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Capítulo IV: As Metodologias no Processo de Ensino do

IV. 2. A criatividade e a motivação

A motivação, qualquer que seja a sua natureza, desempenha um papel importante na aprendizagem. O professor, se visa o sucesso, tem de saber despertá-la e mantê-la viva.

(Rodrigues, 1995; 2)

Na actualidade o termo “metodologia” designa não só um conjunto de regras ou princípios empregados no ensino de uma ciência ou arte, como também a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade15. Ora, na minha perspectiva esse conjunto de

49 princípios empregados no ensino passam por trabalhar a criatividade e a motivação dos alunos, seja na disciplina de Português ou na de Latim.

Haigh refere que Os alunos vão trabalhar mais e estar muito motivados

quando se sentirem felizes e confiantes na sala de aula (HAIGH, 2010: 173).

Sabe-se que a criatividade deve ser trabalhada desde a infância, através de estímulos à mente. A aprendizagem acontece de forma gradual tal como o conhecimento, resultante da interacção do ser com o meio, com a finalidade de criar um pensamento divergente, ou seja, o que procura soluções criativas (BAHIA e NOGUEIRA, 2005). A criatividade surge, assim, como algo motivador, não só para os alunos como também para o próprio professor. Um trabalho de um aluno, por exemplo, à medida que lhe é permitido usar toda a sua criatividade, torna-se mais motivador, transformando-se rapidamente num projecto de cunho pessoal. Então, o professor deve estimular o senso crítico do aluno, permitindo-lhe aliar o “aprender” ao “pensar”.

Bireaud (1995: 75) refere que a aprendizagem se efectua tanto melhor quanto mais for desejada pelo aluno, e se as condições em que é levada a efeito forem escolhidas, ou, pelo menos, aceites por ele, facto aliás atestado por numerosas observações e investigações. Muitas vezes, o que acontece é uma falta de motivação relacionada com os conteúdos programáticos que, no pior dos cenários, pode levar à anulação da disciplina em questão ou até ao abandono escolar precoce.

Não desconsiderando o valor da motivação na disciplina de Português, a questão intensifica-se mais quando se trata do processo de ensino/aprendizagem do Latim. Sabe- se que os alunos há muito que formaram a ideia de que o Latim é uma língua difícil de aprender. Segundo Rodrigues (RODRIGUES, 1995: 1), … para os alunos tal ideia

funcionou mais como factor de desinteresse e rejeição do que como estímulo. Acrescente-se a isto o facto de actualmente o considerarem improfícuo, embora não lhe ignorem o valor formativo e as vantagens culturais. Esta crítica estava relacionada com os métodos de ensino usados por alguns professores e, sobretudo, com a atitude de

menosprezar os meios modernos de comunicação. Torna-se urgente, portanto, interromper esta “corrente” de ideias. Caberá ao professor gerir as suas técnicas de ensino em função da turma que tem à sua frente. O mesmo autor acrescenta, ainda, que todas as disciplinas podem ser difíceis, se ensinadas por métodos errados e sem

50 No espaço de sala de aula, a experimentação de novos recursos e materiais inovadores é, muitas vezes, a porta para o sucesso. Para C. Puren (1988), metodologias

são o conjunto de procedimentos pelos quais a teoria é colocada em prática sobre o quê, como e quando ensinar. Os procedimentos ligam-se aos recursos materiais seleccionados para pôr em prática a teoria.

Neste sentido, surgem as novas tecnologias de informação e comunicação (T.I.C.), cada vez mais imprescindíveis no dia-a-dia dos jovens. A. MATA refere que

a Internet tem vindo lentamente a mudar a face da aprendizagem (MATA, apud Duarte & Mourão, 2004: 85). Nos dias actuais, só uma ínfima parte dos alunos não usa as novas tecnologias, seja na escola ou em casa. Felizmente, em Portugal um elevado número de escolas já estão equipadas com computadores, acompanhando assim a evolução das T.I.C. Os indicadores estatísticos do Observatório das Ciências e

Tecnologias para a Sociedade de Informação, entre 1995 e 2001, revelam o investimento que Portugal também tem feito para integrar as novas tecnologias de Informação e Comunicação em todas as escolas. (MATA, 2004: 86). Se sabemos que se trata de ferramentas que estimulam visual e auditivamente, proporcionam uma maior autonomia da aprendizagem, motivam os alunos e prendem a sua atenção, e se o professor pode conjugá-las com o programa escolar em algumas aulas e ainda aproveitar as suas funcionalidades para partilhar saberes, porque não aliar estes factores? A. MATA menciona ainda que o mesmo relatório da OCDE refere que embora grande parte das escolas estejam equipadas, as T.I.C. estão a ser claramente sub-aproveitadas, devendo-se isto sobretudo às dificuldades que alguns professores ainda sentem em integrá-las em actividades, fruto da escassez de formação para esse efeito. Todos

estamos conscientes de que há uma grande evolução tecnológica a que os professores não podem ficar alheios, porque os nossos alunos não o estão. Deve-se diminuir a separação entre a escola e o meio envolvente, cada vez mais dominado pelo acesso aos serviços proporcionados através da Internet. (A. CARVALHO, 2008: 11).

O desenvolvimento deste tema tem sido tal nos últimos tempos, que alguns cursos universitários no ramo da formação de professores, já incluem áreas de especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação; deduz-se, assim, que começa a haver consciência da necessidade de uma maior formação na área.

51 Apesar de tudo o que foi referido, estes instrumentos como tantos outros também têm as suas desvantagens. Uma das principais está relacionada com a recolha online de informação falaciosa à qual o professor deve de estar atento e alertar os alunos.

Por tudo o que foi dito, sublinho que a sua aplicação deve fazer-se de forma consciente, devendo ser vista como um meio e não um fim. “Como se sabe, a utilização

da Internet em ambiente educativo não garante por si só um bom ensino. Mas sendo um meio de comunicação linguística, proporcionando um ponto de encontro com a(s) língua(s) e os seus usos, e com informação sobre a própria língua, ela pode ajudar a criar instrumentos e actividades interessantes e relevantes para a promoção das aprendizagens necessárias no domínio da escrita.” (A. MATA, 2004: 86). O mesmo é válido para outros recursos e para outros métodos de trabalho usados no ensino.

Não podemos esquecer, no entanto, que um professor para ser criativo no uso de materiais e saber motivar, também precisa de estar motivado. Para Sternberg e Wendy (2003), o pensamento criativo deve começar logo no professor. Este deve ensinar e ensinar a pensar de forma criativa pois assim torna-se um modelo para os seus alunos. Apresento mais alguns tópicos deixados por Sternberg e Wendy, que se podem ter em conta para ensinar a estimular a criatividade:

 Dar tempo aos alunos para pensarem criativamente  Valorizar produtos e ideias criativas

 Instigar os alunos a arriscarem

Permitir que os alunos errem e transformar esse erro em experiência  Fomentar o respeito por pontos de vista diferentes

 Ensinar a turma a encontrar a sua motivação

Em suma, um docente dedicado à sua profissão, quando se depara com um aluno desmotivado, não olha apenas para o que o rodeia (pais, sociedade, questões da adolescência, etc.) mas procura despertar o seu interesse, o anseio de voltar a aprender e a motivação é um desses caminhos. Citando um autor desconhecido, Haigh diz-nos que

52 195). Muitas vezes, esta prática passa, simplesmente, por ajudar o aluno a encontrar o seu ponto forte, seja a leitura, seja a escrita, seja a capacidade para falar em público ou até a cooperação nos trabalhos de grupo. O elogio destas capacidades em frente à turma, em frente aos pais, ou até individualmente, provocam no aluno um interesse para melhorar ainda mais essa competência. Mas acima de tudo, os elogios devem ser sinceros, caso contrário, teriam exactamente efeito inverso ao desejado, incorrendo no risco de perder-se a confiança no professor.

A valorização da diversidade de saberes é meio caminho percorrido para o sucesso.

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