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A defesa pessoal, tal como qualquer outra prática, se não for regularmente treinada resultará num retrocesso da aprendizagem, isto é, os seus praticantes esquecer-se-ão dos movimentos e técnicas necessárias e adequadas ou no caso de ainda se lembrarem delas, a

sua aplicação será bastante deficiente, o que poderá trazer vários riscos para os intervenientes, sendo o mais grave, o perigo para a vida.

Na Unidade Especial de Polícia (UEP), o treino é a base do dia-a-dia dos elementos desta unidade de elite, que se encontra dividida em cinco grandes vertentes. Entre o treino recebido encontram-se também as técnicas de defesa pessoal/policial.

Das cinco subunidades que constituem a UEP, ir-se-ão analisar os planos de treino do Grupo de Operações Especiais (GOE), do Corpo de Segurança Pessoal (CSP) e do Corpo de Intervenção (CI), pois são aquelas que, pela especificidade da sua missão, mais lidam com o confronto físico.

Através da análise de conteúdos de formação, verifica-se que o GOE, mesmo em condições de treino visa sempre a aplicação futura dos ensinamentos e por isso fazem-no nas condições em que actuam nas suas intervenções. Existe o cuidado de “ensinar aos profissionais que servem esta força, técnicas eficazes mas de execução simples, inteiramente pensadas para a função policial” (Ezequiel Rodrigues, 2001, p.32). Ainda que em treino, os formandos utilizam todo o equipamento que portariam caso se tratasse de uma situação real e procuram praticar em espaços similares àqueles que são passiveis de serem encontrados.

É fornecido treino focado na utilização do bastão policial, para que estes, ao manobrarem tal instrumento, mecanizem os movimentos e consigam sempre disferir os impactos nas zonas verdes. Parece também ser importante a transição feita entre o uso do bastão e a arma de fogo, consoante o grau de ameaça que o opositor apresenta. Numa situação real, este treino resulta numa maior fluidez de movimentos, sendo obtidos vários ganhos ao nível de segurança.

As algemagens têm também grande importância na formação, sendo praticadas técnicas de algemagem de alto risco, com e sem colaboração do opositor e situações de reacção activa deste.

É de ressalvar que no treino são introduzidos factores externos, como a fadiga física e o

No treino recebido pelos elementos do CI, para além das projecções, imobilizações, estrangulamentos e chaves, são dadas importantes noções de segurança como a distância, o avançar, interceptar, derrubar, a aproximação e o recuo.

A utilização do bastão policial também está presente, assim como ataques e não só defesas, de punhos e pernas. Conforme refere Ezequiel Rodrigues (2001, p.32), é feito um esforço “para que todas as técnicas ensinadas possibilitem a algemagem do individuo prevaricador, sobre o qual o(s) agente(s) actua(m), no sentido de obstar a sua acção.

No final das sessões de defesa pessoal são efectuados combates, tentando-se uma aproximação à realidade, recorrendo-se aos meios que de momento estão ao dispor.

Crê-se que o CSP é a subunidade que tem o plano de treino nesta área, mais bem estruturado. Na introdução do plano de formação, é feita uma importante referência à componente mental que deve envolver a defesa pessoal. De modo a exercitar também este elemento, os formandos serão pressionados psicologicamente e através do desgaste físico e situações externas, incluídas de modo a dificultar a execução das tarefas. Como objectivo final pretende-se que os formando adquiram um autocontrolo em todos os aspectos físicos e mentais. A intensidade e a repetição são vistos com um bom método de interiorização das técnicas leccionadas.

Nesta subunidade denota-se uma preocupação com o acompanhamento gradual dos elementos. Numa fase inicial é avaliado o nível técnico e a capacidade de adaptação do grupo, assim como as suas dificuldades, para que sejam encontradas soluções para esses problemas. Posteriormente o nível de dificuldade aumenta, com a introdução de novas técnicas e com a utilização da indumentária própria da segurança pessoal. Na fase final, as técnicas adquiridas são utilizadas em exercícios práticos de segurança pessoal, onde têm, também, que defender um terceiro, aproximando, deste modo, o treino à realidade.

É notada uma preocupação em corrigir os formandos, analisando as dificuldades de adaptação e os pontos fracos. Durante os treinos são dadas bases de várias disciplinas dentro da defesa pessoal, como o Krav Maga, o Progressive Fighting System e o Jiu-Jitsu Brasileiro.

O objectivo não é ensinar uma grande diversidade de técnicas, mas sim, ensinar aquelas que são mais simples e eficazes. É ainda pretendido que os elementos aumentem os níveis

A formação ministrada na UEP não foi alvo de crítica, pois, como o nome indica, trata-se de uma unidade especial e por isso a formação é dada de acordo com a missão das diferentes subunidades. A exposição da formação, na UEP, neste trabalho, prende-se com o exemplo dado no acompanhamento contínuo que é dado na área da defesa pessoal, uma vez que não se pode comprar a formação que estes têm, durante o curso e, continuamente, durante o serviço, com a formação recebida pelos Agentes, em cursos de 9 meses.

III – Metodologia

Conforme o título desta dissertação, um dos grandes objectivos a alcançar, com o estudo, é a análise do grau de satisfação dos elementos policiais da PSP, relativamente à formação recebida na área da defesa pessoal (onde se incluem, por exemplo, as técnicas de algemagem e abordagem de suspeitos) e a sua consequente adequação e aplicabilidade na realidade policial portuguesa.

Paralelamente, através dos resultados obtidos, pretende-se verificar, se os Agentes, Chefes e Oficiais desta instituição policial consideram ter recebido formação adaptada às exigências do quotidiano policial, em diversos campos específicos, dentro da defesa pessoal, como é o caso da formação ministrada relativamente a pontos de pressão, técnicas de kickboxe, luta no solo, treino com pressão externa ou defesas contra múltiplos agressores.

É, similarmente, pretendido apurar se os elementos policiais receberam formação adequada relativamente ao uso dos meios que têm ao seu dispor, como é caso do bastão policial, do gás OC, ou até mesmo da arma de fogo, este último não visando a formação de tiro, mas sim, como meio de controlar o(s) suspeito(s), forçando este(s) a acatar(em) ordens legítimas.

Deseja-se verificar se os elementos policiais que praticam, externamente à PSP, algum tipo de artes marciais ou defesa pessoal já tiraram benefício dessa condição durante o serviço operacional. Isto ajuda a perceber se é importante a prática de artes marciais ou de sistemas de combate corpo-a-corpo, como o Krav Maga, como complemento da formação em defesa pessoal, de modo a solidificar conhecimentos e a aprofundar a aprendizagem, tornando o elemento mais eficaz e seguro na sua actuação perante suspeitos.

Ainda, tendo em vista uma análise inferencial, pretende-se caracterizar a actividade policial, referente à defesa pessoal e controlo de suspeitos, na perspectiva dos operacionais.

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