• Nenhum resultado encontrado

A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente

3. O ensino superior no Brasil

3.1. A Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" UNESP

3.1.1. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente

A unidade universitária de Presidente Prudente foi criada pela Lei Estadual nº 4131 de 17/09/57 e iniciou suas atividades em 03/05/59, inicialmente como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com os cursos de Pedagogia e Geografia e posteriormente agrupando os cursos de Ciências Sociais e Matemática (1963), Licenciatura em Ciências (1969) e Estudos Sociais (1975). Como se vê, este instituto foi criado exclusivamente para a formação de professores para o ensino médio.

Como todos os Institutos Isolados, a FFCL de Presidente Prudente passou por vários problemas, a começar pela falta de espaço físico — foram dez anos até conquistar sua sede definitiva — a necessidade de importação de quadros docentes, a

nomeação de diretores alheios à realidade da cidade, o que causou grandes dificuldades para a inserção do instituto na vida da cidade.

"Em Presidente Prudente, de forma mais acentuada que nas outras FFCL- IIES, havia injunções das lideranças políticas locais conservadoras (inclusive do clero, representado pelo Padre Barata), articulados com alguns professores. Com tal poder, as elites locais interferiam na vida administrativa da faculdade, inclusive na contratação de funcionários, de professores, e mesmo na nomeação de diretores. As questões políticas, principalmente estudantis, foram mais abafadas que nas outras FFCL. A instabilidade do poder era evidente: foram três diretores nos seis primeiros anos". (VAIDERGORN, 1995, p. 169)

Além disso, a distância física da cidade em relação a São Paulo (580 km), tornou-se fator determinante na rotatividade de professores, fato observado ainda hoje. As condições precárias de contratação dos docentes, a inadaptação à vida interiorana, e às interferências políticas descritas acima acabavam por espantar vários professores da cidade. Somente em 1964, as condições de trabalho começaram a melhorar com a equiparação salarial com os profissionais da USP e a concessão de regimes de trabalho em tempo integral.

ABREU (1989), considera este o momento fundamental na consolidação do Instituto, uma vez que com melhores condições de trabalho, vários professores fixaram residência na cidade e a produção acadêmica tornou-se deveras significativa. "Em 1967, foram feitos 6 doutoramentos; em 1968, 1; em 1969, 1; em 1970, 2; em 1973, 3 e 1974, 3, num total de 16".

Com a criação da UNESP (1976), a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente a ela se incorporou com o nome de Instituto de Planejamento e Estudos Ambientais - IPEAPP - perdendo quatro de seus seis cursos (Ciências Sociais,

Licenciatura em Ciências, Estudos Sociais e Pedagogia). Como em todas as demais FFCL, o impacto de tal mudança foi bastante forte, pois a estrutura construída ao longo dos seus 17 anos de existência foi seriamente desfigurada, a começar pela extinção de vários cursos e do Departamento de Educação, num instituto cuja principal finalidade era a formação de professores. Além disso, a própria denominação da unidade — Instituto de Planejamento e Estudos Ambientais — denuncia a descaracterização do instituto que antes formava professores. Pode-se inclusive, considerar que dos males o menor, pois a verdadeira intenção do primeiro reitor era a extinção pura e simples do instituto, considerando-se o princípio da não duplicação de meios e recursos.

Se houve prejuízos em todos os institutos incorporados à UNESP, isto ocorreu de modo muito forte em Presidente Prudente, pois se já havia uma certa má vontade com as licenciaturas, agora sem um departamento específico, o Departamento de Educação, estes cursos foram deixados em segundo plano. Bernardo (1986) chama a atenção para o fato de que não havia a menor preocupação por parte dos professores das áreas específicas com a formação do professor, já que isso era considerada uma tarefa dos professores das disciplinas pedagógicas. Isso aprofunda mais ainda o abismo entre as disciplinas de formação geral (conteúdos específicos) e as disciplinas denominadas de formação pedagógica (conteúdos pedagógicos).

Após a reforma dos institutos incorporados à UNESP, à unidade de Presidente Prudente restaram dois cursos, Geografia e Matemática. Em 1977, foi criado o curso de Engenharia Cartográfica; em 1984, o curso de Estatística; em 1988, o curso de Pedagogia e incorporado o Instituto Municipal de Ensino Superior de Presidente Prudente

com dois cursos, Educação Física e Fisioterapia, além da recriação do Departamento de Educação (1986).

A partir de 1989, com a entrada em vigor do novo Estatuto da UNESP, o Instituto de Planejamento e Estudos Ambientais passou a se denominar Faculdade de Ciências e Tecnologia.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente oferece atualmente sete cursos de graduação, sendo três bacharelados profissionalizantes (Engenharia Cartográfica, Estatística e Fisioterapia) e quatro licenciaturas (Educação Física, Geografia, Matemática e Pedagogia); além destes, o curso de Geografia oferece também a modalidade Bacharelado, conforme pode-se observar no Quadro II.

QUADRO I I - CURSOS E VAGAS F.C.T. UNESP

NÚMERO DE VAGAS CURSOS

DIURNO NOTURNO INTEGRAL

MODALIDADE TOTAL

EDUCAÇÃO FÍSICA 40 40 0 LICENCIATURA 80

ESTATÍSTICA 20 0 0 BACHARELADO

PROFISSIONALIZANTE

20 ENG. CARTOGRÁFICA 0 0 40 BACHARELADO

PROFISSIONALIZANTE 40 FISIOTERAPIA 0 0 40 BACHARELADO PROFISSIONALIZANTE 40 GEOGRAFIA 40 40 0 LICENCIATURA/BACHARE LADO 80 MATEMÁTICA 40 40 0 LICENCIATURA 80 PEDAGOGIA 30 40 0 LICENCIATURA 70 TOTAL 170 160 80 410

FONTE - GUIA DO VESTIBULAR VUNESP 1995

Conforme demonstra o quadro II, a Faculdade de Ciências e Tecnologia, oferece 410 vagas, sendo 310 (75%) em cursos de licenciatura, atendendo basicamente uma clientela regional, ou seja, jovens oriundos de Presidente Prudente - SP. e cidades limítrofes.

Além disso, conta atualmente com um curso de pós-graduação stricto

sensu, em dois níveis, (mestrado e doutorado em Geografia) e um de especialização lato sensu (Planejamento urbano e regional).

Junto às unidades universitárias de Marília (Faculdade de Filosofia e Ciências - FFC) e Assis (Faculdade de Ciências e Letras - FCL), a unidade de Presidente Prudente representa a presença do ensino superior público na região oeste de São Paulo, com perfil essencialmente voltado para a formação de professores para o ensino de 1º e 2º graus. Há que se observar, que após enfrentar vários problemas, inclusive a ameaça de extinção, a Faculdade de Ciências e Tecnologia sobreviveu, através da resistência de seus professores, no período de 1986 a 1998, especialmente a partir da recriação do Departamento de Educação, quando conseguiu, pelo menos em parte resgatar a sua constituição original de agência formadora de professores. Muito embora existam ainda grandes problemas com relação à formação desses profissionais, comuns a todas as licenciaturas, principalmente os elevados índices de evasão escolar, sem dúvida, a unidade renasceu das cinzas e exerce preponderante influência na região, tendo em vista a proliferação do ensino superior privado em várias cidades próximas a Presidente Prudente.

O fato de ser o único instituto público de ensino superior numa região densamente povoada faz com que a Faculdade de Ciências e Tecnologia seja bastante

procurada por jovens desta região, sendo um grande número de trabalhadores, haja vista que oferece 39% (160) das suas vagas no período noturno, o que torna a questão da evasão escolar mais significativa ainda.

Documentos relacionados