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1. Objetivos

2.5. A Expressão artística no currículo escolar

2.5.3. A expressão musical na escola

Na apreciação de uma obra de arte raramente se aprecia uma única cor, de igual modo ao ouvir uma música é raro apreciar-se só uma nota musical. Tanto na arte visual como na musical, quanto mais harmonioso for o conjunto de cores ou notas, respetivamente, mais interessante e bela será a obra. O músico Émile Dalcroze, repetindo o que já Platão dizia, refere que: as características do ritmo são a continuidade e a repetição, sendo os seus dois

elementos fundamentais, o espaço e o tempo, inseparáveis. Em algumas das artes um ou outro destes elementos pode ser predominante; na música e na arte suprema que é a vida são indissolúveis e de igual importância (REIS, 2003) e (LEITE, 1986).

Hoje a música faz parte, mais do que nunca, da experiência diária das crianças e dos adultos, chega a todos seja na rádio, na televisão, nos telemóveis, na internet, nos modernos aparelhos e até mesmo em diferentes ambientes sociais de ordem cultural ou de consumo. Na educação será importante um contacto com a música infantil, com a música dita “erudita” mas também conhecer a história da música, os compositores, diferentes instrumentos e a sua contextualização no tempo e no espaço. A música através do ritmo, melodia e harmonia pode ajudar ao desenvolvimento físico, afetivo e mental do ser humano (AMADO, 1999: 15-43).

Atualmente, em todo o mundo, nas diferentes culturas tornou-se facilmente acessível a música gravada com uma qualidade cada vez melhor. Mas na educação não se deve descurar a experiência significativa que os alunos tiram de uma apresentação ao vivo, onde a comunicação se dá por completo, tendo um impacto completamente diferente nas emoções do indivíduo e no conhecimento que a partir daí constrói. Outro aspecto, na observação ao vivo, é perceber a relação entre o maestro e os músicos, qual a sua importância na execução do conjunto. Essas experiências podem ser exploradas em diálogo sobre a música, proporcionando a aquisição de informações com significado para a criança. Na prática da música, em contexto escolar, deve envolver-se inicialmente as crianças em ritmos simples, que podem ser executados com batimentos corporais ou com instrumentos de percussão (AMADO, 1999).

As crianças devem ter acesso a diferentes instrumentos, explorar distintos processos de comunicação sonora e experimentar diversas técnicas e formas de criação musical, podendo inventar espetáculos nas atividades escolares. No currículo nacional, na área de educação musical, há competências específicas a desenvolver que envolvem a composição, audição e interpretação, sem descurar a importância das diferentes culturas musicais. Nas atividades propostas deve envolver-se os alunos de uma forma ativa, relacionando a música com as outras áreas do currículo. Em Portugal, devido ao crescente número de crianças oriundas de outras culturas, têm sido implementados distintos projetos no sentido de promover a interculturalidade pela arte, incluindo a música, considerando a sua importância na formação da personalidade do indivíduo. Nesses projetos procura orientar-se a vontade das crianças para domínios mais saudáveis, servindo as atividades musicais, entre outras, para atenuar os preconceitos sociais, fazendo com que as crianças envolvidas se percebam como seres humanos e aceitem as diferenças uma das outras (SOUSA, 2003).

Sobre as atividades práticas a desenvolver com a criança, relativamente à audição, será importante utilizar diferentes fontes sonoras: o bater de palmas, o som da água que corre da torneira, do tic-tac do relógio, do assobio, das campainhas, do rasgar do papel, da pandeireta e de outros instrumentos, o silêncio, o barulho da chuva ou do vento. Para ajudar nestas sensibilizações podem ser usadas imagens ou vídeos onde se veja uma chuva torrencial, uma cascata, o crepitar de uma lareira, o canto dos pássaros, o coaxar dos sapos, etc. A partir desta contextualização pode explorar-se se o som é forte ou fraco, agudo ou grave e se conseguem imitá-lo (REIS, 2003: 220-227).

As atividades de exploração musical também se podem interligar com a área de Estudo do Meio, explorando diferentes aspetos do ambiente, sons de animais domésticos ou selvagens, na floresta, no mar, ou no ar, folhas que se pisam ou das ondas que batem na areia, etc. Para ajudar a criança a interiorizar o conceito de ritmo pode fazer-se a marcação do compasso, de uma música, batendo com a mão numa mesa, batendo palmas ou com o pé no chão. Podem fazer-se jogos para identificar o som de cada instrumento, etc. Estes exercícios agradam às crianças, levando-as a uma aprendizagem natural da música e estimulam o seu gosto por esta arte (REIS, 2003: 220-227).

A utilização da música na dinâmica de atividades de grupo, não é recente. Mas na educação musical moderna, as escolas inglesas e americanas são as que mais praticam o jogo.

Para Storms (2003) não é necessária aptidão especial da técnica musical, qualquer docente, responsável por um grupo, pode praticar os jogos musicais sugeridos na sua obra. A educação musical como disciplina ou, mais formalmente, numa escola de música não é objecto da sua obra, não significando que os professores de educação musical não possam usar os jogos sugeridos (STORMS, 2003).

Através dos jogos o processo do pensamento é mais solicitado, combinando faculdades motoras, intelectuais e emocionais o que nos leva ao mesmo tempo a agir, pensar e sentir. Para ter sucesso com os jogos musicais há que ter em conta vários aspectos: o grau de dificuldade (ajustado aos elementos do grupo), o tempo e o espaço disponível, as regras de participação, etc. O elemento competição deve ser evitado, se houver não deve ser baseado nas capacidades musicais, mas sim, na criatividade, no humor ou na cooperação. Os jogos musicais podem dividir-se em três categorias: para desenvolvimento de aptidões pessoais, de sociabilidade e do sentido criativo. O jogo não representa um fim, em si, mas um meio de formação pessoal e de caráter social e criativo (STORMS, 2003).

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