• Nenhum resultado encontrado

Entendemos que é importante o ensino e o estudo de História regional e local nas escolas publicas, uma vez que aproxima os educandos do seu objeto de estudo, isso ressalta a historiadora Circe Bittencour:

[...] o ensino de História deve efetivamente superar a abordagem informativa, conteudista, tradicional, desinteressante e não significativa- para professores e alunos- e que uma das possibilidades para esta superação é sua problematização a partir do que está próximo, do que é familiar e natural aos alunos. Esse pressuposto é válido e aplicável desde os anos iniciais do ensino fundamental, quando é necessário haver uma abordagem e desenvolvimento importante das noções de tempo e espaço, juntamente com o início da problematização, da compreensão e explicação histórica e o contato com documento (BITTENCOURT, 2004, p. 121).

O trabalho com narrativas deixa de ser fundamentado, apenas nos temas distantes, passando a congregar nessa construção do conhecimento fenômenos históricos regionais, consequentemente, acontecimentos de cada Estado ou Município que aparentemente não tem um significado importante para a construção da identidade nacional. Passando a construir uma história plural, onde o passado se torna mais imediato. Observando que a historiografia regional tem suas expressões locais e encontra uma importância no contexto social que produz, considerando que:

A historiografia regional tem ainda a capacidade de apresentar o concreto o cotidiano, o ser humano historicamente determinado, de fazer a ponte entre o individual e o social. Por isso, quando emerge das regiões economicamente mais pobres, muitas vezes ela consegue também retratar a história dos marginalizados, identificando-se com a chamada „História popular‟ ou a „História dos vencidos‟ (AMADO, 1990, p. 13).

Utilizando essa prerrogativa de valorização da História regional e local nas escolas públicas, entendemos que deve ser sugeri aos professores do Ensino Fundamental, uma reflexão sobre a urgência em se trabalhar na sala de aula com esta nova concepção historiográfica, visto que:

O professor de história ajuda o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias para aprender a pensar historicamente, o saber- fazer, o saber-fazer-bem, lançando os germes do histórico. Ele é responsável por ensinar ao aluno como captar e valorizar a diversidade das fontes e dos pontos de vistas históricos, levando-o a reconstruir, por adução, o percurso da narrativa histórica (SCHMIDT E CAINELLI, 2004, p. 34).

Nesse contexto, podemos considerar que esse tipo de conhecimento histórico, voltado para o local e o regional encontra uma grande barreira nas propostas das escolas, visto que os educadores privilegiam apenas o uso do livro didático escolhido para o ano letivo e, nesse livro encontra-se um tipo de conhecimento histórico universalizado em temas de História Geral e do Brasil, muitas vezes, sem significado para os alunos, “uma história distante de seu tempo presente, de suas experiências de vida, de suas expectativas e desejos” (FERNANDES, 1995, p. 04), o que torna a aprendizagem de história não muito atraente, cercada de estigmas, sem emoção e o mínimo de prazer, isso nega a

perspectiva de que história é vida, sendo que a função básica do seu ensino é a construção de cidadãos críticos.

Acreditamos que a partir da abordagem da História local, os alunos compreenderam com mais facilidade a realidade histórica de sua localidade e assim entender que ela não está isolada no mundo, mas é parte desse processo histórico.

Zamboni (1991) ressalta que, a partir do momento em que o indivíduo é consciente quanto ao lugar que ocupa no espaço, isso contribui para melhorar o seu relacionamento com o grupo social a que pertence. Dessa maneira, terá uma maior limpidez do seu relacionamento com as demais pessoas e condições de se situar historicamente. Sabendo que é muito importante o “conhecimento das relações espaço-temporais”, assim, compete a escola “desenvolvê-las, propiciando ao aluno condições para se situar historicamente” (ZAMBONI, 1990, p. 71).

Dessa maneira, podem aprender a valorizar as múltiplas identidades culturais e sociais que estão presentes no seu cotidiano e nas demais localidades, respeitando-as. A História regional e local não deve ser separada do contexto mais amplo de região, ou seja, não podemos relatar uma determinada economia nacional sem fazer alusão a economia local ou regional, considerando que isso não significa que estabeleceremos escalas de valores entre um cenário e outro, mas assegurarmos as relações históricas na sua mais pura especificidade, assim como ressalta Neves (2002):

O estudo do regional, ao focalizar o peculiar, redimensionaria a análise do nacional, que ressalta as identidades e semelhanças, enquanto o conhecimento do regional e do local insistira na diferença e diversidade, focalizando o indivíduo no seu meio sócio-cultural, político e geo- ambiental, na interação com os grupos sociais em todas as extensões, alcançando vencidos e vencedores, dominados, conectando o individual com o social (NEVES, 2002, p. 89).

O professor da disciplina de História detém uma boa quantidade de fontes para construir uma História regional e local, tais como: arquivos públicos e particulares, nos livros de ata da Câmara de Vereadores, em jornais, monumentos, fotos, entrevistas, livros de memorialistas, filmes, músicas, no cotidiano das pessoas e em outras infinidades de fontes históricas.

Ensinar História Regional e Local é um meio de tratar das especificidades da região e das localidades. Entendendo que isso tem uma importância, visto que esse ensino pode apresentar de diferentes maneiras uma história que parte de um acontecimento ou de um fato do cotidiano, tal que os alunos conhecem empiricamente e, de tal modo, podem estudar de forma a relacionar estes acontecimentos locais com os acontecimentos nacionais e globais. A História Regional poderá ser trabalhada para destacar as diferenças existentes dentro de um mesmo agrupamento social, mostrando que cada local ou região constitui-se de diferentes formas culturais, importâncias que decorrem de forças globais e locais. Desse modo, devemos chamar atenção para a importância do papel do professor na aplicação desta nova metodologia. O fundamental é tornar nossas aulas mais prazerosas, levando os alunos a perceberem que sua própria vida já é uma grande história e que o conhecimento histórico pode ser elaborado por todos independente de qualquer aspecto social, político, econômico e cultural.