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Este capítulo demonstrou como o setor de máquinas agrícolas evoluiu, desde seu surgimento no final do século XIX, passando pelos avanços da engenharia e da produção em massa no século XX juntamente com a estruturação das grandes empresas do ramo, chegando finalmente ao século XXI com um novo processo de inovação através da eletrônica embarcada.

Além do mais salientou-se a importância da política agrícola para este setor e como ela influenciou, ainda que indiretamente, no mercado de máquinas agrícolas dos Estados Unidos. Outro ponto chave foi o início da globalização, a qual por volta da década de 1960 fez com que as empresas passassem a atuar e planejar suas estratégias não mais apenas em nível nacional ou local, mas globalmente.

Para melhor compreender e sintetizar todas as informações discutidas neste capítulo elaborou-se uma síntese através da Figura 3.1 com as principais informações, a qual pode ser analisado na página seguinte:

Período Estrutura do mercado

Principais

características Inovações Política agrícola

1800-1830 Concorrencial

Europa como centro produtor e difusor de inovações Em produto, pela melhoria ou criação de novos implementos Inexistente 1830-1860 Concorrencial/ Europa começa a perder o posto de principal centro produtor para os EUA

Em produto e processo. Começam a surgir as primeiras máquinas. Inexistente 1860-1880 Concorrencial Surgem as primeiras firmas de máquinas agrícolas. Guerra de preços Em produto e processo. Inexistente 1880-1915 Concorrencial Diminuição do número de firmas produtoras devido à guerra de preços do período anterior Surgimento dos primeiro protótipos de tratores. Inovações empresariais: short- line e full-line Inexistente 1917-1960 Oligopólio concentrado Surgimento das grandes produtoras. Rápida evolução nos modelos dos tratores

Surgimento do trator; produção em massa; melhorias contínuas e

radicais nos tratores

A partir de 1930, política de garantia de preços mínimos e controle da área plantada 1960-1990 Oligopólio concentrado Globalização setorial, reestruturação via Fusões e Aquisições Principalmente de processos, buscando redução de custos. Preços mínimos e controle da área plantada. Influência de ativistas, e ambientalistas Anos 2000 Oligopólio concentrado Introdução de elementos da eletrônica nas máquinas Em produto, através da eletrônica embarcada. Em processo através da experiência usuário- produtor

Figura 3.1 - Síntese da evolução setorial Fonte: elaboração própria do autor.

A Figura 3.1 permite uma boa síntese do presente capítulo. Como conclusão parcial deste trabalho pode-se afirmar que o setor de máquinas agrícolas passou por dois momentos bem distintos: sendo o primeiro deles quando não havia uma estrutura de mercado consolidada, mas sim diversos ferreiros que faziam os implementos quase que de forma artesanal e sem nenhum tipo de política agrícola que motivasse a demanda por tais instrumentos. Mas a partir da grande guerra de preços entre 1860-1880, quando o mercado seguia uma estrutura concorrencial, o número de empresas foi se reduzindo, até o ponto no qual poucas conseguiram se manter no mercado. Fora em 1917 com a produção em massa dos tratores que o mercado realmente passou a atura como um oligopólio.

Outra mudança fundamental foi a intervenção via política agrícola, a partir do ano de 1933, quando foi instituído o AAA. A partir de então a política agrícola passou a influenciar indiretamente a demanda por máquinas, haja vista não houve nos EUA uma política direcionada para a compra de máquinas agrícolas, mas a política de sustentação dos preços mínimos, juntamente com a necessidade de maior produtividade, induziu a demanda por tais bens.

Notou-se também que as variações na renda dos agricultores, muitas das vezes oriunda da queda dos preços agrícolas não compensados pela política de preços mínimos, como a que ocorreu em meados da década de 1960 nos EUA, faziam com que o mercado de máquinas se estagnasse. Foi nesta época que as empresas buscaram novos mercados, principalmente os dos países subdesenvolvidos, como o do Brasil. O próximo capítulo analisará com detalhes a chegada, o desenvolvimento e o estágio atual do mercado de máquinas agrícolas no Brasil.

4 INDÚSTRIA DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS NO BRASIL Resumo

O objetivo deste capítulo é prover uma análise da formação e desenvolvimento da indústria de máquinas agrícolas no Brasil. São abordados assuntos como a importância da Industrialização por Substituição de Importações para o nascimento do setor, a atuação do Estado para normatizar o setor, os períodos de pujança e crise setorial e a relação desses momentos com as políticas econômicas adotadas. Destaca-se a atual situação da indústria de máquinas agrícolas, o bom momento vivenciado a partir dos anos 2000 e as mudanças que levaram a nova fase de crescimento. A metodologia empregada foi a análise qualitativa por meio de revisão bibliográfica e análise do setor por dados da ANFAVEA, IBGE, Censo Agropecuário, Anuário Estatístico do Crédito Agrícola e outras bases de dados.

Palavras-chaves: Máquinas agrícolas, Política Econômica, Produção de máquinas agrícolas Abstract

The objective of the chapter is providing an analysis of the Agricultural Machinery industry construction and development in Brazil. It relates the importance of the Substitution Imports Industrialization to the beginning of the sector, the State actions to standardizing the firsts agricultural machineries, the periods of growth and sectorial crisis and the relations with economic policy adopted. Emphasizes the present agricultural machinery industry situation, the good moment experienced since 2000’s and the changes that led to a new growth stage. The methodology applied was a qualitative analyses through bibliographic review and sector analysis with databases as ANFAVEA, IBGE, Censo Agropecuário, Statistical Yearbook of Agricultural Credit and others sources.

Key-Words: Agricultural Machinery, Economic Policy, Agricultural Machinery Production 4.1 Introdução

As máquinas agrícolas no Brasil começaram a ser utilizadas antes da II Guerra Mundial, basicamente via importação de tratores das mais variadas marcas e modelos. Foi no ano de 1919 que instalou-se a primeira montadora de tratores no Brasil, a Ford, mas ela não produzia nacionalmente as máquinas, mas importava os componentes do trator e realizava a montagem em sua fábrica. Somente por volta de 1960 que o país passou a produzir seus próprios tratores e desde então o setor de máquinas agrícolas se internalizou na economia brasileira. O objetivo deste capítulo é prover uma análise da formação e desenvolvimento da indústria de máquinas agrícolas no Brasil. São abordados assuntos como a importância da Industrialização por Substituição de Importações para o nascimento do setor, a atuação do Estado para normatizar o setor, os períodos de pujança e crise setorial e a relação desses momentos com as políticas econômicas adotadas.Foi estudado cada década desse setor no

Brasil, mas o foco maior concentrou-se no momento pós internalização da produção, a qual ocorreu por volta de 1960. Destaca-se a atual situação da indústria de máquinas agrícolas, o bom momento vivenciado a partir dos anos 2000 e as mudanças que levaram a nova fase de crescimento. Utilizou-se uma metodologia qualitativa e descritiva por meio de ampla revisão bibliográfica e interpretação de dados de fontes como a ANFAVEA, IBGE, Censo Agropecuário, Anuário Estatístico do Crédito Rural, Food and Agricultural Organization, entre outras.