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A experiência – a preparação - a Casa de Criação e o despertar dos sentidos

No documento A Poética do Equilíbrio: O Método (páginas 54-200)

Capítulo 2. O Ator, A Criação Artística e A Poética do Equilíbrio – A Experiência . 29

2.5 A Experiência - A Casa de Criação: Casa de Criação Individual e Casa de Criação

2.5.2 A experiência – a preparação - a Casa de Criação e o despertar dos sentidos

especial, pretendendo de imediato que os participantes estimulem o sentido do olfato com o cheiro do incenso, aceso momentos antes da sessão; exercitem a perceção do tato, ao tocarem nos objetos que compõem as Casas de Criações, durante a preparação das mesmas; despertem o sentido da visão com a eliminação dos ruídos visuais que podem distrair a concentração; e agucem a audição, com um bom isolamento acústico, levando-o a observar o som do seu silêncio interior.

54 2.5.3 A experiência – a preparação - os objetos que compõem as Casas de Criação

Na Casa de Criação devem estar apenas os objetos essenciais ao trabalho a seguir com o intuito de auxiliar o ator a encontrar o seu equilíbrio interno, que deve dialogar com o equilíbrio exterior.

No caso da pesquisa, nas sessões iniciais, os objetos são: tatamis, cadeiras, água, texto, lápis de cor, lápis comum, borracha, caderno e mandalas vazias. No decorrer das sessões intermédias, os elementos da criação – adereços e cenário - vão fazendo parte da casa de criação, até que, nas sessões finais, os objetos são apenas aqueles que dizem respeito à criação artística.

A Casa de Criação Individual tem o seu espaço definido pelo tatami, com os demais objetos ao lado, sendo a cadeira, com o assento plano, usada para os exercícios sentados – uma adaptação também sugerida por Tarthang Tulku, na prática do Kum Nye, para os possíveis incómodos que a posição de lótus possa provocar nos praticantes.

As mandalas vazias são as bases onde os praticantes criam as suas imagens nos 3 estados e os demais objetos têm as suas funções clarificadas pelas suas próprias naturezas.

Particularmente os participantes da terceira fase, nas sessões iniciais, também usam um lençol e uma almofada de sua propriedade, experimentando uma aproximação à sua própria casa: um aconchego ao ninho. Mas assim que os objetos cénicos chegam à Casa de Criação os atores eliminam os seus objetos pessoais e apoderam-se dos novos, que pertencem ao universo da obra, alimentando a criação com a sua poesia cénica. O trabalho do ator não passa constantemente por esta movimentação: do seu ninho particular ao universo cénico?

2.5.4 A experiência - a preparação - as disposições das Casas de Criação

A Casa de Criação Individual e a Casa de Criação Coletiva são demarcadas pelo pesquisador, e organizadas em conjunto com os participantes, e as suas disposições são preparadas para que ocorram movimentos energéticos em prol da criação. Além disso, as posições das Casas de Criações Individuais podem sofrer alterações de uma sessão para a outra, de acordo com o período em que se encontra o processo ou de acordo com o que se pretende naquela determinada sessão.

No nosso caso, nas sessões iniciais, a disposição das Casas de Criação Individuais e Coletiva são harmonizadas de acordo com a arquitetura da Casa de Criação. Assim, as Casas de Criação Individuais dos participantes formam um “U”, cabendo à Casa de Criação Individual do pesquisador a tarefa de fechar este “U”, como se fosse o primeiro espetador. E tem-se em conta que, apesar de se iniciar os experimentos nas Casas de Criações

55 Individuais, todos já emanam energia, consciente ou inconscientemente, para a Casa de Criação Coletiva, principiando a formação do grupo através desta dinâmica subjetiva.

Em várias sessões, é sugerido pelo pesquisador que as Casas de Criação Individual alterem a localização, impedindo que a vivência do grupo seja limitada por apenas uma composição energética. A simples alteração do campo de visão do praticante interfere na sua prática e por consequência na prática coletiva. Claro que, com o aproximar das apresentações públicas, a Casa de Criação Coletiva vai lentamente ganhando o formato do palco; e, com o público no local, a vivência cénica encontra a sua razão de existir: uma vivência cénica para e com o público.

As pequenas alterações no processo da criação cénica podem, para alguns, parecer desnecessárias, mas não se pode esquecer que se está a falar de um método que trabalha principalmente com as subtilezas energéticas do ator e que é destas miniaturas da alma que brota o universo de A Poética do Equilíbrio: O Método Kum Nye na Criação Artística.

2.5.5 A experiência – a preparação - os ruídos externos durante as sessões

Em algumas sessões, durante as 3 fases, não é possível manter a qualidade ideal da Casa de Criação, pois ruídos externos inesperados surgem no processo, interferindo na suave continuidade dos experimentos.

Para ser conciso, em sessões delicadas e dedicadas à meditação e ao relaxamento, os ruídos - barulhos em salas vizinhas, temperaturas inadequadas, toques de telemóveis, sujidades na sala, portas a abrir - podem retirar de imediato o praticante da experimentação.

Mas salienta-se que, nesta experiência, o grau de concentração dos participantes, unido ao desejo de praticar este novo método, não os leva a uma desistência momentânea, mas exige uma assimilação desses ruídos, tornando-os parte integrante da vivência.

Assim, volta-se a referir Tarthang Tulku, com o mesmo pensamento já referenciado neste estudo: “Tudo é exatamente “como é”, sem que nada lhe seja acrescentado nem subtraído.”

(2009:93)

De certa forma, na grande maioria das sessões, a qualidade das Casas de Criação, encontra-se de acordo com o que se deseja e os experimentos são realizados sem contratempos.

2.5.6 A experiência - a preparação - as mudanças de Casa de Criação - arquitetura das Casas de Criação

No Capítulo 1 afirma-se que tudo influencia o ator. Nas nossas experimentações, os grupos sentem as influências da própria arquitetura da Casa de Criação e, por consequência, os seus estados de espírito também sofrem pequenas alterações quando são deslocados de uma Casa para outra.

56 Em todo o caso, as mudanças de espaço também podem fazer parte da logística de uma montagem/experiência, permitindo que os atores treinem as suas capacidades de adaptação a novos espaços, não se apegando aos seus abrigos já adquiridos. E, no nosso caso particular, as mudanças são assimiladas pelos participantes sem prejuízo para o processo geral e as pequenas interferências são momentâneas e ajustáveis.

Mesmo assim, salienta-se que as Casas de Criação e as alterações das mesmas podem colaborar ou prejudicar o trabalho do ator, pois a sua sensibilidade, principalmente no Estado Kum Nye, é extremamente delicada.

Assim, verificamos que os espaços físicos interferem no processo do ator, como tudo o que o rodeia, consciente ou inconscientemente. Daí vem, também, a importância da preparação da Casa de Criação, da Casa de Criação Individual e da Casa de Criação Coletiva, para que o ator possa sentir-se protegido de interferências alheias ao processo e, ao mesmo tempo, estimulado pelas intervenções que dizem respeito ao método e à criação.

Os participantes integram-se em todas as Casas de Criação de acordo com a arquitetura do espaço, aproveitando e dialogando com as linhas retas verticais que os auxiliam a encontrar o eixo corporal, com os detalhes da sala para focarem os movimentos, com o teto para elevarem o topo da cabeça, com o chão para encontrarem o equilíbrio e com os limites físicos das paredes para dosearem a energia. Ou seja, o ator contracena energeticamente com tudo que o rodeia.

2.5.7 A experiência – a preparação – considerações finais

A Casa de Criação deve abrigar e ajudar os atores na sua jornada rumo ao desconhecido: a vivência cénica.

As Casas de Criação Individual devem ser preparadas pelos participantes, responsabilizando-os pelo processo, aconchegando-os, protegendo-os como indivíduos, preparando-os para se transformarem num coletivo.

A Casa de Criação Coletiva, apesar de ser um espaço físico presente desde as primeiras sessões, é ocupada pelos atores de forma gradual e só deve ser preenchida fisicamente quando se percebe que os indivíduos envolvidos já se sentem confortáveis uns com os outros e, até mesmo, quando já precisam uns dos outros para dar continuidade ao seu trabalho. Este espaço coletivo deve ser ocupado primeiro com as energias subtis dos participantes e só depois com as suas presenças físicas, tanto na prática do Kum Nye como nos exercícios artísticos.

Resumindo, as Casas de Criação e o ator caminham juntos, um cuida do outro, dialogam durante todo o processo: o ator prepara a Casa de Criação, livre de ruídos, e a Casa de Criação ampara o ator na sua autoanálise – Estado Quotidiano -, na sua limpeza –

57 passagem do Estado Quotidiano ao Estado Kum Nye – e no seu processo criativo – passagem do Estado Kum Nye ao Estado Artístico.

2.6 A Experiência – O Estado Quotidiano - A autoanálise - a segunda etapa das sessões

O autoconhecimento é uma das chaves essenciais do ator. A impermanência é uma caraterística do ser humano. Ao levar em conta estas duas afirmações, a autoanálise do Estado Quotidiano é uma etapa fundamental no método em estudo e é praticada em todas as sessões da experiência.

2.6.1 A experiência – a autoanálise - considerações gerais

Michael Chekhov, no princípio do seu livro “Para o Ator” (1996), explica que:

É fato conhecido que o corpo humano e a psicologia se influenciam mutuamente e estão em constante interação. Tanto um corpo subdesenvolvido quanto um muscularmente superdesenvolvido podem facilmente turvar a atividade da mente, embotar os sentimentos ou debilitar a vontade. Como cada campo e cada profissão são presas fáceis de hábitos ocupacionais característicos, doenças e riscos que afetam inevitavelmente seus trabalhadores, é raro encontrar um completo equilíbrio ou harmonia entre o corpo e a psicologia. (1996:1)

Tarthang Tulku, complementando, como se dialogasse com o pensamento de Chekhov, reflete:

(…) para sermos bem-sucedidos nos negócios, nas amizades e até em jogos, somos quase forçados à participar de situações competitivas e repletas de tensão, que geram sentimentos de alienação e ansiedade. Todos nossos principais empreendimentos, incluindo a escola, a constituição da família e o estabelecimento numa carreira envolvem complicações e limitações que não parecemos capazes de evitar.

Não compreendemos a importância de integrar o corpo e a mente em todas as nossas atividades, dando ênfase à consecução mental à custa do sentimento, ou do nosso corpo físico à custa das ricas sensações interiores. (1993:13)

Ao analisar, perceber e concordar que os seres humanos, em geral, com os seus hábitos corriqueiros, em quase todas as atividades profissionais, incluindo os atores, apresentam uma propensão, quase que espontânea, para angariar tensões físicas e psicológicas, propõe-se, nesta experiência, através do Kum Nye, a eliminação dessas tensões, devolvendo ao ator um estado de equilíbrio propício à criação artística.

Na nossa experiência, a eliminação das tensões inicia-se com uma autoanálise, por parte de cada participante, realizada em todas as sessões, independentemente de criarem ou não as Imagens em Estado Quotidiano.

58 2.6.2 A experiência – a autoanálise – a estrutura geral nas três fases

A segunda etapa das sessões, a autoanálise, dura aproximadamente 20 minutos, determinando ou orientando os exercícios a serem realizados na etapa seguinte.

Na primeira e terceira fase da experiência, o caminho para a integração entre o corpo e a psique do ator inicia-se com uma autoanálise sobre o seu Estado Quotidiano (corpo, mente e espírito), durante a criação de uma Imagem que revele o seu Estado Quotidiano, seguida de algumas palavras ou frases que identificam objetivamente o seu estado – as racionalizações.

Imediatamente após este diálogo interior, onde o ator ganha a noção exata do seu Estado Quotidiano, acontecem os diálogos sensoriais e racionais entre o pesquisador e os participantes, que, algumas vezes, são estendidos ao grupo. Tais diálogos revelam à pesquisa os 2 universos autoavaliados: o subjetivo da imagem e o objetivo das racionalizações, unindo as sensações e os sentimentos ao pensamento lógico.

Na segunda fase da experiência, e em algumas sessões das outras fases, quando as imagens não são criadas, a autoanálise realiza-se com os participantes dirigindo-se para a imobilidade do relaxamento e acontece quase que simultaneamente com o processo da limpeza.

Estas diferenças permitem a análise das variadas possibilidades experimentadas na estruturação, aprimorando A Poética do Equilíbrio: O Método Kum Nye na Criação Artística.

2.6.3 A experiência – a autoanálise – da Casa de Criação Individual à coletiva

A autoanálise é realizada sempre na casa de criação individual, embora, quando o diálogo é transposto para o grupo, a formação energética da casa de criação coletiva tem o seu princípio. Os diálogos, além de alertarem os demais participantes para outros estados de espírito por eles esquecidos, permitem que se processe uma energia que vai

2.6.4 A experiência – a autoanálise – particularidades das três fases

Tarthang Tulku no seu livro “Gestos de Equilíbrio” (2009) vai além da definição do corpo físico e desperta o praticante do Kum Nye para as suas energias subtis:

Geralmente pensamos no corpo como se se tratasse apenas de uma entidade física composta de pele, ossos, músculos e órgãos internos; mas estes, por sua vez, são divididos sucessivamente em células, moléculas e átomos. Quando

59 investigamos a natureza do átomo, encontramos certas forças que o mantém unido. Quando atentamos melhor para o próprio corpo, podemos observar forças indefiníveis ou padrões de energia semelhantes.(2009:56)

Nas sessões das 3 fases, o pesquisador orienta o participante a verificar estas pequenas subtilezas, que são percebidas após a prática contínua da autoanálise. Desta forma, o processo parte do universo corporal e mental do praticante e, sempre que possível, vai até aos detalhes, como se utilizasse uma lupa sensitiva.

Simultaneamente, verifica-se e clarifica-se que é notória a honestidade com que todos os praticantes analisam os seus estados de espírito, realçando aqui que, com o avançar das sessões, as autoanálises se tornam mais rigorosas e detalhadas, ao mesmo tempo que passam a ser um processo natural dos participantes envolvidos na experiência.

Ainda com o avançar das sessões, os participantes começam a fazer as autoanálises no decorrer do dia-a-dia, percebendo como o estado da mente e do corpo se altera constantemente, aceitando a impermanência como uma condição humana.

A impermanência e a frustração são características centrais da vida humana que se deve enfrentar e lidar com honestidade. Entende-se que cada pessoa se responsabilize pela superação das frustrações da vida e pelo cultivo daquelas qualidades que são mais centrais para a realização como um ser humano. Exige-se o esforço individual, muito mais que o apelo passivo à salvação pelas mãos de outrem. (Tulku,2009:11)

E o que se constata é que todos os participantes, no decorrer do processo, passam por vários estados quotidianos, deixando claro que a autoanálise é uma etapa fundamental no processo de criação do ator e que o método em estudo evidencia e facilita a compreensão destes estados impermanentes.

2.6.5 A experiência – a autoanálise – análise do Estado Quotidiano dos participantes

Os estados quotidianos dos participantes vão refletindo o dia-a-dia dos mesmos e alteram-se no decorrer do processo.

Nas 3 fases, verifica-se que a simples correria do ator para não chegar atrasado altera a sua respiração e, por consequência, o seu ritmo cardíaco, interferindo nos seus pensamentos ou simplesmente alterando a velocidade com que eles se apresentam na mente. Não é a mente uma parte do corpo que clarifica os pensamentos, que podem alterar as ações físicas do ator?

Verifica-se, através das racionalizações (Anexo 6), que geralmente os participantes, à chegada, no Estado Quotidiano, apresentam os desconfortos habituais do ser humano: “dor muscular, cansaço físico e mental, ansiedade, alegria, angústia, tensão generalizada, inquietude,

60 apreensão, emaranhamento de ideias, confusão mental, tristezas, desconcentração, expectativa, rigidez mental e corporal, preguiça, sonolência, medo e insegurança.”.

Em algumas sessões a autoanálise também revela sentimentos ou sensações (Anexo 6), que podemos tentar qualificar como positivos, tais como: “vontade de aprender, de bem com a vida, apta, recetiva, tranquila, harmonia, envolvida no processo, união…”. Aqui, verificamos que, muito subtilmente, esses estados de espírito podem influenciar a prática a seguir, levando o praticante a querer permanecer nesses estados, sem que se tenha em mente a impermanência das sensações e dos sentimentos. E aqui começa um jogo extremamente delicado de apego, que no caso do ator, se pode traduzir em estagnação.

Em alguns casos, verificamos que alguns dos participantes se encontram com a mente num estado completamente oposto ao estado do corpo, interferindo no equilíbrio e dificultando o relaxamento subtil. Quando assim sucede, os participantes sentem que o desequilíbrio entre corpo e mente impede que a consciência corporal e mental seja posta em prática durante os exercícios, dificultando a concentração e a própria realização dos mesmos.

Aqui, chega-se à conclusão que o ideal é que cada participante, ao dirigir-se para o ensaio, já se encontre mais próximo do Estado Kum Nye, permitindo um relaxamento mais detalhado. Nalguns casos, este processo é verificado, principalmente nas sessões intermédias, quando nem as ansiedades e nem as expectativas das sessões iniciais, nem o nervosismo e nem a cobrança das sessões finais estão presentes.

No item 2.7.5, as análises dos estados quotidianos dos participantes dão maior relevância à pesquisa, pois, quando comparados aos estados Kum Nye, comprovam a eficiência do método em proporcionar o relaxamento e o equilíbrio do ator.

2.6.6 A experiência – a autoanálise – considerações finais

A segunda etapa das sessões é para o ator um momento solitário e silencioso, com os diálogos interiores entre os pensamentos e/ou entre estes e o corpo, direcionando-o para uma consciência que se reflete positivamente no trabalho. Neste momento, o participante encontra-se, através da prática diária, com ele próprio, descobrindo os seus pontos de universo quotidiano para o universo do trabalho. As variadas sensações registadas por cada

61 um deles acentuam a consciência das alterações constantes do corpo e da mente, e as imagens vão clarificando algumas causas que acarretam estas mudanças.

De uma maneira geral, no processo, os participantes verificam a importância do desapego e, num empenho contínuo, passam do Estado Quotidiano para o Estado Kum Nye, através dos exercícios, de acordo com as necessidades diárias, encaminhando-se para o equilíbrio, e confiando nele como fonte criadora: o ator em Estado Kum Nye.

2.7 A Experiência - do Estado Quotidiano ao Estado Kum Nye - A Limpeza - a terceira etapa das sessões

Neste subcapítulo estão descritas as passagens do Estado Quotidiano para o Estado Kum Nye realizadas nas 3 fases da experiência com os seus resultados analisados, acrescentando informações à construção do Método Kum Nye na Criação Artística. Estas passagens dão-se através de uma limpeza nas tensões corporais e mentais dos participantes, em busca do equilíbrio apropriado para a criação cénica, e são entendidas como uma etapa dedicada à preparação do ator.

Os exercícios utilizados nesta etapa das sessões, como já foi dito no Capítulo 1, estão descritos nos livros “Gestos de Equilíbrio” e “Kum Nye: Técnicas de Relaxamento” de Tarthang Tulku, e algumas adaptações dos mesmos encontram-se no Anexo 04. A adaptação de exercícios tem como o propósito preparar a mente, a voz e/ou o corpo do ator para ações cénicas que vêm a seguir ou uma melhor adequação aos estados diários dos praticantes.

2.7.1 A experiência – a limpeza - considerações gerais

Michael Chekhov inicia o seu livro “Para o Ator” (1996) afirmando que:

o ator, que deve considerar seu corpo como um instrumento para expressar idéias criativas no palco, deve lutar pela realização de completa harmonia entre corpo e psicologia. (1996:1)

Partindo desta afirmação, da importância crucial do ator integrar o seu físico e a sua psique, verifica-se que Tarthang Tulku, por sua vez, diz:

O valor singular do sistema Kum Nye de relaxamento reside no fato de integrar e equilibrar dois enfoques, o físico e o psicológico. O Kum Nye tanto cura o corpo quanto a mente, reunindo as suas energias a fim de funcionarem calma e suavemente. Porque conduz à integração do corpo e da mente em todas as nossas atividades, esse relaxamento tem uma qualidade vital e duradoura maior do que o sentimento de bem-estar experimentado no exercício físico, ou até mesmo em disciplinas como o yoga. (1993:1)

62 Ao refletir sobre os dois pensamentos acima citados, o pesquisador não ignora a utilidade que o método Kum Nye tem para o ator e, por consequência, experimenta-o na criação

2.7.2 A experiência – a limpeza – a estrutura geral nas três fases

Nas 3 fases da experiência, a limpeza dá-se da mesma forma, sendo que, na primeira e

Nas 3 fases da experiência, a limpeza dá-se da mesma forma, sendo que, na primeira e

No documento A Poética do Equilíbrio: O Método (páginas 54-200)