• Nenhum resultado encontrado

A leitura nos documentos oficiais brasileiros

2. LEITURA: CONCEITO e PROCESSOS

2.3. A leitura nos documentos oficiais brasileiros

Antes de explanarmos sobre o conceito de leitura nos documentos oficiais, é necessário traçar uma linha do tempo em relação aos documentos oficiais e sua importância para a educação.

Após a constituição em 1988, onde por meio do Art. 210 já previa a criação de uma Base Nacional Comum Curricular para o ensino fundamental: “Serão fixados

8um método de interceptar uma mensagem de um emissor (escritor ou falante), suprim indo, pelo apagam ento departes, seu padrão de língua, e então apresentando essa mensagem aos receptores (leitores ou ouvintes) para que as suas tentativas de reconstrução do padrão potencialmente rendam um número considerável de unidades de Cloze. Taylor (1953, p. 416 apud ADELBERG;

RAZEK, 1984, p. 111)

conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”, foi criada em 1996 as Leis de Diretrizes e Bases, onde também previa a BNCC no seu artigo 26: “Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. ”

Em 1997 foi criada as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), normas para orientarem o planejamento dos currículos nacionais, as diretrizes são feitas para cada etapa da educação básica, a versão mais recente foi atualizada em 2018, atendendo às mudanças propostas pela lei 13.415.

Porém, em 1999 foi lançado os PCN-EM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, egresso da reforma educacional dos anos 90, pouco tempo depois reformulado, em 2002, com o intuito de organizar e estabelecer formas de ensino para o currículo educacional brasileiro.

Como já previsto em lei, a BNCC tem sua primeira versão para consulta pública em 2015, mas só entra em vigor em 2019, quando começa a reelaboração curricular no Ensino Médio.

O que se pergunta é se a BNCC anula os PCN e as Diretrizes. A resposta é não. Segundo Filpo (2021), os PCN são parâmetros para também servirem de norte na construção de currículos, a favor de subsidiar a prática do professor, a diferença é que os parâmetros não eram de caráter obrigatório, diferente das diretrizes que configuram obrigatoriedade, porém trazia a questão dos conteúdos de forma mínima, mas só com a chegada da BNCC e a obrigatoriedade da mesma, trouxe a importância das aprendizagens essenciais: conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. A Base tem como função especificar as habilidades que se espera dos alunos, segundo Deschamps, presidente do CNE- Conselho Nacional da Educação, em entrevista ao site Todos pela Educação em 2018, a Base não exclui os outros documentos,

“fazendo uma analogia, as DCN dão a estrutura, e a Base recheia essa forma, com o que é essencial de ser ensinado. Portanto, elas se complementam. ”

Na perspectiva dos PCN a leitura é um processo no qual o leitor constrói o significado do texto a partir dos seus objetivos.

Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita. Qualquer leitor experiente que conseguir analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível rapidez e proficiência. É o uso desses procedimentos que permite controlar o que vai sendo lido, tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, arriscar-se diante do desconhecido, buscar no texto a comprovação das suposições feitas, etc. (BRASIL, 1997, p. 41)

A ideia de leitura para os PCN vai ao encontro de autores cognitivistas como Calegari (2005), Leffa (1996) e Kleiman (2010), que definem a leitura como um conjunto de estratégias desenvolvidas pelo leitor que envolve o seu ambiente, seus conhecimentos, elementos culturais e interação. Para Leffa (1996), por exemplo, este leitor é dotado de uma série de processamentos que pode ser um leitor rápido, lento, superficial e etc., o leitor não é estático, ele realiza a leitura checando hipóteses por meio dos seus conhecimentos prévios.

Os PCN preveem a leitura como um instrumento de autonomia, através dela, o leitor tem a possibilidade de suprir objetivos fruição, informação, interação, diversão e trabalhar a criticidade, o documento mostra a importância de ser criadas, pelo professor, situações de leituras, de acordo com seu planejamento. Os PCN presumem que a leitura:

[...] é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir de seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto [...] não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão. (BRASIL, 1998, p. 41)

Nesse sentido, a leitura nos PCN é um processo de compreensão, não só de decodificação, essa é a principal concepção equivocada para o processo de aprendizado inicial:

A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão consequência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler. (BRASIL, 1998, p. 43).

Nesta perspectiva, a leitura exige toda uma demanda de construção do significado por meio das relações de sentido de sua associação sócio-histórica.

Sendo, a leitura um processo, segundo o documento, o leitor interage com o texto promovendo uma atitude ativa perante o que se lê.

Os PCN também postulam a leitura como uma prática social:

Fora da escola, não se lê só para aprender a ler, não se lê de uma única forma, não se decodifica palavra por palavra, não se responde a perguntas de verificação do entendimento preenchendo fichas exaustivas, não se faz desenho sobre o que mais gostou e raramente se lê em voz alta. (BRASIL, 1998, p. 44).

Assim, a leitura não se limita como uma prática escolar, como uma atividade engessada que visa uma única forma de ler, sendo, no entanto, cabível admitir várias leituras com diversidade de textos e modalidades.

A partir dos PCN e dessas concepções para as DCN a concepção de leitura está em um processo dialógico, realizando-se por meio de troca de informações entre o leitor e o texto, dialogando assim, com a concepção dos PCN, onde a leitura novamente não resume em uma mera decodificação, mas sim uma troca de informações e exige do leitor o seu conhecimento de mundo para então decodificar/compreender o que se leu.

Nesse sentido, os dois documentos mostram a preocupação com a leitura em ser um processo dialógico e interacional, formando o leitor com criticidade e desenvolvendo a sua interação com o mundo e sua realidade.

2.4. O papel do professor nas aulas de língua espanhola no Ensino

Documentos relacionados