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A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI)

4 AVALIAÇÃO DO PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI) EM

4.2 A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI)

Como foi relatado anteriormente, no tópico 4.1, o processo de ampliação do acesso à educação superior em Natal, através de políticas públicas, como a implementação do ProUni no município, ocorreu concomitantemente com o resto do país.

Entre as políticas públicas criadas nos últimos anos, o ProUni é um programa que obteve adesão da maioria dos municípios brasileiros. A capital do RN, através de suas instituições privadas de ensino superior, começou a participar do programa no primeiro ano de sua criação, em 2005.

Todas as grandes faculdades privadas da cidade aderiram ao ProUni no primeiro ano. Muitas aderiram e depois foram compradas, mudando às vezes, o nome da instituição de ensino, os donos, mas permanecendo com a adesão ao programa. Pois, a política de isenção de impostos acordada com a parceria entre governo e instituições de ensino interessa e gera benefícios para o setor da educação privada.

No quadro que faz referência ao número de bolsas ofertadas por município, segundo informações obtidas no site institucional do programa, em 2005, em Natal, mostra que foram oferecidas 1.462 bolsas, sendo 485 integrais e 977 parciais. Assim, a adesão dos estudantes foi grande ao programa na capital, como em todo país.

A quantidade de bolsas que pode ser ofertada nas instituições de ensino é regulamentada no decreto oficial de adesão das faculdades privadas ao ProUni. Portanto, o ProUni desde seu primeiro ano é um programa muito procurado pelos estudantes, que se esforçam para tirar uma boa média no Enem e, dessa maneira, conseguirem uma bolsa no curso que desejam pelo programa.

No entanto, a quantidade de bolsas oferecida no município variou a cada ano do programa. Em alguns anos, esses dados aumentavam um pouco e em outros diminuíam. Atualizando os dados para o ano de 2016, é visível identificar que na capital potiguar houve uma pequena diminuição do número de bolsas ofertadas, se compararmos com o ano de 2005.

Em 2016, as instituições privadas de ensino superior ofereceram na cidade 1287 bolsas, sendo 767 integrais e 520 parciais.

Diante desses dados mais recentes do número de bolsas do ProUni em Natal, nota-se que a quantidade de bolsas integrais ofertada pelas instituições de ensino ultrapassou as parciais. Uma configuração que se modificou em relação ao início do ProUni, pois, no ano de 2005, a maior parte de bolsas que foram ofertadas em Natal era parcial.

Desde o início do ProUni, as instituições privadas fizeram adesão, ampliando o acesso em seus cursos de graduação e estabelecendo regras próprias em relação a documentos, determinando normas para o prounista que variam conforme o estabelecimento de ensino escolhido pelo estudante, cada um apresentando suas especificidades.

De acordo com depoimento de Nelson Euclides, representante do ProUni, na Universidade Potiguar (UnP), em uma de suas unidades de ensino: “O ProUni nasceu em um decreto de 2004 e desde então a Instituição já aderiu a este Programa que iniciou em 2005 e passou a ter a participação dos alunos propriamente ditos na inclusão do Programa”15.

As faculdades privadas da capital ampliaram o número de alunos bolsistas a partir dos programas sociais do governo federal. Entre as bolsas concedidas nas instituições, estão as bolsas ProUni e as bolsas do Fies. Dessa forma, é importante destacar que existem diferenças no aluno prounista, que é a nomenclatura que foi sendo culturalmente adquirida pelo bolsista ProUni e o aluno que financia seu curso pelo Fies.

Um ponto fundamental que diferencia o público-alvo dos programas é a exigência de uma determinada pontuação para alunos que almejam concorrer a uma bolsa do ProUni, ou seja, para ser contemplado com uma bolsa, o estudante potiguar, assim como o de outros estados, precisa atingir uma média de pontos no Enem que, no mesmo padrão de todo país, lhe permitiria ingressar em uma faculdade pelo programa.

Outra das diferenças e das obrigações dos estudantes é que o ProUni não é um financiamento, mesmo com juros baixos e condições diferenciadas, mas sim uma bolsa de estudos que não impõe custos referentes a pagamentos de mensalidades durante ou após o término do curso. Portanto, para continuar com a bolsa, tendo a tranquilidade de não ter que custear seus estudos, é necessário um nível de aproveitamento exigido nas disciplinas, assim, é um programa que tem suas regras e que o aluno prounista deve seguir com seriedade e compromisso.

Na cidade de Natal, outro programa foi criado em 2008, que tinha como objetivo custear uma parte dos estudos nas faculdades privadas. O ProEduc (Programa de Incentivo a Educação Universitária) custeava 50% das mensalidades para estudantes residentes em Natal- RN, oriundos de escolas públicas, fundações, institutos federais, entre outros.

O ProEduc foi iniciado na gestão da prefeita Micarla de Souza, em 2008, e nas gestões de Carlos Eduardo Alves, atual prefeito da cidade, vem sendo proposto o seu encerramento. O programa obteve várias críticas em relação ao gasto da prefeitura com a educação superior, que não é da competência municipal. Conforme matéria no jornal Tribuna do Norte, de 1º de novembro de 2016, o prefeito argumentou que o programa é importante, mas não é de sua competência e que a prefeitura deve arcar com a educação básica.

Nesse sentido, além do ProUni e do Fies, que são programas nacionais, o ProEduc também teve, em Natal, o objetivo de ampliar o acesso de alguns setores sociais a um curso universitário. Cada um desses programas possui suas especificidades e contemplam setores da sociedade considerados pobres ou pertencentes, também, a algumas minorias sociais, como é o caso do ProUni.

De acordo com os gestores entrevistados, nas instituições de ensino privadas, o público do programa são, em sua maioria, estudantes que vieram de escola pública, que muitas vezes enfrentam as dificuldades estruturais da Educação Básica no país no que diz respeito à situação das escolas, à falta de valorização dos professores, às dificuldades de se manter estudando diante da necessidade de trabalhar para contribuir com suas famílias. Conforme Alex Lemos, representante do ProUni na Estácio-Fatern:

Normalmente são estudantes que, de acordo com o cronograma do ProUni, do Ensino Médio, têm uma renda familiar em até um salário mínimo e meio, que é também regulamentado pelo MEC, e usam o ProUni como um meio de ingressar no Ensino Superior (Alex dos Santos de Lemos, entrevista concedida à autora, 15 jun. 2016).

De acordo com a fala de Alex, o ProUni é um meio de o aluno conseguir ingressar em um curso superior. Nesse sentido, em grande parte, os alunos bolsistas do ProUni desejavam e tentaram, algumas vezes, entrar em uma universidade pública e não foram bem-sucedidos nos processos seletivos, não obtiveram uma média no Enem que os permitissem ingressar nesses estabelecimentos públicos.

No entanto, esses estudantes que convivem, em sua maior parte, com a dura situação da educação pública básica no país, apresentam, ao chegar às faculdades, em muitos casos, um déficit no aprendizado em relação às disciplinas básicas como o português e a matemática,

que são áreas de conhecimento essenciais para outros níveis de ensino, como é o caso da oportunidade de cursar uma graduação, um curso no âmbito superior da Educação.

Assim, muitas instituições de ensino privadas têm como forma de inclusão e apropriação de conteúdos indispensáveis para a permanência, com qualidade, desses alunos em suas unidades acadêmicas um processo de nivelamento educacional. Conforme Maristela de Carvalho, gestora de uma das unidades da Faculdade Mauricio de Nassau:

Então, aqui, quando o aluno chega, nós temos que trabalhar essa defasagem. Então, o que não é feito muitas vezes em outras Instituições, aqui a gente faz todo um levantamento dessas fragilidades pra que ele possa acompanhar o curso que ele tem o sonho em fazer, por que não adianta ele sonhar em ser Engenheiro e não saber Matemática... Então a gente trabalha o Português Instrumental, Matemática Instrumental, com o Básico, para que ele possa dar continuidade (Maristela de Carvalho, entrevista concedida à autora, 17 maio 2016).

Segundo os gestores das instituições de ensino em Natal-RN, o aluno do ProUni, principalmente nos primeiros semestres, ao se deparar com o universo acadêmico e as exigências dos cursos de graduação demonstram essa fragilidade em campos do conhecimento indispensáveis para seu aprofundamento em um curso universitário.

O ProUni tem um nível de exigência para que o aluno contemplado com uma bolsa de estudos possa continuar com esse benefício e é exatamente por não querer perder a condição de bolsista que muitos estudantes prounistas têm corrido atrás do prejuízo de anos de precariedade educacional, se esforçando para superar sua média e suas limitações. Ao abordar o assunto, Laércio Luiz da Silva, representante do programa na Faculdade Maurício de Nassau considera que o público do ProUni

É aquele aluno, eu acredito, que é muito mais preocupado com o dia do amanhã... Eles são alunos com um aproveitamento acadêmico surpreendente, na maioria deles, evidente que tem aqueles alunos que deixam a desejar. Porém, no início da Faculdade, eles têm aquela bela defasagem por conta do Ensino Público (Laércio Luiz da Silva, entrevista concedida à autora,17 maio 2016).

Conforme o depoimento de Laércio, apesar de sentirem dificuldade em acompanhar as atividades acadêmicas, pois são, na maior parte, oriundos das escolas públicas ou bolsistas em escolas privadas, os estudantes do programa têm demonstrado resultados satisfatórios ou mesmo surpreendentes diante de suas realidades sociais.

Essa parcela da sociedade faz parte de um público mais preocupado com o futuro. O aluno do ProUni pertence a um público que deseja muito cursar uma faculdade, que tem objetivos profissionais bem consistentes, apesar de serem, em sua maioria, jovens entre 18 e 24 anos.

De acordo com depoimento de Nelson Euclides, representante do ProUni na UnP, logo quando iniciou, foi discutido entre instituições e o próprio governo sobre o perfil do estudante ou do candidato que iria ingressar no programa.

No primeiro semestre de 2005, o público que se inscreveu e se apresentou era um público realmente muito deficiente porque era um público carente, vindo de Escolas Públicas, era realmente um pessoal muito deficiente academicamente, pelo ensino, pelo preparo do Ensino Médio. E inclusive, em uma dessas reuniões em Brasília, abordei o tema de que nós teríamos muitas dificuldades no acompanhamento desse pessoal, porque como se ele tem uma deficiência no Ensino Médio ou na Base, logicamente ele vai ter na Faculdade (Nelson Euclides, entrevista concedida à autora, 17 maio 2016).

Diante dessa realidade apresentada, segundo o depoimento de Nelson Euclides, um dos critérios para renovação dessa bolsa passou a ser exatamente o rendimento acadêmico satisfatório. Dessa forma, o aluno que ingressa em uma instituição privada de ensino superior com uma bolsa do ProUni não pode ficar reprovado em mais de 25% das disciplinas cursadas no semestre anterior. Sobre isso, Nelson reflete:

A gente via isso como um impedimento muito grande e um empecilho pra esse pessoal, quer dizer, eu tinha na mente que eles iriam se prejudicar, porque não iriam atingir o rendimento acadêmico e iriam perder a Bolsa, porque perde a Bolsa. Hoje já mudaram as regras e com dois semestres depois, houve outra reunião, inclusive o nosso Diretor foi a Brasília e esteve com o Ministro e a gente se surpreendeu, porque os melhores alunos da Instituição, inclusive com alunos que ganharam, sempre foram laureados, eram alunos do ProUni. Então a gente se surpreendeu, por quê? Porque diante dessa deficiência, eles se superaram e conseguiram (Nelson Euclides, entrevista concedida à autora, 17 maio 2016).

Então, foi possível perceber o processo de superação em que passou o bolsista do ProUni para atingir a média exigida ou até mesmo ser laureado no término de suas graduações, ou seja, para obter resultados surpreendentes, que ultrapassaram alunos não bolsistas da instituição.

O aluno ProUni foi identificado, a princípio, como aquele oriundo de escola pública, que apresentava dificuldades em acompanhar o conteúdo das disciplinas, mas que em sua

maioria demonstrou superação. Vale ressaltar que para ser bolsista do programa, o estudante tem que atingir uma média de 450 pontos no Enem e não pode tirar zero na redação, o que exige uma maior dedicação dos bolsistas, sendo esse um dos pontos que diferencia o público que ingressa pelo ProUni do público do Fies.

A partir de algumas exigências para se manter com a bolsa do programa, os alunos têm ultrapassado expectativas e até mesmo sido os melhores alunos das instituições. De acordo com Patrícia de Vasconcelos, gestora da Estácio-Fatern, no que se refere ao público do programa: “São alunos de excelência, no sentido de educação. Eu considero que estão entre os melhores alunos da instituição, em termos de formação” (Patrícia de Vasconcelos, entrevista concedida à autora, 15 jun. 2016).

Como é possível ver no depoimento dos gestores, o aluno que é bolsista do programa tem se destacado com suas potencialidades nos cursos de graduação, e, mesmo com dificuldades em se manter nas faculdades, lutam e persistem diante das adversidades.

De toda forma e, contudo, existe uma evasão no programa, reflexo de parte dos bolsistas não conseguir se manter nas faculdades. O acesso é garantido pelo governo federal, a partir da concessão da bolsa de estudos, mas a permanência desses alunos é um processo que vai depender de outros fatores que vão além de conseguir a bolsa de estudos.

Um dos fatores para a evasão pode ser o estudante não conseguir atingir a média exigida para se manter no programa, o que tem mudado a partir de uma seleção mais rigorosa e que exige que o estudante que concorre a uma bolsa do ProUni acerte um nível de pontos para conseguir ingressar na faculdade. Sobre a evasão, de acordo com Nelson Euclides:

Agora, logicamente o índice de evasão é grande... Em torno de 10% do pessoal. Evasão, que eu digo, por conta do rendimento acadêmico. Mas, hoje, o Programa tem o Enem, que é uma seleção muito boa, que é Nacional. O perfil realmente mudou muito de 2005 pra cá. E está realmente tendo boa seleção, lógico, existem todos os tipos, mas realmente melhorou (Entrevista concedida à autora, 17 maio 2016).

Conforme a opinião de Nelson, a partir do momento que houve uma maior rigorosidade em relação à pontuação para ser bolsista, tendo o aluno que atingir uma nota mínima para conseguir manter seu benefício, muitos alunos se esforçaram para não perder a oportunidade e não se evadir.

A questão da permanência no curso de graduação envolve diversos fatores como a necessidade de trabalhar para arcar com os custos do curso, compra de material, livros,

apostilas, computador, como também de se alimentar, locomover, entre outros. Sobre essas dificuldades, Patrícia Vasconcelos destaca:

A única coisa que eu vejo, é que tem muito aluno que mesmo sendo ProUni não consegue continuar na Instituição. Por quê? Porque o acesso à Bolsa, em si, vamos dizer assim, ele é mínimo. O aluno, para estudar, precisa de transporte pra vir, precisa de vestimenta para vir, principalmente se for do curso de saúde, que exige desde o primeiro dia jaleco. Ele precisa se alimentar, porque são cursos que, como no caso da Saúde, eles passam dias dentro da Instituição. Então acaba que o aluno muitas vezes não consegue chegar até o final. Então, não é só pensar num Programa, onde ele tem o acesso à Faculdade, no sentido de ter como estudar, mas de como ele pode, também, continuar estudando. Entendeu? Tem até aquela bolsa-auxílio e tudo, mas, eu acho que é uma parte que tem que ser repensada (Patrícia de Vasconcelos, entrevista concedida à autora, 15 jun. 2016).

De acordo com o depoimento, em se tratando de acesso, o programa tem garantido essa questão aos estudantes, mas ainda existem dificuldades que se apresentam na vida dos bolsistas que, muitas vezes, colaboram para a não permanência nas faculdades, na desistência do tão desejado curso universitário.

O ProUni oferece uma bolsa-auxílio, principalmente para alunos da área da saúde e que precisam passar o dia se dedicando às atividades acadêmicas, aos laboratórios e estágios, não tendo como conciliar, muitas vezes, trabalho e estudo. Esse auxílio, porém, ainda é restrito a poucos estudantes que conseguem ser contemplados e, assim, de acordo com Alex Lemos:

Como nós temos alguns cursos da área que têm a carga horária mais elevada do que os cursos normais, nós temos na área de Saúde, no caso, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, são cursos que participam da Bolsa Permanência, que é uma ajuda de custo que o Governo dá, em torno de uns R$300 ou R$400, pra custear a questão acadêmica, como livros, apostilas, locomoção pra estudo, pra alunos que realmente necessitam. Isso é uma avaliação feita pelo MEC, de acordo com o cadastro que eles fazem, acho que eles informam ao ProUni e eles fazem essa análise e contemplam as pessoas que se enquadram no perfil (Alex dos Santos de Lemos, entrevista concedida à autora, 15 jun. 2016).

A bolsa-auxílio tem o valor de R$300 e se destina a alguns estudantes que foram selecionados para participar do programa e precisam se dedicar integralmente ao curso. Esses estudantes que não têm condições de se manterem no curso sem trabalhar precisam desse auxílio financeiro para permanecer na faculdade, participando de todas as atividades exigidas pela grade curricular do curso de graduação.

Muitos estudantes não conseguem o auxílio e sentem dificuldade para permanecer estudando. Essa realidade acaba levando muitos bolsistas a desistirem da faculdade, não conseguindo levar adiante sua graduação, tendo que escolher entre trabalhar para sobreviver, ajudar em casa e custear os estudos ou se dedicar de forma integral às atividades acadêmicas.

O ProUni, como toda política pública, pode apontar algumas falhas e necessidades de ajustes ou aprimoramento. Sobre o assunto, Laércio Luiz da Silva aponta um fato que poderia ser modificado:

Um aluno hoje bolsista pode concorrer a outra bolsa... Eu acho que isso poderia prejudicar àqueles alunos que tão pretendendo alcançar a oportunidade de uma bolsa (Laércio Luiz da Silva, entrevista concedida à autora, 17 maio 2016).

Nesse caso, o aluno bolsista pode concorrer à outra bolsa e se conseguir terá que optar por uma delas, mas, segundo a opinião de Laércio, ao fazer uma opção por outra bolsa, esse aluno acaba ocupando o lugar de um estudante que realmente queria determinado curso e não conseguiu por esse aluno bolsista ter tido a oportunidade de se candidatar novamente.

Conforme Nelson, existiam pessoas que às vezes tentavam ludibriar e não relatavam a realidade de suas condições socioeconômicas a fim de conseguirem a bolsa do programa. É exatamente por isso que foram criadas as comissões que supervisionam o processo seletivo. Existem critérios estabelecidos para se candidatar a uma bolsa do programa e as comissões de controle para averiguar as informações. Segundo Nelson,

Tem alguns pré-requisitos: que você não seja graduado, não pode ter graduação, você ter uma renda per capita de um e meio salário mínimo, do grupo familiar, e ter estudado em Escola Pública ou em Escola Privada com bolsa integral. Esses são os critérios básicos. E ter feito o Enem, que é a seleção para se entrar. E muitas pessoas colocam exatamente... Eles não colocam a verdade na inscrição e tentam ludibriar. A supervisão vem pra isso. Porque a supervisão é feita pelo MEC, ele faz um cruzamento de CPF, tanto do candidato como do grupo familiar com o Detran, com a Receita Federal e com instituições públicas e privadas, porque ele tem todo o controle de quem concluiu, de quem já é graduado. Só que ele faz isso depois de seis meses, não faz na época do processo seletivo, só faz depois. Mas, mesmo assim, ele manda os nomes das pessoas que são suspeitas de fraude, nós convocamos e pedimos explicações. Muitos deles, realmente... quem é graduado não tem como explicar. Quem é vinculado à instituição pública não pode ter dois vínculos. Só que a instituição pública também tem nos ajudado dizendo assim: “Se você tiver vínculo, já avisa lá”. E nós perguntamos, também, mas o cara... Se você tiver algum benefício do Governo, você não pode, tem que escolher, tem que optar. Então, é mais ou menos isso (Nelson Euclides, entrevista concedida à autora, 17 maio 2016).

De acordo com ele, uma das críticas que se faz ao processo seletivo é esse resultado sobre os dados referentes aos documentos apresentados pelos candidatos à bolsas de estudos pelo programa, contra cheques falsos, principalmente para cursos caros como medicina, que