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A Identidade do Instituto Federal do Amapá

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3. CAPÍTULO III – CONSTRUINDO A IMAGEM DO INSTITUTO FEDERAL DO

3.2. A Identidade do Instituto Federal do Amapá

Como o presente estudo busca investigar a imagem do Instituto Federal do Amapá na percepção da comunidade do entorno do câmpus Macapá, tornou-se fundamental conhecer qual a identidade institucional do IFAP, ou qual a sua identidade organizacional ou identidade corporativa, como também chamam os estudiosos do tema, visto que, conceitualmente, identidade e imagem institucionais são interdependentes, não sendo possível tratar de uma sem falar da outra.

Farias (2006, p. 3) remete à relação entre o interior e o exterior, considerando a identidade corporativa “algo profundo” que está “impregnado da forma de ser e de fazer da organização”. Torquato (1991; 2002) preferiu metaforizar, tratando a identidade como o objeto ou o ser da instituição, enquanto a imagem como sombra deste ser.

“A imagem é a sombra da identidade. Quando a identidade não é fixada de maneira adequada, a sombra é muito tênue” (TORQUATO, 1986, p. 115).

Com base nos critérios de Albert e Whetten (1985), verifica-se que o que é central e distintivo do Instituto Federal do Amapá – o pouco tempo de implantação ainda inibe falar em continuidade temporal – não pode ser dissociado dos princípios que embasaram a nova institucionalidade criada pela Lei nº 11.892/2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - EPCT composta por 38 Institutos Federais, estruturados a partir da integração de 31 CEFET’s, 36 Escolas Agrotécnicas Federais e oito Escolas Vinculadas às Universidades Federais.

Eliezer Pacheco (2009) lembra que “os Institutos Federais trazem em seu DNA elementos singulares para sua definição identitária, assumindo um papel representativo de uma verdadeira incubadora de políticas sociais, uma vez que constroem uma rede de saberes que entrelaça cultura, trabalho, ciência e tecnologia em favor da sociedade”.

Nesta nova institucionalidade, escolas de diferentes perfis tiveram que se adaptar ou se reiniventar a fim de se ganhar uma diferente, mas única identidade. Para Freitas et al (20014), “pode-se inferir que a Rede EPCT é composta por vários Institutos com autonomia, mas que comungam dos mesmos objetivos e são possuidoras das mesmas características e identidade”. O desafio enfrentado – e ainda não concluído - pelas instituições da Rede Federal de Educação Profissional convidadas a integrar o novo formato a partir da Lei 11.892/2008 foi tema de estudos de Otranto (2012), que diagnosticou uma crise de identidade entre as instituições.

Quanto à perda de identidade que as instituições que compõem os diferentes campi estão sofrendo, é difícil, neste momento oferecer alguma sugestão, uma vez que os Institutos Federais ainda não consolidaram uma identidade própria. São instituições grandes demais, que se propõem a oferecer ensino em todos os níveis e

29 modalidades, que precisam apresentar resultados numéricos e, no momento, estão preocupadas principalmente com esses números, pois serão avaliadas segundo os critérios de avaliação das universidades federais. Estão, portanto, em crise de identidade, assim como seus diferentes campi. (OTRANTO, 2012. p. 222)

Otranto acredita que o caso das escolas agrotécnicas é ainda mais desafiador pois “a perda de identidade vai desde a desvinculação do adjetivo “agrotécnica”, que demonstrava tratar-se de uma escola de tradição agrícola, até a mudança do logotipo que era exclusivo para cada uma delas, pelo novo logotipo imposto pelo MEC aos IFs, que é igual para todas as instituições. (OTRANTO, 2012, p.218)

Como determina a Lei nº 11.892/2008 (DOU, 2008), os Institutos Federais surgem como autarquias de base educacional humanístico-técnico-científica, com estrutura pluricurricular e multicâmpus, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica em diferentes níveis e modalidades de ensino. No parágrafo único do Artigo 1º da referida Lei, consta que os Institutos Federais, assim como as demais instituições que integram a Rede Federal, possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar.

Nos três parágrafos do Artigo 2º, os Institutos Federais são equiparados às universidades federais.para efeito da incidência das disposições que regem a regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação superior, assim como ganham o papel de instituições acreditadoras e certificadoras de competências profissionais e, finalmente, autonomia para criar e extinguir cursos, nos limites de sua área de atuação territorial, bem como para registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos, mediante autorização do seu Conselho Superior, aplicando-se, no caso da oferta de cursos a distância, a legislação específica.

As finalidades e as características dos Institutos Federais também estão relacionadas na lei de sua criação:

Art. 6º - Os Institutos Federais têm por finalidades e características: I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e

modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;

III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão;

IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no

mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal;

30 V - constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica;

VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino;

VII - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica; VIII - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o

empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; IX - promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente. (DOU, 2008, Seção II, Art. 6)

Um dos componentes dessa Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o Instituto Federal do Amapá, quando criado, em 2008, ainda não tinha uma identidade instalada anteriormente a não ser a criação em lei como escola técnica, já que as atividades de ensino não haviam sido iniciadas.

Além do que está previsto em lei, buscou-se neste estudo a identidade do Instituto Federal do Amapá também na visão de identidade que a própria instituição possui de si mesma, ou seja, os seus objetivos, valores e missão, que encontramos no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), relativo ao período de 2011-2014 (IFAP, 2011). Vale destacar que foi esse documento, o primeiro da história do IFAP, estudado nesta pesquisa, porém o segundo PDI, relativo ao período de 2014-2018, já estava em fase de conclusão no momento de realização do presente estudo.

De acordo com o PDI-IFAP 2011-2014, os objetivos institucionais englobam a oferta de educação profissional do nível médio à pós-graduação, formação inicial e continuada de trabalhadores, pesquisa aplicada, atividades de extensão, estímulo e apoio a processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional, bem como educação superior.

No que se refere ao objetivo de ministrar cursos em nível de educação superior, o PDI detalha que o IFAP vai ministrar os seguintes cursos:

a) cursos superiores de tecnologia visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia;

b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas à formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional;

c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia e áreas do conhecimento;

d) cursos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoamento e especialização, visando à formação de especialistas nas diferentes áreas do conhecimento; e

31 e) cursos de pós-graduação stricto sensu de mestrado e doutorado, que contribuam para promover o estabelecimento de bases sólidas em educação, ciência e tecnologia, com vistas no processo de geração e inovação tecnológica. (IFAP, 2011, p.13)

Os princípios orientadores para definição dos cursos técnicos, tecnológicos e licenciaturas foram pautados, coerentemente, em uma perspectiva de formação humanística que articula a dimensão profissional com a sociopolítica mediante uma ação autônoma nos espaços produtivos e sociais. Os eixos tecnológicos que norteiam a oferta foram os seguintes: Gestão e Negócios; Informação e Comunicação; Infraestrutura; Ambiente; Recursos Naturais; Controle e Processos Industriais; Produção Alimentícia e Apoio Educacional.

Merece especial para compreensão da identidade do Instituto Federal do Amapá a missão institucional que consta no Plano de Desenvolvimento Institucional, já que a missão é a declaração expressa do que a instituição é, ou seja, a sua identidade seguindo os critérios de centralidade, distintividade e unicidade histórica propostos por Albert e Whetten (1985):

Oferecer de forma gratuita ensino, pesquisa e extensão no âmbito da educação profissional superior e pós-graduação preparando pessoas para o trabalho e para o exercício da cidadania. (IFAP, 2011, p.9)

Ao analisar o texto da missão, pode-se observar os seguintes tópicos como inerentes à identidade do Instituto Federal do Amapá:

 A gratuidade no ensino;

 O tripé ensino-pesquisa-extensão;

 Educação profissional superior e pós-graduação;  A preparação de pessoas para o trabalho; e

 A garantia de condições – essas entendidas como a capacitação para o mercado de trabalho - para exercício da cidadania.

Como “Visão de futuro”, o PDI do IFAP 2011-2014 traz a proposta de a instituição “consolidar-se como centro de excelência na educação profissional e tecnológica formando pessoas para o mundo do trabalho globalizado” e, para isso, define os seguintes princípios norteadores:

I. Compromisso com a inclusão e justiça social, equidade, cidadania, ética, preservação do meio ambiente, em especial o amazônico, transparência e gestão democrática;

32 níveis e modalidades de ensino de atuação do Instituto Federal do Amapá;

III. Eficácia nas respostas de formação profissional, difusão do conhecimento científico e tecnológico e suporte aos arranjos produtivos locais, sociais e culturais; IV. Inclusão de indígenas, quilombolas e pessoas com deficiências e necessidades educacionais especiais;

V. Natureza pública e gratuita do ensino, sob a responsabilidade da União; VI. Respeito ao pluralismo de ideias e liberdade de expressão;

VII. Excelência acadêmica;

VIII. Adequar e flexibilizar métodos, critérios e procedimentos acadêmicos as especificidades locais dos Câmpus. (IFAP, 2011, p.10)

Os princípios do ensino são só seguintes segundo o PDI:

I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

IV. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V. Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

VI. Gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII. Garantia de padrão de qualidade;

VIII. Piso salarial nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (IFAP, 2011, p.10)

Outro elemento que deve ser considerado parte da identidade do Instituto Federal do Amapá é a sua marca ou logotipo, que, de acordo com os estudiosos da temática, refere-se à identidade visual, ou seja, é a identidade vista, tangível, através de formas escolhidas para retratar a missão institucional. Como citado acima, a identidade visual a Rede EPCTé única.

De autoria do Ministério da Educação, o Manual de Uso da Marca dos Institutos Federais (MEC, 2009b) foi lançado logo após a lei de criação das 38 autarquias e diz que a “identidade visual do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) foi construída sobre a ideia do homem, integrado e funcional” e “utiliza-se de quadrados que se encaixam como numa rede e inclui o homem e seu pensamento como ideia central e objeto de educação, formação e capacitação”.

33 O manual diz que a marca única “deve ser preservada e apresentada sempre em conformidade com o padrão e as normas deste manual”, bem como que “a leitura IF é notadamente expressa e percebida, mas é importante a manutenção da inscrição na lateral direita, alinhada pela base, em suas versões simplificada (IF) ou completa (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia).

A identidade do Instituto Federal do Amapá, portanto, é construída com base nos principais elementos citados neste subitem, incluindo, entre outros, as finalidades legais, os objetivos estratégicos e a missão institucional, sendo sintetizada na sua marca completa

(Figura 7):

Figura 7 – Logomarca completa do Instituto Federal do Amapá Fonte: Arquivo da Ascom/IFAP, 2010

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