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3 INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

3.3 A Educação a Distância

O termo Internet surgiu quando a rede Arpanet9 passou a conectar universidades e laboratório, com a criação do protocolo TCP/IP10 (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Contudo, o que permitiu que a Internet abarcasse o mundo foi o desenvolvimento

9 Considerada a precursora da Internet, foi desenvolvida nos anos 1960 pela Advanced Research Projects Agency (ARPA), órgão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (CASTELLS, 2003; MATTAR, 2008).

10 Protocolo TCP/IP são protocolos de comunicação padronizados que tornam possível a comunicação

da WWW (World Wide Web), quando Tim Berners-Lee, programador inglês, elaborou um programa navegador/editor em dezembro de 1990, nomeando-o de hipertexto World Wide Web, ou seja, a rede mundial (CASTELLS, 2003). Atualmente, a WWW (Web) é sinônimo de Internet, pois, mesmo os sites que não possuem formato de hipermídia (hipertexto, áudio, vídeo, fotos, bancos de dados e animação) podem ser acessados por meio da web (MATTAR, 2008).

Vale destacar que “Essa rede não tem um ponto central, nem é gerenciada por

alguém especifico, é apenas um conjunto de redes de computadores ligadas entre si que

utilizam a mesma tecnologia para enviar e receber informações”. (CARNEIRO, 2009).

De meados de 1990 aos dias de hoje, a Internet passou da web estática para uma web dinâmica. Em decorrência das transformações ocorridas, Tim O’Reillyn, em β005, classificou essas mudanças em três ondas: Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0. Afirma Gabriel (2013) que essa classificação está mais relacionada às mudanças de comportamento das pessoas do que às tecnologias que proporcionaram essas mudanças.

As tecnologias no início da web não permitiam a publicação de conteúdos de forma simples, pois somente programadores conseguiam colocar informações on-line. Dessa forma, as demais pessoas apenas acessavam os conteúdos. Essa forma de acesso ficou denominada de web estática ou Web 1.0, e predominou até o final do século XX; quando uma maior parte das pessoas começou a interagir nas redes sociais, produzindo blog, postando vídeos e fotos, e a web passou a ser uma plataforma participativa de serviços, na qual não somente se consome conteúdo, mas principalmente se publicam conteúdos. A web se tornou participativa, justificando a segunda onda: a Web 2.0.

Em razão dos avanços tecnológicos, praticamente qualquer coisa, não apenas documentos, pode ser postada na Internet. O acesso passou a ser realizado por vários dispositivos, como computadores, notebooks, tablets, telefones celulares, entre outros. Gabriel (2013) apresentou uma demonstração prática em seu livro educ@r a (r) evolução digital na Educação quando o ilustra com QRcodes (um novo tipo de código de barras bidimensional. O termo QR deriva de Quick Response, que em inglês significa resposta rápida). Essa nova forma de interagir com a Internet enseja uma nova onda a Web 3.0, a qual também está sendo denominada de Web semântica. A Web semântica busca informações na web por meio de significado para as coisas, ou seja, busca conseguir extrair informações na web por significado. Atualmente na Web 2.0 se faz pesquisa usando palavra-chave. A figura 1 ilustra a nova forma de acesso a Web via QR code.

Figura 1 – Vídeo Web Semântica: Guia do futuro

Fonte: Gabriel (2013)

Em virtude das limitações do ensino tradicional, tais como espaço/tempo escolar, a Internet é expressa como opção para quebrar essas limitações, contribuindo na melhoria do ensino, tema tratado a seguir.

3.3.2 A Internet como ferramenta de ensino

Em consequência das suas potencialidades, as quais foram facilmente se adequando à sociedade, a Internet adentra as casas brasileiras, tornando-se um meio de comunicação de massa, crescendo significativamente, tanto de forma comercial como acadêmica. Ao processo de ensino, seja como ferramenta de pesquisa, seja como ambiente virtual de aprendizagem, a Internet está se popularizando e os sistemas de ensino estão procurando a melhor adequação para essa nova realidade na Educação.

A oportunidade de se ter um ambiente onde se possa estabelecer o conhecimento de forma não linear, sem paredes ou horários fixo, foi proporcionada ao ensino com o uso da Internet. Algumas orientações, no entanto, se fazem necessárias quando se pretende estudar ou ensinar de forma on-line.

Os autores Palloff e Pratt (2003) orientam que quem escolhe estudar de forma on- line deve primeiramente se perguntar se esse método é o seu preferido para não se desestimular durante o curso; já as instituições de ensino devem deixar clara a sua metodologia de ensino, incluindo as habilidades, os objetivos, as atitudes e as capacidades que podem ajudar os alunos que estão prestes a tomar uma decisão de ingressar num curso on- line.

Os autores ainda fornecem as seguintes orientações para alunos e instituições: ter conhecimento básico de Informática (saber usar um navegador, salvar e imprimir materiais

on-line), saber fazer pesquisa básica na Internet, enviar e-mail, saber utilizar um editor de texto; saber gerenciar o tempo; diferenciar o aluno presencial do aluno on-line, valorar a

importância da interação professor/aluno e aluno/aluno; a importância de se ter feedback; interação e comunicação adequada (netiqueta) e como obter ajuda quando necessário (PALLOFF e PRATT, 2003).

Não se pode esperar que todo aluno que ingressa na universidade tenha conhecimento básico de Informática, ou que possua habilidades necessárias para usar a Internet. Não se pode considerar que todo aluno egresso do Ensino Médio sabe utilizar de forma adequada um computador ou consegue acessar devidamente a Internet. Observa-se é que muito jovens sabem jogar on-line, acessar redes sociais, mas se perdem um pouco quando procuram aplicar seus conhecimentos da Internet em um curso on-line. Dessa forma, se faz necessária uma atenção maior por parte das instituições de ensino que pretendem trabalhar com cursos a distância via Internet.

O Brasil oficializou a modalidade de ensino de Educação a Distância, nos últimos anos, disseminando o ensino com o uso da Internet. Esse tema será tratado a seguir.

3.3.3 A Educação a Distância no Brasil

A primeira definição de Educação a Distância em documento legal está no Art.1º do Decreto-lei n. 2.494 de 1998, que assim declara:

Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998).

Esse decreto foi, no entanto, revogado pelo decreto n. 5.622 de 2005 e a definição refeita como será visto mais adiante.

A legislação que regulamenta a Educação a Distância (EAD) no Brasil se aprimoram desde 1996. Segundo Farias (2006), a maior parte legal está publicada em quatro documentos, os quais são: a Lei n. 9.394 (LDB), de 20 de dezembro de 1996, que legaliza o uso da EAD educação formal do Brasil; a Portaria n. 4.059, de 10 de dezembro de 2004, a qual autoriza a introdução de disciplinas no modo semipresencial em até 20% da carga horaria total de cursos superiores reconhecidos; a Portaria n. 4.361, de 29 de dezembro de 2004, que regulamenta o credenciamento de instituições de ensino para o uso regular de EAD em seus processos e o Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005, o qual regulamenta o Art. 80º da LDB (BRASIL, 2005), definindo desta forma a política oficial de EAD no País.

A LDB (Lei n. 9.394/96), em seu Art. 80º e em seus incisos, declara que o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de Educação Continuada; que está só poderá ser

oferecida por instituições credenciadas pela União; a União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma; as normas para produção, controle e avaliação de programas. A autorização para sua implementação caberá aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os sistemas; que está gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: (I) custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; (II) - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; (III) - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o poder público, pelos concessionários de canais comerciais (BRASIL, 1996).

Destaca-se entre esses documentos a Portaria n. 4.059/04, a qual, em seu Art. 2º, ressalta que

A oferta das disciplinas previstas [disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semipresencial] no artigo anterior deverá incluir métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria (BRASIL, 2004).

O Decreto n. 5.622/05 caracteriza a Educação a Distância como modalidade educacional em que a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (Art. 1º).

Na prática, esses artigos se tornam efetivos mediante dois instrumentos: computadores com acesso à Internet e ambiente virtuais de aprendizagem. Várias universidades estão aptas para trabalhar com EAD. Algumas construíram o próprio ambiente virtual, como a UFC, que possui o seu ambiente virtual de aprendizagem (AVA) denominado Solar11 e a Unicamp com o AVA TelEduc12. Existem, contudo, ambientes virtuais de aprendizagem livres, como é o caso do Moodle13. Outro item destacado no artigo consiste na personalização do professor na figura do tutor o qual intermediará o processo ensino aprendizagem a distância.

A EAD no Brasil possui papel primordial no projeto educacional do Governo, o qual investe em softwares, equipamentos e telecomunicações, com o objetivo de aumentar

11 O SOLAR é um ambiente virtual de aprendizagem desenvolvido pelo Instituto UFC Virtual, da Universidade Federal do Ceará. Ele é orientado ao professor e ao aluno, possibilitando a publicação de cursos e a interação com os mesmos. Fonte: http://solarpresencial.virtual.ufc.br/org_frames.asp. Acesso: 09 dez 2014. 12 O TelEduc é um ambiente de ensino a distância pelo qual se pode realizar cursos através da Internet. Está sendo desenvolvido conjuntamente pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) e pelo Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Fonte: http://teleduc.nied.unicamp.br/~teleduc/pagina_inicial/index.php. Acesso: 08 dez. 2014.

13 MOODLE é um software livre de apoio a aprendizagem que permite a criação de cursos, podendo ser executado num ambiente virtual, seu acesso se dar através da Internet ou de rede local.

significativamente o número de vagas em universidade públicas (MATTAR, 2008). O Governo também investe por meio de seu programa Proinfo Integrado na formação contínua dos profissionais da Educação mediante do seu ambiente colaborativo de aprendizagem (e- proinfo) e também em nível de especialização por meio de convênios com as universidades públicas (VALENTE, 2003).

Destarte, a EAD é uma realidade que cresce de modo fenomenal, desafiando os padrões da Educação tradicional. Faz-se necessário que as instituições de ensino se adaptem a essa nova realidade, buscando uma abordagem para que possibilite uma formação contextualizada dos futuros professores.

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