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CAPÍTULO II – TRAJETÓRIAS DE INVESTIGAÇÃO: O CAMINHO PERCORRIDO E O

2.6 O C AMPO DE P ESQUISA : A ESCOLA E AS CASAS

2.6.1 A escola: espaços físicos, projetos pedagógicos e relações estabelecidas

A escola do bairro Piratininga pertence à Regional Venda Nova. Inaugurada em 1971, é muito valorizada pela comunidade. Foi fundada para atender ao conjunto de casas populares Colar, antigo nome do bairro, agora denominado Piratininga.

Nesta comunidade não há edifícios residenciais, predominam casas, barracões e algumas construções subdivididas, onde habitam várias famílias. As ruas são todas asfaltadas, com água, luz e sistema de esgoto. O comércio se resume a pequenos

supermercados, bares e prestadores de serviço como oficinas, serralherias e mercearias. Não existem muitos espaços para lazer nem para prática de esporte. Há uma pequena praça onde é possível ver moradores com crianças. O posto de saúde que atende a comunidade fica no bairro próximo. Há uma série de pessoas que vivem da coleta de materiais recicláveis, logo pela manhã pode-se ver muitas mulheres e homens circulando com seus carrinhos cheios de papelão, garrafas pets e latinhas de alumínio.

O nível socioeconômico (NSE) da escola é 5,6, considerado médio, o que indica que a situação desta comunidade é boa em comparação ao universo de escolas públicas de Belo Horizonte. Com índice entre 6 e 7, segundo dados do setor de estatística da SMED, há 27 escolas, e 16 escolas acima de 7, num universo de 165 escolas pertencentes à rede municipal de educação. Nesta pesquisa, interessavam-me na escola famílias que pertencessem às camadas populares.

Em 2005, a PBH assume a educação infantil no município e esta escola passa a ser a escola-núcleo da UMEI Vila Apolônia, área de extrema vulnerabilidade social, com alto grau de criminalidade. A unidade atende 140 crianças entre 2 a 5 anos e 8 meses, em dois turnos. Possui 14 educadoras regentes, duas coordenadoras pedagógicas e uma vice-diretora. A comunidade é atendida pelo Programa BH Cidadania, que atua através do CRAS – Centro de Referência da Assistência Social, com vários projetos dentro da vila.

Ainda em 2005, a escola iniciou a sua participação no Programa Escola Aberta, no qual a escola mantém uma coordenadora comunitária, oficineiros e uma professora comunitária indicada pelos professores da escola, sem remuneração, com direito a uma bolsa de estudos financiada pela escola para cursar uma pós-graduação.

A escola também participou a partir de 2005 do Programa ProJovem, que atende alunos entre 18 e 24 anos que ainda não concluíram o Ensino Fundamental. O programa teve seu término em 2009, mas oportunizou à escola montar uma Sala de Informática com 25 computadores.

A escola é uma referência na Rede Municipal, tendo alcançado em 2011 um Ideb de 6,8 e excelentes resultados em todas as avaliações externas. Com relação à evolução do Ideb dessa escola, temos, de 2005 a 2011, os seguintes dados:

TABELA 1 - Ideb - Anos iniciais período de 2005 a 2011

Ano 2005 2007 2009 2011

Ideb 4,7 5,5 6,0 6,8

Fonte: IDEB (Acesso: www.portalideb.com.br/escola – 25/8/12)

Segundo os documentos da escola, dentre as famílias atendidas, o maior número significativo é formado por mães, filhos e padrastos e muitas crianças criadas pelos avós. As mães, em geral, são trabalhadoras assalariadas e muitas sustentam suas famílias. Algumas dessas informações ficam nas pastas das crianças e na ficha de matrícula de cada aluno, porém a escola não possui estes dados tabulados.

Encontrei registros sobre a violência na comunidade. Entretanto, a escola evidencia que, lá não há roubos, depredações ou outros tipos de violência. A escola é tradicionalmente muito procurada pelas famílias do bairro e por circunvizinhos. Há demanda superior à oferta de vagas, o que provoca muita insatisfação por parte das famílias não atendidas. Há uma fiscalização rigorosa na oferta vagas dessa escola por parte da comunidade e da SMED/BH.

Atualmente a escola atende os 1º e 2º ciclos de formação humana e a educação infantil, sendo 678 alunos no ensino fundamental e 149 na educação infantil, totalizando 827 matriculados. No 1º ciclo, há 285 alunos matriculados, organizados em 11 turmas pela manhã; o 2o ciclo funciona com uma turma pela manhã e 12 à tarde.

Como dito, além da entrevista em profundidade, o trabalho de campo constou de observações detalhadas de momentos da vida dos sujeitos, tanto na escola como nas casas.

No caso da escola, a observação ocorreu entre junho e julho, totalizando 14 visitas. As crianças foram acompanhadas em 12 momentos do recreio e em dois momentos de

atividades do Programa Escola Integrada. Além disso, realizaram-se seis conversas informais com a equipe de profissionais que as acompanhavam, a saber, docentes, diretoras, coordenadoras pedagógicas, oficineiros e acompanhantes.

A escola faz parte da rede de espaços nos quais as mulheres entrevistadas circulam e cada uma delas se relaciona de forma diversa com a vida escolar de seus filhos e se faz presente nesse percurso. Durante a fase 2, observou-se que as dificuldades financeiras, os conflitos e os diferentes arranjos familiares não têm sido impedimento para que consigam acompanhar a vida escolar de seus filhos.

A instituição possui uma infraestrutura modesta em relação a outras escolas da rede pública municipal de Belo Horizonte. Os pequenos espaços de convivência e as salas são bem iluminados e arejados. A entrada principal possui uma rampa para acesso dos alunos deficientes. O prédio tem dois andares, o segundo destinado às salas de aula, mas não há elevadores ou rampas de acesso, o que dificulta a locomoção de crianças que apresentam comprometimentos motores.

Há hoje 16 crianças portadoras de deficiência (autistas, cadeirantes, portadores de síndrome de down, deficiência visual, auditivas, psicomotora, entre outras) e conta-se com um quadro de seis mulheres que desempenham a função de acompanhantes dessas crianças em cada turno escolar.

Sobre esse aspecto, durante o trabalho de campo, observou-se que essa escola realiza de forma sistemática práticas pedagógicas de educação inclusiva com acompanhamento pedagógico dos estudantes e famílias, em atendimento à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC).

Existem no município de Belo Horizonte quatro grupos que se empenham em debater práticas e novas vertentes sobre políticas públicas voltadas para a inclusão: o Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência, a Coordenadoria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselho Tutelar. Entendo que a rede municipal de Educação de Belo Horizonte vem envidando esforços para pensar nessas questões de forma reflexiva e coletiva, embora ainda haja uma série de desafios a serem superados.

No caso da escola pesquisada, identifiquei barreiras arquitetônicas que necessitam de revisão e demandas por adaptações no espaço físico. Uma das crianças da pesquisa, Sofia, é cadeirante, não possui comprometimentos cognitivos e se desenvolve muito bem, acompanha a sua turma nas atividades propostas, mas há exceções sinalizadas pela mãe, como no último passeio realizado pela escola. Alice informa que vem sendo uma luta constante a solicitação do elevador na escola. Ela participa do Colegiado26 da escola e sempre que acha uma oportunidade coloca o tema na pauta. Alice também participa ativamente das reuniões promovidas pela Gerência de Educação da Regional Venda Nova, na qual há um grupo de acompanhamento e apoio às famílias de crianças com deficiência. As reuniões são mensais e foi possível, ao longo do trabalho de campo acompanhar Alice em um desses momentos quando o tema debatido era autoimagem, autoconceito e autoestima das mães, pais e responsáveis pelas crianças. Alice avalia como muito positiva essa ação por parte da SMED/BH e afirma não perder nenhum deles, pois os encara como momentos de seu próprio fortalecimento.

Retomando a descrição da escola, os espaços estão constantemente limpos, exemplarmente mantidos, não só pelos funcionários, mas, sobretudo, pelos alunos, que utilizam sempre a lixeira e evitam fazer pichações, estragar ou danificar o patrimônio da escola.

A equipe se mostra muito preocupada com a estética das paredes e ambientes. Isso é notório na organização dos murais. Estão sempre sendo modificados, relacionando-se com o que a escola está trabalhando no momento. Neles, há sempre reflexões sobre amizade, solidariedade, igualdade e respeito como princípios da escola. Na parede exterior à cantina, há um mural em que se registra o que cardápio do dia. Observando- se os murais, as agendas das crianças e os passeios realizados, é possível afirmar que

26 O Colegiado Escolar é um órgão de caráter consultivo, normativo e deliberativo nos assuntos referentes à vida escolar e às relações entre os sujeitos que as compõem, respeitados os âmbitos de competência do Sistema Municipal de Ensino, da Direção Escolar, da Assembleia Escolar e observada a legislação educacional vigente. A instalação e o funcionamento do Colegiado têm caráter obrigatório em todas as escolas da Rede Municipal de Educação, conta com representantes de todos os segmentos da comunidade escolar e deve ser composto na proporção de 30% de trabalhadores em Educação (direção, professores, educadores infantis e demais membros do estabelecimento de ensino), 30% de estudantes com idade igual ou superior a 12 anos, 30% de pais, mães e representantes desse segmento e 10% de representantes de grupos comunitários, garantindo-se a participação de, pelo menos, um membro deste segmento (SMED/BH – Poder Executivo. RESOLUÇÃO Nº 001/2012).

há uma grande preocupação da equipe em abordar a temática das relações raciais. O mesmo não foi notado sobre as relações de gênero.

O pátio é dividido em dois ambientes, uma parte coberta e outra aberta, com mesas e bancos de ardósia e uma ampla área verde. O ambiente é tranquilo, o som das salas invade o silêncio do pátio e se une ao som dos pássaros que são atraídos pelos jardins da escola. No pátio são realizadas as atividades de participação coletiva de todas as turmas. É lá que se vivenciam os momentos de reflexão que acontecem semanalmente, uma vez por mês acompanhados da execução do Hino Nacional brasileiro. Também acontecem no pátio as apresentações relativas aos projetos em andamento, sempre de acordo com a temática trabalhada por toda a escola, nas formas de música, dança, poesia e teatro, constituindo-se num momento de descontração e agitação que ora incomoda, ora anima o ambiente. O pátio ainda recebe as assembleias escolares e as reuniões mensais com famílias e comunidade. Participei de duas assembleias com a participação intensa das famílias que pôde ser percebida pela quantidade de pessoas e também pelo conteúdo dos diálogos.

O pátio sofre uma intensa transformação na hora do recreio, sendo o espaço invadido pela fila da cantina e pela correria e brincadeira dos alunos. Nesse espaço, estão disponíveis mesas de pingue-pongue e pebolim. No recreio, há uma série de brinquedos disponíveis para empréstimos, como peteca, corda, jogos de dama, trilha, futebol de peteleco, mesinha de pebolim, jogos de cartas e outros, controlados pela coordenadora pedagógica. Não há sinais ou campainhas, tocam-se músicas variadas escolhidas pelos adultos. Quando as crianças encaminham-se para o recreio, a coordenação ou a direção da escola por meio de um microfone divulga o cardápio do dia, sempre com um discurso estimulador, como se fizessem propaganda das delícias servidas na cantina. As três crianças participantes da pesquisa relatam que gostam da merenda e citam seus pratos preferidos.

A cantina é um espaço muito pequeno, porém com uma boa estrutura e oferece refeições de qualidade tanto pelo valor nutricional como pela aparência e paladar. Na cantina trabalham quatro cantineiras, sendo que uma delas é negra. As relações estabelecidas com as cantineiras são muito agradáveis, tanto entre elas, quanto com

os demais profissionais da escola e com as crianças. Há nesse local uma mesa separada, que serve tanto para as professoras, onde elas fazem as suas refeições (muitas comem a merenda da escola) e transformam a cantina da escola em espaço de coletividade entre as profissionais, ou seja, uma extensão da sala de professoras. O espaço também serve para receber pessoas de fora da escola, servir um café para alguém da comunidade ou assessores/acompanhantes da SMED/BH.

Poucos alunos lancham dentro da cantina, devido ao pequeno espaço. Muitos esperam para entrar na cantina após o esvaziamento dela, por isso, a circulação de alunos é muito grande. O limite de espaço é um dos aspectos que mais afeta o trabalho em todos os ambientes da escola. Na tentativa de minimizar esse problema, os horários de recreio são organizados em dois tempos, mas mesmo assim, ainda não é suficiente para o fluxo de alunos que a escola atende.

No recreio, vários adultos ficam no pátio, funcionários, coordenadora pedagógica, as acompanhantes das crianças com deficiência e, em geral, a vice-diretora. Todos esses adultos acompanham o recreio, conversam com as crianças, alguns pulam corda ou jogam, sempre a postos, caso haja necessidade de uma intervenção. Esse monitoramento dos adultos me pareceu ser bem dosado, sem cuidados excessivos.

Nos momentos de recreio, para as crianças que não cumprem as regras da escola, a sanção é sentar e esperar um pouco para depois poder brincar. Essa prática é sempre mediada pela coordenação pedagógica, que exerce grande autoridade sobre as crianças. Nos momentos de acompanhamento do recreio notei que várias crianças receberam essa sanção. Quando há mais de uma criança sentada, elas aproveitam para bater papo ou mesmo para jogar pedra, papel e tesoura , brincadeira frequente entre elas. Notei que a maioria das crianças que receberam esse tipo de sanção era do sexo masculino. Os motivos foram variados, mas em sua maioria eram agressões físicas como empurrões ou tapas. Esse tipo de sanção sempre vem acompanhada de uma fala enfática da coordenação sobre a postura inadequada da criança.

A agressividade física dos meninos foi mais observada que a das meninas, mas ao mesmo tempo, outros tipos de rivalidades foram notados entre elas, como por exemplo fofocas, isolamento de colegas e cochichos. O psicólogo John Archer, pesquisador da Universidade de Lancashire Central, na Inglaterra, pondera a esse respeito que ambos os sexos competem e brigam: a variação está no carácter mais explícito ou encoberto desse comportamento. Como a agressão é um tabu muito mais sério para as garotas, o pesquisador afirma que elas aprendem, desde o início do ensino fundamental, a manter essa tendência disfarçada com olhares de desdém e guerras de melhores amigas, raramente percebidos pelos pais e professores. Os recreios observados foram momentos férteis para percebermos essas questões entre as crianças. Vários autores brasileiros como Cruz (2004); Cruz & Carvalho (2006); Fríoli (1997) têm se dedicado também a esse tema.

Quanto à relação das crianças com os funcionários e os demais profissionais da escola, nota-se que os adultos são bastante respeitados pelos alunos, que os reconhecem como autoridade, as crianças parecem perceber com clareza a função de cada um, demonstram saber exatamente quem são os responsáveis pelas atividades de auxiliar na hora do recreio, organizar a fila da cantina, ir às salas dar algum recado, cuidar da portaria, etc.

Foi interessante perceber a interação das crianças com e sem deficiência, todas sem exceção são estimuladas a brincar juntas, a participar das atividades do recreio, a usar os brinquedos disponíveis e a biblioteca.

A biblioteca também é um local muito frequentado pelas crianças que não desejam ficar no pátio, principalmente pela Sofia (participante da pesquisa e cadeirante), que parece gostar muito de livros, revistas em quadrinhos e também de alguns brinquedos de papel que existem na biblioteca (são materiais como bonecas e bonecos que podem mudar de roupa, quebra-cabeças e fantoches). Cida e Roberta (filhas de Marina e Vânia respectivamente) também afirmam frequentar a biblioteca, o que pôde ser observado em alguns momentos de acompanhamento dos recreios.

Apesar de pequeno, o espaço da biblioteca é muito bem aproveitado pela escola, devido ao trabalho da bibliotecária e da auxiliar de biblioteca. Os livros, que são

muitos, ficam bem distribuídos pelas estantes em ordem alfabética e por categorias. Investe-se bastante no acervo, sempre há novos títulos, ora comprados pela escola, ora enviados pela Prefeitura. Os kits de literatura afro-brasileira são muito bem utilizados pela escola: em alguns momentos, alguns desses títulos são colocados com livros de outra natureza, nas prateleiras móveis. Foi possível ver os murais confeccionados, a partir do trabalho com os livros do kit, onde as professoras organizam e expõem as produções das próprias crianças.

Dentro da biblioteca há mesas com cadeiras e outras prateleiras móveis em que são colocados alguns diferentes livros em destaque. É um ambiente tranquilo e muito explorado pelos alunos, nos horários de troca de livro ou no recreio e pelas professoras, em horários de projeto. É ainda aberto para comunidade externa – outras pessoas, em sua maioria parentes de alunos da escola, procuram livros e ocupam o espaço para estudar ou pesquisar. O uso da biblioteca da escola é registrado com maior ênfase nos depoimentos de Marina e suas crianças.

A escola possui um parquinho com alguns brinquedos e uma quadra com arquibancada. Em todos os espaços, há mesas pequenas ou grandes com bancos de assento, pinturas no chão e muitos murais. As crianças participantes da pesquisa relatam com animação as atividades realizadas no parque e no pátio, além de verbalizarem sobre outros espaços que usam e gostam como é o caso do laboratório de informática e da quadra. Também foi observada a existência de duas imagens de Nossa Senhora Aparecida: uma no jardim central e outra na porta da coordenação. Embora a escola se diga laica, foi perceptível não apenas pela presença das imagens, mas nos discursos da direção e coordenação pedagógica a presença de valores cristãos. Contudo, não foi possível aprofundar neste tema ao longo da pesquisa.

Após o início das atividades do Programa Escola Integrada, o laboratório de informática passou a ser de uso exclusivo das crianças que ficam em tempo integral na escola, fato que vem sendo bastante questionado por Marina, que não tem acesso ao equipamento em sua casa e reconhece o valor desse tipo de atividade para a formação de seus filhos. As três famílias pesquisadas não possuem computador em casa e elaboram diferentes estratégias para garantir o acesso a esse recurso tecnológico. A

alternativa encontrada por Vânia e Marina é levar as crianças para usarem o espaço da Escola Aberta. Marina também vai à casa de parentes e amigos. Já Sofia, frequentadora do Programa Escola Integrada, tem o acesso garantido.

A relação entre as professoras é boa, brincam , falam sobre o que ocorreu durante as aulas, e, como amigas bem próximas, falam até mesmo de suas vidas particulares. Demonstram que são unidas, conversam sobre política, família, alunos, conteúdos. Tratam-se com apelidos carinhosos e demonstram solidariedade a todo momento. A maioria delas está há muito tempo trabalhando junto e já construíram uma relação de muita proximidade. A relação das professoras com as crianças pesquisadas pareceu- me bastante positiva, fato comprovado nos relatos das três crianças pesquisadas.

A Proposta Político-Pedagógica (PPP), elaborada com o auxílio de um professor pesquisador da FaE/UFMG, voltada para as diversidades, sobretudo cita e planeja ações sob a perspectiva da Lei 10.639/03. Há também outros documentos como o Projeto de Ação Pedagógica (PAP), que registra os investimentos financeiros e as ações previstas relativas à implementação da Lei 10.639/03, como por exemplo: investimento na formação de professores a partir das ações do Projeto Identidade27; aquisição de materiais e excursões com os alunos. Ainda é possível perceber nesse documento o investimento da escola no fortalecimento da relação escola, família e comunidade a partir do Projeto Criando Laços28. Algumas dessas ações previstas foram acompanhadas por mim, como por exemplo, um dos encontros de formação de professores, cuja temática foi Limites e possibilidades do trabalho com a lei 10.639/03 e ainda alguns encontros do Projeto Criando Laços. Dentre as famílias participantes da pesquisa, apenas Alice participa com frequência do Projeto Criando Laços. Vânia e Marina trabalham no horário das atividades do projeto.

27 Projeto criado em 2009, por um grupo de professoras da escola. Inicialmente havia atividades com escolas parceiras, pertencentes à Regional Venda Nova. A mobilização teve duração de aproximadamente dois anos. Atualmente o projeto é desenvolvido apenas nesta escola e conta com o apoio do Núcleo de Relações Raciais e Gênero da SMED/BH.

28 O Projeto Criando Laços tem aproximadamente 10 anos, foi criado pela direção e coordenação pedagógica. Atualmente, segundo a direção da escola, tem um grande desafio: integrar atividades entre o ensino fundamental e a educação infantil, pois a escola é responsável por uma UMEI, localizada na Vila Apolônia.

No que se refere aos Projetos Pedagógicos desenvolvidos com os alunos da escola, há

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