• Nenhum resultado encontrado

A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO QUE O CINEMA PODE PROMOVER

2 MAKING OF – NARRANDO OS OBJETIVOS PRETENDIDOS PELA

3.1 A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO QUE O CINEMA PODE PROMOVER

O cinema é um instrumento precioso, por exemplo, para ensinar o respeito aos valores, crenças e visões de mundo que orientam as práticas dos diferentes grupos sociais que integram as sociedades complexas (DUARTE,

2009, p. 73).

O cinema está inserido nos cotidianos das escolas, porque a experiência de assistir filmes é uma prática rotineira da maioria dos grupos sociais, percorrendo desde o espaço familiar, adentrando na escola desde a Educação Infantil ao Curso de Formação Inicial de Professores. Assim, a experiência é considerada como

formadora no sentido que promove aprendizagens e propicia o exercício da reflexão e de alteridade.

Moita (1995, p. 114) enfatiza que o processo de formação é uma construção de seu próprio ser, portanto:

[...] o conceito de formação é tomado não só como uma atividade de aprendizagem situada em tempos e espaços limitados e precisos, mas também como a ação vital de construção de si próprio onde a relação entre vários polos de identificação é fundamental. Essa construção de si próprio é um processo de formação.

É a partir das relações sociais e das experiências no decorrer da vida que o sujeito vai construindo sua formação que, supostamente, pode-se considerar que este processo vai constituindo a identidade, desta forma, é possível compreender que o indivíduo não se constitui no vazio, no isolamento, mas com base nas suas relações sociais, nas interações e no desenvolvimento das aprendizagens.

Para Souza (2006, p.36) o conceito de formação designa uma construção e reconstrução de aprendizagens e identidades, assim:

[...] a compreensão que tenho da formação como um movimento constante e contínuo de construção e reconstrução da aprendizagem pessoal e profissional, envolvendo saberes, experiências e práticas. A formação integra a construção da identidade social, da identidade pessoal e profissional, que se inter-relacionam e demarcam a autoconsciência, o sentimento de pertença.

Sobre o exposto, e a partir das leituras feitas, pode-se compreender que as experiências que marcaram significativamente a trajetória de vida sinalizam aprendizagens e contribuem para o desenvolvimento de identidades, estas são atravessadas por relações sociais e culturais. Sendo assim, o cinema torna-se uma das possibilidades de experiência enquanto processo de formação.

No que tange esta experiência de apreciação de filmes, Duarte (2009, p.56) revela que:

[...] o olhar do espectador nunca é neutro, nem vazio de significados. Ao contrário, esse olhar é permanentemente informado e dirigido pelas práticas, valores e normas da cultura na qual está imerso. Quantas vezes, ao comentar um filme com alguém que também o viu, percebemos, surpresos, que ele ou ela teve uma interpretação muitíssimo diferente da nossa. Em alguns casos, chegamos a duvidar de que estamos falando do mesmo filme.

Trago o excerto da obra “Cinema & Educação”, de Rosália Duarte, para instigar a reflexão acerca da importância da Pedagogia do Cinema no cotidiano da escola, não apenas como uma forma de entretenimento, mas como uma possibilidade de experiência pedagógica de formação, arte, humanização e educação.

A mesma autora (2009) ao externar que o olhar de quem esta apreciando uma obra cinematográfica “nunca é neutro, nem vazio de significados”. Assim, passo a refletir sobre as meninas do Curso Normal, as quais estão carregadas de sonhos, e junto delas trazem em suas narrativas de histórias de vida, seus valores, desejos, expectativas positivas e negativas em relação à profissão docente, situações vivenciadas nos momentos de reflexão coletiva nos Cines-fórum.

Nesta perspectiva, Teixeira e Lopes (2008, p.11) enfatizam que o cinema é importante para a educação e para os educadores, por ele próprio, pois em suas linguagens podem promover aprendizagens, “independente de ser uma fonte de conhecimento e de servir como recurso didático-pedagógico como introdução a inovações na escola. Para tanto, não estamos afirmando que o cinema não ensina ou que não possa ser utilizado para tal propósito”.

O cinema é considerado como uma das maneiras de se produzir arte, pois possibilita a circulação de emoções, sentimentos, e além do mais, é de alguma forma uma maneira de olhar e refletir sobre o contexto social ao qual estamos inseridos, bem como a sociedade num todo e a nós mesmos. Então, desta forma, assim o cinema é estimado:

[...] uma expressão do olhar que organiza o mundo a partir de uma ideia sobre esse mundo. Sendo esta uma ideia histórico-social, filosófica, estética, ética, poética, educacional, existencial, política, enfim. Olhares e ideias postos em imagens em movimento, por meio dos quais compreendemos e damos sentido às coisas, assim como as ressignificamos e expressamos (TEIXEIRA; LOPES, 2008, p. 10).

Por ser o cinema uma arte que encanta, ele então oportuniza através de toda sua linguagem estética (trans)formar os sujeitos, sensibilizando-os e promovendo uma educação no olhar. Por esta razão, se compreende que ele é uma possibilidade de experiência de formação e transformação.

Uma experiência com o cinema nos desperta os mais diferentes sentimentos, suas imagens e suas histórias nos inquieta, a partir das identificações e

representações que constituímos. Muitas destas narrativas fílmicas representam de alguma maneira as nossas próprias vivências e histórias de vida, é por isso que o cinema nos instiga tanto, desenvolvendo subjetividades e significações.

Dominicé (2010, p.198) enfatiza que a “história de formação de cada um é uma história de vida”, portanto, o processo de formação ou processo educativo, é o meio pelo qual os sujeitos constroem e desenvolvem as suas identidades através da autonomização. Diz que “a noção de processo tem, pois a ver com a especificidade de cada uma dessas histórias” (p.199). Este procedimento formativo desenvolve a reflexão crítica da realidade social em que o sujeito está submerso e de suas ações, pois além de propiciar a construção de possíveis mudanças, promove o conhecimento de si, dos outros e do contexto social.

Sob tal perspectiva, Josso (2010, p. 78) salienta que “é pelo desenvolvimento de um saber sobre as suas qualidades e competências que o educando pode tornar-se sujeito da sua formação”, e autor de sua própria história de vida. Pois a partir do momento que o indivíduo se reconhece como protagonista de sua história, é possível que ele assuma suas potencialidades e promova o desenvolvimento de sua identidade.

3.2 A EXPERIÊNCIA DOS CINES-FÓRUM COMO POSSIBILIDADE