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2. A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A COMPREENSÃO DOS

2.1. A crise ambiental global e a educação como agente transformador do

Em meados do século passado, o planeta passava por uma fase de degradação muito grande por meio da qual rios foram transformados em esgoto, já se sentia o ar das cidades poluído, florestas haviam sido devastadas, muitos solos foram perdidos devido ao uso de pesticidas e a contaminação de lençóis freáticos era freqüente. A influência das ações humanas na natureza passou a ser visível ao momento que tais ações tornaram-se nocivas à qualidade de vida, principalmente nos países desenvolvidos, ameaçando alguns hábitos adquiridos com o aumento do consumo de produtos industrializados.

O livro Primavera Silenciosa, de 1962, da bióloga Rachel Carson mostra muitos dos impactos ambientais da época, em todo o mundo, relacionando-os diretamente com o modelo de desenvolvimento econômico adotado e faz também um alerta sobre o problema. O livro pode ser considerado um marco a respeito do estudo das questões ambientais, incentivando a discussão dos problemas ambientais na comunidade científica internacional.

Em 1972, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo. A Conferência trouxe o assunto da degradação ambiental como importante ponto de discussão, e foi constituída por 113 representantes do mundo que buscavam uma solução aos problemas ambientais. Foi decidido na Conferência que seriam necessárias mudanças nos modelos de desenvolvimento, nos comportamentos e hábitos das populações e que a educação era o instrumento para alcançar esse objetivo (DIAS, 2003: 74).

Entende-se ser importante que a educação, para uma vida mais comprometida com os valores ambientais, seja transmitida desde as séries iniciais, pois o Ensino Fundamental é um momento chave na vida dos estudantes e faz parte da educação básica. No Brasil, foi criada em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) na busca pela padronização da educação no

país. A educação, segundo a LDB, tem como missão “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer- lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.

A LDB (1996) tem como principal objetivo desenvolver os alunos através do (a):

I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III - desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidade e a formação de atitudes e valores;

IV - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Entende-se que a educação, como instrumento necessário para a mudança dos comportamentos e hábitos da população, como propôs a Conferência de Estocolmo, se dá a partir do ensino formal e não formal da sociedade, sendo responsabilidade do Estado proporcionar a educação formal básica, por meio da escola. “A educação escolar deve constituir-se em uma ajuda intencional, sistemática, planejada e continuada para crianças, adolescentes e jovens durante um período contínuo e extensivo de tempo” (PCN, 1998) sendo diferente dos ensinamentos transmitidos por outras instâncias da educação não formal, como a família, por exemplo, que prepara os alunos em diversos momentos de suas vidas e com abordagens diferentes.

A interação entre a educação formal e aquela adquirida fora da escola é essencial para o desenvolvimento do aluno, para que este possa vivenciar aquilo que foi estudado ou apresentado na escola.

A ampla gama de conhecimentos construídos no ambiente escolar ganha sentido quando há interação contínua e permanente entre o saber escolar e os demais saberes, entre o que o aluno aprende na escola e o que ele traz para a escola. O relacionamento contínuo e flexível com a comunidade favorece a compreensão dos fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos que se expressam no ambiente escolar (Ibidem, 1998).

Acredita-se que o processo educacional tenha a proposta de formar cidadãos mais críticos e responsáveis com suas ações. Para tal é importante que os alunos percebam-se como parte integrante e agentes transformadores do ambiente “identificando seus elementos e as integrações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente” (Ibidem, 1998).

A crise ambiental presente não é apenas uma crise ecológica, é também uma crise do sistema político-econômico compartilhado pela maioria dos países do mundo. Esse processo capitalista deve ser repensado para que a utilização dos recursos naturais do planeta seja menos danosa aos seres humanos e ao sistema natural.

Percebe-se a educação como instrumento de conscientização em relação ao uso dos recursos naturais e da degradação ambiental, deve “concentrar-se nas condições ambientais atuais, tendo em conta também a perspectiva histórica” (DIAS, 2003), para que seja possível o entendimento do aluno de como se configurava certo local anteriormente às mudanças ambientais registradas no mesmo. O ambiente está relacionado diretamente com a vida social e cultural das comunidades. É importante que os alunos entendam as questões ambientais e participem efetivamente na construção de um processo de desenvolvimento mais sustentável.

Considera-se, portanto, que educar a população a respeito das questões ambientais é importante para que haja melhor compreensão, também, sobre a realidade dos fenômenos climáticos que vêm ocorrendo no planeta. Dessa forma os alunos devem ser incitados a sempre “questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação” (PCN, 1998).

2.2. A necessidade da inserção de valores ambientais nos processos