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A Fotografia nos Programas Curriculares de História

No documento A Fotografia no Ensino da História (páginas 38-41)

Capítulo II. Fotografia e História

2.1. Os historiadores e a Fotografia

2.2.1. A Fotografia nos Programas Curriculares de História

Ao longo do ano letivo de dois mil e onze dois e mil e doze utilizamos como documentos norteadores da nossa prática letiva, enquanto professora-estagiária o Programa de História, 3.º ciclo do Ensino Básico, volume II, 1991, o Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais – História, 2001 e as Metas de Aprendizagem para a disciplina de História no 3.º ciclo, 2010, no nono ano de escolaridade e no décimo segundo ano o Programa de História A, 2002.

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No dia vinte e três de dezembro de dois mil e onze foi publicado o Despacho n.º 17 169/2011, que determinava que o documento Currículo Nacional do Ensino Básico - Competências Essenciais deixava de constituir documento orientador do Ensino Básico em Portugal. Consideramos pertinente esclarecer que o mesmo não teve efeitos práticos na nossa atuação porque os tão aguardados documentos clarificadores das prioridades nos conteúdos fundamentais dos programas não foram apresentados pelos serviços competentes do Ministério de Educação e Ciência e no site do MEC, era apenas apresentado o acima referido documento de 1991.

Decidimos observar o que preconizavam os supracitados documentos em relação ao uso da fotografia enquanto recurso didático, no nono e décimo segundo ano, e procedemos a uma análise selecionando apenas as referências tácitas ao uso de fotografias, excluindo a referência a imagens ou outros documentos icónicos na qual a fotografia também poderia ser incluída.

No volume II do Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem do Programa de

História para o Ensino Básico, 3.º Ciclo, de 1991, estão propostas para cada subtema um

elenco, relativamente diversificado de estratégias/atividades, que constituem para o professor um apoio de natureza didática. Discriminamos as sugestões que encontramos por subtema, relativos ao nono ano de escolaridade, nomeadamente:

9.3 – Portugal: da 1.ª República à Ditadura Militar: recolha de fotografias, caricaturas e jornais sobre a 1.ª República e a ditadura militar (p.67);

10.2 – Entre a Ditadura e a Democracia: recolha pelos alunos de notícias de jornais, fotografias e outros documentos que permitam a realização de painéis expositivos sobre esses regimes políticos, em particular o português (p.72); 11.1 – O Mundo Saído da Guerra: o recurso a documentação diversificada – textos literários, notícias de jornais, material fotográfico, caricaturas, filmes – que permitam reconstituir o ambiente político na primeira década do após-guerra (p. 75);

11.3 – Portugal: do Autoritarismo à Democracia: recolha pelos alunos de

fotografias, publicações e notícias de jornais do período em análise, que pode ser

objeto de uma exposição, na escola, sobre Portugal nos últimos cinquenta anos, eventualmente em trabalho multidisciplinar. (p. 79).

No documento Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências Essenciais, História – 3.º ciclo, de 2001, encontramos a seguinte referência, enquanto experiência de aprendizagem no domínio da comunicação em História: «Enriquecimento da comunicação

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através da análise e produção de materiais iconográficos (gravuras, fotografias, videogramas) e, ainda, plantas/mapas, gráficos, tabelas, quadros, frisos cronológicos, organigramas, esquemas, dominando os códigos que lhe são específicos» (p. 104).

No documento Metas de Aprendizagem de História, de 2010, não há nenhuma referência explícita à utilização de fotografias.

No programa de História A constatamos que para cada módulo são apresentadas sugestões de aprendizagem e assinalamos as que remetem para o recurso a fotografias, no que concerne ao décimo segundo ano:

Módulo 7 – Crises, embates ideológicos e mutações culturais na primeira década do século XX

Sugestões para trabalhos em equipa:

-pesquisa a partir de http://www.remember.org/ - A Cybrary of holocaust. Organização de uma base de dados. Seleção, tratamento da informação e gravação em CD-Rom – documentos da época, fotografias legendadas, mapas, cronologias, gráficos e música, p. ex., Dies Irae – Auschwitz Oratorio de Penderecki. Phillips, (1968). Apresentação à escola seguida de debate. (p.51). Módulo 8 – Portugal e o Mundo da Segunda Guerra Mundial ao início da década de 80 – Opções Internas e Contexto Internacional.

Sugestões para trabalhos em equipa:

-Organização de uma sessão comemorativa de efeméride, aberta à escola, p. ex., O nascimento da democracia em Portugal.

Recolha de dados sobre a Revolução de Abril, sucessos político-sociais subsequentes e seus protagonistas, seleção e exposição de dados que contextualizem fotografias/imagens apresentadas. Recurso à publicação do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, nomeadamente aos materiais constantes da “maleta pedagógica”, ao CD-Rom 25 de Abril: Uma Aventura para a Democracia e a http://www.ci.uc.pt/cd25a (p.56). Módulo 9 – Alterações Geoestratégicas, Tensões Políticas e Transformações Socioculturais no mundo Atual.

Sugestões para trabalhos em equipa: -Organização de exposição. Sugestões:

41 Recolha de informação sobre a desagregação e queda da URSS: seleção de dados e de fotografias significativas, organização de mapas, elaboração de tabelas cronológicas e de legendas de contextualização (p.59).

Nas sugestões de trabalho preconizadas pelos documentos oficiais relativamente aos anos letivos analisados podemos concluir que:

a) no nono ano de escolaridade prevalece a opção pela “recolha pelos alunos de fotografias” que posteriormente servirão para organizar exposições destinadas à própria turma ou à comunidade educativa. A fotografia tem nestas situações a função de retratar um tempo e, de certo modo um espaço, que não é o do aluno. Também constatamos que a fotografia foi considerada como um documento.

b) no décimo segundo ano as sugestões remetem para a realização de trabalhos em equipa que visam a recolha, seleção e organização de dados nos quais se integra a fotografia. Verificamos que a referência a fotografias legendadas, bem como a associação de dados que permitam a sua contextualização, denota uma preocupação em atribuir-lhe um papel que excede a função meramente ilustrativa.

c) este género de atividades de pesquisa, mais exigentes em tempo, são exequíveis na duração de uma aula, se tivermos em atenção a institucionalização de aulas de noventa minutos, mas dificilmente o será na sala de aula ou na Escola, tendo em conta a ausência de recursos materiais como o acesso a álbuns de fotografias, jornais antigos ou arquivos fotográficos, em linha, que implica ter computadores com ligação à internet. Se forem realizadas extra aula terão a desvantagem de não serem orientadas pelo docente e a vantagem de implicarem uma maior responsabilização e autonomia dos alunos.

No documento A Fotografia no Ensino da História (páginas 38-41)