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1 – PARADIGMAS ESTRUTURAIS

1.2 A EVOLUÇÃO DO ENSINO DA ODONTOLOGIA NO BRASIL

De acordo com Chaves (1977) o ensino da Odontologia pode ser dividido em três períodos:

- período de artesanato ou vocacional; - período acadêmico e

- período humanístico.

1.2.1 - PERÍODO DE ARTESANATO OU VOCACIONAL (1500 a 1850)

O Ensino é empírico e a profissão é exercida como arte e ofício.

No Brasil de 1500 a 1600, tinha-se a figura dos “Comissários Delegados” que eram os representantes do Físico-Mor e do Cirurgião-Mor do Reino. Eram, portanto, eles as autoridades sanitárias incumbidas de conceder graduações aos físicos, licença aos boticários e autorização para o exercício de arte de curar. A primeira lei que se refere à Odontologia no Brasil é de 09 de novembro de 1629. Trata-se da “Carta Régia” que faz a seguinte alusão:

“Por entendido que há anos os cirurgiões mores não visitam esse Reino, sendo necessário que seja visitado, pelos inconvenientes que resultam das curas que fazem sem serem examinados as pessoas que exercitam nela os ofícios de Cirurgiões ou Barbeiros.” (SALLES CUNHA, 1952).

A odontologia começou a se estruturar no Brasil como profissão por volta de 1800, época em que se estabeleceu o Plano de Exames da Real Junta do Protomedicato, exigindo do candidato à profissão de dentista, um exame que constava de conhecimento parcial de anatomia, métodos operatórios e terapêuticos para os profissionais que vinham para o Brasil, sendo na maioria

advindos da França e Portugal. Apenas após alguns anos foi concedida esta titulação a um brasileiro. (ROSENTHAL, 2001).

Algumas instâncias foram criadas para regulamentação das práticas sanitárias da época. A exemplo disso, a coroa instituiu, por meio de decreto, a Junta de Higiene Pública que possibilitou avanços nas medidas saneadoras. Este decreto ainda previa a regularização da formação em universidades estrangeiras, cujos diplomas não tinham sido legalizados pela Faculdade de Medicina do Império. A antiga prática, realizada pelos mestres de ofício, ainda era muito presente e realizada também por pessoas que não possuíam as habilitações concedidas pelo império. (ROSENTHAL, 2001).

No período de 1629 a 1850, a habilitação para o exercício da Odontologia no Brasil, era dado pelas “Cartas Régias”, sendo a profissão exercida por “Cirurgiões” ou “Barbeiros”. (SALLES CUNHA, 1952).

1.2.2 - PERÍODO ACADÊMICO (1850 a 1970)

O ensino é de nível superior geralmente ministrado em faculdades independentes, auto-suficientes, introvertidas, mas com alta tecnologia.

Em 1844 foram anexados os Cursos de Odontologia, com 02 (dois) anos de duração, às Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia. Mas o marco inicial do período acadêmico foi a partir de 1850, quando surgiu a obrigatoriedade de prestação de exames nas Faculdades de Medicina para Habilitação da prática odontológica. (SALLES CUNHA, 1952)

A partir de 1851, o império passou a exigir que Médicos, Cirurgiões, Boticários, Dentistas e Parteiras, apresentassem as suas Cartas de Habilitação à Junta de Higyene. Com a intenção de melhorar o ensino e combater o charlatanismo, foram estabelecidos novos Estatutos às Faculdades de Medicina

e em 1856 foram aplicados os primeiros Exames para Dentistas e Sangradores. (ROSENTHAL, 2001).

A regulamentação do exercício profissional da Odontologia data de 14 de maio de 1856, com o Decreto 1.764, mas o ensino formal só teve inicio com o Decreto 7.247 de 19 de abril de 1879. (FERNANDES NETO, 2002).

Contudo, a concretização de fato do período acadêmico ocorreu em 1884, no governo imperial, graças à interferência e atuação do Visconde de Sabóia, quando em 25 de outubro de 1884, através do Decreto 9311, foram oficial e simultaneamente, criados os dois primeiros Cursos de Odontologia de Nível Superior, nas Faculdades de Odontologia do Rio de Janeiro e da Bahia, com duração de 03 (três) anos.

Em 24 de julho de 1893, por meio do Decreto 1482, houve uma reforma no ensino odontológico no país, sendo denominada de “Reforma Alvarenga”. (SALLES CUNHA, 1952).

Em 05 de abril de 1911, por meio do Decreto 8.661, foi introduzida a cadeira de Técnica Odontológica, com ensino em manequins. (FERNANDES NETO, 2002).

Em 24 de outubro de 1919, por meio do Decreto 3830, se deu a autonomia dos Cursos transformando-os em “Faculdades de Odontologia”, quando o curso passou a ter 04 (quatro) anos de duração. Entretanto, em 1925, com a reforma denominada “João Luiz Alves” o curso voltou a ser ministrado em 03 (três) anos letivos. A autonomia, propriamente dita veio em 1933, com o Decreto 29512 de 28 de novembro de 1933.

Em 1961, com a Lei n 4.024, o Conselho Federal de Educação (CFE) passou a ter competência para fixar o currículo mínimo e a duração dos cursos superiores. (FERNANDES NETO, 2002).

Em 1962, o Conselho Federal de Educação, órgão do Ministério da Educação e Cultura, por meio do Parecer 299/62, fixou a duração do Curso de Odontologia em 04 (quatro) anos e dividiu o elenco de matérias em dois ciclos: um básico e outro profissionalizante.

A regulação da profissão iniciou em 1964 por meio da Lei nº. 4324/64 (CFO, 2006a) que instituía o Conselho Federal e Estaduais de Odontologia com a finalidade de “supervisionar a ética profissional em toda a República, cabendo- lhes zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente” (CFO, 2006a). A profissão foi oficialmente regulamentada, em 1966, por meio da Lei 5081/66 (CFO, 2006 b).

1.2.3 - PERÍODO HUMANÍSTICO (a partir de 1970)

O ensino está voltado mais para o “coletivo e social” onde o homem é valorizado em todos os seus aspectos.

Em 1970, o Conselho Federal de Educação re-estudou a matéria emitindo Parecer 840/70 do CFE, aprovado em 11 de novembro de 1970. Este parecer fixou em 3240 horas/aula o currículo mínimo do curso de graduação em Odontologia a serem cumpridas no mínimo em três anos e no máximo em cinco anos letivos.

Embora já existissem algumas recomendações, foi somente a partir de 1970, que vários grupos, Instituições, Associações e Organizações diretamente ligadas ao Ensino e interessadas no desempenho da Odontologia, enquanto uma Profissão de Saúde passaram a propor mudanças no chamado

“MODELO DE ENSINO TRADICIONAL”, que tem como características:

direcionado primordialmente para a patologia, com ênfase no curativo e reabilitador, com escassas atividades preventivas e coletivas,

descompromissado com a realidade da população, com atividades predominantemente intra-murais.

Diante dessa realidade, propuseram medidas que valorizassem os conhecimentos técnicos e científicos orientados para a Promoção de Saúde, em que a Prevenção das Doenças Bucais constituiria o enfoque principal, atuando de maneira Integrada, tanto no aspecto coletivo como individual, sendo o paciente sempre considerado um ser bio-psiquico-social, inserido em um meio ambiente biológico, físico, cultural e econômico.

Norteados por essas orientações, é que em 1982, o Conselho Federal de Educação, por meio da Resolução 04/82 de 03/09/82, fixou os conteúdos mínimos e a duração mínima do Curso de Odontologia de 3600 (três mil e seiscentas) horas, integralizadas no mínimo em oito semestres e no máximo em dezoito semestres letivos; introduziu a disciplina de Clínica Integrada tendo a orientação expressa de introdução das Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e Psicologia) e da Odontologia Social e Preventiva. Este currículo mínimo vigorou até de 20 de dezembro de 1996. (FERNANDES NETO, 2002).

1.3 - A ATUAL LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO E AS NOVAS