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7 IMPORTÂNCIA DA CAL HIDRATADA E MATURADA PARA OS

7.6 A importância da propriedade de durabilidade das argamassas

"A durabilidade é uma condição que se refere à manutenção de uma estrutura substancialmente com sua original aparência, resistência e solidez", conforme definem BOYNTON B.S. e GUTSCHICK, em nota técnica (1989) do National Lime Association, USA.

Há obras de alvenarias revestidas com revestimentos argamassados à base de cal hidratada que perduram através dos tempos, entretanto com as intempéries e a ação predadora dos homens, essas técnicas se perduram de maneira majestosa e imponente e foram obras construídas sem esquecimento de nenhuma das condições necessárias à realização e durabilidade e daí a longevidade.

Mas a maioria das edificações envelhece. E mesmo que reparadas por intervenções periódicas, perdem a beleza física e as condições de uso e/ou de

segurança. Cabe aos projetistas e construtoras a tarefa de dar às suas obras a maior expectativa de vida possível, dentro das melhores condições da função custo/benefício. Tal missão, à medida que se aprimoram as características dos materiais, torna-se cada vez mais fácil, desde que os princípios das ciências dos solos, da resistência e estabilidade das estruturas e das propriedades desses materiais construtivos sejam compatíveis e observados rigorosamente, isto é, desde que sejam aplicados com os conhecimentos da moderna engenharia.

Na alvenaria, os dois requisitos mais importantes para a durabilidade são: a estabilidade dimensional da umidade e a permanente e perfeita ligação dos elementos, que tornam a estrutura resistente à penetração de água.

A Associação Brasileira dos Produtores de Cal publicou um quadro intitulado "Predicados das argamassas com cal hidratada", que permite a visualização dos atributos introduzidos nas argamassas pela cal hidratada, como aglomerante e reagente químico. Considerando a durabilidade e a qualidade das alvenarias, a cal hidratada exerce influência destacada (em ordem decrescente de importância, reconstituição autógena, perfeição de ligação nas interfaces (porosidade), resistências mecânicas, absorção dos acomodamentos estruturais iniciais, custo, retenção de água provinda de outros elementos, recuperação do excesso da aplicação, aspecto, assepsia e resistência ao fogo.

Ao longo da história, a observação das obras feitas com argamassas a base de cal surpreende os analistas, porque muitas delas foram feitas com o produto de composição distante das recomendações técnicas atuais e com areias mal selecionadas, de pureza a desejar. Além disso, deve-se considerar o processo empírico de fabricação, baseado em receitas tradicionais.

O pesquisador sueco KREUGER, que procedeu estudos em construções de 100 a 400 anos de idade, ainda hoje bem preservados, apontou que frequentemente, nos pontos de ligação e aderência na interface argamassa/alvenaria, as argamassas ricas em cimento apresentam duração de 5 a 15 anos, em contraste com as argamassas ricas em cal, com duração de 50 a 500 anos.

KREUGER também observou que essas argamassas eram porosas, razão pela qual as umidades tendiam a secar rapidamente depois de encharcadas pelas águas das chuvas, sendo então menos sujeitas às variações de volume e eflorescência. STANLEY NEWMAN, especialista em restauração de estruturas antigas de alvenaria, o pesquisador L.A. PALMER e o mestre W.C. VOSS,

concordam que as observações empíricas sobre a durabilidade das argamassas são de grande significação – muito maior do que os testes acelerados de laboratórios.

No exame das argamassas das paredes antigas observa-se a importância da reconstituição autógena das fissuras para a manutenção da integridade dos edifícios. A dissolução do hidróxido restante, pelo anidrido carbônico contido na água de umidade pode preencher as fendas capilares e vazios por onde penetra a solução. Enquanto houver Ca(OH)2 disponível e circulação de água de chuva na alvenaria carregando CO2 essas reações podem ocorrer e contribuir para a manutenção da integridade da construção.

Outro fator relevante para a redução da idade das edificações é a eflorescência. Palmer e Newman destacam a eflorescência que ocorre no interior das paredes, pois não é percebida inicialmente. O processo implica na retenção da umidade, na dissolução dos sais solúveis presentes na argamassa e no elemento construtivo, na qualidade da construção e na precipitação pluviométrica e em locais onde as condições físico-químicas favorecem. Newman considera que conjuntos que possam "respirar" e “secar” rapidamente não têm a tendência de desenvolverem essas formações desintegradoras de estruturas.

Segundo os pesquisadores não há teste acelerado de laboratório que permita avaliar corretamente o efeito do clima, do frio e dos demais fatores agressivos do ecossistema sobre as argamassas e paredes. Só em relação ao frio, um fato é reconhecido: as alvenarias raramente congelam, independentemente das condições climáticas e dos tipos de argamassas e umidades utilizadas.

Há considerável divergência de opiniões entre os especialistas com relação às conseqüências da porosidade e permeabilidade sobre a resistência à penetração da água em paredes de alvenaria. VOSS, PALMER e NEWMAN, citados por BOYTON e GUTSCHICK, preferem os materiais de alvenaria mais porosos e não levam em conta a maior absorção de umidade deles, principalmente porque secam mais rapidamente. Os autores acreditam que os principais fatores para que um material seja resistente aos danos ocasionados pela incidência da água são a boa ligação e a ausência de fissuras ou fendas com rejeito apreciável de separação, mas não a permeabilidade ampla e difusa.

Outros fatores estranhos aos conceitos essencialmente técnicos afetam o comportamento das paredes com argamassas. Exemplos: conservação, mão-de- obra empregada na construção, técnicas construtivas e materiais incompatíveis

utilizados e outros. Porém, como concluem BOYNTON e GUTSCHICK: "o uso de argamassas com cal muito contribui para a resistência à penetração da água nas paredes e, consequentemente, para a durabilidade das estruturas de alvenaria."

O fluxograma esquemático da Figura 30 pode ser um guia para a identificação da importância deste aglomerante na durabilidade dos revestimentos e das paredes de barro.

CAL HIDRATADA - HIDRÓSICO DE CÁLCIO - HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO - IMPUREZAS INCORPORAÇÃO DE AREIA GRANULOMETRIA ESTRUTURA DAS PARTÍCULAS AUTO RECONSTRUÇÃO EFLORESCÊNCIA DEVIDO À PRESENÇA DE:SAIS E CO2 AREIA PROPORÇÃO ARGAMASSA RETENÇÃO DE ÁGUA PLASTICIDADE ADERÊNCIA FISSURAMENTO POROSIDADE PERMEABILIDADE AÇÃO POZOLANICA RESISTÊNCIAS COMPRESSÃO/ TRAÇÃO BLOCOS CONSTRUTIVOS + ARGAMASSA AR

Figura 30 - Papel e a importância da cal na durabilidade das paredes e revestimentos

8 QUALIFICAÇÃO E AS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS CONFORME

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