e Políticos. Data em pesquisa.

10

A grande Joaçaba correspondia à cidade e Joaçaba e seus distritos. Joaçaba sozinha possuía 7 moinhos, sendo que atualmente só um está em funcionamento (Segundo Luiz Fett da Specht Produtos Alimentícios Ltda.).

uma significativa divisão social do trabalho na dinâmica regional, com as empresas no centro das relações humanas.