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A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA

Compreendemos que a gestão escolar democrática é aquela em que todos particpam para melhorar a qualidade educacional. Deve, portanto, propiciar a participação da equipe na apropriação dos resultados educacionais das avaliações externas, para que, dessa maneira, se obtenha subsídios para o planejamento educacional, observando as dificuldades no aprendizado de determinadas habilidades e, a partir de discussões, buscar melhoria nos resultados da distorção idade-série; uma vez que a gestão pedagógica é responsável no acompanhamento de planos e práticas de melhora do ensino.

Em outras palavras, é da competência da direção, por meio da gestão pedagógica, e do apoio dos professores e a ajuda da família promover o aprendizado, oportunizando, equitativamente, aos alunos a busca e a construção do conhecimento na idade certa. Não bastando apenas conhecer os problemas que cercam a educação em todos os seus níveis, é preciso conhecer e compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos e buscar meios de corrigi-las, para que os alunos possam concluir seus estudos com reais condições de igualdade de estudos no devido tempo.

Não basta mostrar-se totalmente disponível para um aluno: é preciso também compreender o motivo de suas dificuldades de aprendizagem e saber como superá-las […]. Certas aprendizagens só ocorrem graças a interações sociais, seja porque se visa ao desenvolvimento de competências de comunicação ou de coordenação, seja porque a interação é indispensável para provocar aprendizagens que passem por conflitos cognitivos ou por formas de cooperação (PERRENOUD, 2000, p. 56).

Nas palavras do autor é compreendido que a aprendizagem é um processo que só ocorre graças às intenções sociais. Compreende-se que é preciso um trabalho de todos pela educação. Gestão, professores e a família para que os alunos tenham uma aprendizagem satisfatória. E, dessa forma, possibilitar uma educação de qualidade que propicie ao educando a aquisição de conhecimentos propícios a vida integrada com reais possibilidades de vida cidadã.

Como já destacado na Constituição Federal (1988), em seu artigo 206, destaca que “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988). A própria carta magna estabelece que a gestão escolar deva ser democrática e participativa. Entende-se que democrático é quando todos são ouvidos e suas ideias respeitadas e valorizadas. É o que se espera da gestão escolar: respeito a todos com direito de falar e de serem ouvidos.

É percebida, no artigo 206, a necessidade de modificação na gestão educacional desde os níveis mais elevados até os níveis mais baixos, objetivando promover os avanços necessários para a melhoria da qualidade dos serviços na educação, inferindo que a qualidade almejada esteja relacionada ao caráter democrático da gestão educacional.

Dessa forma, o gestor escolar precisa compreender a forma como funciona a estrutura da educação, principalmente, a da escola que administra, sendo prioritário haver condições para administrar, com vistas a atender o desejo da sociedade de ter uma escola comprometida com a melhoria do ensino-aprendizagem.

Como destacado por Dourado (1998, p. 79), “a gestão democrática é um processo de aprendizado e de luta que vislumbra nas especificidades da prática social sua autonomia, possibilitando que se criem meios de participação de toda gestão escolar”. Tendo em vista a característica processual da gestão, ela necessita ser exercitada para que realmente consiga cumprir o seu objetivo. A participação de todos os atores deste processo educacional para a correção de problemas como a distorção idade-série deve ser frequente em nossas escolas das redes públicas de ensino.

É necessária uma gestão centrada na formação integral e na inserção social da criança em sua comunidade. O jovem precisa ter os seus direitos assegurados para que o estudante não apenas saia desse ciclo de distorção, mas que possa se sentir útil na sociedade em que vive e que disponha dos mesmos recursos oferecidos a aqueles que porventura não tiveram grandes dificuldades de assimilação dos conteúdos escolares no seu devido tempo escolar.

De forma geral, entende-se que a gestão educacional escolar constitui uma dimensão importantíssima da educação, uma vez que, por meio dela, observa-se a escola e os problemas educacionais. Como destaca Lück,

a gestão escolar constitui uma dimensão importantíssima da educação, uma vez que, por meio dela, se observa a escola e os problemas educacionais globalmente e se busca, pela visão estratégica e as ações interligadas, abranger tal como uma rede, os problemas que, de fato, funcionam e se mantém em rede. (LÜCK, 2009, p. 24).

O gestor tem um papel importante de identificar o funcionamento da rede educacional a qual gerencia, necessitando conhecer os princípios que regem a educação e a gestão, isso propiciará gerenciar os profissionais da instituição escolar. Se o gestor conhece bem os procedimentos educacionais, ele poderá buscar meios de melhora educacional no ambiente escolar.

Lück (2009) entende que deve existir um paralelo de gestão escolar democrática e participativa, que possibilite melhorias na qualidade de educação. Dessa maneira, a gestão participativa pauta-se em decisões descentralizadas em que todos os envolvidos no sistema de ensino participem com suas ideias em solucionar possíveis problemas encontrados no âmbito do seio educacional e na promoção da aprendizagem.

Lück (2008) discorre que existe relação direta entre a qualidade de organização dos gestores, a forma que a comunidade escolar se apropria da qualidade do ensino e o desempenho dos estudantes. Isso corrobora com os estudos de Polon (2009) que destaca os perfis de liderança do gestor na gestão escolar a fim de propiciar meios de melhora educacional.

Nessa direção, o PNE (2014) ratifica os preceitos constitucionais e estabelece a gestão democrática da educação como uma das diretrizes para a educação nacional. Assim, a gestão democrática, entendida como espaço de construção coletiva e deliberação, deve ser assumida como dinâmica que favorece a melhoria da qualidade da educação e de aprimoramento das

políticas educacionais, como as políticas de Estado, articuladas com as diretrizes nacionais em todos os níveis, etapas e modalidades da educação.

É destacado no PEE-AM (2008) que a gestão democrática da educação deve ser capaz de envolver os sistemas e as instituições educativas, além de considerar os níveis de ensino, as etapas e as modalidades, bem como as instâncias e mecanismos de participação coletiva. Para tanto, exige a definição de conceitos como autonomia, democratização, descentralização, qualidade e propriamente a participação, conceitos estes que devem ser debatidos coletivamente para o aprofundamento da compreensão, gerando maior legitimidade e concretude no cotidiano.

A gestão democrática da educação não se constitui como um fim em si mesmo, mas em importante princípio que contribui para o aprendizado e o efetivo exercício da participação coletiva nas questões atinentes à organização e à gestão da educação nacional, incluindo as formas de escolha de dirigentes (PEE-AM, 2008).

Pelo Plano Estadual de Educação do Estado do Amazonas na meta 19, compreende-se que a gestão democrática possibilita que toda a comunidade seja atuante e participativa, uma vez que a escola é um universo específico, assim como as ações dos seus participantes. Isso significa que quando falamos em gestão participativa, estamos nos referindo a uma relação entre desiguais.

A gestão democrática parte do princípio de que todos os atores devem conhecer os princípios da gestão e interferir nos processos decisórios da escola, pressupondo a participação coletiva nas ações que pretendem alcançar as metas definidas pela escola. (SOUZA, 2004).

No interior da escola, a gestão democrática traduz-se em um processo político que objetiva propiciar a participação em condições de igualdade de todos os atores que colaboram de forma direta e indireta, para a tarefa de educar: professores, funcionários, pais, alunos, grupos organizados da sociedade civil.

Segundo López (2005), a escola costuma trabalhar com um aluno ideal, já apto para o processo de ensino e a aprendizagem. Com isso, deixa de perceber o aluno real, frequentemente pouco sintonizado com o modo de socialização escolar. E a noção de educabilidade, por sua vez, aponta justamente para a brecha, para a distância entre o aluno ideal esperado pela escola e seu aluno real. Fechar essa brecha deve ser tarefa tanto do poder público quanto da sociedade em geral, que devem trabalhar para assegurar que a criança chegue à escola em condições de participar do jogo escolar, mas também do cotidiano do

ensino, que deve ser capaz de se aproximar do mudo do aluno, conhecendo seu universo sociocultural e aceitando-o como sujeito de direitos.

A construção da educabilidade, para López (2005), deve ser articulada com a formulação de metas de igualdade que garantam a equidade educacional. Em nome dessas metas de igualdade passa a ser aceitável a mobilização de meios que reconheçam a desigualdade real do público escolar. Por exemplo, a meta de alfabetização de todos até oito anos de idade, pode pressupor que a escola e os demais atores envolvidos lancem mão de recursos diferentes a fim de assegurar a igualdade do acesso à meta, e isso implica em reduzir a brecha da educabilidade.

A implantação de programas para correção de fluxo escolar no Ensino Fundamental público em inúmeros pontos do país aponta para a pertinência de se debater o foco de que os sistemas de ensino estejam se voltando para combater este que é um dos aspectos mais perversos do fracasso escolar. O debate sobre tais políticas e programas não pode prescindir do reexame do processo de exclusão social que atinge tais crianças, jovens e suas famílias. (SETUBAL, 1998, p. 7).

Segundo a Divulgação da Redação de Todos Pela Educação, o Brasil pode não atingir as metas de conclusão do Ensino Fundamental e Médio até 2022, caso não resolva o problema do atraso escolar, causado principalmente pelo ingresso tardio, pela repetência e pelo abandono. Essa conclusão integra o relatório De Olho nas Metas 2011, pelo Todos Pela Educação. De acordo com o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Tufi Machado Soares, que elaborou a análise "Correção do atraso escolar é fundamental", a taxa de conclusão do Ensino Fundamental, com até um ano de atraso, deve ser de 76,9%, em 2022. Já a do Ensino Médio, também prevendo um ano de atraso para os alunos, tende a alcançar os 65,1%, naquele ano. (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2011).

Ainda de acordo com Todos Pela Educação, é estabelecido que até 2022, 95% ou mais dos jovens brasileiros de 16 anos tenham completado o Ensino Fundamental, e 90% ou mais dos de 19 anos tenham completado o Ensino Médio. Assim, afirma Soares, há fortes indícios de que a Meta 4 não seja cumprida no ano do Bicentenário da Independência do Brasil, pois, de acordo com os últimos dados disponíveis, que fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, o Brasil atingiu a meta intermediária de conclusão para o Ensino Fundamental e a superou para o Ensino Médio. Entretanto, isso não garante que as Metas sejam atingidas em 2022. (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2011).

Após essas explanações teóricas acerca do tema pesquisado, passaremos para as considerações metodológicas da pesquisa.

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