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1.3 – A evolução da al-Qaeda: do comando central ao Franchising

No documento Tiago André Dissertação (páginas 34-41)

A al-Qaeda central desenvolveu-se no período antecedente ao 11 de Setembro de 2001, possuindo uma cadeia hierárquica bem definida. Estava localizada geograficamente entre a fronteira do Paquistão com o Afeganistão, numa configuração tipicamente top-

down.

A primeira conceção da organização como hoje a conhecemos data de 1996, quando Osama Bin Laden criou, a partir do Afeganistão, um sistema coerente e oleado que abrangia e unia os pequenos grupos Jihadistas espalhados pela Ummah. O seu raio de ação deixou progressivamente de estar circunscrito a este país, apontando-se os EUA e os seus aliados ocidentais como os inimigos e, consequentemente, os alvos a abater.

Até ao 11 de Setembro de 2001 esta organização terrorista era constituída por uma forte organização e uma cadeia de comando que controlava até ao mais ínfimo pormenor todos os seus aspetos de funcionamento. Tratava-se de uma administração com uma forte componente ideológica53, estruturada em torno de uma especificação de funções e inserida num sistema de supervisão e subordinação de uma unidade de comando, treino e formação, bem como num conjunto de regras e guias balizadores de ação. (Duarte, 2015)

A estratégia da al-Qaeda incidiu principalmente sobre a dimensão psicológica, não tendo como principal alvo dos ataques uma vítima específica, mas sim a sociedade em geral ou um grupo restrito. Um exemplo disto são os ataques ao World Trade Center, em Nova Iorque, os quais demonstraram o poderio desta organização Jihadista e as fragilidades e dificuldades dos governos ocidentais em fazer face a estas ameaças. (Moreira, 2004; Schmid, 2005)

Tiago Alexandre de Castro André 14 Além dos estragos e do elevado número de baixas humanas causado por este ataque, encontrava-se disposta uma forte componente simbólica, dividida em dois fatores, o indicativo e o metafórico. A primeira prende-se com o ato em si, com os efeitos diretamente provocados e os danos causados. A segunda entronca numa estratégia pensada a médio e longo prazo, que na grande maioria dos casos, tem origem no alvo. (Schmid, 1983)

Por outro lado, é possível constatar que estas duas categorias acima enunciadas se potencializaram, pois para além da morte de três milhares de pessoas e das elevadas perdas infra-estruturais, também a “repercussão simbólica ampliou ad nauseam os reais efeitos dos atentados” (Duarte, 2015, pp. 175-176),

Desta forma, “a cadeia de comando central, ainda que não chefie diretamente, continua a exercer controlo nos operativos e a planear as operações, numa base de “franchising” (Duarte, 2012, p. 227).

A resposta dos EUA e dos seus aliados ocidentais ao ataque cometido ao World

Trade Center obrigou a al-Qaeda a alterar a sua estratégia de sobrevivência e o modo de

funcionamento. Assim, iniciou-se um processo de estabelecimento de ligação a outras organizações regionais, promovendo a sua afiliação e o estreitamento de laços ideológicos comuns. Se antes este grupo Jihadista se regia por uma forte cadeia hierárquica vertical, agora o sucesso operacional passou a depender da organização horizontal em rede. A eficácia das operações fica a depender tanto da periferia como do comando central, cujo raio de ação se vê cada vez mais restringido. (Duarte, 2015)

O instinto de sobrevivência da al-Qaeda levou-a a alterar a sua disposição geográfica, dispersando-se e diluindo-se por várias organizações ligadas em rede, fazendo com que a sua ameaça fosse cada vez mais difusa e difícil de travar. Esta habilidade para se transfigurar e apostar em novas direções deu a esta organização terrorista o alento e a capacidade para “ressuscitar”, sendo ainda mais temível do que fora até então.

Esta ligação Jihadista em rede, sem escala, possui “nós” que poderão ter uma hierarquia definida e vertical, no entanto, na estrutura macro das organizações não existe hierarquia nem verticalidade. Há uma propensão para a auto-gestão e o auto-controlo, revelando um potencial degenerativo muito superior ao de um sistema hierarquizado. (Guedes, 2007) Estas redes complexas caracterizam-se por possuírem apenas alguns “nós” com um elevado grau de conectividade, sendo por isso, denominados atores-chave. Estes “nós” se forem removidos da estrutura em rede, bloqueiam o acesso à informação a outros “nós”. (Borgatti & Foster, 2003)

Tiago Alexandre de Castro André 15 As ligações que se criam entre os vários “nós” que compõem as redes são baseadas fundamentalmente na amizade, na proximidade vivencial e na partilha de experiências comuns. (Duarte, 2015; Sageman, 2004)

Os laços podem ser criados através da existência de experiências comuns, da partilha dos mesmos valores e ainda pela frequência nos mesmos locais de ensino ou lazer. (Sageman, 2008)

A al-Qaeda difundia com frequência a mensagem de que os EUA e os seus aliados deveriam ser combatidos e convertidos ao Islão. Osama Bin Laden afirmou que “com a própria vontade de Deus, a Ummah Islâmica começou a ripostar com os seus próprios filhos, que prometeram a Deus que continuarão a Jihad por palavras e obras, enquanto tiveram olhos para ver e sangue nas veias…” (cit., Lawrence, 2006, p. 193) Esta mensagem impulsionava as afiliações regionais a agir em nome do Jihadismo Global, por um lado repudiando severamente o mundo ocidental, e por outro, estabelecendo um governo islâmico sob a insígnia de um califado universal.

Verifica-se assim o estabelecimento de filiações regionais à al-Qaeda, estando estas assentes numa estrutura periférica que torna a ameaça Jihadista progressivamente mais difícil de detectar.

Têm recentemente emergido indíviduos ou pequenas células que atuam em nome da al-Qaeda. Estes atos Jihadistas não provêm de diretivas do comando central nem das filiações regionais, inserindo-se numa nova categoria. Esta terceira manifestação do Jihadismo Global assume-se fundamentalmente pela dimensão ideológica e reifica-se através de um certo mimetismo operacional. (Duarte, 2015)

Esta dimensão ideológica recorre frequentemente ao ciberespaço para “beber” da propaganda ideológica lá contida, estabelecendo relações virtuais com outros indivíduos que partilham os mesmos valores. “A coordenação nesta terceira manifestação de Jihadismo Global não vem de nenhum comando central – surge espontaneamente.” (Duarte, 2015, pp. 236-237)

Os combatentes agem por sua conta e risco, tomando a iniciativa de atacar os inimigos comuns à al-Qaeda em seu nome. Para conseguirem prosseguir os seus objetivos, obtêm fundos e equipamento, procurando não estabelecer contatos em momento algum com esta organização. Os atores-chave que tinham um papel fundamental na ligação em rede do Jihadismo Global desapareceram, não existindo líderes operacionais com ligações ao comando central.

Tiago Alexandre de Castro André 16 Mesmo não partilhando a ideologia Jihadista por completo, cria-se a imagem de uma comunidade epistémica “contra-hegemónica” virtual, na qual as clivagens se mantêm e as agendas locais também. Todavia, as divergências fundem-se no combate a um adversário comum, emergindo uma identidade coletiva mobilizadora. (Guedes, 2007)

Embora o fator virtual e o mote inspiracional ideológico possuam algum peso nesta manifestação do Jihadismo Global, a sua estrutura continua a ser também semelhante a uma rede. No entanto, trata-se de uma rede virtual na qual os seus “nós” apenas têm em comum a finalidade de um ato específico e uma abstração ideológica indeterminada. (Stern & Modi, 2008)

Não existe qualquer tipo de ligação entre esses “nós”, encontrando-se unidos somente pelos objetivos e mundividência comuns. Estes elementos são constituídos a partir de uma radicalização e recrutamento efetuados nos países ocidentais, agindo de acordo com a ideologia Jihadista. (Hoffman, 2006) Posteriormente, surgem as chamadas self-

starters cells e o homegrown terrorism, células que atuam no momento apropriado e

tendente a causar maior impacto na opinião mundial. (Precht, 2007)

A al-Qaeda apresenta-se assim, como o expoente máximo do Jihadismo Global, possuindo na sua rede um conjunto de células e afiliações que operam em mais de noventa países, fazendo dela a organização terrorista com maior dispersão na história mundial. (Wilkinson, 2011)

1.4 – O surgimento do DAESH e a sua consagração mundial

O DAESH foi inicialmente idealizado no final do século XX, quando em 1999, Abu Musab al-Zarqawi54 saiu da prisão de al-Sawwaqa, na Jordânia. Embora tivesse somente 33 anos, já era um veterano de guerra, tendo viajado em 1989 para o Afeganistão com o intuito de combater o exército soviético. Apesar de ter recebido treino militar, não serviu inicialmente como combatente, tendo sido jornalista de uma revista Jihadista pouco conceituada, a denominada al-Bosniam al-Marsous. (Weaver, 2006) Posteriormente, e já como combatente, travou amizade com aquele que viria a tornar-se o seu mentor ideológico, o também Jordano Abu Muhammad al-Maqdisi55. (Pinto, 2015)

54 Com o nome de guerra Ahmad Fadl al-Nazal al-Khalayleh 55 Nome de guerra de Issam Muhammad Tahir al-Barqawi

Tiago Alexandre de Castro André 17 Mais tarde, al-Zarqawi realizou várias viagens para o Paquistão e o Afeganistão, tendo numa delas, conhecido Osama Bin Laden. Como este Jihadista pretendia aumentar a sua influência e poder junto de outros grupos Jihadistas, facilitou um empréstimo monetário e autorizou a criação de um campo de treino em Herat, próximo da fronteira com o Irão. Isto permitiu a al-Zarqawi fundar o seu próprio grupo terrorista. (Weaver, 2006)

O grupo auto-denominou-se Jama‟at al-Tawid wa al-Jihad (Organização para o

Monoteísmo e Jihad), ou somente Tawid wa al-Jihad (Monoteísmo e Jihad). A adesão iniciou-se com poucas dezenas de recrutas mas, progressivamente, foi-se expandindo, reunindo sensivelmente três milhares de pessoas ao fim de dois anos. (Barret, 2014)

No período compreendido entre 2000 e 2001, Osama Bin Laden procurou convencer al-Zarqawi a prestar-lhe Bayah, no entanto, esse juramento foi-lhe sempre recusado. Essa relação de fidelidade só foi consagrada após cinco anos de conversações, tendo sido publicada posteriormente num fórum islamita.56 (Weaver, 2006)

Esta aliança beneficiou tanto al-Zarqawi, permitindo-lhe adquirir a projeção internacional há muito tempo pretendida, como Bin Laden, que precisava de uma forte presença Jihadista no Iraque. Nessa altura, al-Zarqawi proclamou-se o “Emir das Operações da al-Qaeda na Terra da Mesopotâmia” alterando a nomenclatura da sua organização para Tanzim Qa‟idat al-Jihad fi Bilad al-Rafidayin: al-Qaeda na Terra dos Dois Rios, al-Qaeda da Mesopotâmia ou o mais comum, al-Qaeda no Iraque (AQI). (Barret, 2014)

Tanto Bin Laden como al-Zarqawi possuíam o mesmo objetivo, que consistia na instituição de um Califado Islâmico universal. No entanto, divergiam no método a utilizar para o alcançar. O Jordano acreditava que a sociedade encontrava-se corrompida, devendo recorrer-se á violência, se necessário, para a purificar. Contrariamente a este, Bin Laden pretendia que o teatro de guerra se deslocasse para o Ocidente, evitando sempre que possível, a realização de atos que pudessem denegrir a imagem do Jihadismo Global. (Pinto, 2015)

“Era uma postura mais paciente, de longo prazo, que apostava no desgaste do inimigo.” (Lister, 2014, p. 8)

56 O conteúdo da publicação consiste no seguinte: “Numerosas mensagens foram trocadas entre “Abu Musab” (Deus o proteja) e a irmandade da Al-Qaeda ao longo dos últimos oito meses, estabelecendo um diálogo entre eles (…) Os nossos generosos irmãos da Al-Qaeda perceberam a estratégia da organização Tawid wa al-Jihad no Iraque, a terra dos dois rios e dos califas. (…) (Para que se saiba) Tawid wa al-Jihad, os seus líderes e os seus soldados juram fidelidade ao mujahid, xeique Osama Bin Laden.” (Pool, 2004)

Tiago Alexandre de Castro André 18 No dia 7 de Junho de 2006, num raide aéreo realizado pela Força Aérea Norte- Americana, al-Zarqawi perdeu a vida. (Pinto, 2015) Devido à sua morte, as expectativas de que a al-Qaeda no Iraque saísse debilitada eram elevadas, no entanto, verificou-se precisamente o contrário. Rapidamente foi nomeado um novo líder, Abu Ayyub al-Masri57 e declarada a constituição de um novo grupo, designado al-Dawla al-Islamiya. (Bahney, 2010)

Quatro anos mais tarde, novo golpe nas aspirações Jihadistas. Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Baghdadi foram mortos num ataque aéreo. Quando se pensava que estes grupos se extinguissem, eis que surge a nomeação de um novo líder, Abu Bakr al- Baghdadi.58

Inversamente aos seus antecessores, este líder procurou manter a sua identidade no anonimato, recusando figurar em vídeos de propaganda do então denominado ISI (Estado Islâmico no Iraque) e limitando o número de pessoas com que comunicava. (Beaumont, 2014) Esta tomada de posição tinha como objetivo precaver possíveis fugas de informação que revelassem a sua localização, valendo-lhe a alcunha de o “Xeique Invisível”. (Pinto, 2015)

Com o ISI completamente desmembrado, Abu Bakr al-Baghdadi começou por reconstruir o grupo, socorrendo-se de aliados da sua confiança que estiveram consigo vários anos em Camp Bucca.59 (Stern & Berger, 2015) Esta reconstrução foi simplificada pelos confrontos sectários existentes no Iraque nesse momento, bem como pela crescente violência que se verificava na Síria. Este país foi utilizado como ponto estratégico, recebendo diversos combatentes e mantimentos que ajudaram na edificação desta nova organização. (Lister, 2014; Zelin, 2013)

Para que a nova organização se pudesse expandir, al-Baghdadi encetou ações com o intuito de cortar relações com a al-Qaeda. Desta forma, a 2 de Fevereiro de 2014, a al-

Qaeda emite uma declaração60 fazendo menção ao corte de relações institucionais entre os dois grupos, repudiando os atos praticados pelo então denominado ISIS (Estado Islâmico no Iraque e no Levante). (Zelin, 2014) Este corte em nada afetou as pretensões

57 Nome de guerra de Abu Hamza al-Muhadhir

58 Nome de guerra de Ibrahim bin Awwad al-Badri al-Samarri

59 A prisão de Camp Bucca foi batizada inicialmente de Camp Freddy pelas forças britânicas, tendo recebido posteriormente à invasão do Iraque, a denominação que conhecemos hoje. A título de curiosidade, quando em Abril de 2003 o exército norte-americano assumiu o controlo da prisão, este estabelecimento prisional foi rebatizado para homenagear Ronald Bucca, um chefe dos bombeiros de Nova Iorque que faleceu durante os trabalhos de resgate após os ataques de 11 de setembro de 2001. Para mais esclarecimentos vide o website com o link: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150423 60

Nesta declaração o objetivo era transmitir a seguinte mensagem: “O ISIS não é um ramo do grupo (al-Qaeda), não temos qualquer relação organizacional com eles e (a al-Qaeda) não é responsável pelas suas ações”. (Zelin, 2014)

Tiago Alexandre de Castro André 19 expansionistas do ISIS, verificando-se em Março de 2013 a conquista da cidade de Raqqa e estabelecimento desta cidade como a sua capital na Síria. (Masi, 2014)

A conquista de Raqqa impulsionou a recontrução do Califado Islâmico. Em 29 de Junho de 2014, o porta-voz do grupo, Abu Mohammad al-Adnani, asseverou a pretensão de uma reedificação de um Califado que reunisse todos os muçulmanos, em especial os Salafistas-Jihadistas. O novo Califado seria conhecido simplesmente como Estado Islâmico e o seu emir, Abu Bakr al-Baghdadi foi declarado o novo Califa Ibrahim, mostrando o rosto em público pela primeira vez. (al-Shami, 2014; Berger M. , 2014)

A concretização do Califado apenas se tornou possível devido ao elevado recrutamento efetuado, tendo-se juntado a este grupo cerca de vinte e cinco milhares de combatentes que ocuparam o território compreendido entre a região de Allepo, na Síria e a província de Salah ad Din, no Iraque. (Lister, 2014)

Ao contrário da al-Qaeda e de outros grupos terroristas, as fontes de rendimento do

DAESH são geradas internamente, recorrendo a elevados impostos cobrados às populações

locais, saques provenientes da tomada de cidades, venda de antiguidades e a mais importante, o tráfico de petróleo. O Estado Islâmico acede ainda com bastante facilidade a mercados negros e rotas de contrabando profundamente enraizados61. (Cohen, 2014)

Outra das formas de angariar receitas é através do pagamento de resgates de reféns ocidentais. Ainda que os EUA e o Reino Unido possuam políticas que proíbem esses pagamentos, existem outros países, incluindo europeus, que têm vindo a pagar os resgates dos seus cidadãos feitos reféns. (Bergen, 2014)

Nos sermões publicados em “The Management Of Barbarism”62, considera-se a violência com toda a “sua crueldade e brutalidade” como arma facilitadora do recrutamento de potenciais militantes para a realidade do confronto Jihadista, permitindo- lhe ao mesmo tempo intimidar os seus inimigos e mostrar-lhes o “preço que pagariam pelo seu envolvimento”. (al-Naji, 2006, p. 109) Este autor acredita ainda que “cada etapa da batalha exige métodos menos radicais para contrabalançar isso (a violência), mantendo o bom estado da situação”. Apesar da maioria do conteúdo propagandístico estar orientado estrategicamente para as audiências ocidentais, também era utilizado na Síria e no Iraque,

61 Juan Zarate, que pertenceu ao governo dos EUA de 2005 a 2009, pertenceu a um grupo de trabalho destinado a elaborar leis e regulamentos para “secar” as fontes de financiamento da al-Qaeda e de outros grupos terroristas. De acordo com este autor, estes instrumentos não têm resultados práticos em relação ao Estado Islâmico porque a sua primordial fonte de financiamento provém de operações criminosas. Vide (Zarate, 2013).

62 Também conhecido por “The Management Of Savagery”, trata-se de um livro criado com o objetivo de dotar os extremistas islâmicos das ferramentas necessárias à criação de um califado islâmico.

Tiago Alexandre de Castro André 20 “onde o ódio sectário igualava ou superava os sonhos da construção do califado.” (Stern & Berger, 2015, p. 144)

“The Management Of Barbarism” consiste numa coletânea de modelos apreendidos de anteriores falhanços Jihadistas, fazendo uma transposição para o futuro do movimento Jihadista Global. (Ulph, 2005) Nesta compilação, são delineadas as três fases fundamentais na luta Jihadista, a saber:

- a perturbação e exaustão causadas pelos ataques terroristas, que condicionam e causam danos na economia das potências inimigas e provocam pânico na sua população;

- a gestão das barbaridades através da resistência violenta, dando enfoque à visibilidade dos atentados Jihadistas, procurando demonstrar o seu poder tanto aos aliados como aos opositores;

- a tomada de poder assente no estabelecimento de regiões controladas pelos Jihadistas de forma a permitir o crescimento do califado.

Em Novembro de 2014 a capacidade terrorista do Estado Islâmico parecia infindável. Esta organização tinha subjugado o território compreendido entre a Síria e o Iraque e obtido recursos financeiros como nunca antes um grupo terrorista tinha conseguido. Por outro lado, conseguiu atrair milhares de recrutas provenientes dos mais diversos países, tanto do Médio Oriente como do Ocidente e resistiu com relativa facilidade aos ataques realizados pela coligação internacional. (Pinto, 2015)

Posto isto, é possível constatar que o DAESH não é um grupo terrorista comum. Ele possui características muito sui generis, um exército treinado e armado, transformando-se num “pseudo-Estado de terror, o mais rico da história” (Cronin, 2015, p.5)

1.5 – A Jihad de ―natureza autóctone‖ materializada pelos ataques de

No documento Tiago André Dissertação (páginas 34-41)