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A FAMÍLIA DO DR GASPAR FRUTUOSO

No documento livro1 (páginas 31-87)

Em nenhuma das biografias de Gaspar Frutuoso se dá notícia da família a que pertencia e parece mesmo ter havido o propósito de ocultar a sua origem, porque não é fácil admitir que Monte Alverne e Cordeiro, escrevendo um século depois da sua morte, não tivessem conhecimento pela tradição — que tantas minúcias de somenos importância lhes contou — dos nomes dos seus progenitores e dos seus mais próximos parentes, quando os vemos entreter- se com pormenores secundários da sua existência.

Era e sempre foi da praxe começar-se uma biografia pela filiação do biografado. Nesta, apenas Cordeiro diz que Frutuoso era filho de pais ricos e nobres, que se ocupavam na lavoura e eram moradores em Ponta Delgada. Monte Alverne guarda silêncio neste ponto, e todas as notícias posteriores seguem a vaga indicação de Cordeiro, sem terem procurado precisá-la. O mesmo silêncio se encontra nos documentos coevos, lacuna de estranhar nos registos de matrículas da Universidade de Salamanca, pois que na de Coimbra, de que conhecemos alguns registos de matrículas do século XVI, era hábito mencionar sempre o nome do pai do matriculado e a sua naturalidade.

Note-se, contudo, que Cordeiro, no citado capítulo em que biografa Frutuoso, faz referência a um seu sobrinho, por quem algumas pessoas da ilha de S. Miguel, de passagem em Lisboa, lhe escreveram para Bragança, persuadindo-o a vir para esta ilha; e também alude a um seu cunhado, nobre hóspede do Dr. Frutuoso, que em dia de finados na Ribeira Grande presenciou a distribuição de esmolas que fez o caritativo vigário a quantos nesse dia lhe foram pedir o pão

por Deus; alude, porém, a estes dois parentes sem os nomear.

Daqui nasceu a conjectura de ser o Dr. Frutuoso filho espúrio, qualidade que os mais próximos biógrafos ocultariam, por envolver, então, melindre e desconsideração para o biografado, sobretudo para o sacerdote. E neste ponto a dúvida fica de pé, não obstante estarmos convencidos de que encontramos o pai do nosso cronista, que, como já dissemos, se chamava Frutuoso Dias, de profissão mercador em Ponta Delgada. A solução integral do problema estaria no processo eclesiástico que deve ter precedido a ordenação do Dr. Frutuoso, mas que, como já expusemos, ou não existe, ou é impossível encontrar-se.

Tentamos durante anos desvendar o mistério da família do Dr. Gaspar Frutuoso, tomando como ponto de partida três homónimos, que adiante discutiremos e que se encontravam insuficientemente identificados nos trabalhos genealógicos do Dr. Ernesto do Canto, do Dr. Carlos Machado e do professor José Pedro da Costa. Os três homónimos viveram logo depois do Dr. Frutuoso, em fins do século XVI e primeira metade do século XVII, e são: — o Padre Gaspar Frutuoso, morador na freguesia Matriz de Ponta Delgada, onde morreu a 29 de Março de 1630; seu sobrinho Gaspar Frutuoso Carreiro, casado com Ana de Paiva, também moradores em Ponta Delgada, onde ele morreu a 21 de Janeiro de 1642, na freguesia de S. José; e Gaspar Frutuoso da Rocha, marido de Ana Pacheca, moradores na Ribeira Grande, freguesia de S. Pedro da Ribeira Seca, onde ele morreu em Março de 1666. Em volta destes três nomes, cujas filiações e parentescos conseguimos apurar com segurança, andamos durante anos com a suspeita de serem da família do historiador, sem, contudo, termos achado qualquer documento que o confirmasse (80).

Quando já todas as investigações tinham sido infrutíferas e abandonáramos o assunto, comunicou-nos o Sr. Padre Manuel Ernesto Ferreira, de Vila Franca do Campo, ter encontrado ali, no extinto cartório dos Resíduos (hoje dos legados pios, na Administração daquele concelho), o testamento do Licd.º António Furtado da Rocha, vigário de S. Pedro de Vila Franca, feito a 27 de Janeiro de 1660, em que o testador, referindo-se a seu irmão Gaspar Frutuoso da Rocha, pede que o indivíduo, que da geração deste, suceder num vínculo que institui, se chame Gaspar Frutuoso, em memória daquele insigne varão, o Dr. Gaspar Frutuoso,

Notícia Biográfico do Dr. Gaspar Frutuoso XXXVI Encontrara-se, pois, uma pista segura, alguém da família do cronista, porque não é crível que setenta anos depois da sua morte o testador, em documento tão solene, se intitulasse falsamente seu sobrinho. A cronologia exigia, porém, que o considerássemos sobrinho neto.

Indo atrás dos progenitores do Licd.º António Furtado da Rocha, achamos ser ele filho do capitão Melchior Alves da Rocha e de sua mulher Margarida Furtada, moradores na Ribeira Seca e casados a 5 de Julho de 1592 na Matriz da Ribeira Grande (Documento n.º 18 do

Apenso); e neto paterno de Manuel Rodrigues da Rocha (da Ribeira Seca, onde morreu a 1 de

Outubro de 1511) e de sua mulher Maria Pires, mencionados pelo Dr. Frutuoso na genealogia dos Rochas, no capítulo 25.º do Livro 4.º das Saudades da Terra; e neto materno de Frutuoso Dias e de sua mulher Catarina Nunes, casados pelo Dr. Gaspar Frutuoso na Matriz da Ribeira Grande, a 23 de Fevereiro de 1568 (Documento n.º 17 do Apenso).

Logo aqui se fixou a nossa convicção de que este Frutuoso Dias era irmão do Dr. Gaspar Frutuoso, e por isso é que o testador, Licd.º Rocha, sendo neto daquele, se diz sobrinho deste. Efectivamente, só por esta linha pode ter havido o parentesco com que tanto se ufanou o Licd.º Furtado da Rocha, visto que, investigando a linha paterna dos Rochas, prolixamente esmiuçada pelo Dr. Frutuoso no citado capítulo das Saudades da Terra, não se encontra possibilidade de ligação consanguínea entre o historiador e o pai do testador. A identidade do nome Frutuoso, patronímico no historiador e próprio do avô materno do testador, levou-nos à convicção de serem irmãos, se não germanos, ao menos consanguíneos. É facto que o Dr. Frutuoso podia ser irmão, não de Frutuoso Dias, mas de sua mulher Catarina Nunes, sendo assim também tio avô do testador Furtado da Rocha; mas essa hipótese ficou invalidada ao ver-se no citado termo de casamento que Catarina Nunes é filha de pais ribeiragrandenses, não lhes sendo por isso atribuível a paternidade do Dr. Frutuoso, nascido em Ponta Delgada, onde os pais viviam, segundo todos os biógrafos e a carta do grau de bacharel. Esta naturalidade confere, porém, com a do dito Frutuoso Dias, porque do referido registo do seu casamento verifica-se que ele foi filho de outro Frutuoso Dias e de sua mulher Isabel Fernandes, já falecidos e moradores que foram em Ponta Delgada. Portanto, o Dr. Gaspar Frutuoso adoptou por apelido o patronímico do pai, reproduzindo-se o nome no seu sobrinho neto Gaspar Frutuoso da Rocha, irmão do testador António Furtado da Rocha.

Temos, pois, como mais remoto tronco desta geração, Frutuoso Dias (o pai do outro Frutuoso Dias e também do Dr. Gaspar Frutuoso, segundo as ilações expostas), de quem só sabemos que era mercador, conforme a sua inscrição de irmão da Misericórdia de Ponta Delgada, anterior a 1533, como atrás dissemos; ou lavrador, como assevera a biografia do Padre António Cordeiro, onde o autor diz que viu há quase 50 anos (portanto em 1664, porque no final da biografia dá a entender que a escreve em 1714, explicando serem já passados 123 anos depois da morte do biografado) um frontal do altar-mor da Matriz da Ribeira Grande, mandado fazer pelo seu vigário Dr. Frutuoso, que em alusão à profissão do pai fizera nele bordar, de um lado, um arado, sobre o dístico - Se soubera - e do outro um livro, sobre as palavras – Não soubera.

Conforme o casamento do filho homónimo em 1568, sabemos mais que sendo já falecido nessa data, fora morador em Ponta Delgada, e casara com Isabel Fernandes, também já falecida. E das Saudades da Terra, capítulo 31.º do Livro 4.º, ainda mais sabemos que casou outra vez com Maria Dias, filha de Lopo Dias e de sua mulher Isabel Vaz.

Nesse capítulo, desfiando a geração de Pedro Vaz Marinheiro, um dos primeiros colonizadores de S. Miguel, diz Frutuoso que Maria Dias, bisneta de Pedro Vaz Marinheiro, casou com Frutuoso Dias, viúvo, havendo deste casamento três filhos, que foram: Maria Dias, casada com Gaspar Fernandes, Manuel Dias e João Dias, então, solteiros: e acerca desta família, que tudo nos leva a crer que é a sua, nada mais acrescenta o Dr. Gaspar Frutuoso.

Este Frutuoso Dias, viúvo, marido de Maria Dias, é indubitavelmente o que foi casado com Isabel Fernandes; primeiro, porque este último casamento foi em Ponta Delgada, onde viviam quase todos os descendentes de Pedro Vaz Marinheiro, que morou na praça da mesma cidade, defronte da cadeia; segundo, porque o casamento com Maria Dias deve ter sido por 1540 e tantos a 1550, depois de viúvo de Isabel Fernandes, pelas razões que vamos expor: Maria Dias, à data do testamento de sua avó materna, Maria Fernandes (nora de Pedro Vaz Marinheiro), em 5 de Junho de 1541, ainda estava solteira, pois que sendo herdeira de parte da terça da avó, esta menciona-a sem aludir ao seu estado, o que indica não ser casada; e as irmãs (dela Maria Dias), Leonor Dias, mulher de António Jorge Marecos, e Beatriz Lopes,

Notícia Biográfico do Dr. Gaspar Frutuoso XXXVII mulher de João Serrão de Novais, casaram também em meados do século XVI, segundo inferimos das datas dos casamentos dos filhos, tudo gente moradora em Ponta Delgada.

Frutuoso Dias, que já era falecido quando o filho homónimo casou em 1568, parece ter morrido poucos anos depois do seu casamento com Maria Dias, talvez quando o filho Gaspar Frutuoso estava em Salamanca, entre 1549 e 1558, porque, recorrendo à História dos dois

amigos tantas vezes citada, achamos no epítome do capítulo 8.º que Philomesto (que, segundo

nós, é o autor) teve novas do falecimento de seu pai, fora desta ilha, «e se tornou a sua terra

ver sua mãe»; — seria por 1554, quando veio ordenar-se a S. Miguel, como atrás

estabelecemos, ou antes, entre 1549 e 1553, em que parece ter interrompido os seus estudos em Salamanca, como também já atrás discutimos?

Mas a afirmação de ter vindo ver sua mãe só seria verosímil no caso de ser filho natural, e a mãe ter sobrevivido à primeira mulher de seu pai, Isabel Fernandes, e também à morte dele, Frutuoso Dias; pode, contudo, o vocábulo mãe designar a madrasta Maria Dias, e é talvez o mais plausível.

Entre tantas dúvidas podemos resumir como dados seguros que: Frutuoso Dias, mercador e lavrador em Ponta Delgada antes de 1533 e já falecido em 1568, foi casado pelo menos duas vezes: a primeira com Isabel Fernandes (Documento n.º 17 do Apenso) e a segunda com Maria Dias (capítulo 31.º do Livro 4.º das Saudades da Terra). Da primeira conhece-se documentalmente o filho Frutuoso Dias, casado e morador na Ribeira Grande, onde foi almotacé em 1578, assinando, como tal, o Livro das Vereações da Câmara a 4 de Janeiro desse ano, e onde morreu na freguesia Matriz, a 21 de Outubro de 1603, sendo testamenteira a mulher, Catarina Nunes, que lhe mandou fazer um ofício de 9 lições, (Documento n.º 19 do

Apenso) (81); da segunda, conhecem-se os três filhos nomeados nas Saudades da Terra, Maria Dias (casada com Gaspar Fernandes, filho de António Fernandes, da Relva, e de Ana Esteves), João Dias e Manuel Dias, ambos solteiros quando redigido o dito capítulo que os menciona. Vejamos o que apuramos acerca destes três filhos do segundo casamento.

De Maria Dias veremos adiante que, talvez, com o nome de Catarina Dias seja a viúva de um Gaspar Fernandes, da Relva, de quem seu sobrinho, o Padre Gaspar Frutuoso, de Ponta Delgada (um dos homónimos do cronista) herdou uma terra que vendeu em 3 de Novembro de 1609. De João Dias só há notícia que vivia em 1607, talvez ausente desta ilha, pois que em uma quitação feita em Ponta Delgada a 9 de Março desse ano, Manuel Dias, cirurgião, morador nesta cidade na freguesia de Santa Clara (que é, seguramente, o irmão, pois que adiante vamos já citar um documento em que Manuel Dias, filho de Frutuoso Dias, é chamado o Mestre, ou cirurgião), declara ter recebido 100 mil réis por conta e pagamento que os herdeiros do Conde de Vila Franca fizeram a João Dias, «seu irmão, de cujo procurador é». De Manuel Dias, além do documento que acabamos de citar, encontramos o seu nome no — «Livro de Lembranças da Misericórdia de Ponta Delgada do ano de 1614. — a fls. 30, na seguinte verba: - «Manuel Dias, Mestre, filho de Frutuoso Dias, paga novecentos réis em cada

um ano pelo dito mês de Agosto, que é o foro que pagava Domingos Roiz Mau-Tempo». — No

«Livro de Lembranças» da mesma Misericórdia de 1620-1621 está também a seguinte verba: — «Manuel Dias Furtado, mestre, filho de Frutuoso Dias, paga novecentos réis de foro por

meio alqueire de terra que houve de Domingos Roiz Mau-Tempo e está quase no cabo da rua de cima».

Por aqui se mostra não só a perfeita identidade deste filho de Frutuoso Dias, mas também que era mestre ou cirurgião, e que usou o apelido Furtado, o mesmo de sua sobrinha Margarida, mãe do dito testador Licd.º António Furtado da Rocha, o que ainda mais prova que o Dr. Gaspar Frutuoso era irmão de Frutuoso Dias e não da mulher deste, Catarina Nunes, que só tem o parentesco afim de cunhada com o Mestre Manuel Dias Furtado. Também com a mesma lógica concluimos que o nome Furtado provém do primeiro Frutuoso Dias, tronco da geração, que pelo primeiro matrimónio com Isabel Fernandes o transmitiu à neta Margarida Furtado, e pelo segundo casamento com Maria Dias, o legou ao filho Manuel Dias Furtado e à descendência deste (82).

Expostos estes elementos seguros sobre o pai e irmãos (conjecturais) do Dr. Gaspar Frutuoso, examinemos quem seria sua mãe. Não pode ser filho de Maria Dias, porque tendo ele nascido em 1522, esta, quando a avó testou em 1541, ainda estava solteira. Consequentemente, ou é filho da anterior mulher de seu pai, Isabel Fernandes, ao que parece opor-se, como já notámos, o que diz o título do capítulo 8.º da História dos dois amigos, ou de

Notícia Biográfico do Dr. Gaspar Frutuoso XXXVIII outra precedente, — matrimoniada ou não — aparecendo outra vez a suspeita do historiador ser filho ilegítimo. Ainda que se não ligue sentido literal ao título do dito capítulo, em que a

mãe, que ele veio ver à sua terra, seria a madrasta Maria Dias, afigura-se-nos que para ser

filho de Isabel Fernandes faria sensível diferença de idade do irmão Frutuoso Dias, porque este casa quando o cronista contava 46 anos. Sendo filho natural de Frutuoso Dias, havido antes do seu primeiro matrimónio com Isabel Fernandes, a hipótese fortifica-se não só com a cronologia da vida do irmão e com as considerações que fizemos acerca da ocultação dos nomes dos progenitores, que parece propositada nos biógrafos e suspeitosa nos documentos, mas também e sobretudo pelo facto do Dr. Frutuoso não estudar a genealogia desta família com a demora e desenvolvimento que dedica a outras de menor condição, como quem não quis mexer muito em matéria que envolvia melindre pessoal e talvez outras susceptibilidades devidas a não estar em relações correntes com todos os seus parentes. Mantinha certamente relações com o irmão Frutuoso Dias, a quem casou; e talvez com a madrasta Maria Dias, se dermos crédito ao título do dito capítulo 8.º da História dos dois amigos.

Pela linha de seu irmão Frutuoso Dias, só pudemos explorar esta família no ramo da filha Margarida Furtada, casada com Melchior Alves da Rocha, única de quem conhecemos descendência (como mostra a árvore de geração n.º 1, do Apenso), que deve ser numerosíssima na Ribeira Grande, principalmente na Ribeira Seca, onde viveram os filhos e netos, mas da qual só pudemos seguir até à actualidade a linha dos Pontes, de que é um dos representantes o ilustrado clérigo, Sr. Padre Herculano Augusto de Medeiros, actual vigário de S. Pedro de Ponta Delgada, 8.º neto de Gaspar Frutuoso da Rocha, (irmão do mencionado testador Licd.º António Furtado da Rocha) e portanto 10.º neto de Frutuoso Dias, irmão do Dr. Gaspar Frutuoso.

Frutuoso Dias e sua mulher Catarina Nunes, tiveram dois filhos, pelo menos: a) — Gaspar, baptizado na Matriz da Ribeira Grande a 29 de Maio de 1569 pelo padre bacharel Ascêncio Gonçalves, sendo padrinhos o Licd.º Manuel Garcia (83) e Francisca Ferreira, mulher de Pedro de Paiva; deste Gaspar mais nada sabemos; b) — e Margarida Furtada, baptizada na mesma Matriz a 21 de Março de 1572, sendo padrinhos Vicente Anes Bicudo e Margarida Fernandes, e que, como já dissemos, casou na Matriz da Ribeira Grande a 5 de Julho de 1592 com Melchior Alves da Rocha, morador na Ribeira Seca (onde faleceu sem testamento a 6 de Fevereiro de 1626), filho de Manuel Rodrigues da Rocha e de sua mulher Maria Pires, também moradores na Ribeira Seca, onde ele faleceu com testamento a 1 de Outubro de 1611, instituindo uma missa perpétua e nomeando testamenteiro o filho Melchior; a sua ascendência consta do capítulo 25.º do Livro 4.º das Saudades da Terra.

Melchior Alves da Rocha e Margarida Furtada tiveram os seguintes quatro filhos:

1.º — Licenciado Padre António Furtado da Rocha, vigário de S. Pedro de Vila Franca do Campo, onde morreu a 9 de Junho de 1660, com testamento feito a 27 de Janeiro desse ano (Documento n.º 13 do Apenso), em que vem a preciosa referência a seu tio o Dr. Gaspar Frutuoso, que foi a base desta investigação; também fala em sua irmã, já falecida, Bárbara Furtado da Rocha, em seus irmãos, o capitão Matias Furtado da Rocha e Gaspar Frutuoso da Rocha, e nas filhas deste que adiante se nomeiam;

2.º — A dita Bárbara Furtado da Rocha, que só conhecemos pela referência do testamento do irmão, não se sabendo se morreu solteira ou se foi casada;

3.º — Capitão Matias Furtado da Rocha, baptizado em S. Pedro da Ribeira Seca a 11 de Dezembro de 1608; morreu na mesma freguesia, onde era morador, a 29 de Setembro de 1677, tendo casado aí em 21 de Outubro de 1634 com Maria de Sousa, baptizada na dita freguesia a 21 de Janeiro de 1601, filha de Gaspar Lopes e de Maria de Sousa, casados e moradores na Ribeira Seca, onde ele morreu a 20 de Maio de 1633 e ela a 15 de Setembro de 1639. Do casamento do capitão Matias Furtado da Rocha com Maria de Sousa, conhecemos quatro filhos: a) o Padre António Furtado da Rocha, herdeiro do tio Licd.º do mesmo nome, que o criou e encaminhou para a vida de clérigo, e que, como ele, viveu em Vila Franca, onde fez testamento a 23 de Janeiro de 1694; b) — o Padre Manuel Furtado da Rocha, que viveu com seu irmão António em Vila Franca; c) — Melchior Alves da Rocha, que casou na Matriz da Ribeira Grande a 19 de Novembro de 1667 com Maria Mourato Moreira, de quem não sabemos descendência; d) — e o Capitão Francisco da Rocha Furtado, que viveu solteiro na Ribeira Seca, onde fez testamento a 19 de Setembro de 1679 e morreu a 10 de Janeiro de 1681,

Notícia Biográfico do Dr. Gaspar Frutuoso XXXIX deixando um filho natural de quem nada sabemos (nem sequer o nome), senão que foi havido em Maria Cordeiro, filha de Domingos Caldeira, da Ribeira Grande;

4.º — Gaspar Frutuoso da Rocha, morador na Ribeira Seca, onde foi baptizado a 14 de Fevereiro de 1599 e morreu a 20 e tantos de Março de 1666, com testamento feito nas notas do tabelião Francisco de Melo Rezendes; foi casado (não sabemos onde, nem quando) com Maria Pacheca, de quem teve, pelo menos, quatro filhos:

a) — António Pacheco da Rocha, casado em S. Pedro da Ribeira Seca a 2 de Setembro de

1675 com Marta de Aveiro, com geração na mesma freguesia;

b) — Maria Pacheca, citada no testamento do dito Licd.º António Furtado da Rocha, que a

diz casada, sem se saber com quem;

c) — Marta Cabral, que casou na Matriz da Ribeira Grande a 8 de Maio de 1660 com

Domingos da Ponte, de quem não sabemos se há geração;

d) — e Bárbara de Medeiros, também citada no testamento do tio, casada a 18 de Junho de

1653 em S. Pedro da Ribeira Seca com Jerónimo Pereira Ouros, filho de Bento Ferreira da Costa, de Vila Nova de Gaia, e de sua mulher Maria Pereira Ouros, da Ribeira Grande (casados em S. Pedro da Ribeira Seca a 17 de Setembro de 1626), esta, filha de Manuel Pereira Ouros e de sua mulher Catarina de França (casados pelo Dr. Gaspar Frutuoso a l de

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