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2.2 TRAÇANDO O CAMINHO DA PESQUISA

2.2.1 A escola lócus da pesquisa

Focando o olhar na realidade da educação contemporânea, em uma escola da rede municipal, chegamos ao primeiro ponto situado no mapa traçado para o percurso das trilhas da inclusão: a escola lócus deste estudo. Apesar de termos tido autorização da direção da escola para usar seu nome, preferimos mantê-lo resguardado por entendimento próprio. Por este motivo, doravante denominaremos a Escola Campo de Pesquisa, de Escola CP.

Faremos um breve histórico da Escola CP para contextualizar, no espaço e no tempo, o terreno percorrido. Ressaltamos que a referida escola foi a escolhida por atender aos critérios estabelecidos no nosso projeto de pesquisa. Os dados aqui descritos foram obtidos através da análise do Projeto Político Pedagógico da Escola CP.

A Escola CP15 possui sede própria, está localizada na Zona Oeste da Cidade do Natal, no bairro da Cidade da Esperança. Foi criada desde março de 1977 e funciona nos turnos: matutino, vespertino e noturno oferecendo o Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano e a modalidade de Educação de Jovens e Adultos do 1º ao 4º nível, esta última, apenas no turno noturno.

Traz uma nova missão: “Oferecer um ensino de qualidade, garantindo participação ativa da comunidade escolar e contribuindo para formação integral dos alunos” (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2009, p. 6).

Segundo seu Projeto Político Pedagógico (PPP) (2009), a Escola é mantida pelo poder público municipal e por verbas oriundas de programas e projetos vinculados ao Ministério da Educação. Atua com o modelo de gestão democrática, utilizando para direcionar as ações da gestão e o trabalho pedagógico, os seguintes documentos: LDB 9394/96, Regimento Escolar, Estatuto do Conselho de Escola, Plano de Desenvolvimento Estratégico (2009), Estatuto da Unidade Executora,

15 Segundo a SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo da Cidade do Natal –

com base nos dados do IBGE/2007 o bairro da Cidade da Esperança tem os seguintes serviços e equipamentos; com relação à educação o bairro possui quatro escolas estaduais, duas municipais e uma escola de educação infantil; quanto aos serviços de saúde tem apenas uma unidade de pronto atendimento. Em relação ao desporto, o bairro tem duas quadras, um ginásio e um estádio; na segurança pública possui uma delegacia distrital, três especializadas e três companhias de policia militar. Já em equipamentos o bairro possui três praças e uma feira livre; com relação as organizações comunitárias, possui dez associações e centros, seis clubes de mães, dois conselhos comunitários e um grupo de idosos (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2009, p. 6)

Plano de cargos, carreiras e salários do Magistério Público Municipal e as Diretrizes da Secretaria Municipal de Educação e do Conselho Municipal de Educação.

Sua base de Gestão se enquadra na perspectiva participativa, onde a comunidade escolar participa na tomada de decisões, através de seus representantes, no Conselho Escolar e de Classe, e nos Conselhos da Unidade Executora (Deliberativo e Fiscal).

A escolha dos Gestores se dá a partir de uma avaliação teórica dos candidatos aos cargos de diretor e vice durante uma formação específica promovida pela Secretaria Municipal de Educação, e se aprovados, esses, concorrem a eleição por intermédio do voto direto junto a comunidade escolar para mandato de três anos com direito a uma reeleição.

A seguir apresentamos algumas características físicas da escola CP, apontadas no Projeto Político Pedagógico, 2009.

Quanto a sua infraestrutura, a escola conta com:

Área Administrativa: secretaria, arquivo, sala dos professores, direção e coordenação;

Área de Sociabilidade: pátio coberto com refeitório para 200 lugares, áreas verdes, 01 quadra esportiva coberta e banheiros;

Área de Apoio: cozinha com depósito para gêneros alimentícios perecíveis e não perecíveis, almoxarifado geral, depósito de materiais de higiene e limpeza e depósito de materiais de uso contínuo (papelaria);

Ambientes Educativos e Complementares:

12 salas com turmas fixas (nos três turnos de funcionamento) 01 Biblioteca

04 salas ambientes: Ateliê de Arte, Sala de dança, Laboratório de ciências, Sala de Recursos Multifuncionais

01 Sala Multimídia

01 Laboratório de Informática com 20 computadores; 01 Sala da Rádio Escola

01 Espaço para Horta escolar

Desde o primeiro momento que adentramos na Escola CP, fomos muito bem recebidas. A possibilidade de contribuir com esta pesquisa foi imediatamente aceita pela direção da escola e compartilhada com os demais gestores, como sendo algo

rico e necessário ao momento em que a escola estava atravessando. Entendemos que essa condição – de ser lócus de uma investigação na linha da inclusão -, trouxe a ideia de estudar e discutir aspectos gerais da educação especial e de construir possibilidades de reflexão acerca da inclusão escolar, tanto para a equipe gestora, quanto para os demais professores da escola.

Ressaltamos que a escola em tela, na última reforma em sua estrutura física realizada em 2005, utilizou-se das normas de acessibilidade estabelecidas pela ABNT 9050, exigidas por lei e adaptou alguns de seus espaços, instalando rampas e piso podotátil nas áreas comuns como, pátio e corredores de acesso à biblioteca e à quadra.

As salas de aula, especialmente as que foram alvo das observações nos dois diferentes blocos, possuíam aproximadamente 35 carteiras (cadeira plástica acoplada a mesa), mesa e cadeira diferenciada para o professor e quadro de giz. Ambas as salas eram claras e utilizavam ventiladores nas paredes.

As carteiras estavam sempre dispostas em filas, (exceto em dias de trabalho de grupo e quando eram realizadas atividades na sala de artes), de forma que impedia a livre circulação da cadeira de rodas. Quando LIZ chegava, era sempre colocada no mesmo lugar pela sua mãe (que era também aluna na mesma turma) – no espaço livre deixado em frente a mesa do professor.

O horário das atividades era das 19 horas às 21horas e 30minutos, mas ao ser dado o toque, ainda era servido uma sopa, para atender aqueles que não tiveram tempo de jantar em casa nem no trabalho, deixando o início das atividades nas salas de aula para as 19h15m. Havia, a cada noite, três horários de aula.

Adentrando no universo da sala de aula, mais especificamente, na turma D do nível III da escola campo de pesquisa, apontamos as principais características da turma foco das observações.

Como, pela determinação prevista na Resolução do Conselho Municipal de Educação, CME Nº 07/2009, em cada semestre há a necessidade de renovação de matrícula, nos deparamos com o seguinte quadro de matrículas na turma que LIZ frequentava:

Tabela 2 - Quantidade de alunos matriculados na EJA, nível III, em 2010.

Fonte: Dados obtidos na secretaria da Escola CP, 2010

O que constatamos durante as observações feitas na sala de aula é que a frequência média dos alunos variou entre 15 alunos, no primeiro bloco e 11 alunos, no segundo. Não estão incluídos, nesse quadro, dados de observações das sextas- feiras, pois apenas participávamos em dias de evento, o que não configura um dia normal de aula.

Apesar de a turma ter quatro alunos com deficiência, dois com paralisia cerebral, dois com deficiência intelectual, demos prioridade a analisar o caso de LIZ, como caso-referência, visto que se encaixava em todos os critérios inicialmente estabelecidos.