• Nenhum resultado encontrado

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 A Cultura da bananeira no município de Araçatuba (SP)

O cultivo em escala comercial da bananeira no município de Araçatuba teve inicio no ano de 1995 com 16 produtores dos bairros da Água Limpa e da Prata, por meio de um convênio firmado entre os produtores e a Prefeitura Municipal. A intenção era diversificar a produção dos agricultores que em contrapartida forneceriam a fruta para a merenda escolar (SMDA, 2011). Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA, 2011), a cultura da bananeira está em franca expansão no município, passando de apenas 14 hectares em 1996 para aproximadamente 230 hectares em 2010 (Tabela 2), divididos em 49 propriedades. TABELA 2. Ocupação do solo, em hectares, no município de Araçatuba nos anos de 1996,

2006 e 2010.

CULTURAS Área ocupada em hectares

1996 2006 2010 Cana de açúcar 11.408 22.200 38.836 Algodão 1.000 - - Soja 500 760 1.409 Milho 4.800 7.100 2.617 Pastagens 62.750 58.360 36.820 Banana 14 130 230 Fonte: IEA (2011).

Atualmente existem 43 propriedades produtoras de banana, sendo quase sua totalidade constituída de pequenas propriedades rurais, com menos de 4 módulos fiscais, que corresponde cada módulo a 30 hectares (INCRA, 1980) e caracterizada pela mão-de-obra familiar. As propriedades produtoras de banana no município estão distribuídas pelos bairros

rurais da Água Limpa (63%), Divisa (10%), Pratinha (10%), Jangada (7%), Prata (5%), etc. (Figura 2).

FIGURA 2. Distribuição percentual das unidades de produção de banana do município de Araçatuba-SP, nos anos de 2010 – 2011.

Fonte: Dados da pesquisa.

No Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo, nota-se muitas variações nos cultivares do subgrupo Cavendish, de porte médio a alto, sendo que o termo Nanicão tem sido usado, indistintamente, para se referir a esses cultivares. As áreas de banana no município de Araçatuba são quase que exclusivamente desses cultivares, porém existe propriedades que produzem outros, como os cultivares Maçã, Prata e Figo. Aproximadamente 90 % dos produtores cultivam em sua propriedade apenas o cultivar Nanicão, no entanto existem propriedades que possuem o cultivar Maçã (2,5%), o cultivar Figo (2,5%) e existem outras propriedades que produzem mais de uma cultivar (Figura 3).

FIGURA 3. Cultivares de bananeiras produzidas e sua distribuição nas Unidades de Produção Agrícola do município de Araçatuba-SP, em percentual, nos anos de 2010 – 2011.

Fonte: Dados da pesquisa.

No município, 86% dos produtores de banana, possuem outras formas de exploração agropecuária para compor sua renda familiar na sua propriedade. A pecuária, o cultivo de café e o cultivo de outras frutíferas são as principais atividades complementares dessas propriedades bananícolas (Figura 4).

FIGURA 4. Outras explorações agropecuárias desenvolvidas nas unidades de produção de banana do município de Araçatuba-SP, em percentual, nos anos de 2010 – 2011.

No município de Araçatuba, a multiplicação das bananeiras, é realizada pela grande maioria dos produtores pelo sistema de mudas convencionais, na forma de pedaço de rizoma (49%) e rizoma inteiro (33%). Nas Figuras 05, 06, 07 observa-se os processos de multiplicação de bananeiras através do pedaço de rizoma. O sistema de multiplicação por mudas de laboratório é utilizado, atualmente, por apenas 18% dos produtores.

FIGURA 5. Produção de mudas de bananeiras através de pedaço de rizoma, no município de Araçatuba-SP, 2011.

FIGURA 6. Muda de bananeira obtida através de pedaço de rizoma com broto e raízes emitidos, município de Araçatuba-SP, 2011.

Fonte: Produção do próprio autor.

FIGURA 7. Mudas de bananeira obtidas através de pedaço de rizoma acondicionadas em saquinhos, município de Araçatuba-SP, 2011.

Ainda com relação ao plantio da cultura no município, muitos produtores realizam sem os devidos cuidados necessários para uma boa implantação e condução do bananal. Nesse sentido, a correção de possíveis deficiências físicas, químicas e biológicas do solo é de suma importância para obter uma produtividade satisfatória. No entanto, observou-se na pesquisa que 72,5% dos produtores do município de Araçatuba realizam análise de solo a fim de identificar possíveis deficiências de nutrientes, mas parte dos produtores realizam correções de acidez e adubações por meio de receitas pré-estabelecidas.

A umidade do solo desempenha importante papel na produção do bananal, especialmente com relação ao lançamento do cacho. Sob severa deficiência de umidade, como a encontrada no período de inverno em nossa região, a roseta foliar se comprime e quando a inflorescência vai atravessá-la ocorre o bloqueio de sua passagem, ela fica “engasgada” sem conseguir ganhar o exterior, 62,5% dos produtores do município possuem irrigação, sendo que os que não possuem é devido ao custo dessa tecnologia e a dificuldade de se enquadrar na legislação ambiental de autorização do uso da água.

Os tratos culturais envolvem as operações feitas no solo (combate do mato) e também as ligadas às bananeiras (eliminação de folhas velhas, desbaste, retirada do coração, despistilagem, controle de doenças, etc.).

O controle às plantas daninhas precisa ser feito periodicamente e de maneira sistemática, a fim de propiciar às bananeiras um ambiente adequado para crescer e produzir. Sua presença é indesejável, não só por competirem por nutrientes e água superficial do solo, como por serem eventuais hospedeiras de pragas e moléstias que podem causar prejuízos às bananeiras. O controle às invasoras pode ser feito mecanicamente (roçagem ou capinas), quimicamente, por meio de aplicações de herbicidas, ou por cobertura morta. Em geral, é realizado capinas no entorno da planta (coroamento) e com herbicida no restante da área. Os herbicidas utilizados são o Paraquat, Paraquat + Diurom e o Glifosato. No entanto, existem produtores que realizam roçagem e gradagem para controle de plantas daninhas no primeiro ano de produção.

As práticas ligadas à bananeira, em geral, visam aumentar a produtividade, facilitar o deslocamento dentro do bananal, melhorar a qualidade das frutas, direcionar a época de colheita, etc. Na figura 8 observa-se que todos os produtores realizam a retirada do coração (retirada da região de crescimento do cacho da bananeira), 95% realizam as práticas de desfolha (retirada das folhas), desbaste (retirada dos brotos), (Figura 9), e controle de brocas. Outra prática bastante realizada pelos produtores do município de Araçatuba é a despistilagem (retirada dos pistilos das frutas) (84%). Esta prática está sendo realizada na pós-colheita,

ocasião que não evita os sintomas causados pelo tripes, sendo necessária no início do desenvolvimento do cacho, simultaneamente com a retirada do coração, que são locais de abrigo desses insetos. Apenas 7,5% dos produtores que realizam esta prática a fazem no momento adequado (Figura 10). Outra prática realizada na região é a chamada ‘cirurgia’ que é a retirada apenas da parte da folha com doença.

FIGURA 8. Práticas culturais realizadas pelos bananicultores do município de Araçatuba-SP, em percentual, nos anos de 2010 - 2011.

FIGURA 9. Prática cultural de desbaste realizada pelos bananicultores do município de Araçatuba-SP, 2011.

Fonte: Produção do próprio autor.

FIGURA 10. Cacho de banana com a prática cultural de despistilagem realizada pelos bananicultores do município de Araçatuba-SP, 2011.

Fonte: Produção do próprio autor.

Atualmente, a Sigatoka amarela é a principal doença da bananeira na região de Araçatuba, o prejuízo econômico é tão grande que, em condições favoráveis à proliferação do

fungo, plantações sem controle, que foram altamente produtivas, perdem grandes áreas de limbo foliar e podem se tornarem improdutivas.

Todos os produtores do município utilizam a associação do fungicida com o óleo mineral e água, a fim de diminuir a rápida evaporação, e propiciar um melhor controle da doença, pois, além da ação do fungicida, o óleo mineral atua de forma fungistática. Outra prática importantíssima para a eficiência do controle da Sigatoka amarela, e que 82% dos produtores do município realizam, é a alternância do grupo químico para evitar que o patógeno adquira resistência ao fungicida. Essa mistura é aplicada com uma intensidade de 6 a 15 vezes por ano, como ilustra a Figura 11.

Os ingredientes ativos mais utilizados no município para o controle da Sigatoka amarela é o tebuconazole (Folicur, Sistemic e Rival), utilizado por 97% dos produtores, seguido por Tiofanato-Metílico (Cercobim, Viper e Metiltiofam), utilizado por 57% dos produtores e Propiconazol (Tilt), utilizado por 40% dos produtores (Figura 12).

FIGURA 11. Número anual de aplicações de fungicidas, para controle de Sigatoka, realizadas pelos bananicultores do município de Araçatuba-SP, em percentual, nos anos de 2010- 2011.

FIGURA 12. Fungicidas utilizados no controle da Sigatoka-amarela, no município de Araçatuba-SP, em percentual, nos anos de 2010 - 2011.

Fonte: Dados da pesquisa.

Para um bom controle da Sigatoka nas pulverizações são necessárias diversas medidas de tecnologia de aplicação, observando o estágio de desenvolvimento da doença para determinar a época de aplicação, as condições climáticas (como a umidade relativa que deve estar no mínimo em 55%, a temperatura máxima que deve ser no máximo de 30ºC, a velocidade do vento que deve ser cerca de 10 km/h), o diâmetro médio volumétrico das gotas, em torno de 150 micras, e a cobertura da folha que deve conter cerca de 50 gotas por cm2 para fungicidas sistêmicos. Além das corretas pulverizações devem ser tomadas outras medidas que ajudam a controlar a Sigatoka amarela, tais como adubação e correção da acidez, pois solos pobres e ácidos, indiretamente, favorecem o desenvolvimento da moléstia devido ao fraco crescimento das bananeiras (comunicação pessoal de Agnaldo José, CATI Jacupiranga).

Áreas que não seriam ecologicamente recomendáveis para o cultivo da bananeira, estão sendo utilizadas, pois o produtor usando as atuais técnicas agronômicas tem conseguido torná-las economicamente viáveis.

No município de Araçatuba, as áreas não são ecologicamente recomendáveis para o cultivo da bananeira, uma vez que o clima é muito seco, com um longo período de estiagem na estação do inverno e com solos de baixa fertilidade, o produtor encontra diversas dificuldades no cultivo da bananeira. Além dessas dificuldades, observou-se através da pesquisa que as outras dificuldades são referentes à falta de assistência técnica (55%),

escassez de mão-de-obra (48%), alto custos dos insumos (48%), baixo preço alcançado pelo produto (43%), entre outros (Figura 13).

FIGURA 13. Principais dificuldades encontradas pelos produtores de banana do município de Araçatuba-SP, em percentual, nos anos de 2010 - 2011.

Fonte: Dados da pesquisa

Documentos relacionados