2 – A PREPARAÇÃO E O CONTATO COM O CAMPO
2.2. A etapa de elaboração do planejamento:
Obje vo:
O obje vo central da abordagem qualita va desenvolvida na presenta tese foi compreender como é a vivência da paisagem co diana em meio à paisagem exuberante, ins tucionalizada pelo tombamento e reconhecida pela atra vidade turís ca.
A escolha da técnica e da amostra:
Para a consecução desse obje vo foram ouvidos diferentes segmentos envolvidos com o co diano da Vila.
A amostra contemplou moradores e agentes locais do poder público, na tenta va de comparar sensações, percepções e sen mentos em relação a Paranapiacaba, iden fi cando convergências e divergências de expecta vas, posturas e impasses, para com isso o mapear as principais questões e caminhos a serem seguidos.
Como dito anteriormente, a defi nição de dois segmentos exigiu técnicas dis ntas. As
8 - 10ª Ofi cina de Prá cas Urbanas do XVII ENANPUR: detalhado mais adiante.
9 - “A experiência da abertura como experiência fundante do ser inacabado que terminou por se saber inacabado. Seria impos-
sível saber-se inacabado e não se abrir ao mundo e aos outros à procura de explicação, de respostas a múl plas perguntas. O fechamento ao mundo e aos outros se torna transgressão ao impulso natural da incompletude” (FREIRE, 1996:154)
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Desvelando a paisagem banal da Vila Ferroviária de Paranapiacaba
Entrevistas em Profundidade foram realizadas com os agentes públicos e as Discussões em Grupo
com os moradores. A intenção era comparar os resultados ob dos nas duas técnicas oferecendo a análise das duas perspec vas.
A opção pelas Entrevistas em Profundidade com agentes públicos ocorreu por permi r a exploração mais detalhada da perspec va individual do entrevistado. Nelas, o clima de in midade e a certeza de confi dencialidade oferece a descontração necessária para expor aspectos controversos, polêmicos ou sigilosos.
Por sua vez, a Discussão em grupo, realizada com os moradores, é uma técnica par cularmente adequada para temas que representam ou estão especifi camente relacionados a segmentos da população ou comunidades.
Em um clima de informalidade, os integrantes do grupo são es mulados a refl e r sobre questões relevantes, enquanto se exploram contradições, tensões, insa sfações a par r da fala grupal. Nessa conversa, os par cipantes têm a oportunidade de expor ideias, sen mentos, desejos, ao mesmo tempo em que podem ouvir o ponto de vista dos outros par cipantes.
As Discussões em Grupo tradicionais reúnem de sete a nove par cipantes por evento, e com um roteiro previamente planejado promove a discussão de forma livre e espontânea.
Nesta pesquisa optou-se por uma variante dessa técnica, denominada Minigrupos: composta por quatro a seis par cipantes, ela é particularmente adequada para que cada participante aprofunde sua contribuição com, por exemplo, histórico de vida, recons tuição histórico/cultural do lugar e perspec va de passagem de tempo.
Em ambas as técnicas, os par cipantes são escolhidos intencionalmente e compõem uma amostra homogênea.
Os segmentos pesquisados:
Entrevistas em profundidade: Os agentes públicos que par ciparam das Entrevistas
em Profundidade trabalhavam na gestão local da Vila até o momento da pesquisa de campo. Os critérios gerais para par cipação eram: ocupar cargo efe vo há pelo menos dois anos e não estar em cargo comissionado.
Foram realizadas seis entrevistas, com:
Quatro funcionários da Prefeitura que trabalhavam na Vila, Um funcionário do IPHAN e
Um profi ssional ligado ao turismo, que também trabalha na Vila.
Mini grupos: Os minigrupos foram compostos por moradores dos três setores da Vila
- Parte Baixa, Parte Alta e Rabique. Os par cipantes deviam ser residentes de Paranapiacaba há pelo menos cinco anos e não serem líderes comunitários ou exercerem cargos polí cos, uma vez
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Capítulo II - O caminho percorrido: juntando as técnicas
que se buscava a ó ca do cidadão “comum”. A intenção era realizar três minigrupos: An gos moradores entre 55 a 70; Jovens entre 15 a 25 anos e, Mulheres entre 35 a 45 anos.
No entanto, como o minigrupo de mulheres não par cipou, a amostra foi reconfi gurada para: dois Minigrupos e uma Entrevista pareada10, conforme apresentado a seguir:
Tab. 01 - RECONFIGURAÇÃO DA AMOSTRA
SEGMENTO Jus fi ca va da escolha Caracterís cas Técnica empregada
An gos moradores
Representam a tradição e a história da Vila; sua memória atesta o que a Vila foi, é e
pode ser. Grupo misto, entre 55 a 70 anos. Minigrupo Jovens
A usual postura de ques onamento favorece a emergência de pontos de vista relevantes para compreender o presente e
das possibilidades futuras da Vila.
Grupo misto, entre 15 a 25
anos.
Minigrupo
Mulheres
São força de trabalho e vetor de possível transformação, além de poderem apresentar certas demandas dos fi lhos em
relação a lazer, paisagem, infraestrutura.
Dupla entre 35 e
45 anos Entrevista pareada
Áreas de abordagem:
Trata-se dos grandes temas abordados nas entrevistas e/ou discussão em grupo; entretanto são temas amplos, detalhados nos roteiros empregados nas a vidades. Nesta pesquisa, as áreas de abordagem foram:
Registros afe vos dos lugares vividos na infância – repercussões na vivência em Paranapiacaba;
Sensações, impressões e sen mentos na relação das pessoas com o meio; Iden fi cação da ideia e vivência de paisagem pela ó ca dos moradores; O modo como veem o futuro da Vila.
10 - Entrevista Pareada: a ideia inicial era ter um minigrupo de mulheres adultas de 35 e 45 anos que também representariam as demandas de seus fi lhos, no entanto, devido à abstenção da maioria das convidadas a a vidade foi modifi cada para uma Entrevista pareada entre uma moradora e uma funcionária pública.
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