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O SABER E O TEMPO HISTÓRICO: ENSINO APRENDIZAGEM EM HISTÓRIA, NA EDUCAÇÃO INFANTIL, EM PARINTINS - AM

2. A criança como sujeito histórico: algumas reflexões

Ao lermos as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil (2010) focamos para elementos que nos subsidiassem para desenvolvermos pressupostos básicos do ensino de história na Educação Infantil, identificamos que a criança é assim descrita:

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010, p.12.)

Afirma que se trata de um sujeito de direito que pertence a uma sociedade, que ela tem um papel na família, na escola, que tem identidade, história, quando se fala de identidade, podemos destacar que a história vivenciada pelo sujeito indica que, o sujeito histórico está sendo levado em consideração no referido documento, no caso a criança está sendo respaldada a ter liberdade de ser e de agir no espaço formal, que é a escola.

O que deve ser cultivado na prática da rotina escolar é o desenvolvimento de um espaço que proponha a sensibilidade, a criatividade, a ludicidade e a liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais, conforme destaca-se no princípio estético da Diretrizes (2010).

No item que se refere aos princípios éticos as Diretrizes (2010) apontam o equivale a autonomia, enfatizando aspectos como o de desenvolver a responsabilidade, a solidariedade e o respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades, propondo elementos que exerçam no processo de ensino aprendizagem as diferentes expressões. Esses elementos visam articular a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância em contato com o conhecimento critico como cidadão da sociedade com oportunidades iguais. Embora saibamos que nem sempre este direito da criança é respeitado em nossa sociedade.

Podemos relatar também observando nas Diretrizes (2010) que criança sendo visada como sujeito histórico, precisa ser reconhecida como aquela que faz história na sociedade de modo geral. A criança como o ser que constrói cultura, onde

posteriormente lhe pode ser apresentado também à construção da sua criticidade um dos fatores que ajudam a reger a existência do ser criança a partir das suas experiências de vida articuladas ao saber escolar.

A importância de situar à criança como sujeito histórico, está estreitamente ligado para que esta perceba sua identidade social, onde a escola pode promover uma Educação de qualidade nesse contexto possa de fato ter uma função social, que não é a de reprodução estática. Desse modo, a concepção da Proposta Pedagógica do Município de Parintins elaborada a partir das Diretrizes observou-se que de acordo com dos propósitos das Diretrizes (2010), “(...) o ponto de se trabalhar a reflexão crítica do meio no qual se vive, e mediar à própria construção da autonomia da criança” (BRASIL, 2010, p. 19).

Estamos falando de a situação da criança viver a sua infância, percebendo o seu espaço, e também de construção de cidadania, nesse sentido compreendemos como nos diz Kramer (2013) que a infância corresponde a um tempo vivido verdadeiramente e que:

O fato de ser criança não necessariamente pode se dizer que esta vive a sua infância em diversos contextos e por diferentes elementos sociais como situações culturais, políticos, econômicos e históricos. Em vários elementos, no entanto, é importante que além de seu ambiente familiar, a criança precise descobrir, desvendar o mundo de possibilidades e, posteriormente, na modalidade da Educação infantil. O ideal seria que as crianças tivessem liberdade de construir, criar, proporcionar e entender sobre o tempos-espaços no contexto educativo, porém no ponto de vista da criança e também um olhar mais reflexivo por parte do educador.

Isto significa que todos os espaços explorados durante o tempo de infância sejam estes em âmbito familiar, escolar e em outros onde a criança está inserida, Kramer (2013), ainda discorre que esses espaços sejam revestidos de valor pedagógico, onde um dentre outras possibilidades de instaurar novas relações de saberes, resultem em construção de conhecimento histórico crítico.

É nesse sentido que a criança precisa ser tratada como sujeito histórico, porque constrói cultura, e, produzir cultura nessa perspectiva, nos leva a compreender que a criança é um ser capaz de participar do processo de ensino/ aprendizagem por meio de suas experiências associadas à significação. Isto sem dúvida justifica o ensino do tempo histórico na Educação Infantil.

O que se pode trabalhar na escola a partir desse “olhar diferenciado”, são a criança e o conhecimento das diferentes culturas, onde possa haver o respeito a essas diferenças e semelhanças de posturas e percepções como por exemplo.

Esse processo que articula a concepção de mundo e suas experiências, inseridos no conhecimento formal, nos leva ao campo da compreensão do que é uma educação para cidadania com cidadania, a partir do conhecimento das crianças, para que nesta primeira etapa de ensino pudéssemos mediar a ciência do ser. Assim as autoras Maria Belitane Fermiano, Adriane Santarosa dos Santos (2014) destacam que:

(...) O pensamento crítico exige a capacidade de reflexão, e isso só se adquire com amadurecimento e muito treino. Portanto é fundamental apresentar aos alunos, desde os primeiros anos da escolaridade básica, situações simples que os levem a exercitar esse pensamento crítico. (FERMIANO; SANTOS, 2014, p.15).

De fato, é de suma importância desenvolver trabalhos que propiciem a criança o pensamento crítico, partindo de suas particularidades, como pessoa no processo de ensino/aprendizagem. No que equivale a um dos objetivos da Proposta Pedagógica do Município de Parintins, observamos que dentre outros mecanismos deve ser apresentado as crianças, está "outros costumes, outras vivências", porém de modo questionador e reflexivo, como e o que está criança sabe do outro, do semelhante do diferente. Possibilitando conforme aponta as Diretrizes que exista “a apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos povos indígenas, Afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da América” (BRASIL, 2010, p. 21), sendo assim percebemos que as características do ensino de história pode articular e estimular esse pensamento crítico na criança fazendo perguntas estimulantes de diversas situações vividas no dia a dia, e oportunizando momentos para que elas mesmas tirem conclusões, elaborem respostas para questionamentos coletivos em relação a diversidade étnica que convivem.

Observou-se também que nas Diretrizes um dos objetivos é o de buscar elementos e experiências que possam associar a significação, onde justificam o ensino do tempo histórico na Educação Infantil para promover a criticidade, com solidariedade. (BRASIL, 2010), ou seja, independente da condição social vivida pela criança, a escola não pode rotular e anular o sujeito, desprezando as singularidades envolvidas. Pois o papel da escola é o de emergir um ambiente igualitário que

motive uma vivência com criticidade e não aceitando uma condição imposta e disseminada ainda de modo predominante na relação escola e sociedade, que ainda é o modo desprezível de viver e permanecer em divisão de classes sociais.

Produzir e construir conhecimento nessa perspectiva dentro de uma visão libertadora do ser, nos leva a compreender que a criança é um ser capaz de participar ativamente do processo de ensino/ aprendizagem. Nessa circunstância cabe ao educador propiciar no seu método, o modo de ser e existir no mundo, trazendo cidadania no modo de ensinar, compreendendo que de fato a criança é o sujeito de sua própria história.

3. Referenciais de tempo: sua importância no ensino de história e as