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A influência do iluminismo no final do século XVIII e início do século

Capítulo 2: Eliezer Lipa Ioffê

3.1.3 A influência do iluminismo no final do século XVIII e início do século

sendo que em Saul são apresentados principalmente os aspectos de loucura e inveja.

Apesar da pouca escrita teatral hebraica dentro das comunidades judaicas, no decorrer dos anos judeus se envolveram em atividades teatrais exercendo funções de músicos, atores etc. Mas a maioria dessas atividades ocorreu fora da comunidade judaica.

O alastramento do movimento iluminista judaico, a Hascalá, fez com que muitos judeus adotassem os valores do Iluminismo. Ação essa que incentivou a integração na sociedade geral, e defendeu a aquisição de conhecimentos, costumes e aspirações das nações entre as quais os judeus viveram, deixando de lado a prática plena da cultura judaica. Assim, em nome de um conhecimento universal, o movimento procurou a integração de valores e de pontos de vista da cultura circundante dentro do judaísmo. Nesse cenário, judeus começaram a realizar as atividades performáticas dentro das próprias comunidades judaicas.

3.1.3 A influência do iluminismo no final do século XVIII e início do século XIX

Com o avanço do iluminismo na Europa Centro-oriental do século XVIII e com a promessa de igualdade de direitos, muitos judeus se viram em situação de conflito. De um lado, a vontade de continuar a seguir todos os preceitos do judaísmo, pertencendo à comunidade judaica local; e, do outro, a vontade de pertencer ao país onde moravam e avançar em cargos políticos e profissionais.

As atitudes frente a esse conflito foram variados. Alguns apresentaram devoção sem reservas ao judaísmo e sua cultura, resistindo a qualquer influência externa; outros mergulharam de corpo e alma na cultura local, afastando-se por

inteiro de qualquer ligação com a comunidade judaica; outros seguiam caminho mais extremo e se convertiam ao cristianismo.

Mas a maioria tentou mesclar lealdade para com o país onde habitavam e dedicação à comunidade judaica e suas tradições. Esses últimos não somente se vestiram como cristãos87, como aconteceu no final de século XVII, mas também aceitaram os padrões da sociedade e da cultura cristã. (ETINGER,1969 pp.110- 118).

Entre os judeus que se converteram ao cristianismo, uns se tornaram perseguidores dos judeus, declarando que não havia lugar para os judeus dentro das nações europeias. Outros, que ao longo dos anos sentiram que não pertenciam nem ao judaísmo nem ao cristianismo, começaram a olhar com saudades para o judaísmo. Entre os últimos havia pessoas que começavam a enaltecer a sua origem judaica; outros defenderam judeus em situações de perseguições e outros ainda começaram a glorificar a criação artística judaica.

Exemplo disso podemos ver na trajetória de Isaac Edward Salkinsohn. Durante o Iluminismo foram vertidas algumas peças teatrais clássicas para o hebraico. Ele traduziu as peças de Shakespeare – Otelo e Romeu e Julieta – mudando seus nomes: Otelo se tornou, Etiel, o Kushi (O Negro) (1874), e Romeu e Julieta se tornaram Ram e Ruth (1878).

Isaac Edward Salkinsohn nasceu como judeu em 1820, perto de Vilna. Foi educado no âmbito dos preceitos judaicos e ao longo dos anos estudou as escrituras sagradas, a gramática do hebraico, alemão e inglês. Foi considerado um aluno prodígio. Em 1849 chegou a Londres, e sem meios para sobreviver, achou abrigo junto a um missionário cristão da cidade, quando, então, se converteu ao cristianismo. Ao longo dos anos se tornou padre, atuando em várias cidades na Europa; entre elas, Vilna, onde encontrou o seu grande amigo, PErets Smolenskin, que foi o editor do jornal hebraico “Hashachar” (o Amanhecer). Pêrets acreditava

87 A mudança de vestimentas foi uma das primeiras ações dos judeus que queriam se aproximar à sua vizinhança

cristã. Eles começaram as usar em público e também apararam as suas barbas, para se igualar ao resto da população. Para esses que agiram assim, a princípio, não houve intensão de se afastar das tradições judaicas, mas somente se aproximar aos vizinhos. Com o tempo, vestimentas europeias, como essas eram conhecidas tornaram algo corriqueiro dentro da população judaica não tradicionalista. Os ortodoxos agiram de forma contrária, eles determinaram a obrigação de uso de roupas especificas que farão com que o judeu fosse diferenciado da sua vizinhança para seguir o preceito de Levítico 18:3: “Não seguireis seus estatutos” Bíblia de Jerusalém p.186.

que o povo judeu tem o direito de se denominar “povo” por possuir uma história em comum e uma língua em comum, a linguagem da Bíblia, que cada judeu tem a obrigação de reviver. Pêrets incentivou Isaac a usar a sua surpreendente habilidade e traduzir para o hebraico peças clássicas da cultura mundial, começando pelas obras de Shakespeare.

No prefácio da publicação em hebraico de Otelo, escreveu Pêrets Smolenskin: “Nós nos vingaremos hoje dos britânicos. Eles pegaram as nossas escrituras sagradas e as usaram como se fossem deles. Copiaram-nas e as espalharam em todos os cantos da terra... e também nós... pegaremos as visões de Shakespeare, trazendo-as para o tesouro da nossa língua sagrada...88”

A tradução para o hebraico foi uma tentativa de assumir valores de outras culturas de um lado, e de provar, por outro lado, com o auxílio da linguagem bíblica, que o povo judeu possui a cultura que glorifica a sua origem (ETINGER, 1969, pp. 110-114).

3.1.3.1 O início do teatro em iídiche

Com a conquista dos diretos de cidadão para os judeus em alguns países da Europa, a força limitadora das instituições judaicas dentro da comunidade se afrouxou. Mesmo assim, no decorrer de todo século o XVIII a maior parte da produção literária continuou sendo escrita em hebraico, ao mesmo tempo em que a linguagem cotidiana dos judeus na Europa era o iídiche.

A entrada no mundo cultural europeu se realizou somente com o abandono do hebraico e do iídiche, que foram substituídos pelas línguas locais. Com essa mudança a produção escrita começou a ser feita nos moldes e nas linguagens das culturas da Europa Ocidental e Central, enquanto os judeus da Europa oriental mantiveram o uso do hebraico na escrita e do iídiche na oralidade.

88 ולש ךותב השועה םדאכ םהב ושעיו ונשדק יבתכ תא וחקל המה .םינאטירבב םויה השענ תומקנ" :ןיקסנלומס ץרפ רמאי ותמדקהב םוקיתעה , זפ ץראה תוצק לכל םור ... ונחנא םגו ... תא חקנ ... ונשדק תפש רצואל םאיבנו ריפסקעש תונויזח ". < http://library.osu.edu/projects/hebrew-lexicon/shak/3056.php> acesso 01/08/2013

À medida que os judeus criavam raízes nas culturas locais, ao longo do século XIX, começaram a desenvolver todos os tipos de artes como: a escrita jornalística, a música, a literatura, a pintura e a escultura.

Como resultado disso a relação dos judeus com as artes cênicas ficou cada vez mais liberada. O teatro, inicialmente em iídiche, ajudou na formação de uma sociedade judaica secular nova, principalmente devido ao seu esclarecedor potencial educativo.

Assim, no final do século XIX iniciou-se uma atividade teatral extensa na língua iídiche. Na festa de Sucot89 de 1876, em Iassi, Romênia, Avraham Goldfaden atendeu à necessidade das multidões de judeus que se refugiaram na cidade de ter uma convivência cultural fora dos perímetros das sinagogas. Ele apresentou uma peça cômica em formato inédito, com a participação de comediantes e cantores. Essa apresentação seguiu os conceitos do Purimshpiel, e por isso foi aceita mais facilmente pelo povo, mas com o acréscimo da narrativa e diálogos. Essa peça foi a precursora das apresentações teatrais em iídiche (SHOEF, 2000, pp.477-478).

Durante alguns anos o teatro em iídiche apresentou somente comédias. Goldfaden dizia que seus espectadores queriam apenas se divertir e rir, alegando que em casa eles já tinham problemas suficientes e não queriam pagar para chorar no teatro! Mas, na verdade, ele mesmo não se conformava com isso, em se sentir obrigado a fazer comédias e malabarismos no palco para diverti-los quando o que realmente queria era usar o palco para tratar de assuntos mais sérios.90

Ao longo dos anos, Goldfaden, que é considerado o mais influente artista judeu do século XIX, conseguiu inserir o drama no teatro iídiche, e assim se transformou no principal porta-voz dos judeus da Europa.91

89 Sucot – é uma das festas do calendário judaico mencionadas na Bíblia em: Levítico 23:40-43; em Números

29:12-34; em Deuteronômio 16:13-15. Essa festa de sete dias de duração traz a obrigação de ficar feliz, dançar e cantar principalmente no seu último dia como está escrito em Salmos 149:3: “Louvem Seu nome com danças, toquem para Ele cítara e tambor!” Como uma das principais razões de se opor as peças teatrais foi “Bitul Tora”, quer dizer gastar a toa o tempo que poderia ser dedicado ao estudo da Torá, o fato de realizar a apresentação da peça em Sukot, deu “permissão” para essa “perda de tempo”.

90 Berkowich Joel, Avrom Goldfaden and the Modern Yiddish Theatre, The Bard of Old Constantine

<http://www.yiddishbookcenter.org/files/pt-articles/PT44_goldfaden.pdf > acesso em 08/09/2013

91 Em 1906, já morando em Nova York, Avraham Goldfaden escreveu a sua única peça teatral em hebraico,

David em Guerra. Essa não foi impressa, e apesar de atrair público grande não motivou a escrita de novas peças em hebraico. Goldfaden escreveu 48 peças teatrais e inúmeras poemas em iídiche.

3.2 O teatro em hebraico em Erets Israel

Em 1889, exatamente treze anos após a primeira apresentação do teatro judaico em iídiche, também em Sucot, foi apresentada a primeira peça teatral em hebraico em Erets Israel. A peça Zrubabel, ou Shivat Tsion, como seria chamada por Moshe Leib Lilenblum, foi encenada inicialmente em iídiche em Odessa, em 1887. A peça trata de assuntos nacionalistas e foi traduzida para o hebraico por David Yelin92.

A trama se desenvolve na Babilônia, vinte anos antes da construção do Segundo Templo, ao redor da discussão se o povo deveria voltar para Jerusalém ou permanecer na Babilônia, onde havia trabalho e sustento para todos. O espetáculo termina em Jerusalém, antes da inauguração do novo Templo.

A meta dos envolvidos no espetáculo final era propagar, de forma didática, suas ideias nacionalistas e incutir a língua hebraica na população em Erets Israel, principalmente no público jovem. Os dois objetivos deveriam ser alcançados, como escreveu o próprio Yelin numa carta para Wilhelm Herzberg93 em 1889, através da própria diversão proporcionada pelo espetáculo, e trazendo à tona sentimentos de amor profundo por Sião ao ouvir o tilintar da língua dos profetas (MEITLIS, 2012).

De acordo com relatos dos espectadores, a peça foi recebida com exaltação e as duas metas foram alcançadas com grande êxito. Isso fez com que Jerusalém se tornasse um exemplo de conhecimento da língua hebraica, e modelo a ser imitado.

92 David Yelin trouxe grandes contribuições para a nova sociedade em Erets Israel. Uma delas foi o seu

envolvimento na renovação do uso cotidiano da língua hebraica. Ele foi um dos fundadores do primeiro jardim de infância cuja língua usada foi somente o hebraico, como também foi um dos primeiros professores a ensinar Hebraico em hebraico (Ivrit BeIvrit). Ele escreveu inúmeros livros didáticos, traduziu peças teatrais, e escreveu um dicionário junto com Yehudá Garzovsky. Ele fundou em 1890 junto com Eliezer Ben Yehudá, o Comitê da Língua Hebraica e em 1903 participou no grupo que fundou o sindicato dos professores (Histadrut Hamorim) (MEITLIS, 2012)

93 Wilhelm Herzberg imigrou para Erets Israel em 1876 e um ano depois foi nomeado o diretor da escola

agrícola Mikvé Israel, cargo que ocupou durante dois anos. Depois se mudou para Jerusalém onde se dedicou ao estudo do hebraico e foi nomeado o diretor do primeiro orfanato judeu. Em 1887 o orfanato passou a pertencer à escola Lemel que foi a primeira que ensinou matérias seculares em hebraico. Herzberg dedicou o seu tempo e fortaleceu seus contatos políticos para trazer ajuda aos judeus que se estabeleceram em Erets Israel. Junto com Eliezer Ben Yehudá foi um dos nove fundadores da Agência da Aliança de Jerusalém B´nai B´rith. Essa realizou todas as suas reuniões em hebraico e fundou em 1892 a Biblioteca Nacional de Israel.

Sem tradição teatral judaica, os pioneiros do teatro em Israel adotaram, no início do século XX, termos teatrais, espaços, linguagem e narrativas dos seus países de origem. Exemplo para isso é a peça “Bar Guiora” de David Yelin, encenada em 1908 em Jerusalém.

Na peça, que está imbuída de conteúdos nacionalistas judaicos, Yelin utiliza o molde dramático de Guilherme Tell, de Friedrich Schiller. No texto original, Guilherme é um camponês suíço que luta bravamente pela liberdade do seu povo sob o jugo austríaco. Na peça de David Yelin, Bar Giuiora é um judeu corajoso que luta contra as forças do império romano que devastam a Terra de Israel. Assim o herói consegue devolver a honra e a liberdade a seu povo.

A peça traz ideais nacionalistas e enaltece valores como liberdade, independência, amizade, dedicação plena ao povo, e também a ação que visa influenciar o próprio destino.

O próprio Yelin declarou o motivo por trás desse empreendimento cultural:

´As peças são algo que atraem o coração, e como não há teatros em outras línguas em Erets Israel, o teatro hebraico aumenta a vontade, também entre as pessoas simples, de aprender a língua hebraica e entendê-la`”94

Entre 1890 e 1914 foram exibidas várias peças teatrais encenadas, principalmente, por amadores e jovens, sempre tratando de um tema educativo de forma didática. As peças tratavam de assuntos da Bíblia, da história do povo judeu e da vida cotidiana em Erets Israel na época.

Por exemplo, “Os Asmoneus”, de 1892, descreve o relato histórico dos Asmoneus e a sua luta contra os gregos, mostrando a possibilidade de guerra entre forças não equilibradas, em que o exército forte e numeroso perde para o povo que luta com fervor, acreditando que o seu caminho é o correto. Outro exemplo é “Bat Iftach” (A filha de Jefté), de 1905, que conta a trágica história bíblica da filha de Jefté95, que foi sacrificada. Seu pai, ao sair para a guerra contra os amonitas, fez uma promessa a Deus dizendo que a primeira pessoa que saísse da sua casa para

94

MEITLIS Ofra, הארוהה ןושל הייחמ ןילי דוד (David Yelin revive a língua do ensinamento) Maim Medaliav, anuário da academia Lipshits, Jerusalém 2012. P 343. Citação de YELIN David לארשי ץראב תירבעה הפשה תיחת , היתואצותו היתובס O Renascimento da língua hebraica em Erets Israel seus motivos e seus resultados, 1910

cumprimenta-lo após a vitória na guerra seria sacrificada para Deus. As duas peças são de Eliezer Ben Yehudá e David Yelin.

“Ester”, tradução e releitura da peça que escreveu Jean Racine em 1689, foi encenada na escola agrícola Mikvê Israel nas comemorações do seu vigésimo quinto ano de atividades. De acordo com o jornal Hatsvi, de 15 de março de 1895, na p. 1, “Mil pessoas de Jerusalém, Jaffa e dos assentamentos vieram para assistir a esta peça, extremamente bem apresentada”.

“Avodat Haicar Bamoshavot Haiehudiot” (O trabalho do agricultor nos assentamentos agrícolas judaicos), de 1905, relata, didaticamente, todo o processo de cultivo agrícola. Essa peça mescla a vida cotidiana do agricultor em Erets Israel e a sua realidade no início do século XX com o trecho bíblico de Isaias 28:23–29, onde há descrição bem detalhada das ações que o agricultor deve exercer para que o seu cultivo tenha êxito, possibilitando o sustento da sua família. Corina Shoef, em seu artigo “Assim nasce teatro: o teatro judaico e hebraico no final do século XIX”96, apresenta esta peça como algo singular dentro das apresentações encenadas na época. É a única peça conhecida dos primeiros anos do teatro hebraico que trouxe para o palco situações da vida cotidiana de Erets Israel do início do século XX. Para Shoef, essa peça chegou a ser apresentada por ensinar e instruir os jovens e os pioneiros a forma correta de ser agricultor, algo necessário e de suma importância para garantir a sobrevivência da população em Erets Israel na época.

96 Shoef, Corina 91-ה האמה יהלשב ירבעהו ידוהיה ןורטאתה :ןורטאת דלונ ךכ (Assim nasce teatro: o teatro judaico e

3.3. Do teatro amador para o teatro profissional

3.3.1 O teatro a serviço das organizações de trabalhadores pioneiros em Erets Israel

Em 1926, Walter Preuss97 realizou uma pesquisa em quarenta e uma oficinas nas redondezas de Tel Aviv, onde trabalhavam entre trezentos e trezentos e cinquenta jovens, o equivalente a um terço de toda a força de trabalho nas fábricas. A sua pesquisa mostrou que 28% dos jovens tinham menos de quatorze anos de idade, a maioria deles exercia a sua função mais de nove horas por dia, enquanto 27% trabalhavam mais de doze horas por dia. Além dessas crianças nas oficinas, muitas trabalhavam nas ruas como engraxates, carregadores de gelo, vendedores de jornais e de cadarços. Eles andavam com a mercadoria até altas horas da noite para ganhar alguns centavos (ZEIRA, 2013 p.30).

Dentro dessa realidade surgiu, em 1924, sem ajuda de adultos, e de forma espontânea, o movimento juvenil “Hanoar Haoved” (Os Jovens Trabalhadores). A mais urgente ação do movimento foi conseguir novos integrantes, para que juntos conseguissem melhores condições de trabalho e de vida, e a criação de novas perspectivas de sustento, principalmente na agricultura. Mas muitos jovens ficavam com medo de perder seu trabalho e serem demitidos caso se juntassem ao sindicato. Por isso surgiu a necessidade de uma ação persuasiva intensa que iria além dos discursos empolgantes.

David Cohen, correspondente do jornal lituano “Di iídiche Shtime” (A Voz Judaica), viu a situação difícil dos jovens e decidiu se mudar para Erets Israel a fim de ajudá-los. Ele montou um estúdio dramático e escreveu peças que relatavam a difícil vida cotidiana dos trabalhadores adolescentes. Todos os atores eram membros do movimento Hanoar Haoved.

As peças mostravam, de forma humorística, os jovens trabalhando horas a fio ao lado de maquinários em péssimas condições, explorados por seus empregadores.

Ingressos para as apresentações foram distribuídos em todas as oficinas da cidade. Cada criança trabalhadora encontrada na rua recebia um ingresso gratuito. Assim, cada apresentação contava com plateia cheia, e desta forma eles conseguiram recrutar novos membros para o movimento (ZEIRA, 2013 pp 33-35).

Outro grupo teatral formado em 1925 por Moshê Halevy recebeu o nome de “Estúdio de drama pertencente ao comitê cultural do Sindicato Geral dos Trabalhadores Hebreus em Erets Israel – Haohel (a tenda)98”. Depois de se estabelecer, teve o nome mudado para: “Haohel – teatro dos trabalhadores de Erets Israel”. O seu propósito inicial era contribuir para a educação dos trabalhadores em

Erets Israel e sua formação cultural em hebraico.

No início Halevy preferiu usar jovens sem experiência teatral. A maioria deles atuava como operários durante o dia e como atores nas noites de espetáculo, seguindo as instruções de Moshê Halevy.

Durante os primeiros anos, o Haohel funcionou como cooperativa semelhante ao kibuts, onde as funções no teatro substituíram as tarefas agrícolas. No kibuts a divisão do trabalho era feita diariamente. Toda tarde os membros se reuniam para o ato da distribuição das tarefas. Cada um precisava saber trabalhar em qualquer posto dentro do kibuts, e recebia somente os recursos necessários para sobreviver. Os afazeres eram: cuidar dos animais no curral, plantar trigo, colher tomates, como também cozinhar para todos os membros do kibuts, cuidar das crianças de todos etc. No teatro, como todos tinham a mesma importância dentro da peça, todos os recursos obtidos nos espetáculos eram divididos, igualmente, entre os componentes do grupo, sem diferença de cargo ou de importância nas apresentações.

As peças apresentadas nesse teatro tratavam da vida dos trabalhadores em

Erets Israel, das histórias da Bíblia e da língua hebraica, e serviram à tendência

educacional-sionista do teatro com espirito socialista.

Haohel continuou funcionado até 1969, ano no qual o Sindicato Geral dos

Trabalhadores em Erets Israel parou de apoiá-lo financeiramente.

Em 27 de março de 1925 o jornal “Haarets” publicou uma carta de Ze´ev Jabotinsky99 na qual ele apresentava algumas exigências para o teatro hebraico em

Erets Israel. Através dessas reivindicações podemos verificar a preocupação que os

intelectuais tinham em manter, sempre, um grau de crescimento cultural artístico no povo em Erets Israel.

“A primeira reivindicação que exigiremos do teatro hebraico em Erets Israel: não

esqueça que você proporciona o único contato com a arte e a cultura mundial... Por isso esse teatro precisa proporcionar, na medida do possível, para o público, o que os teatros de Moscou ou de Berlim oferecem. Digo na medida do possível,

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