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5 INSERÇÃO DAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL NO RIO GRANDE DO

5.1 A Equipe de Saúde Bucal como Parte Fundamental do PSF

Devido às ESBs terem sido introduzidas na maioria dos casos depois que os demais membros das ESFs já estavam estabelecidos, e pelo próprio comportamento arraigado do dentista de se isolar como profissional da equipe de saúde, este tem estado alheio às questões inerentes às atividades exercidas enquanto Equipe de Saúde da Família.

A equipe de saúde bucal é um elemento indispensável para a formação da equipe de saúde da família, através da sua participação ativa na intervenção dos cuidados promovidos pelo grupo maior. Comparativamente, os problemas da sociedade devem ser compartilhados e enfrentados integralmente, havendo uma essencial conexão entre as equipes. Logo, faz-se necessário destacar algumas dificuldades da saúde bucal no SUS: a desproporção na distribuição de famílias assistidas no atendimento por equipe, dificultando a universalização da assistência; a adequação da prática de acordo com a realidade epidemiológica local; além da falta de participação da comunidade na reivindicação por uma melhor assistência à saúde. Isto coagiria os gestores a ampliar o número de dentistas na equipe.

Segundo Capistrano Filho 10,

Para alcançar todos os seus objetivos e efetivamente ser uma estratégia de mudança do modelo assistencial, o PSF necessita de profissionais radicalmente novos, no sentido de assumirem posturas e práticas profundamente distintas das hoje vigentes, especialmente no campo da atenção básica. O bom profissional é aquele que respeita a cultura e o saber populares, que se sente responsável pela saúde e pela vida da comunidade que a serve. (p. 8)

O cirurgião-dentista deveria ser um participante ativo das ações de promoção, educação e prevenção, dispondo de tempo para se reunir com a equipe de saúde e com a população da área onde atua, participando dos processos de planejamento e avaliação das ações em desenvolvimento na sua região e no município como um todo, fazendo visitas aos domicílios sempre que isso for necessário para conhecer profundamente a população e suas condições de vida.

O odontólogo deveria estar apto a trabalhar com a produção de informação sobre a prestação e utilização dos serviços, através do manejo de dados, facilitando no planejamento das atividades previstas pela equipe, colocada como um elemento basilar para o alcance da finalidade do Programa de Saúde da Família, ação que surgiu como um meio disponível para a efetivação da mudança do atual modelo de saúde.

Conforme estudos de Campos e Fortuna citados por Matumoto e colaboradores 35, a formação de uma equipe de saúde não se constitui apenas pela contratação de profissionais de diferentes categorias, agrupando-os em um mesmo ambiente. O trabalho em equipe na saúde implica no intercâmbio contínuo de um conjunto de trabalhadores para a realização do serviço assistencial, do atendimento integral, da reformulação do manejo dos saberes necessários para o atendimento em saúde. Preconiza ainda que:

Consideramos o trabalho de equipe em saúde como uma rede de relações (de trabalho, de poder, de afeto, de gênero, etc) entre pessoas, produzidas permanentemente no dia-a-dia, com múltiplas possibilidades de significados, de encontros e desencontros, satisfações e frustrações, lágrimas e sorrisos. Pode-se dizer que o trabalho em equipe é gerido e concretizado no mesmo instante do ato do trabalho. A equipe torna-se equipe enquanto produz o cuidado do usuário 35. (p. 14).

Para que o cirurgião-dentista sinta-se de fato incluído na ESF, deve-se valorizar o pagamento do serviço prestado por este membro, para que este profissional não se sinta preterido em relação aos outros elementos da equipe, atrapalhando o seu desenvolvimento no grupo. Em defesa deste argumento, há a Lei n° 3.999, de 15 de dezembro de 1961 que garante ao CD e ao médico o mesmo nível de remuneração e jornada de trabalho. Por conseguinte, a luta pela equiparação salarial deve ser concomitante à formalização do Plano de Cargos, Carreira e Salários para os profissionais do PSF.

O CD precisa saber valorizar e realizar atendimento público e coletivo, sendo necessário para isso políticas de formação profissional, interferindo diretamente no modo de ser e agir destes frente à realidade brasileira.

Capistrano Filho 10 destacou a importância do treinamento de ACSs e dos demais membros da equipe nos campos de prevenção das doenças que acometem a boca; e na promoção da saúde bucal da comunidade assistida por determinada equipe de saúde da

família. O mesmo complementa que o cirurgião-dentista terá um papel fundamental nesta ação, uma vez que estará interagindo com os demais membros de sua equipe multiprofissional e dando insumos para que os demais integrantes tenham uma visão cada vez mais global do usuário assistido.

Concordando com a idéia acima, Ferreira 17 enfatizou a importância da capacitação dos agentes comunitários de saúde pelos dentistas do PSF para que estes divulguem noções básicas de saúde bucal e realizem procedimentos coletivos que incluem a escovação supervisionada, bochecho com flúor e educação em saúde bucal. Segundo o autor, a população escolar será o principal alvo de vários programas de prevenção em saúde bucal realizados pelo Ministério da Saúde, ressaltando a importância de trabalhos de prevenção dirigidos a estes grupos, para que a população adulta tenha, no futuro, uma boa saúde bucal.

O ACS é o elo fundamental entre os cirurgiões-dentistas e a comunidade, tendo um importante papel na “busca ativa” das pessoas que fazem parte dos grupos prioritários. Seguindo o mesmo raciocínio, os autores Chiesa e Fracolli 13 ressaltaram que “a grande contribuição dos ACSs para a construção do novo modelo assistencial, o Programa de Saúde da Família, é o fortalecimento da ação comunitária, uma vez que possibilita o desenvolvimento de atividades com grupos comunitários”. (p. 42).

5.2. Estrutura e organização do Trabalho do Cirurgião-Dentista no

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