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A internacionalização das empresas portuguesas

A finalizar este capítulo, torna-se interessante analisar a internacionalização das empresas portuguesas e nada melhor do que recorrer ao Ranking de Internacionalização de Empresas Portuguesas (RIEP) de 2016 e 2017. como forma de clarificação relativamente ao tema.

Na edição de 2016 tenta-se compreender o grau de autonomia das subsidiárias após decisão do processo de internacionalização, chegando-se à conclusão que as decisões estratégicas são tomadas pela empresa mãe, as decisões táticas são tomadas em conjunto com as subsidiárias e as operacionais ficam completamente a cargo das subsidiárias.

A internacionalização encontra-se massivamente em países da União Europeia, devido à proximidade geográfica e à presença de Portugal na União Europeia, sendo o país com mais forte presença portuguesa, a vizinha Espanha.

A proximidade geográfica, cultural e linguística é cada vez mais importante, sendo um fator impulsionador da internacionalização das empresas portuguesas.

É claramente percetível a aposta na Europa e a simultânea descrença na Europa de Leste, bem como em África.

O índice de transnacionalidade aumentou para uma série de empresas em estudo, sendo a Inapa a que regista a maior subida. Este índice exprime o grau de internacionalização das empresas portuguesas e é obtido através da seguinte expressão:

Equação 1 – Índice de Transnacionalidade

Fonte: (Ranking de internacionalização de Empresas Portuguesas, 2016)

Este índice varia entre zero e um. Seguidamente na Tabela seguinte, apresentam- se os resultados para o ano 2015, em comparação na terceira coluna com os mesmos valores obtidos no ano anterior, indicando se os mesmo desceram ou subiram.

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Tabela 2 – Índice de Transnacionalidade.

Fonte: (Ranking de internacionalização de Empresas Portuguesas, 2016)

As subidas mais significativas são em empresas de construção e engenharia, o que confirma a importância de internacionalização como estratégia setorial de mitigação dos riscos de retração do mercado interno.

Relativamente à faturação até 300 milhões de euros, o Grupo Ramos & Ferreira lidera a tabela, sendo que as empresas com maior volume de faturação não estão no topo da tabela relativamente à transnacionalidade por possuírem um tamanho reduzido ou por estarem em estágios menos avançados de desenvolvimento internacional.

No topo das empresas que possuem subsidiárias num número de países que ronda mais de duas dezenas está a Mota-Engil.

As grandes empresas encontram-se em estágios mais avançados de internacionalização, sendo o ranking de receitas liderado pela Inapa.

Relativamente ao índice de ativos, as indústrias e a distribuição, sendo setores mais intensivos em capital, estão na linha da frente, como é o caso da Hovione.

36 No índice de colaboradores as empresas de construção voltam a estar no topo da tabela que é liderada pela Inapa, a única empresa que figura em três sub-indices que compõem o ranking geral.

Ao longo dos últimos anos tanto o índice de transnacionalidade como os sub- índices de receitas, ativos e colaboradores aumentaram. O índice de receitas é mais elevado do que o de ativos e colaboradores, podendo ser consequência da centralização das cadeias de valor ou de um padrão de utilização de recursos mais eficiente nas operações internacionais (Education, 2016).

As empresas portuguesas têm uma capacidade assinalável de adaptação, convertendo-a em ganhos que dependem da concentração de direitos de decisão entre a empresa mãe e subsidiária. Relativamente a decisões estratégicas, cabe maioritária ou exclusivamente à empresa mãe decidir sobre questões de distribuição de resultados das operações internacionais, de alocação de capital e de escolhas estratégicas estruturantes. As decisões de desenvolvimento de recursos e capacidades nos países de destino são delegadas às subsidiárias, com elevada intervenção da empresa mãe. Apenas as decisões de relacionamento com stakeholders locais fica a cargo das subsidiárias, ainda que negociações com os governos possam requerer um envolvimento da empresa mãe. Nas decisões de natureza tática a empresa mãe tende a respeitar a opinião das subsidiárias, sendo exceção as negociações com os sindicatos e a contratação de diretores e gestores que normalmente é feita sem recurso às subsidiárias, como forma de assegurar a consistência dos perfis. As decisões de cariz operacional são concentradas nas subsidiárias.

O grau de autonomia das subsidiárias não sofreu grandes alterações nos últimos anos, ainda que nos casos em que se verificou esse aumento, o impacto foi bastante positivo.

A maior parte das empresas que registou um crescimento internacional, optou por aumentar investimentos no mercado externo e cerca de 13% reduziram simultaneamente os investimentos no mercado português (Education, Ranking de internacionalização de Empresas Portuguesas, 2016).

Relativamente ao ano de 2017, e segundo o (Ranking de Internacionalização das Empresas Portuguesas (RIEP)) o ranking geral é liderado pela Inapa, tal como em 2016, observando-se que entre as dez primeiras classificadas estão, predominantemente empresas dos setores da construção e da distribuição. No ranking das empresas com faturação até 300 milhões de euros lidera a Casais e o ranking das empresas em número

37 de países é liderado pela TAP. Tal como em 2016, evidencia-se uma concentração no continente europeu. Sendo o último ano marcado por instabilidades no contexto político-económico global, os impactos positivos mais significativos foram associados aos EUA e Espanha e o impacto negativo verificou-se em Angola, Brasil e Moçambique, sinónimos de pessimismo e expectativa em relação a estes países lusófonos. Confirma-se a tendência de expansão das empresas rumo à Europa e à África não-lusófona. O Reino Unido, à semelhança de 2016, permanece como o principal destino futuro de eleição das empresas, o que não deixa de ser curioso depois da vitória do Brexit em junho de 2016 e das difíceis negociações em curso.

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