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A intervenção do Serviço Social na violência sexual junto ao Protocolo de

3. O SERVIÇO SOCIAL E A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

3.1 A intervenção do Serviço Social na violência sexual junto ao Protocolo de

O assistente social enquanto trabalhador que tem como princípio profissional a viabilização de direitos, através das políticas publicas, deve possuir o conhecimento destas legislações e acima de tudo fazer valer o que prescreve o “Norte” de sua profissão, o Código de Ética, o qual se constitui como o eixo principal para as ações profissionais.

Lolatto destaca:

Desta forma, tendo como norte esse importante instrumento (o Código de Ética de 1993), comprometido com os valores ético-políticos emancipatórios, relacionados à conquista da liberdade em seu sentido ontológico, as ações do Assistente Social podem estar voltadas para a busca de alternativas viáveis frente às situações em que estão presentes a necessidade de garantir direitos, como a liberdade e o exercício da cidadania do usuário, sem perder de vista seu posicionamento ético frente ao Código de sua profissão. (LOLATTO, 2004, p. 15)

Observando os Princípios que regem o Código de Ética Profissional do Assistente Social e o objeto de intervenção discutido neste trabalho (a violência sexual contra a mulher e a interrupção legal de gestação), ressaltamos a necessidade de se dar total atenção aos seguintes princípios: a Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; o Posicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; o Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; a Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero; o Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional e o Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física.

Lisboa complementa afirmando que,

Igualmente o projeto ético-político da profissão tem orientado as bases teórico- metodológicas, na medida em que pretende despertar o profissional de Serviço Social para o seu compromisso com a população excluída, na perspectiva de tornar-se um

intelectual orgânico que atua na viabilização e no fortalecimento do saber e do poder popular no cotidiano. Em relação à temática da violência contra a mulher, o projeto ético-político convida os profissionais de Serviço Social a desempenhar seu papel, orientando, discutindo estratégias e encaminhando as mulheres para onde possam receber atendimento eficiente e ter os seus direitos garantidos. Chama-os, ainda, para lutar por políticas que venham ao encontro das necessidades básicas dessas mulheres, instigando-as a participarem de movimentos que visem ao fim da violência e à conquista dos seus direitos. Para tanto, é essencial que sejam aprofundados os conhecimentos teóricos sobre o objeto de intervenção da prática, para uma atuação competente e compromissada com este projeto ético-político.(LISBOA, 2005, p. 205).

Outros artigos do Código de Ética Profissional podem ser analisados como necessários para uma atuação completa junto a esta demanda. Em especial ao que se refere aos Direitos e das Responsabilidades Gerais do Assistente Social, que prevê no art. 3º, enquanto deveres do assistente social, desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e responsabilidade, observando a legislação em vigor. E também nas Relações com as Instituições Empregadoras e outras, onde se ressalta no art. 8º, enquanto deveres do assistente social, empenhar-se na viabilização dos direitos sociais dos usuários, através dos programas e políticas sociais.

Observando esta base de explicação e interpretação do real, se faz necessário analisar o exercício profissional do assistente social junto a esta temática abordada. Ressaltando as estratégias de intervenção para o enfrentamento da realidade até aqui analisada.

O Serviço Social é uma profissão interventiva, socialmente construída, inserida na divisão sócio técnica do trabalho. O assistente social tem a tarefa de responder com competência as demandas sociais apresentadas no seu cotidiano profissional, pois a natureza interventiva da profissão exige dos profissionais a utilização de instrumentos e técnicas articulados com as dimensões teórica, ética e política.

Conforme explicitamos anteriormente a violência sexual contra a mulher é atendida pelo Protocolo de Atenção às Vítimas de Violência Sexual em Florianópolis, que foi discutido e composto pela Rede de Atenção Integral as Vítimas de Violência Sexual de Florianópolis. No atendimento desta demanda efetuado pelo Protocolo, a intervenção do assistente social é requerida em uma única circunstancia, bem como já observamos acima, que é no caso de interrupção de gestação seguida de estupro. Tal intervenção será acompanhada pelo profissional do Serviço Social desde a entrada da usuária na unidade de saúde até seu término.

Observa-se que para que esta intervenção ocorra, se faz necessária a presença do assistente social, o qual precisa estar preparado para efetuar este atendimento.

Segundo Lisboa (2005, p. 205), o cotidiano é o espaço que oferece as oportunidades, os desafios e os limites para a ação profissional. Conhecer os contornos, as potencialidades, as demandas e as respostas possíveis é condição primeira para um exercício profissional competente e comprometido com os usuários.

Para que este exercício profissional seja possível se faz necessário que o profissional de Serviço Social esteja pautado em seus instrumentos ou meios de trabalho, os quais são elementos fundamentais para a realização do processo de trabalho. Lisboa (2005) complementa afirmando que são eles que potencializam a ação do trabalhador sobre seu objeto de trabalho ou matéria prima (a violência sexual).

3.2 Os Instrumentos do Assistente Social na Atenção ao abortamento de gestação seguida de

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