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3 A INSERÇÃO FEMININA NO MUNDO DO TRABALHO

3.4 A luta pela igualdade de direitos da mulher trabalhadora

Em todos os campos são marcantes os avanços das mulheres. Elas vivem uma história de lutas e conquistas no qual os seus movimentos em cada momento possuem feições próprias. Há inúmeros fatos e eventos marcantes que contribuíram para as mulheres escreverem sua história.

Em 1759, Olympe de Gouges, uma revolucionária francesa, lança o manifesto “Declaração dos Direitos da Mulher”, denunciando a Declaração dos Direitos do Homem como instrumento de cidadania restrita aos componentes do sexo masculino. Seu questionamento a levou a decapitação.

Em 1848, nos EUA, em Nova York, na Convenção em Seneca Falls, ocorre o primeiro encontro sobre Direito das Mulheres.

Entretanto, em 1857, também nos EUA, em Nova York, 129 operárias morrem queimadas pela força policial, numa fábrica têxtil Cotton. Elas ousaram reivindicar redução da jornada de trabalho de 14 horas para 10 horas diárias e o direito à licença-maternidade. E somente em 1910, em virtude deste episódio e prestando homenagem a essas mulheres, o Congresso Internacional das Mulheres Socialistas institui o 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Sendo que, o reconhecimento desta data foi instituído pela ONU em 1975.

De acordo com Prá (2004, p.50):

Comemorações como a de 8 de março (Dia Internacional da Mulher), têm servido, de um modo geral, para chamar a atenção da opinião pública sobre a situação das mulheres e sinalizar para a luta em defesa da cidadania, da igualdade social e da equidade de gênero. Contudo, é só a partir do momento em que a data é oficializada pela ONU que tais reivindicações adquirem expressão e destaque nos cenários nacionais e internacionais. Ao lado disso, passam a integrar a pauta das agendas políticas de diferentes países e a agenda social das Nações Unidas. Mesmo com o vulto atingido então, isso não diminui a importância das manifestações e mobilizações feministas ou de mulheres, iniciadas há mais de trezentos anos e retomadas com vigor a partir da década de 1960.

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A conquista pelo sufrágio feminino se deu primeiramente em 1893, sendo que, a Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres. Em 1920, foram os EUA. No Brasil, o direito ao voto foi garantido em 1932.

Na década de 20, as trabalhadoras do comércio, baseadas em um projeto das organizações feministas da Europa, lutaram pela redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias, licença remunerada pós-parto de três meses, etc. Os movimentos feministas foram surgindo para garantir os direitos da mulher e passaram a participar de congressos mundiais e a ganhar força.

Em 1945, o Conselho Econômico e Social, na primeira assembléia geral da ONU, realizada em São Francisco (EUA), estabeleceu uma subcomissão para tratar da condição da mulher. Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama que “todos os seres humanos tem direitos e liberdades iguais perante a lei, sem distinção de nenhum tipo, seja raça, cor, sexo...” e em 1954, a Assembléia Geral da ONU( Organização das Nações Unidas) reconhece que as mulheres são “sujeitos de antigas leis, costumes e práticas” que estão em contradição com a Declaração e convoca os governos a aboli-las. Entretanto no caso do Brasil, a partir de 1964, as lutas democráticas tomam um novo rumo em função da ditadura militar- fascista. O movimento feminino democrático ficou impossibilitado de atuar devido a repressão que se instaurou no país.

O surgimento do movimento feminista, apesar de ser um movimento internacional, possui características particulares regionais e nacionais, No processo, o feminismo assumiu e criou uma identidade coletiva de mulheres, indivíduos do sexo feminino com um interesse compartilhado no fim da subordinação, da invisibilidade e da impotência, criando igualdade e ganhando controle sobre suas vidas. O movimento feminista permitiu que as mulheres saíssem do papel de total subordinação em que eram colocadas, nas diversas identidades assumidas. Também esse movimento permitiu uma maior democratização da sociedade e a tomada de consciência do Estado sobre seus deveres.

O movimento feminino democrático, historicamente contou com a colaboração de sindicatos lutando pela liberdade e democracia, e assim criando força com a participação cada vez mais atuante das massas nas lutas por igualdade de direitos trabalhistas e sociais.

A Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher, patrocinada pela ONU, aconteceu na cidade do México em 1975, assistida por 8 mil mulheres

representantes de 113 países e de organizações não-governamentais, tratando sobre igualdade entre os sexos, integração da mulher no desenvolvimento e promoção da paz. Foi um acontecimento inédito na luta pelos direitos das mulheres. Com isso, a ONU declarou os anos de 1976 a 1985 como a “década da mulher” e , em 1984 faz um estudo mundial sobre o papel da mulher no desenvolvimento, marcando o primeiro reconhecimento oficial da importância da mulher em todas as temáticas acerca do desenvolvimento.

Em março de 1995, realiza-se a Conferência de Cúpula sobre o Desenvolvimento Social, em Copenhague, Dinamarca, com o objetivo de definir um programa conjunto entre os governos para diminuir e eliminar a pobreza, expandir o emprego produtivo, reduzir o subemprego e aumentar a integração social. Em setembro de 1995, realizou-se em Beijing, na China, a Conferência Mundial da Mulher e o Fórum das Organizações Não-governamentais.25

A partir de 1975, o movimento feminista traz à tona questões específicas sobre as condições da mulher e de seu engajamento nas lutas democráticas gerais. Estas questões buscam soluções efetivas como implantação de creches, emancipação da mulher, direitos da criança, ou seja, melhores condições de vida. A força dos sindicatos aumentou aos poucos, buscando melhores salários, condições de trabalho, direitos adquiridos. A mulher metalúrgica, química, secretária, foi fundamental para a conscientização de outras trabalhadoras acerca da importância da organização sindical. Porém, o movimento sindical feminino ainda é muito ramificado e isso contribui para que sua força seja menor.

Passou-se a discutir o desenvolvimento de uma economia alternativa à de mercado, que possa ser igualitária para homens e mulheres. Passou-se a dar atenção para a crescente pobreza entre as mulheres, buscando a redistribuição de custos e rendimentos de maneira igualitária, bem como igual acesso na tomada de decisões. Discute-se também a necessidade de reconhecer juridicamente os direitos das mulheres, pois apesar de crescente o número de mulheres responsáveis pelo alimento da família, elas têm dificuldades de acesso aos mecanismos de crédito e à propriedade, tanto na América Latina, como na África e Ásia.

Conforme afirma Attac apud Hirata (2004, p.14):

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Além de ocuparem uma posição subalterna na esfera do poder político e na esfera familiar, as mulheres em muitos países, ainda estão sujeitas à inferioridade jurídica (não desfrutam do direito de herdar, de possuir terra, de votar). Mesmo nos países onde tais discriminações legais desapareceram, os costumes, a religião, as dimensões da cultura, são obstáculos poderosos à igualdade entre as mulheres e os homens e a uma transformação das relações sociais.

Nos últimos anos, a luta feminina tem sido cada vez mais acirrada no sentido de fazer valer seus direitos e inclusive de conquistar novos benefícios. Ela não se deixa abater por dificuldades, pois aprendeu a trabalhar dentro delas, a mulher foi trabalhadora em atividades muito variadas tanto no mercado formal como secretária, professora, enfermeira, etc., como no mercado informal, em atividades de costureira, lavadeira, cozinheira e prostituta. As dificuldades pelas quais a mulher passou e continua passando, servem de aprendizado e de estímulo para ir em busca de novas conquistas e igualdade de direitos.

Segundo Castells (1999), os movimentos feministas têm causado impacto profundo nas instituições da sociedade e, sobretudo, na conscientização das mulheres. Nos países industrializados, a maioria das mulheres considera-se igual ao homem, com direitos às mesmas prerrogativas e de controlar seus corpos e suas vidas. Tal conscientização está se difundindo mundialmente.

Pode-se dizer que "a revolução da mulher foi a mais importante revolução do século XX”. As mulheres foram à luta pela ocupação de espaços, assumindo responsabilidades que eram exigidas ao "primeiro sexo". Elas tomaram lugares nas fábricas, universidades, escritórios, instituições públicas, dentre outros.

Para Ramos e Soares (1995), apesar de todos esses avanços, observa-se que a inserção da mulher no mercado de trabalho sob o modo de produção capitalista é um processo muito mais complicado que o do homem, porque o ciclo de vida ativa da mulher é mais incerto em função do casamento, fecundidade e família, ou seja, o tempo da mulher está dividido em atividades domésticas, atividades no mercado de trabalho e lazer.

A entrada da mulher no mercado de trabalho destruiu a antiga imagem da sociedade tradicional, com a mulher no seu papel de esposa, mãe, administradora do lar, educadora dos filhos. Ocorreu então, uma verdadeira revolução no mercado de força de trabalho com a conseqüente mudança na composição da família.

Mas, mesmo assim a desvantagem feminina persiste. O homem de modo geral, ainda continua ausente na divisão das tarefas domésticas devido a mulher não ter conquistado uma equidade de gênero.

4 AS TRABALHADORAS LATINO-AMERICANAS NO CONTEXTO DA