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FORMAÇÃO, CONCEITUAÇÃO E APLICAÇÃO DA LATERITA

2.7 – A LATERITA EM REVESTIMENTOS ASFÁLTICOS

Destacam-se, a seguir, algumas experiências brasileiras, de campo e de laboratório, para ilustrar a possibilidade de uso das lateritas no revestimento de pavimentos:

• Experiências de campo:

- 1943 – Revestimento asfáltico da pista de pouso e decolagem do aeroporto de São Luiz – MA, na 2ª Guerra Mundial pelo Corpo de Engenheiros do Exército Americano. Tratou-se de um concreto betuminoso usinado a quente com concreções lateríticas lavadas, sobre o qual foi feita uma capa selante (seal coat) que durante 20 anos apresentou um bom desempenho (Santana e

Gontijo, 1987). Vertamatti (1988) menciona também algumas experiências isoladas com laterita lavada nas pistas de pouso de Macapá - AP e Cachimbo – PA;

- 1960 – Revestimento asfáltico da MG 3, trecho BR 31/ Itabira. Tratou-se de um revestimento asfáltico do tipo CBUQ cujo agregado graúdo foi o fino do minério de ferro (hematita compacta) resultante da britagem e peneiramento no sistema de beneficiamento da Companhia Vale do Rio Doce (Ribeiro e Ramos, 1960);

- 1962 – Revestimento asfáltico da PB 1, rodovia que liga Sapé a Guariba na Paraíba. Constituiu-se de um tratamento superficial duplo, cujas concreções lateríticas foram separadas por peneiramento, apresentando por 10 anos bom desempenho (Moizinho, 1994);

- 1962 – Ampliação do aeroporto de Belém. Revestimento com concreto betuminoso usinado a quente com concreção laterítica lavada, cujos parâmetros de norma foram atendidos (Moizinho, 1994);

- 1968 – BR 135 trecho de 20 Km entre Miranda e Caxuxa no Maranhão. Tratou-se de um pré-misturado a quente, inicialmente sem lavagem, tendo sido restaurado em 1977 quando ainda se encontrava em boas condições para o tráfego (Macêdo, 1989);

- 1972 – BR 317 trecho Camburé – Xapuri no Acre. Tratou-se de um pré- misturado a quente (Carletti, 1974). Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Acre, em declaração constante do Anexo I, nesta rodovia a laterita não foi lavada, obtendo desempenho insatisfatório, tendo durado por aproximados cinco anos. A partir desta experiência ruim, a laterita passou a ser lavada e foi utilizada satisfatoriamente durante as décadas de oitenta e noventa, principalmente nos municípios do vale do rio Acre, revestindo os pavimentos cerâmicos, sobretudo nas vias com menor volume

de tráfego. Este Departamento de Estradas de Rodagem sustenta também que o uso do refugo da laterita lavada em misturas asfálticas, conhecido regionalmente como areião, é viável, tendo sido utilizado nas rodovias BR 317 e AC 040;

- 1976 – BR 316 trecho experimental Belém – Castanhal no Pará. Tratou-se de um pré-misturado a quente (Tavares,1979);

- 1976 – Estacionamento do DNIT em Belém. Trata-se de um pré-misturado a quente com laterita, sem lavagem. O pavimento encontra-se sendo usado até hoje mas, logo após sua execução, apareceram trincas de contração por excesso de finos lateríticos;

- 1987 – BR 364 trecho Rio Madeira – Rio Branco no Acre. Tratou-se de um concreto betuminoso usinado a quente, cujas concreções lateríticas foram lavadas (Santana e Gontijo, 1987). Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Acre, conforme declaração em anexo, após a construção desta rodovia, que liga o Acre à Rondônia, a brita granítica tornou-se competitiva em vista de seu transporte ter sido facilitado, diminuindo assim, sensivelmente o uso de laterita em misturas asfálticas. - 1992 – Trecho experimental de 9,2 Km entre Garapuava e o entrocamento

Arinos/Buritis em Minas Gerais. Tratou-se de um concreto betuminoso usinado a quente cujas concreções lateríticas foram lavadas e que até dois anos de uso apresentava desempenho satisfatório (Castro e Salem, 1994) . - 1999 – Vias urbanas, em Senador Guiomar, no Acre, com 700 metros de

extensão com concreto betuminoso usinado a quente utilizando como agregado graúdo a laterita lavada (Guimarães e Motta, 2000).

• Algumas experiências apenas laboratoriais:

- Em Brasileiro (1983), foi mostrado um estudo comparativo do comportamento de três concretos betuminosos usinados a quente. Uma das misturas asfálticas foi com um agregado graúdo proveniente de rocha granítica de utilização comum na Paraíba e as outras duas com agregados graúdos, provenientes da britagem de concreções lateríticas, de diferentes graus de dureza. Os resultados obtidos com o ensaio Marshall, de uma maneira geral, foram iguais para todas as misturas estudadas;

- Em Brasileiro (1990), foi verificado que os agregados graúdos lateríticos têm como principais características uma elevada porosidade, e variam suas propriedades físicas e mecânicas quando submetidos a diferentes teores de umidade e de temperatura. Foi verificado também, que no ensaio Marshall, as misturas asfálticas com esses agregados se assemelham em comportamento, àquelas fabricadas com agregados graúdos convencionais;

- Em Guimarães e Motta (2000), foram analisadas as características físicas e mecânicas de uma mistura asfáltica tipo CBUQ, com concreção laterítica lavada do Acre como agregado graúdo. Os resultados obtidos foram satisfatórios pela metodologia Marshall e também nos ensaios dinâmicos como fadiga por compressão diametral e módulo de resiliência;

- Em Tavares (1979), foi feita uma pesquisa de traço de laterita-betume para um pré - misturado a quente, utilizado experimentalmente na BR 316, trecho Belém – Castanhal, no Pará, cuja conclusão satisfatória incentivou o autor a propor especificação técnica para este tipo de revestimento;

- Em Birman (s/data), foi feito um estudo de um CBUQ com laterita “in natura”, proveniente do Maranhão, e ainda com a mesma laterita alterando-se a sua granulometria. Como resultado, obteve-se uma mistura satisfatória segundo metodologia Marshall;

- Em Macêdo (1988), os resultados obtidos em mistura asfáltica do tipo CBUQ com agregado laterítico e calcários permitiram concluir que existem boas perspectivas de utilização deste material em pavimentação, embora os estudos tenham sido restritos ao âmbito de laboratório.

Verifica-se que devido à época em que foi feita a maioria destes estudos laboratoriais, o critério de avaliação baseou-se apenas no ensaio Marshall, o qual, segundo Siddiqui et al. (1998) possui variáveis que podem afetar e alterar seus resultados, quando da utilização de diferentes equipamentos e laboratoristas.