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1. Procedimentos e caminhos metodológicos

2.7 A Formação e o papel dos monitores monitoras

Assim como nos demais CEFFAS, temos na EFA Puris os monitores e monitoras que são profissionais responsáveis por mediar o processo de formação. São considerados monitores, tanto os docentes quanto os que se envolvem com a parte da gestão escolar e com a cozinha. São esses os educadores que se responsabilizam pelo processo de animação e da construção didática da escola. Esses profissionais podem ser internos, ou seja, aquele que passa boa parte da semana pernoitando na escola com os estudantes e participando intensamente das atividades diárias; o semi-interno que pernoita menos que o interno, também se comprometendo com afazeres durante o período que está dentro ou fora da sala de aula; e o monitor externo que é aquele que participa apenas das atividades relacionadas a sua área de formação ou de trabalho. Em 2017, a EFA Puris contava com 4 monitores e 11 monitoras, contribuindo em diversas atividades e lecionando os conteúdos do currículo básico comum, ou seja, História, Geografia, Artes, Sociologia, Filosofia, Matemática, Português, Inglês, Educação Física, Química, Biologia e Física. Em relação aos conteúdos do curso técnico em agropecuária, os conteúdos são Zootecnia, Extensão Rural, Agroecologia, Turismo Rural, Mecanização Agrícola, Construção e Instalações Rurais.

Fonte: Secretaria da EFA Puris. Organizado pelo autor

É fundamental que os monitores tenham uma formação diferenciada e consigam promover e provocar debates e tensões que reiterem os sujeitos da zona de conforto. Arroyo (2007) afirma que é importante ter compreensão das questões históricas relacionadas à terra e

27%

73%

Gráfico 2- Divisão do quadro profissional por sexo-2017

4 Monitores 11 Monitoras

45 território ao longo da história dos pais, aprofundando tanto localmente quanto em outras escalas de análise, as problemáticas que perpassam pelo latifúndio, monoculturas, agronegócio, da incipiente reforma agrária e como essas se conflitam com a identidade e culturas camponesas que almejam outro projeto de sociedade. Não se pode limitar a formação de monitores/as apenas no âmbito da didática, dos aspectos da pedagogia e das dimensões psicológicas, o processo de formação deve ser histórico, político e social levando em consideração a dimensão das contradições.

A rotatividade da equipe de monitores não é tão intensa como em outras escolas. No período de realização da pesquisa, encontramos 5 monitores que estão presentes desde o início de funcionamento da escola. Muitos dos ex-monitores/as ainda possuem vínculos com a escola e ainda contribuem com os processos formativos através de atividades culturais ou de caráter ecológico. Além dos atuais monitores, entre 2008 e 2017 a EFA Puris teve 14 monitores e 8 monitoras compondo seu quadro profissional.

Fonte: Secretaria da EFA Puris. Organizado pelo autor

No ano de 2014, oito monitores e monitoras foram aprovados/as no curso da LICENA da UFV, fato que contribui para a formação pessoal e coletiva desses educadores na escola. Esse grupo compõe a primeira turma de um curso em universidade pública na Zona da Mata que tem como meta específica formação em Educação do Campo. Além disso, três ex-monitores da EFA Puris são educadores da LICENA, dois efetivos e uma substituta. Destaca-se também com a UFV, a parceria realizada nos estágios supervisionados entre a EFA Puris e os cursos de

51% 49%

Gráfico 3- Divisão do quadro profissional por sexo: 2008-2017

19 Monitoras 18 Monitores

46 licenciatura, principalmente o de Geografia e de Biologia, interagindo assim, estudantes de graduação com os monitores/as.

Os monitores e monitoras que também desempenham a atividade agrícola durante o tempo em que não estão inseridos no tempo escola, trabalham a matriz da Agroecologia em seus quintais assim como participam de atividades políticas ligada ao sindicato e outras organizações sociais.

Marirrodriga & Calvó (2010) elaboram um quadro que demonstra as aptidões de um monitor quando comparado a atividade desempenhado por um profissional tradicionalmente encontrado nas escolas. Busca-se então criar uma condição de troca e horizontalidades na relação entre os todos monitores e os estudantes.

Quadro 3-Atividades pertinentes ao Monitor de CEFFA Parte das necessidades e experiências

Formação personalizada Centrado na aprendizagem Avaliação formativa

Heterogeneidade valorizada e utilizada Grupo como recurso

Planificação flexível

Acompanho o processo de auto formação

Fonte: (MARIRRODRIGA; CALVÓ, 2010, p.101).

Buscando contribuir nessas atividades acima e na articulação das EFAs e na formação permanente dos monitores, todos os anos a AMEFA realiza atividade de cunho formativo bem como circula pelas escolas promovendo articulação política pedagógica. É imprescindível que os/as novos/as monitores/as participem desse espaço para tecer laços com outras escolas e criar condições de compreensão sobre as singularidades e compartilhamento de questões que perpassam pela Pedagogia da Alternância.

Ser monitor/a é estar inserido num contexto sócio profissional, juntamente com uma equipe que pressupõe cooperação, entretanto não é uma profissão/atividade reconhecida pelo Ministério do Trabalho, assim como é no movimento da Educação do Campo. É um trabalho complexo, de formação integral, que demanda envolvimento e concepção crítica, por sua vez repleto de desafios, como por exemplo trabalhar sem receber o salário mensalmente.

Durante a sessão em que os estudantes estão em suas comunidades, a equipe de monitores se reúne para preparar a próxima quinzena da sessão escolar, debatendo como será a

47 programação, as atividades, intervenções de parceiros, definindo quais monitores ficarão em cada Colocação em Comum em cada turma e os horários das aulas. Com isso,

Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque educação não é o processo cujos resultados podem ser totalmente pré- definidos, determinados ou pré-escolhidos como se fossem produtos de correntes de uma ação puramente mecânica e impensável (MENEGOLA & SANT’ANNA, 2001, p. 25).

É o ponto de partida, elaborado em coletivo, demonstrando que é possível na educação básica criar alternativas de trabalho em conjunto que não se reduzem a debater notas e criticar os estudantes, como é observado na grande maioria das escolas. De acordo com o/a monitor/a 5, mais ainda do que planejar, é ver as atividades entrarem em consonância diversas vezes nas diferentes áreas do saber, uma vez que

O planejamento ele acontece e acontece, mais assim, mais por que acontece do que é planejado isso é fantástico por que de repente está todo mundo falando a mesma coisa, mas falta um planejamento pra cumprir e trazer mais consciência para as atividades, mas a gente já fez algumas coisas juntos (Monitor/a 5. Entrevista realizada pelo autor, agosto/2017).

Temos em vigor hoje uma concepção de planejamento em coletivo, fruto de questões trazidas no acúmulo de nossa época. No próximo item veremos um pouco das bases históricas da formação das escolas em alternância para assim contextualizarmos o cenário que a escola está inserida.