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4. Enquadramento Institucional

4.5. A Jornada com a Turma Residente

Com esta aula apercebi-me que a turma é, na sua maioria, interessada e facilmente estimulada. Diferentes desafios colocar-se-ão. Eu a eles, e os alunos a mim. Será uma experiência bidirecional. A jornada com a minha turma residente começa.” (Reflexão Aula 1 - 18/09/2019)

Uma questão que me causou, numa fase inicial, alguma preocupação relacionou-se com a Turma Residente (TR). Antes de começar o ano letivo, ainda não sabendo por que género de alunos esta era composta, uma ilação podia ser retirada a priori: ela iria acompanhar todo o meu ano de estágio. Inicialmente, estava um pouco apreensivo pelo facto de me ir deparar com uma situação totalmente nova: trabalhar com quase trinta adolescentes que não

conhecia.

De facto, o desconhecido é uma das coisas mais temidas pelo ser humano e, em parte, este receio tem a sua razão de ser. No reino animal, há essencialmente duas maneiras de reagir a um estímulo considerado perigoso, ou que envolva algum perigo: luta ou fuga. Há animais que, perante uma situação não favorável, optam pela luta, ou seja, pelo confronto, enquanto outros seres vivos preferem fugir da situação causadora de perigo. A minha teoria é que estes dois métodos de ação perante um estímulo estendem-se também aos seres humanos. Acredito que, muitas vezes de forma inconsciente, analisamos as situações no nosso meio envolvente e optamos pelas decisões mais convenientes e melhores para nós.

A analogia com o ao reino animal retrata, de um certo ponto de vista, a sensação por que passei no início do meu estágio. Ainda que tivesse um grande receio, senti, de uma forma quase inexplicável, que este seria passageiro e este sentimento fez desvanecer a apreensão inicial. Por outro lado, estava em êxtase por ter uma turma para mim e poder lecionar aulas de EF. Esse sempre foi o meu sonho. Este carrossel de emoções, por vezes marcado por sentimentos quase antagónicos, foi um momento muito importante para mim, porque me fez perspetivar e refletir sobre como iria correr o ano letivo.

Assim que tive o primeiro contacto com a turma, senti-me imediatamente mais tranquilo, tendo sido bem recebido pela mesma.

A minha turma residente era do 10.º ano de escolaridade, pertencente ao curso de Ciências e Tecnologias. A turma era composta por vinte e sete alunos, algo que me intimidou ligeiramente, visto que a esta é marcadamente numerosa. Dos vinte e sete alunos, dezoito eram do sexo feminino e nove do sexo masculino A maioria dos alunos (63%) tinha quinze anos.

No início do ano letivo, por forma a conhecer melhor os gostos e motivações dos alunos (dentro e fora do contexto escolar), decidi realizar um questionário, que abrangesse algumas questões, com o qual me apercebi de que a maioria da turma era saudável, havendo somente quatro alunos tinham algum problema de saúde que condicionasse as aulas de EF. Aferi que a vinte e um alunos (77,8%) tinham hábitos de sono saudáveis (sete e oito horas de sono) e verifiquei que o gosto a nível de disciplinas variava muito de aluno para aluno, sendo a EF a disciplina preferida de dois alunos. Relativamente à

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importância da disciplina em questão, apercebi-me de que quinze alunos consideram a disciplina importante e dez alunos consideram-na muito importante. Sobre a motivação dos alunos, 63% afirmou que a motivação para a disciplina de EF era alta, enquanto 29,6%, muito alta. Refletindo sobre estes últimos dados, percebi que a grande maioria dos alunos considerava a disciplina de EF relevante no âmbito escolar e motivação para as aulas. Desta forma, fiquei com uma imagem muito positiva sobre a turma, que veio a comprovar-se durante o ano letivo.

No que diz respeito às competências motoras da turma, considero que esta era relativamente heterogénea. Ainda que houvesse um grande grupo de alunos que apresentasse boas capacidades técnicas e táticas, também havia alunos que ficaram aquém das expectativas para uma turma de 10.º ano. Contudo, sinto que houve um processo de homogeneização ao longo do ano letivo, devido a vários fatores. Por um lado, creio que os alunos com mais dificuldades motoras tentaram, na sua maioria, colmatá-las. Esse esforço foi notório e, de facto, alguns dos alunos com mais dificuldades traçaram um percurso bastante positivo. Por outro lado, os alunos com mais facilidades motoras trabalharam no sentido de integrar os alunos com maiores dificuldades. Este fator contribuiu para que todos evoluíssem ao longo do ano, tendo as diferenças inicialmente percecionadas diluído paulatinamente.

Relativamente ao domínio socioafetivo, os alunos apresentavam bons níveis de interação com o professor e interação entre si. De uma forma geral, considero que a turma era unida e trabalhava em prol da resolução das dificuldades. O delegado e subdelegado tiveram, neste tópico, um papel importante. Para além de ambos terem desenvolvido um trabalho contínuo e conjunto no sentido de ajudar a turma a resolver os problemas que iam surgindo, também exerceram os seus papéis nas reuniões intercalares. Pelas intervenções que o delegado e subdelegado tiveram nestas reuniões, foi possível verificar que houve um esforço para identificar os principais problemas existentes na turma e na análise de soluções.

Sobre o domínio cognitivo, os alunos da turma assimilaram, com alguma facilidade, os vários conceitos das modalidades abordadas. A abordagem dos conhecimentos, durante o ano letivo, foi realizada a partir de diferentes atividades (que serão explicitadas na Área 3 do relatório). A turma manifestou interesse pelos instrumentos utilizados nesta área da EF e, por conseguinte,