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A Educação de Jovens e Adultos e os fatores intra e

No documento vanderleibarrosodejesus (páginas 75-77)

2 APROFUNDAMENTO DO CASO DE GESTÃO: ANÁLISE DA NÃO

2.3 A Educação de Jovens e Adultos e os fatores intra e

CONCLUSÃO DOS CURSOS

Para se entender como ocorre o problema da não permanência e baixa conclusão dos cursos ofertados no CESEC X, faz-se necessário compreendermos como os fatores intra e extraescolares afetam o cotidiano escolar.

Soares (2007), ao fazer um paralelo das inter-relações entre os fatores intra e extraescolares, aponta que, no ambiente escolar, existem dois processos importantes que precisam agir mutuamente para a melhoria do desempenho dos discentes: a gestão escolar e o ensino, trazendo sua atenção para a identificação de características da direção escolar associadas positivamente ao desempenho dos alunos. Esses fatores se relacionam à capacidade do diretor transmitir, e ter como prioridade pedagógica o conjunto da comunidade escolar, que deve envolver, além da preocupação com os critérios de divisão de professores e alunos nas turmas que favorecem o ambiente de aprendizagem, a criação de um clima escolar com grandes expectativas sobre o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, assim como a adoção de práticas inclusivas capazes de fazer com que os alunos se sintam acolhidos e se sintam como parte do contexto da escola.

Embasada por documentos e legislação específica, a EJA é destinada aos Jovens, Adultos e, atualmente, adolescentes que não tiveram a oportunidade, ou até mesmo sucesso, em cursar de forma e idade recomendada. Nesse sentido, apresenta características próprias e específicas que devem ser ofertadas de forma a respeitar e cumprir a legislação vigente para garantir o acesso e permanência a esse público. São inúmeros fatores que contribuem para que o jovem, adulto e adolescentes procurem os cursos da EJA, como afirmam Tavares Junior et al. (2018, p. 45), que o maior problema da Educação Básica não estava na evasão e sim na repetência. Graças a esse problema da repetência é que muitos jovens e adultos procuram a EJA para dar continuidade ou mesmo concluir os estudos.

O atendimento oferecido nos CESEC de Minas Gerais apresenta algumas particularidades que não existem em outras modalidades de ensino, principalmente na modalidade semipresencial, sua organização, flexibilidade de horários, metodologia usada e ao atendimento personalizado que faz desses centros

educacionais importantes, pois permite ao estudante harmonizar o trabalho e o estudo.

Espera-se que o aprofundamento de estudo e pesquisa realizado neste capítulo seja suficiente para comprovar a existência do problema que originou este trabalho de investigação, mas para além dessa comprovação, importa também demonstrar as possibilidades de melhorias, especialmente no que depende da atuação cada vez mais eficiente da gestão de pessoas, administrativa, pedagógica, e maior participação da comunidade escolar em todas as ações da instituição.

É importante destacar que a pesquisa feita neste segundo capítulo parte da evidência já colocada no primeiro, que é a questão enfrentada pelo CESEC X, que desafia a gestão escolar com o problema da não permanência e baixo índice de conclusão dos cursos pelos alunos.

Antes de discorrer sobre os fatores intra e extraescolares, é importante enfatizar os motivos que levam os alunos a abandonarem o ensino regular e recorrer à EJA. Nesses termos, Haddad e Di Pierro (2000) esclarecem:

A ampliação da oferta escolar não foi acompanhada de uma melhoria das condições do ensino, de modo que, hoje, temos mais escolas, mas sua qualidade é muito ruim. A má qualidade do ensino combina- se à situação de pobreza extrema em que vive uma parcela importante da população para produzir um contingente numeroso de crianças e adolescentes que passam pela escola sem lograr aprendizagens significativas e que, submetidas a experiências penosas de fracasso e repetência escolar, acabam por abandonar os estudos. Temos agora um novo tipo de exclusão educacional: antes as crianças não podiam frequentar a escola por ausência de vagas, hoje ingressam na escola, mas não aprendem e dela são excluídas antes de concluir os estudos com êxito (HADDAD; DI PIERRO,2000, p. 125-126).

Ainda sobre o tema, os autores prosseguem na elucidação:

Essa nova modalidade de exclusão educacional que acompanhou a ampliação do ensino público acabou produzindo um elevado contingente de jovens e adultos que, apesar de terem passado pelo sistema de ensino, nele realizaram aprendizagens insuficientes para utilizar com autonomia os conhecimentos adquiridos em seu dia-a- dia O resultado desse processo é que, no conjunto da população, assiste-se à gradativa substituição dos analfabetos absolutos por um numeroso grupo de jovens e adultos cujo domínio precário da leitura, da escrita e do cálculo vem sendo tipificado como analfabetismo funcional (HADDAD; DI PIERRO, 2000, p.125-126).

Cada vez mais, os jovens e adultos procuram a EJA para tentarem uma vez mais concluir seus estudos e conseguir assim uma melhor colocação no mercado de trabalho. A esse respeito, Pimenta (2007) destaca:

O processo de democratização do acesso à educação básica e superior tem se dado de maneira desigual e incompleta, não atingindo a totalidade da população em idade escolar, tampouco oferecendo um ensino de qualidade, orientado para a formação de futuros cidadãos ou para a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Uma das principais consequências disso é a desigualdade no acesso ao ensino superior, que prejudica a maior parte dos estudantes vindos da rede pública. Que não tem condições de competir por vagas nas instituições públicas de ensino superior, mais prestigiadas (PIMENTA, 2007, p.25).

Devido a essa falta de perspectiva, muitas vezes os jovens optam por abandonar o convívio escolar e procurar um subemprego que possa manter seu sustento, assim como de sua família. Nessa perspectiva, Tavares et al. (2018) explicam:

Ao analisar o rendimento educacional no Brasil, se observa que é antiga a crítica a funcionamentos ineficientes da política educacional, em especial aqueles relacionados à permanência e à progressão regular dos alunos ao longo do processo de escolarização. Apesar disso, o país ainda hoje ostenta taxas de aprovação no ensino fundamental que figuram entre as mais baixas do mundo (TAVARES JÚNIOR et al., 2018, p. 29).

Na próxima seção, são apresentados os procedimentos metodológicos da pesquisa de campo.

No documento vanderleibarrosodejesus (páginas 75-77)

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