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A História do CMEI: escritos, narrativas orais, fotografias

CORPORAL DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE VITÓRIA (ES)

4 A INVESTIGAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS DE MOVIMENTO CORPORAL DAS CRIANÇAS NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO

4.2 A História do CMEI: escritos, narrativas orais, fotografias

Conforme informações constantes no Projeto Político Pedagógico 2007/2008, memórias narradas, depoimentos circunstanciais, informações correntes no interior do sistema e da instituição, fotos, o atual Centro Municipal de Educação Infantil Zélia Vianna de Aguiar iniciou suas atividades em 18 de julho de 1958, portanto, em meados de 2008, completou 50 anos de existência. Em seu longo percurso de guarda, assistência e educação, a instituição foi orfanato e creche, agora é CMEI.

O nome Zélia Vianna de Aguiar foi atribuído à instituição desde os primeiros dias de sua existência, representa uma homenagem em vida à senhora primeira-dama do Estado, em razão do reconhecimento da sua ativa atuação política e administrativa no processo de fundação da instituição, bem como da sua obstinada militância pela promoção das causas socioassistenciais. 20

A Sra. Zélia Vianna de Aguiar nasceu em Muqui (ES), em 16 de julho de 1905, e faleceu na cidade de Guaçuí (ES), em 2 de abril de 1991; era esposa de Francisco Lacerda de Aguiar, político capixaba eleito governador do Espírito Santo pela Coligação Democrática (PTB, UDN, PL, PR, PRP, PST, PTN), por dois mandatos não consecutivos (outubro de 1952 a janeiro de 1955 e de janeiro de 1963 a abril de 1966). Na condição de primeira-dama, foi presidente da Legião Brasileira de Assistência no Estado, por duas vezes. Ainda hoje se comenta que a sua atuação beneficente manteve-se ao longo de muitos anos, talvez de quase toda sua vida política ativa, embora a instituição tenha passado por diversas reformas e sido gerida por diferentes administrações e administradores.

20 A trajetória da Sra. Zélia Viana Aguiar, na condição de primeira-dama nos governos do marido, guarda

forte similaridade com a trajetória de outras primeiras-damas atuantes no País naquela época, tanto no sentido de desempenhar o papel de “mãe dos pobres e desvalidos”, quanto no sentido da sua participação no desenvolvimento do País, quanto no sentido da sua fundamental, embora submissa, contribuição política aos projetos de poder representados pelos seus maridos. Para uma melhor compreensão do envolvimento das primeiras-damas com a política pública de assistência social naquela época, sugerimos a leitura dos trabalhos da professora Ivana Guilherme Simili (UEM). Particularmente: “A construção de uma personagem: a trajetória da primeira-dama Darcy Vargas (1930-1945)”, 2006, texto desenvolvido a partir da sua tese de doutorado, intitulada “Mulher e política: a trajetória da primeira-dama Darcy Vargas (1930 a 1945)”, defendida na UNESP, Assis, em 2004, e recentemente publicada, em forma de livro, pela Editora da UNESP, em 2008.

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A “pupileira”, primeiro nome atribuído à instituição e uma espécie de “comenda” que lhe foi concedida desde o início, confunde a existência da pessoa da ex-primeira dama com a longevidade da instituição de acolhimento infantil que leva o seu nome. Talvez por essa coincidente identificação físico-jurídica, a “comenda pupileira” ecoa através do tempo e é assim que, ainda agora, o CMEI ZVA, essa “instituição senhora”, permanece reconhecida no contexto da cidade de Vitória, principalmente entre os moradores mais antigos do bairro onde se localiza.

Em seu primeiro período de funcionamento, entre 1958 a 1985, por 27 anos, a instituição foi concebida como uma entidade de caráter filantrópico, a “Sociedade de Amparo à Família - Pupileira Zélia Vianna de Aguiar”. Naquele momento, seu principal objetivo era guardar e atender crianças de zero a seis anos, particularmente os filhos de operários da construção civil, trabalhadores do comércio e empregados domésticos, população oriunda das diferentes cidades da Grande Vitória, pessoas que atuavam profissionalmente nos bairros de Santa Luísa e da Praia do Canto, locais de residência da classe média e de alguns ricos do município. No primeiro período, a entidade funcionou em regime de internato, semi-internato, orfanato. Foi, inicialmente, administrada por irmãs de caridade e pela Sra. Malvina Pimentel de Aguiar, nora da Sra. Zélia Viana de Aguiar.

No seu segundo período de funcionamento, entre 1986 a 1998, a instituição funcionou sob a responsabilidade do Estado do Espírito Santo, em parceria com a União. Foi organizada em sistema de creche. Naquele período, a trajetória de entidade era voltada à assistência infantil. Recentemente, em seu terceiro período de funcionamento, a partir de 1999, o ex-orfanato, que até então havia sido transformado em creche, foi municipalizado. Sob a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Vitória, integrado ao sistema municipal de ensino, gerido pela Secretaria de Educação, passou a chamar-se “Centro Municipal de Educação Infantil Zélia Vianna de Aguiar” e, dentro da nova conjuntura da Educação Básica nacional, passou também, além de assistir e cuidar, a responder à demanda por uma proposta pedagógica formal de educação para as crianças de zero a seis anos.

Funcionando sob a responsabilidade do governo municipal, o CMEI ZVA teve como primeira diretora a senhora Maria Angélica Oliveira Frederico (1999 a 2000). Em seguida, assumiu a direção da escola a senhora Sílvia Aparecida Cruzeiro (2001). Ambas as dirigentes foram indicadas pela Secretaria Municipal de Educação, mas, em 2002,

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aconteceu o primeiro processo eleitoral democrático na unidade. Desse primeiro processo eleitoral, emergiu como primeira diretora eleita a senhora Dayse Roberts Lima Freire, que atuou por três anos (2002 – 2005), e foi sucedida, novamente por eleição direta, pela atual diretora, a senhora Eliane Santana Velasco, eleita também para um mandato de três anos (2006-2008), recentemente reeleita para um segundo mandato de três anos (2009-2011).

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Atualmente, o núcleo gestor do CMEI é formado pela diretora e pelos membros do Conselho de Escola, órgão interno composto por representantes dos diversos segmentos da comunidade institucional – pais, professoras, funcionários – eleitos entre pares, supervisionados pela Secretaria e pelo Conselho Municipal de Educação.

4.3 O lugar do CMEI na cidade: localização geográfica da instituição e características