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3 A IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS

3.8 O discurso sobre a libertação

3.8.1 A libertação das entidades e os passos da libertação de acordo com a

No décimo-sétimo capítulo, Macedo (2002) descreve o poder contra os exus. Ele explica que as pessoas possuem poder contra os demônios e quem concedeu este poder foi Jesus. E convida o leitor a exercer essa autoridade:

Amigo leitor, comece hoje mesmo a exercer a autoridade que Jesus lhe confere. Não abra mão de seus direitos; não deixe de lado o que o Senhor lhe concedeu; agarre-se com unhas e dentes às bênçãos de Jesus e pise na cabeça dos exus e Cia. Ilimitada! (MACEDO, 2002, p.129).

que Ele é o senhor e o diabo não terá como agir na sua vida. Então, quando uma pessoa ordena a um demônio que saia de um corpo, o Espírito Santo confirma essa autoridade. Desta forma, qualquer pessoa pode entrar na guerra contra os demônios, que são associados aos cultos afro, pois basta crer em Jesus. Essa guerra não se reduz apenas aos templos da IURD ou ao mundo espiritual, ela ultrapassa o espaço do sagrado, invadindo as ruas, as praças, as cidades e também espaços sagrados de outras religiões. Para exemplificar, temos:

[...] moradores da travessa Santa Martinha, na Abolição, denunciaram ontem os freqüentes ataques praticados contra o Centro Espírita Irmãos Frei da Luz, vizinho do templo. Ontem, ainda traumatizados e apavorados com a violência do dia anterior. Quando cerca de 500 freqüentadores da Igreja Universal fecharam a rua e agrediram a pedradas os umbandistas, os moradores pediram providências às autoridades para que sejam evitados novos conflitos. (O GLOBO, 1989 apud MARIANO, 1999, p. 123).

Esse ataque aos cultos afro vai além do incidente acima relatado, podendo acontecer através de depoimentos de fiéis, nos programas de rádio e de televisão da IURD, bem como nos cultos e no jornal Folha Universal.

No décimo-oitavo capítulo, Macedo (2002) explica os dez passos que a pessoa deve seguir para ter a libertação. No início do capítulo afirma que várias pessoas estão sendo libertas na IURD, devido aos dez passos:

Temos recebido, em nossas reuniões, pais-de-santo, cambones83, ogãs84, mães-

pequenas85 e todo tipo de pessoas que se envolveram com umbanda, candomblé ou quimbanda e hoje, depois de freqüentarem nossas reuniões de libertação, estão totalmente libertas e modificadas, cheias da presença do Espírito Santo e colaborando fielmente em nossas Igrejas. (MACEDO, 2002, p.132).

O primeiro passo para a libertação é: aceitar, de fato, o Senhor Jesus como único salvador, ou seja, a pessoa deve abandonar a vida antiga, virar as costas ao “erro” e submeter- se a Jesus através da Bíblia. O segundo passo para a libertação é: participar das reuniões de libertação, ou seja, a participação nas reuniões de libertação ou correntes de libertação são necessárias, pois há demônios que não se manifestam em uma ou outra reunião; há demônios que apanham as pessoas quando elas saem da igreja ou de suas casas, por estarem estes carregados. Há também casos em que a pessoa é possuída por centenas de demônios e eles lutam para prendê-la. Por isso, é tão importante participar das reuniões de libertação.

83 Cambone: auxiliar do sacerdote ou dos médiuns incorporados na Umbanda. (SILVA, 1994).

84Ogã: cargo reservado aos homens “não-rodantes” (que não entram em transe) e cuja função é auxiliar o pai ou

mãe-de-santo. (SILVA, 1994).

O terceiro passo para a libertação é: ser batizado, pois o batismo nas águas é a “morte” dos feitos da carne; é um sepultamento do velho “eu” e o ressurgimento de uma nova criatura limpa e lavada para uma nova vida. Em artigo publicado na Folha Universal (Edição 03 de 05/04/1992), Macedo fala um pouco mais sobre o batismo nas águas:

As pessoas que procuram satisfazer a carne não podem agradar a Deus. O ser humano tem desejos animalescos. Por esta razão, existe o batismo nas águas, que significa o sepultamento da carne, simboliza a novidade da vida. Com o batismo, as coisas do espírito começam a brotar na vida do cristão.

O quarto passo para a libertação é: buscar o batismo com o Espírito Santo, ou seja, o batismo com o Espírito Santo é considerado como a segunda bênção, pois deve vir logo após a salvação. O quinto passo para a libertação é: andar em santidade, ou seja, há necessidade de uma conduta santa, irrepreensível por parte daquele que deseja seguir a Jesus. O sexto passo para a libertação é: ler a Bíblia diariamente, pois é através da palavra que os milagres têm acontecido; ela produz fé nos corações para a resistência ao diabo.

O sétimo passo para a libertação é: evitar as más companhias, ou seja, um dos pontos fundamentais para a libertação de uma pessoa está no fato de ela se desligar totalmente das companhias que não professam a mesma fé. Em artigo publicado na Folha Universal (Edição 39 de 20/12/1992), Macedo relata sobre a amizade: “Queria me deter no tocante aos amigos. O diabo usa essas pessoas para fazê-las trazer palavras que agradam ao diabo e, por conseguinte, contrárias à palavra de Deus”. Percebemos que para Macedo é de grande importância as pessoas terem amizades com aqueles que professam a mesma fé, para que os mesmos não sejam tentados pelo diabo.

O oitavo passo para a libertação é: frequentar reuniões de membros, pois através delas os membros adquirem maiores esclarecimentos para seguir o caminho cristão. O nono passo para a libertação é: ser fiel nos dízimos e nas ofertas, ou seja, dar dízimos e ofertas significa amar a obra de Deus e estar preocupado em levá-la adiante. Em artigo publicado na

Folha Universal (Edição 23 de 30/08/1992), Macedo explica sobre o dízimo:

A lei do dizimo é lei do céu [...]. Jesus foi o dízimo que Deus deu a humanidade. Então, os dízimos são, na realidade, mais para abençoar o homem que para glorificar a Deus, representam a fidelidade do homem para com Deus. Fieis no dizimo, amontoamos tesouros no céu para que Deus abençoe nossa geração. Pagando o dizimo, automaticamente entramos em aliança com Deus e desvinculando-nos do diabo. O dizimo é uma obrigação do cristão para com Deus; e uma aliança. Bem como o Senhor Jesus fez uma aliança de sangue conosco, Deus fez uma aliança financeira com as pessoas através do dizimo.

Percebemos que uma das formas de circular o dinheiro na IURD é através da obrigação do dízimo, obrigação que tem respaldo bíblico e que não é uma prática presente somente nesta igreja. Na IURD, ser dizimista adquire outro significado, ou seja, um sentimento de pertença, uma conotação identitária que distingue o membro do não-membro. Dentro desta realidade, somente o dizimista poderá pleitear de fato uma vida abençoada por Deus. Outro meio de circulação de dinheiro são as ofertas que não abstém em momento algum o fiel do seu dever para com o dízimo, ao contrário, é algo que vai além deste. Pois, na oferta, o dinheiro adquire o sentido de canal de comunicação, de intermediação e negociação com o sagrado, de forma direta com Deus.

O décimo passo para a libertação é: orar sem cessar, e vigiar, ou seja, estar sempre em espírito de oração e em contato com Deus. Macedo (2002), explica de maneira didática, como se libertar das forças malignas e se manter na fé professada a partir do cumprimento dos dez passos supracitados.