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A IMPLANTAÇÃO DA UFT NO ESTADO DO TOCANTINS

No documento dis DenildaCFARIA OK (páginas 140-146)

Para falar sobre o processo de implantação da Universidade Federal do Tocantins – UFT, torna-se relevante fazer uma breve retrospectiva sobre a história da universidade do Tocantins – Unitins, pois, a criação da UFT se deu a partir da federalização dessa universidade.

A Unitins foi criada pelo Decreto nº 252/90, de 21 de fevereiro de 1990, instituída pela Lei nº 136/90, de 21 de fevereiro de 1990 e autorizada para funcionamento pelo Decreto nº 2.021/90, de 27 de dezembro de 1990. A Unitins

passou por várias mudanças na sua forma de funcionamento, primeiramente, foi organizada na forma de Fundação de direito público, instituição subsidiada pelo Estado até por volta do ano de 1992, quando foi reestruturada e transformada em uma autarquia do sistema estadual. Com a aprovação da Lei 872/96, em 13 de novembro de 1996, foi extinta a forma de atuação da instituição como autarquia e com a posterior sansão da Lei nº. 1.126/00, de 01 de fevereiro de 2000 a universidade foi efetivamente transformada em uma Fundação de direito privado (UFT, PROJETO POLÍTICO INSTITUCIONAL – PPI, 2007).

A mudança ocorrida na natureza jurídica da Unitins, de pública para privada, mobilizou a população e em especial a acadêmica, que “organizou uma série de manifestações que marcaram um longo período de lutas, paralisações, passeatas e mobilizações que acabaram por desencadear a suspensão da cobrança de mensalidades e a re-instituição da universidade pública e gratuita” (UFT, PROJETO POLÍTICO INSTITUCIONAL – PPI, 2007).

Souza (2006, p. 91) observa o anseio da população tocantinense pela criação da universidade federal já presente desde o início dos anos 90 do século XX, “no entanto ela só começou a se tornar realidade mais palpável quando da mensagem presidencial que encaminhou o projeto de Lei nº. 3.126/2000”. O projeto teve como relator o Deputado Paulo Mourão, na época, o relator argumentou que o Tocantins era o único Estado da Federação que não possuía uma universidade federal, mencionou que para viabilizar a implantação da universidade federal, “já haviam sido encaminhadas negociações, no sentido de proceder à absorção do patrimônio e do corpo discente da universidade estadual”.

Com a aprovação do Projeto de criação da universidade federal, PINHO (2007) discorre que o Governador do Estado do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos, em 19 de junho de 2000, sancionou a lei nº. 1.160, que determinava a passagem da Unitins do âmbito estadual para o federal. Segundo a autora, a lei nº. 10.032, de 23 de outubro de 2000, promulgou e autorizou a instalação da Fundação Universidade Federal do Tocantins – UFT e através do Decreto nº. 4.279, de 21 de junho de 2002, foi designado à Universidade de Brasília – UNB a responsabilidade de implantação da UFT, “que veio ser implantada somente em 2003, quando ocorreu

o primeiro concurso público para o provimento de vagas nos cargos de professor assistente e de professor adjunto” (PINHO, 2007, p. 61).

Micheotto, Maia e Zainko (2006, p. 55), em análise do número de matrículas e de concluintes nas instituições públicas no Tocantins, no período de 1991 a 2003, apontam um dado interessante, ou seja,

comprova que a universidade federal é fruto de desmembramento da estadual, da qual herdou os cursos presenciais, uma vez que, ao iniciar as atividades, em 2003, já apresenta não apenas matrículas, como concluintes. Das 17.216 vagas que a Unitins (estadual) ofereceu em 2002, perto de 7.000 passam para a federal, mantendo a estadual as matrículas restantes, cerca de 10.000. Tem-se a informação de que essas vagas são de cursos a distância, que a Unitins manteve.

Com o encerramento do prazo das atividades de implantação da UFT, sob a responsabilidade da UNB, em 01 de agosto de 2003, assume o cargo de reitor pró-tempore da UFT, Sérgio Paulo, professor titular do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Goiás – UFG e Vice-reitor da UFG, no período entre 1990 e 1994 (SOUZA, 2006). Ainda, de acordo com Souza (2006) o novo reitor deu continuidade no processo de composição do quadro de pessoal docente e técnico administrativo, pois o quadro de pessoal da UFT, ao longo do ano de 2003 e 2004, é assim sintetizado pela autora,

Conviveram, no interior da UFT, professores já ocupantes de cargos da carreira de magistério superior federal e professores que continuavam sendo contratados pela Unitins, no regime da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas - e, que, nos termos do convênio celebrado em 2002, eram designados para desempenharem suas funções atuando nos cursos da UFT. Essa mesma situação se deu com o quadro de servidores técnico- administrativos, porém com quase cem por cento dos servidores sendo oriundos do convênio firmado com a Unitins (SOUZA, 2006, p. 116).

No Governo Luis Inácio Lula da Silva, foi nomeado o reitor definitivo, professor Alan Barbiero, eleito para o mandato de 13 de julho de 2004 a 13 de julho de 2008. Com a homologação do Estatuto da Fundação Universidade Federal do Tocantins, no ano de 2004, foi realizada a convalidação dos cursos de graduação e os atos legais praticados até aquele momento pela Fundação Universidade do

Tocantins - Unitins. A partir desse processo, a UFT incorpora os cursos presenciais de graduação e o curso de Mestrado em Ciências do Ambiente, ofertados pela Unitins, bem como absorveu mais de oito mil alunos, além de receber os materiais, equipamentos e a estrutura física dos campi já existentes e dos prédios que estavam em processo de construção (UFT, PROJETO POLÍTICO INSTITUCIONAL – PPI, 2007).

De acordo com o Planejamento Estratégico - PE (2006 – 2010) a missão da UFT é “produzir e difundir conhecimentos visando à formação de cidadãos e profissionais qualificados, comprometidos com o desenvolvimento sustentável da Amazônia” e a visão de futuro é que “até 2010, a UFT será uma Universidade consolidada, um espaço de expressão democrática e cultural, reconhecida pelo ensino de qualidade e pela pesquisa e extensão voltadas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.

A UFT é uma universidade multicampi, constituída de sete campi localizados em diferentes regiões do Estado do Tocantins: Araguaína, Arraias; Gurupi; Miracema, Palmas, Porto Nacional e Tocantinópolis, que oferecem cursos em diversas áreas, conforme pode ser observado na quadro 03.

Quadro 3 – Cursos oferecidos nos campi da UFT

Campus Cursos de Graduação Cursos de Pós Graduação

Araguaína Matemática, Geografia, História, Letras, Medicina Veterinária, Zootecnia, Biologia, Física, Química, Tecnologia em Gestão de Cooperativas, Tecnologia em Gestão de Turismo, Tecnologia em Logística e Biologia (modalidade a distancia).

Lato Sensu: Clínica e Cirurgia de

Pequenos Animais Domésticos; Geografia: Planejamento Urbano e Regional; História e Sociedade: Tradições e Inovações; Leitura e Produção Escrita; Matemática; Produção de Bovinos de Leite; Segurança Pública,

Scritu Sensu: Mestrado e Doutorado em

Ciência Animal Tropical e Mestrado Interinstitucional em Letras

Arraias Matemática e

Pedagogia e Biologia (modalidade a distância)

Gurupi Agronomia, Engenharia Biotecnológica, Engenharia Florestal e Química Ambiental e Biologia (modalidade a distância)

Scritu Sensu: Mestrado em Produção

Vegetal.

Miracema Pedagogia e Serviço

Social Lato Sensu: Educação Matemática, Educação Rural, Orientação Educacional Scritu Sensu: - Palmas Administração, Arquitetura e Urbanismo, Artes, Ciências da Computação, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Direito, Enfermagem, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia Elétrica, Filosofia, Medicina, Nutrição e Pedagogia.

Lato Sensu: Comunicação, Sociedade e

Meio Ambiente; Docência do Ensino Superior; Gestão Empresarial; Infra- Estrutura Urbana; Microbiologia: Fundamento e Biotecnologia; Planejamento e Gestão Ambiental, Recursos Hídricos; Gerontologia: A Inserção do Velho no Mundo

Contemporâneo.

Scritu Sensu: Mestrado em

Agroenergia, Mestrado em Ciências da Saúde, Mestrado em Ciências do

Ambiente, Mestrado em

Desenvolvimento Regional e

Agronegócio Porto

Nacional Ciências Biológicas, Letras, Historia e Geografia.

Lato Sensu: Educação Ambiental,

Geografia, História da África, da Cultura Negra e do Negro no Brasil; História Social; Língua Inglesa e Literatura Anglo-Americana; Literatura Luso- Brasileira;

Scritu Sensu: Mestrando em Ecologia

de Ecótonos Tocantinópoli

s Ciências Sociais e Pedagogia Lato Sensu: Docência do Ensino Superior; Educação Matemática e Gestão Educacional

Scritu Sensu: -

Fonte: Catálogo de Cursos - 2010 e Manual de Pós-Graduação 2008 Elaboração própria

Conforme o Catálogo de Cursos (2010), os campi universitários são “unidades responsáveis pela execução do ensino, pesquisa e extensão, em múltiplas áreas do conhecimento. A eles estão vinculados os cursos de graduação e pós-graduação, assim como as unidades de pesquisa e os programas de extensão”.

A Reitoria da UFT esta localizada em Palmas, estando os demais campi espalhados pelo Estado, localizados conforme mapa abaixo. Pode-se observar na quadro 03, que o campus de Palmas é o que possui maior número de cursos de graduação, dentre eles, destaca-se, os cursos na área de Saúde e Engenharia, com maior demanda por parte da população, conforme concorrência do vestibular 2010.1 da UFT disponível no site da Comissão Permanente de Seleção - Copese27, enquanto os cursos de menor concorrência encontram-se nos campi do interior do Estado, principalmente, os cursos de licenciaturas, voltados para a formação de docentes.

Figura 2 – Localização dos Campi da UFT no Estado do Tocantins

Fonte: http://www.site.uft.edu.br/external/mapa.html

Com a implementação do REUNI na UFT em 2007, novos cursos incrementam a estrutura multicampi, “a criação de Ciências Sociais, Engenharia Florestal, Medicina e Serviço social, respectivamente nos campi de Tocantinópolis, Gurupi, Palmas e Miracema, deram uma dimensão qualitativa ao processo de expansão da UFT em 2007” (RELATÓRIO DE GESTÃO 2004-2008).

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Ainda de acordo com o Relatório de Gestão (2004-2008), a interiorização dos campi, contemplou também a ampliação de vagas e a criação de mais cursos no período noturno, como meio de garantir a democratização. No ano de 2007, “a UFT ofertava 2,2 mil vagas em seu vestibular (para acesso em 2008). Em 2008, para acesso em 2009, esse número sobe para 3,2 mil, ocorrendo o mesmo com a oferta de turnos noturnos que, em igual período, subiu de 835 para 1,4 mil.

No próximo tópico apresenta-se algumas Políticas de Ações Afirmativas adotadas pela UFT como forma de promover a inclusão dos estudantes de origem popular na instituição, a fim de perceber se existe alguma vinculação dessas com o programa em estudo, que será abordado no capítulo seguinte.

4.3 AS MEDIDAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS: O PROCESSO DE ACESSO E

No documento dis DenildaCFARIA OK (páginas 140-146)

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