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A Informática no Brasil

No documento VIVIANE BERTUOL PIETRESKI PADILHA (páginas 33-37)

A introdução da informática no Brasil teve apoio dos Estados Unidos da América (EUA) e da França. Nesses países os programas de informatização permitiram equipar as

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escolas com computadores, mas o que se vê nesses países, é ainda um ensino com abordagem tradicional onde o professor controla e transmite o conteúdo, sem a criação de ambientes de aprendizagem (VALENTE, 1999).

A utilização do computador nos centros educacionais dos EUA, no inicio dos anos 70, ocorreu no sentido de transmissão de informação e aperfeiçoamento nas técnicas de conhecimento do computador pressionado pelo desenvolvimento tecnológico do mercado de trabalho. Atualmente por meio da internet, os centros de pesquisa em educação, naquele país, produzem softwares colaborativos que permitem o desenvolvimento de projetos para explorar a busca de resultados e a integração do pesquisador com o computador. A formação dos professores se desenvolveu no sentido de conhecer os programas de computador que enfatizam a transmissão da informação (VALENTE, 1999).

A informatização na França, também no inicio dos anos 70, se desenvolveu de maneira diferente e mais promissora. Houve grande organização por parte do governo em equipar as escolas com computadores; grande incentivo ao uso do computador como ferramenta de ensino e acesso a informação; investimento na formação dos docentes, o que foi um passo marcante e através da escola preparação das futuras gerações para o domínio e produção de tecnologias, mas sem uma abordagem pedagógica específica (VALENTE, 1999). O uso do computador no Brasil na área da educação teve início nas universidades nos meados dos anos 70. Nas escolas públicas, a implantação da informática foi norteada através do incentivo na mudança pedagógica nas escolas que se iniciou a partir de 1982 sob influência de países como EUA e França que já estavam em processo de informatização.

Conforme o que relata Valente (1999), destacamos alguns acontecimentos que marcaram o início do uso dos computadores na educação no Brasil:

· Em 1971, realizada no Rio de Janeiro a 1ª Conferência Nacional de Tecnologia em Educação aplicada ao ensino superior (I CONTECE) com seminário intensivo sobre o uso de computadores no ensino de física.

· Em 1973, as Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizaram experiências com softwares com alunos de graduação no ensino de química, física e pós-graduandos em educação.

· Em 1975, foram trazidas ao Brasil as ideias do programa Logo pelos americanos Seymour Papert e Marvin Minsky.

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os primeiros trabalhos com uso do programa Logo com crianças sob coordenação dos americanos.

Tajra (2009) descreve que essas primeiras experiências deram origem a grupos de pesquisa e dissertações sobre o assunto que originou a criação do Núcleo de Pesquisa Aplicada a Educação (NIED UNICAMP) em 1983. Até os anos 80 diversas foram as pesquisas sobre informática que despertaram o interesse do governo e das universidades em sua implantação na educação. Alguns acontecimentos marcantes, conforme a autora, são:

· Em 1981, o programa Logo foi utilizado pela UFRGS no Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) para investigar a dificuldade de aprendizagem em matemática e dos processos mentais em crianças de 7 a 15 anos. I Seminário Nacional de Informática na Educação realizado em Brasília com recomendações que visavam à valorização da cultura e realidade brasileira com benefícios socioeducacionais, com realização de pesquisa sobre a informática na educação.

· Em 1982, II Seminário Nacional de Informática Educativa realizado em Salvador – BA, onde ficou recomendado que a informática deveria ser priorizada no ensino de 2º grau vinculados às universidades, que o uso dos computadores fossem uma ferramenta pedagógica para se chegar ao conhecimento das diversas disciplinas e que houvesse formação dos professores com relação as tecnologias e que as tecnologias utilizadas fossem de origem nacional.

· Em 1982, o software SISCAI desenvolvido pela UFRGS foi utilizado experimentalmente com alunos do segundo grau por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Educação (FACED).

· Em 1983, a Secretaria Especial de Informática (SEI) e o Ministério de Educação e Cultura (MEC) originaram o EDUCOM – Educação com Computadores com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e órgãos do Ministério das Ciências e Tecnologia (MCT). O Educom foi à primeira ação oficial de equipar as escolas públicas com computadores.

O projeto EDUCOM iniciou com cinco centros-piloto que foram compostos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em que foram

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disponibilizados computadores para serem utilizados no processo ensino aprendizagem (TAJRA, 2009). Com esse projeto houve a formação de profissionais de pesquisa das universidades e das escolas públicas que colaboraram na realização de atividades propostas pelo MEC, que tinha como objetivo a formação de recursos humanos e Implantação de Centros de Informática na Educação (CIEd). Na sequência a autora aponta que:

· Em 1989 foi implantado o Plano Nacional de informática Educativa (PRONINF) e o Centro de Informática Educativa nas Escolas Técnicas Federais (CIET).

· Em 1997, foi criado o Programa Nacional de informática na Educação (PROINFO) vinculado a Secretaria de Educação a Distância (SEED) do MEC que visou em todo o país à formação de Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTEs) compostos por professores que receberam formação de pós-graduação em informática para trabalharem como multiplicadores nesta proposta. O projeto visou à distribuição de computadores para todas as escolas com mais de 150 alunos matriculados.

Os objetivos do PROINFO foram:

Melhorar a qualidade do processo de ensino aprendizagem. Possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação adequada das novas tecnologias de informação pelas escolas. Propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico. Educar para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida (TAJRA, 2009, p. 32).

Levando-se em conta os objetivos do PROINFO, Valente (1999) destaca que ao longo da aplicação do programa, as instituições brasileiras que realizaram trabalhos nessa área, desenvolveram grande conhecimento e experiência sobre informática, se destacando um pouco dos métodos utilizados pelos americanos e franceses. O autor relata que esse avanço foi possível porque se levou em conta as pesquisas realizadas entre as universidades que eram os órgãos pesquisadores e as experiências concretas com as escolas públicas e seu contexto; porque as discussões e propostas eram feitas pelas comunidades de técnicos e pesquisadores da área, descentralizando a organização e controle do MEC. Visavam à mudança pedagógica nas escolas, criando ambientes educacionais utilizando computadores como instrumento para resolução de problemas, para se chegar ao conhecimento e desenvolvimento de softwares educacionais (VALENTE, 1999).

Podemos dizer que desde a implantação dos primeiros computadores como instrumentos de apoio ao processo de ensino houve avanços que nos levaram ao

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conhecimento que temos hoje, mas ainda caminhamos a passos lentos. Segundo Valente (1999) para que a aprendizagem seja mais significativa é necessária toda uma mudança que envolve a parte física da escola, a metodologia na sala de aula, o papel do professor como facilitador do processo de ensino, do aluno como aprendiz ativo e a relação com o conhecimento. Tal afirmação vai ao encontro do que foi proposto pelo governo no Brasil em 1997, com relação à inserção de computadores nas escolas públicas, para o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem.

No documento VIVIANE BERTUOL PIETRESKI PADILHA (páginas 33-37)

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