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6 RESULTADOS DA PESQUISA

6.1 ESTUDO DE CASO: DIAGNÓSTICO

6.1.6 A divulgação dos resultados de PD&I e sua exploração

seu resultado, deve ser expressamente autorizada pelas partes, em cláusula específica (Pimentel, 2010b, p. 103).

Apresentar os resultados da pesquisa em eventos técnico-científicos em conjunto com a Universidade. Apropriar-se da metodologia da pesquisa utilizada na pesquisa, podendo essa ser utilizada futuramente, para fins educacionais. Apresentar os resultados da pesquisa em eventos técnico-científicos em conjunto com a Empresa. Responsabilizar-se pelo sigilo e confidencialidade, por si e seus empregados e prepostos, bem como de seus eventuais subcontratados, das informações que lhe chegarem a conhecimento por força de execução dos serviços contratados.

A esse respeito, determina a cláusula sexta do acordo U-E: Os direitos e deveres sobre exploração comercial dos resultados desse estudo científico serão detalhados em contrato específico.

O E1 relatou que não houve definição expressa quanto à divulgação e exploração dos resultados: o que a empresa tem interesse é no resultado. Toda a metodologia e inovação [...] são de propriedade da universidade [...] após uma avaliação identificando que o potencial é promissor [...] vamos fazer o registro e o uso dele.

O Entrevistado 1 explicou que a empresa não apresentou óbices à utilização da metodologia pela Universidade, ou para destinação pela Universidade a outras empresas do ramo metal mecânico.

Para além desse contrato, tem vários empresários que têm uma expectativa única com relação ao resultado. A impressão que eu tenho é que, com o passar do tempo, isso vai mudar significativamente. Acho que em muito pouco tempo no Brasil a gente vai estar lidando com uma carga de registros tremendamente maior, até porque os órgãos, em especial os órgãos federais estão na expectativa em torno dos indicadores que dão conta exatamente de uma avaliação das instituições de inovação, a partir do número de registros que essas instituições têm. Então isso de certa forma vai forçar um pouco tanto a formação de recursos humanos quanto a indicação de produtos para registro (E1).

O E2 ratificou declaração do E1, comentando que não houve preocupação, especialmente por parte da empresa em estabelecer regras para divulgação e exploração dos resultados. Especialmente porque provavelmente não vai resultar em algo passível de proteção de propriedade intelectual. Não vai impactar nisso. Mas, não tenha dúvida de que isso é um começo.

A divulgação em eventos acadêmicos, como mencionou o E2, pode ser feito pela universidade sem restrições.

A universidade tem que ter uma tradição e essa cultura da inovação e da parceria com o mercado. Então quando formos desenvolver um projeto de parceria, num futuro projeto, eles questionarão a experiência da Universidade e poderemos comentar sobre a atual experiência com empresa. A partir da fundamentação teórica, sempre sob a perspectiva da proteção do conhecimento, em especial àquele gerado e proveniente da relação Universidade e Empresa em parcerias de PD&I, e da verficação da percepção dos atores envolvidos no caso estudado, elencamos, consoante Figura 6 das categorias propostas por Pimentel (2010b), seis para serem analisadas no estudo de caso.

Figura 6 – Resultado da análise.

Fonte: a autora.

A partir das categorias definidas, pôde-se verificar em cada uma delas que:

a) Objeto da parceria: Sobre o objeto da parceria de PD&I, normalmente, constitui-se na obrigação de executar um projeto, de fazer pesquisa e desenvolvimento, visando à inovação. No caso em estudo, o objeto foi o estudo e simulação em laboratório dos efeitos do tratamento térmico de alívio de tensões de peças de aço AISI INOX 743 CA 6NM, estudando ainda sobre as propriedades físicas e químicas das peças de turbinas tratadas termicamente. A parceria não teve como pretensão um resultado inovador, que pudesse ocasionar um novo processo. Ainda, assim, o objeto ficou claro no Acordo, consoante orientação de Pimentel (2010b).

b) Conceitos operacionais: No documento firmado entre a Universidade e a Empresa não foram definidos os conceitos operacionais relativos à pesquisa. A orientação de Pimentel (2010b, p. 61) é no sentido de valorizar a importância de

especificação dos principais conceitos utilizados no Acordo de parceria e suas definições, cujo objetivo é o de conferir maior precisão à terminologia e auxiliar na interpretação do Acordo. Tal precaução, entretanto, não se configurou no caso estudado.

c) Alocação de recursos: A teoria (Pimentel, 2010b) reforça a necessidade de constar no Acordo cláusula de estipulação dos recursos que serão alocados pelos parceiros, ou aportados pela agência financiadora, se for o caso. Pode-se entender como recursos: financeiros, humanos, materiais (equipamentos, instrumentos, materiais, laboratórios e demais instalações). No caso em estudo, constou do Acordo referida cláusula, estabelecendo os recursos a serem destinados por cada parceiro.

d) Sigilo e contrato de confidencialidade: O Acordo de PD&I, objeto de análise, previu cláusula de sigilo e específico contrato de confidencialidade para resguardar as informações objeto de pesquisa. O sigilo ou a confidencialidade, consoante Pimentel (2010b, p. 72) se refere ao limite de acesso a dados, informações ou conhecimento, porque tem o caráter de secreto, é aquilo que está sob sigilo ou sob reserva. Na percepção dos entrevistados, o sigilo se configurou como relevante para a Universidade e não tanto para a empresa, considerando que possivelmente, do acordo, não resultaria nenhuma inovação radical.

e) Titularidade da propriedade intelectual: A cláusula de propriedade intelectual, como leciona Pimentel (2010c) deve incluir todos os resultados de PD&I possíveis, bem como, deve estabelecer a proporção de cada parte, como será a partilha dos resultados comerciais e o pagamento das despesas. O Acordo de Parceria em PD&I em estudo estabeleceu na cláusula sexta, as orientações referentes à propriedade dos resultados, direitos autorais e responsabilidades: Os resultados serão de propriedade da Empresa, enquanto que a metodologia e as inovações técnicas obtidas deste projeto serão de propriedade da Universidade. Atendendo, em parte, a orientação teórica. f) Divulgação dos resultados de PD&I e sua exploração:

Como orienta a teoria, a divulgação da parceria de PD&I ou de seu resultado, deve ser expressamente autorizada pelas

partes, em cláusula específica (Pimentel, 2010b, p. 103). A esse respeito, determina a cláusula sexta do acordo U-E: Os direitos e deveres sobre exploração comercial dos resultados desse estudo científico serão detalhados em contrato específico. Os entrevistados manifestaram a ausência de preocupação na definição de questões relacionadas à divulgação do resultado.

Ao final, pôde-se verificar que duas das categorias (objeto e recursos a serem locados) foram bem definidas no Acordo de PD&I estudado; duas categorias (Confidencialidade e titularidade da PI) não se constituíram numa preocupação dos atores e, portanto, foram definidas parcialmente; duas categorias (definições e exploração da PI) não foram definidas no Acordo.