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A função social da empresa como princípio constitucional

3.1 FUNCÃO SOCIAL DA EMPRESA

3.1.1 A função social da empresa como princípio constitucional

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TEIZEN JÚNIOR, Augusto Geraldo. A empresa e sua função social. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6142>. Acesso em: 19 fev. 2010.

13

LEMOS JUNIOR, 2009, p. 154.

14

BREVIDELLI, Scheilla Regina. A função social da empresa: olhares, sonhos e possibilidades. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1152>. Acesso em: 15 mar. 2010.

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PESSOA, loc. cit.

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A função social da empresa nasce com o aumento da importância da atividade empresarial, quando a empresa aparece no contexto social como importante agente de dinamismo e transformação do regime empresarial, assim, criam-se relações entre os diversos setores sociais e projetam-se efeitos, observando que, como correu com os demais institutos do direito privado, a empresa também tem uma feição social.17

Nesse sentido, a função social da propriedade e, por conseguinte, da empresa, importa o exercício da atividade empresarial em conformidade com o ordenamento jurídico, sob pena de que sejam verificadas hipóteses de abuso de direito, não somente que contrariem aos consumidores, à cidadania, à livre concorrência e ao meio ambiente, porém, especialmente, que contrarie à própria sociedade capitalista.18

No entendimento de Silva:

A iniciativa econômica privada é amplamente condicionada no sistema da constituição econômica brasileira. Se ela se implementa na atuação empresarial, e essa se subordina ao princípio da função social, para realizar ao mesmo tempo o desenvolvimento nacional, assegurada a existência digna de todos, conforme ditames da justiça social, bem se vê que a liberdade de iniciativa só se legitima quando voltada à efetiva consecução desses fundamentos, fins e valores da ordem econômica, pois a preferência da empresa privada cede sempre à atuação do poder público quando não cumpre a função social que a Constituição lhe impõe.19

Relacionado à responsabilidade social, mesmo que grandes empresas se coloquem como titulares de programas sociais, pode-se afirmar que a cidadania empresarial está vinculada a programas que acabam por aumentar a rentabilidade das empresas sem aludir a conveniente melhora do contexto social.20

Importante frisar as palavras de Amaral:

Muitos sustentam que essa não seria uma função social do empresário. Isto é, o que o empresário busca é o lucro, não tendo dever algum em relação ao resto da sociedade. Esse argumento é digno daqueles que se prendem ao passado e ignoram a nova realidade social. A promulgação de constituições programáticas é a prova de que o mercado e suas forças não conseguem se regular autonomamente, pois prejudicam não só o próprio mercado, mas também indivíduos e direitos de natureza difusa e coletiva. A função social da empresa nasce da constatação dessa incapacidade do mercado e de seus evidentes prejuízos.21

Na realidade, percebe-se no cotidiano empresarial, por exemplo, quando há desmatamento de grandes áreas de nossas florestas para extração vegetal e o reflorestamento,

17

AMARAL, Luiz Fernando de Camargo Prudente. A função social da empresa no direito constitucional econômico brasileiro. São Paulo: SRS, 2008, p. 115.

18

Ibid., p. 116.

19

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 124.

20

AMARAL, op. cit., p. 117.

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em muitos casos, é feito por meio de plantio de uma única espécie vegetal, assim, os responsáveis pela tamanha exploração não atentam para a fauna que foi exterminada na destruição de seu habitat. Fica claro que esta empresa não cumpriu sua função social, pois desmatou uma enorme biodiversidade e plantou uma única espécie vegetal. Já que a empresa deve se ater à continuidade da vida equilibrada de nossa sociedade através da sustentabilidade de nosso progresso, tal atitude, citada anteriormente, não se enquadra na verdadeira função social.22

Na concepção de Amaral, “a função social da empresa se vincula à atividade empresarial desenvolvida, podendo ser dividida em duas espécies: endógena e exógena, de acordo com os fatores desenvolvidos.”23

Explicita o autor que, a função social de caráter endógeno é aquela que diz respeito aos fatores utilizados na atividade empresarial no interior da produção. Deste modo, fazem parte dessa espécie, as relações trabalhistas desenvolvidas no âmbito empresarial, o ambiente no qual o trabalho é exercido e os interesses dos sócios da empresa.24

Já a função social da empresa, em seu perfil exógeno, leva em conta os fatores externos à atividade desenvolvida pela empresa, onde são compreendidos nessa espécie de incidência, os concorrentes, os consumidores e o meio ambiente.25

O artigo 170 da Constituição Federal demonstra a preocupação do constituinte com a construção de uma sociedade justa e igualitária, onde em seu caput é traçado os limites que deverão ser obedecidos na aplicação dos princípios, dispostos nos incisos do referido artigo. Ao delimitar objetivo relativo à existência digna de todos os brasileiros, deve ser levados em consideração os ditames da justiça social, ou seja, os ditames de uma justa organização social dos componentes da sociedade numa expressa referência ao direito como instrumento social. Assim, devem ser considerados todos os fatores na consecução de atividades econômicas, sendo a principal delas aquela que se dá como o exercício da empresa.26

Portanto, o Estado brasileiro não pode deixar de atrelar a atividade empresarial ao respeito para com a soberania nacional, a atenção aos consumidores, a preocupação e responsabilidade nas questões ambientais, da mesma forma que assegura a livre iniciativa, a livre concorrência e a propriedade privada. Por fim, há necessidade de garantir, através do 22 AMARAL, 2008, p. 119. 23 Ibid., p. 119. 24 Ibid., p. 119. 25 Ibid., p. 119. 26 Ibid., p. 120-122.

texto constitucional, a continuidade de uma sociedade equilibrada, a fim de que se atinja, por meio da ordem econômica, o objetivo de dar vida digna a todos os cidadãos brasileiros.27

3.1.2 A função social no âmbito da lei de falência: instituto da recuperação judicial da

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