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A ligação da pesquisa com as linhas estabelecidas no Projeto

No documento Manaus 2015 (páginas 71-74)

3 A PESQUISA NA FORMAÇÃO DOCENTE NO CURSO DE PEDAGOGIA

3.1.2 A ligação da pesquisa com as linhas estabelecidas no Projeto

Uma vez definidos os orientadores para os trabalhos, foi importante verificar a

ligação das pesquisas com as linhas estabelecidas no projeto curricular do curso e

como elas direcionam o trabalho investigativo. É preciso, no entanto, discutir este

tópico na perspectiva de tentar perceber se as linhas dão conta das necessidades

suscitadas pelos estudantes ou mesmo se precisam ser revistas no sentido de

ampliar a possibilidade para outras linhas de pesquisa.

Barreirinha ao tratar sobre o assunto diz que ao iniciar sua pesquisa a mesma

não estava ligada a nenhuma das linhas.

A minha pesquisa variou um pouco de linha, no caso da pedagogia tinha

que ser voltado ao cognitivo, ao ensino aprendizagem, o meu direcionava

mais à questão da leitura, direcionava mais para área de Letras, tanto é que

foi aí minha maior dificuldade de orientador para minha pesquisa.

(BARREIRINHA).

É normal que, durante o processo de estudos, o estudante busque os mais

diversos assuntos para suas pesquisas, uma vez que a proposta curricular do curso

traz uma diversidade de disciplinas de todas as áreas de formação, e isso pode

motivar a busca pelos mais diferentes assuntos para pesquisas, caso contrário,

poderia ocasionar o que afirma Silva (2012, p. 67):

O professor restringe sua dimensão de pesquisador à procura de modelos

corretos que deve favorecer os alunos. Igualmente, para esse professor, a

pesquisa deve ser conduzida como aplicação de um roteiro que ele mesmo

elabora, no qual ele indica as obras, os autores e os tópicos a serem

copiados. O professor, em sua prática, não age e, realmente, não pesquisa,

ele consulta uma listagem dos conteúdos da disciplina.

Seringueira, ao ser questionada sobre a linha de pesquisa que orientou os

trabalhos, afirmou:

Na verdade, elas foram criadas independentes, mas depois foram

convergindo, até porque – como eu pertenço a uma das linhas, então tentei

adequar o tema delas para linha que eu trabalhava, que é... aquela... é...

não lembro [...], mas em nenhum momento houve preocupação se vai

encaixar nessa linha ou se não vai. (SERINGUEIRA).

Foi interessante perceber alguns momentos de silêncio em que se buscava

encontrar a resposta, mas em seguida, mesmo se não respondeu a linha específica,

explicou sobre o processo de construção do trabalho.

Nhamundá, ao falar sobre as linhas de pesquisa, fez minutos prolongados de

silêncio, enquanto tentava recuperar pela memória a qual estava vinculada a sua

pesquisa, mas respondeu dizendo: “Tinha uma sim, eu que não me lembro bem,

mas tinha uma que se encaixava porque meu tema era voltado para o processo da

alfabetização [...]”. Fica evidente que a linha estabelecida no projeto curricular não é

uma camisa de força, mas uma proposta para suscitar as diferentes temáticas da

pesquisa. No entanto, é interessante que os professores avaliem até que ponto

estas linhas que estão estabelecidas no projeto correspondem às suas

necessidades, uma vez que o Projeto Curricular do Curso de Pedagogia não fora

construído por nenhum dos professores que estão atuando no referido curso,

considerando que ao chegarem ao CESP/UEA para iniciarem seus trabalhos após

aprovação no concurso público o projeto curricular já estava em vigor.

Urucará também não conseguiu lembrar com precisão a linha de pesquisa de

seu trabalho, mas justificou a escolha: “Ela estava ligada a uma linha de pesquisa

sobre a qual eu conversei com a professora, não lembro aqui no momento, ela

estava ligada à educação especial [...]”.

A resposta que mais nos chamou a atenção foi a da egressa Boa Vista do

Ramos. Ela não hesitou em responder: “Foi na educação mesmo”. Esta resposta é

sinal que as linhas não são o ponto chave para definir as pesquisas, pois da mesma

forma foi a resposta de Parintins que embora tenha buscado em sua memória, após

alguns instantes respondeu de forma sucinta: “Não lembro”.

Maués foi firme em sua resposta. Mesmo se teve dúvidas para expor a linha

de sua pesquisa, ela trouxe muitas informações importantes para o nosso trabalho.

A princípio, nós tivemos que seguir a linha de pesquisa, até mesmo para

nós termos em mente quem seriam os supostos orientadores, [...] nós

tentamos acompanhar a linha de pesquisa, mas eu penso que em

determinado momento foi fugindo, e a gente não levou até o final [...]

(MAUÉS).

Esta resposta reforça o entendimento que a linha serve de base para definir

os possíveis orientadores, mas não necessariamente direcionam os trabalhos,

tampouco assegura o orientador pretendido pelo estudante. Diante das respostas,

percebe-se que as linhas de pesquisa parecem não terem sido o primordial para

escolha do tema, mas o que mais nos chamou a atenção durante as entrevistas foi a

dificuldade dos pesquisadores em lembrar das linhas dos referidos trabalhos.

O orientador Açaizeiro buscou pela memória, mas não lembrou, no entanto

explicou: “elas estão relacionadas a uma das linhas de pesquisa do PPC, só

confesso no momento não sei definir qual, mas elas estão atreladas a uma das

linhas”. Diante da resposta, pode-se dizer que não houve clareza quanto às linhas

de pesquisa, porém isso não foi um fator para que a pesquisa deixasse de

acontecer.

Guaranazeiro, ao se referir sobre o assunto, disse: “[...] ela está relacionada

com a educação de crianças, então nesse sentido a gente entende que este tema

está relacionado sim com a linha de pesquisa do curso”. Embora não tenha sido

mencionada a linha, a professora justificou.

Nas entrevistas, nem os estudantes e nem os professores orientadores

souberam responder com precisão as linhas que motivaram as pesquisas

realizadas, porém isso não indica que a pesquisa deixara de acontecer. No caso

específico do curso de Pedagogia do CESP/UEA, é possível perceber uma falta de

esclarecimento quanto às linhas de pesquisa, visto que elas não se fecham em si,

ou no processo ensino aprendizagem, podendo o estudante buscar em diversas

áreas do conhecimento a temática para investigação que não esteja contemplada na

proposta do curso.

Neste sentido, verificamos que as cinco linhas de pesquisas estabelecidas no

projeto do curso nem sempre são o ponto de partida para o desenvolvimento do

trabalho devido a vários fatores, como por exemplo, a preocupação de encontrar o

objeto da pesquisa e definir a temática do trabalho, por isso, durante o processo da

investigação, tenta-se encaixar as investigações nas linhas propostas pelo curso.

invenção, descobre as possibilidades, inventa novos desafios. E nessa pedagogia

da invenção o professor pesquisador também se estabelece como sujeito ativo, e

encontra a plenitude de sua docência. Desta forma, compreendemos que as linhas

de pesquisa não comprometeram o desenvolvimento do trabalho porque os

pesquisadores, professores e estudantes se colocaram na perspectiva de enfrentar

juntos os desafios.

No documento Manaus 2015 (páginas 71-74)