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A estrutura do cooperativismo de crédito no Brasil

O cooperativismo – como movimento que se circunscreve numa forma de relação social e econômica diferenciada – insere-se no rol das

2.7 Cooperativas de crédito

2.7.3 O projeto cooperativo

2.7.3.6 A estrutura do cooperativismo de crédito no Brasil

Até 1995, com a criação do Banco Cooperativo SICREDI S.A (BASINCRED), as cooperativas de crédito brasileiras estavam vinculadas a duas Centrais de Cooperativas: a Cooperativa Central de Crédito Rural e a Cooperativa Central de Crédito Mútuo, ambas com política própria de gestão haja vista as características de suas cooperativas filiadas.

Com a criação do BASINCRED e, um pouco mais tarde, em 1996, a criação do Banco Cooperativo do Brasil (BANCOOB), as duas Centrais de cooperativas se transformaram em dois Sistemas: o Sistema de Crédito Cooperativo SICREDI e Sistema de Crédito Cooperativo do Brasil. A estes dois sistemas, aderiram as Cooperativas de Crédito Rural e as de Crédito Mútuo.

Para as Cooperativas Singulares muito pouco mudou. O que as Centrais de Cooperativas de Crédito Rural e a de Crédito Mútuo faziam para intermediar recursos junto ao Banco do Brasil S.A, as duas novas Centrais o fazem diretamente com os Bancos Cooperativos, mantendo-se inalteradas a forma jurídica e os procedimentos das mesmas, exceto aquelas que optaram pela nova conceituação de independência, não se ligando a estes dois sistemas.

Faz-se necessário observar que as UNICRED´s não se filiaram a nenhum dos dois Bancos Cooperativos e receberam do Banco Central do Brasil a Carta autorizando-as a funcionar como bancos.

De acordo com Brasil (2010) as Cooperativas de Crédito brasileiras podem ser constituídas com o objetivo de atender aos seguintes públicos:

a) Cooperativas de crédito mútuo de empregados: constituídas por empregados, servidores e pessoas físicas prestadoras de serviço em caráter não eventual, de uma ou mais pessoas jurídicas, públicas ou privadas, definidas no estatuto, cujas atividades sejam afins, complementares ou correlatas, ou pertencentes a um mesmo conglomerado econômico;

71 b) Cooperativas de crédito mútuo de profissionais liberais: constituídas por pessoas que desenvolvam alguma profissão regulamentada, como advogados, médicos, contadores etc.; ou que atuem em atividade especializada, como pedreiros, eletricistas, padeiros, etc.; ou ainda, pessoas cujas atividades tenham objetos semelhantes ou identificáveis por afinidade ou complementariedade, como é o caso de arquitetos e engenheiros; médicos e dentistas, entre outros;

c) Cooperativas de crédito rural: constituídas por pessoas que desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias, extrativas ou de captura e transformação do pescado, desde que inseridas na área de atuação da cooperativa;

d) Cooperativas de crédito mútuo de empreendedores: constituídas por pequenos e microempresários que se dediquem a atividades de natureza industrial, comercial ou de prestação de serviços, com receita bruta anual enquadrada nos limites de, no mínimo, R$ 244.000,00 e, no máximo, R$ 1.200.000,00. Limites estes fixados pelo art. 2º da Lei 9.841/99, para as empresas de pequeno porte. Neste tipo de cooperativa podem ser incluídas as atividades descritas para as cooperativas de crédito rural;

e) Cooperativas de crédito de livre admissão de associados: cujo quadro social é constituído e, delimitado, em função de área geográfica. Neste tipo de cooperativa, qualquer grupo de pessoas, desde que corresponda às exigências da Lei 5.764/71 (Lei das Cooperativas) e das normas regulamentares emanadas do Banco Central, pode formar uma cooperativa de crédito. Entre os anos 60 e 70, era proibida a criação desse tipo de cooperativa, elas só voltaram a ser plenamente admitidas em 2003, com a Resolução nº 3.106 do Banco Central.

Podem existir, ainda, cooperativas de crédito de tipo misto, que desenvolvam atividades inerentes a mais de uma das modalidades citadas. Decorrem, em sua maioria, de processos de fusão, incorporação e continuidade de funcionamento.

É admitida a constituição de mais de uma cooperativa de crédito, na mesma área de ação, independentemente do seu tipo e desde que seja adotada denominação social diferenciada. (BRASIL, 2010).

Esta nova estrutura, definida pelo Banco Central, não está ainda bem administrada em termos de registros e de cadastros. O único órgão que tem

72 condições de primar pela fidelidade das informações é o próprio legislador e executor dos processos laborais e fiscalizadores.

Importante considerar, aqui, que os relatos referentes às pesquisas e às coletas de dados deverão ser previamente realizados para a elaboração de um organograma preciso das cooperativas de crédito no Brasil. Búrigo, assim, pondera e descreve as pesquisas baseando-se nas fontes de informação mais corretas:

Vi com bastante preocupação fugir de minha alçada de pesquisas, o sentido principal das informações corretas. Todas as fontes de informação não se fundem em uma única verdade numérica, razão que me levou a desconsiderar àquelas obtidas junto aos Órgãos de representação deste universo de Cooperativas de Crédito, muito embora as tenha citado. Optei em me ater às do Banco Central de Brasil por serem as mais corretas e seguras, afinal se as cooperativas existem, elas obtiveram seu credenciamento. (BÚRIGO, 2006, p. 21).

De acordo com as informações do autor, vê-se que o cooperativismo de crédito brasileiro está estruturado a partir de cinco sistemas cooperativos e de cooperativas independentes, como se observa na figura 5, devido à riqueza dos dados nela contidos:

73 Figura 5 - Organograma do Cooperativismo de Crédito do Brasil

74 É de especial relevância registrar que, nos sistemas descritos na figura 5, três deles são baseados em estruturas cooperativas mais próximas de uma cultura bancária; pois norteiam sua atuação numa lógica de profissionalização gerencial e concentração de recursos, visando ganhos de escala. Nota-se que o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB) e o Sistema de Crédito Cooperativo (SICREDI), possuem seus próprios bancos cooperativos e o terceiro, o Sistema Unicred Brasil (UNICRED), ainda não se decidiu pela criação do seu banco.

O quarto sistema corresponde à rede de cooperativas de crédito solidárias da Associação Nacional do Cooperativismo de Crédito de Economia Familiar e Solidária (ANCOSOL). A rede ANCOSOL representa a consolidação de um novo modo de funcionamento de cooperativas de crédito no Brasil, espelhado na filosofia de microfinanças, também denominada como de economia solidária.

E finalmente, o Sistema de Crédito Cooperativo dos Trabalhadores na Agricultura do Brasil (CREDITAG Brasil) que estava em fase de estruturação, na época, não possuía cooperativa central de crédito ainda constituída. Ressalta Lima:

A CREDITAG Brasil foi criada com o apoio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura em Santa Catarina (FETAESC) e nos demais estados, da Confederação dos Trabalhadores na Agricultora (CONTAG) e outros Sindicatos de Trabalhadores Rurais. (LIMA, 2008, p. 50-51).