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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.5 A MÍDIA, O DISCURSO POLÍTICO E A FORMAÇÃO DE OPINIÃO

Em tempos de crise, discute-se muito sobre política e muito se lê sobre isso

também na mídia. Assim, como este trabalho apresenta como corpus textos

relacionados à política no meio midiático, faz-se necessário discutir essas questões.

Primeiramente, cabe discutirmos sobre a diferença entre política e discurso político.

Em linhas gerais, compreendemos que política consiste na arte de bem

administrar e governar um Estado, a partir dos fenômenos ou fatos políticos

relacionados a este lugar. A base da política refere-se à diversidade humana, já que

trata da comunicação e da aproximação entre as pessoas. A palavra política possui

origem na Polis, que era a denominação dada às cidades-Estado na Grécia Antiga,

mas, com o passar dos anos, passou a designar aqueles cuja função maior é cuidar

para manter a ordem no convívio social.

Já o discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto à vida do ser

humano em sociedade. Na Grécia antiga, o político era o cidadão que, responsável

pelos negócios públicos, decidia tudo em diálogo, na praça, onde se realizavam as

assembleias dos cidadãos, mediante palavras persuasivas. Daí o aparecimento do

discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para convencer o

povo.

Ao longo de toda a História, o discurso político faz parte das campanhas

políticas, constituído de argumentações fortemente persuasivas, com o intuito de

tornar coletivas ideias e pensamentos, sobrepondo-se aos interesses da

comunidade. Em períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma

resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos sociais da

resolução das necessidades elementares dos outros.

Nesse sentido, pode-se afirmar que os discursos políticos estão inseridos nos

contextos reais da produção humana e são perpassados por ideologias, formadas

no meio social, e influenciadas pela historicidade, o que os torna suscetíveis a

mudanças no intuito de melhor conseguir persuadir os seus eleitores.

Pensando neste trabalho, procuramos uma definição específica relacionada a

uma questão política e não a encontramos, então, procuramos formular um conceito

a partir de leituras. O termo a que nos referimos é antipetismo. Conforme Souza

(2016, p.42):

Embora, o antipetismo seja um fenômeno presente desde a fundação do PT na década de 80, ele foi impulsionado pelo cenário eleitoral de 2014, radicalizando-se no ambiente institucional e de mobilização da sociedade civil no ano de 2015. A radicalização do antipetismo possui dois aspectos: ele se refere ao ódio de classe, ecoando um posicionamento ideológico afastado claramente de pautas relacionadas a valores como justiça, igualdade e inclusão social, assim como a mobilização das oposições partidárias e de segmentos da sociedade civil que se sustentam no argumento da inviabilidade institucional (crise) do governo petista.

Por antipetismo, entendemos, assim, que é o discurso contra o Partido dos

Trabalhadores, que tem como líder principal, o ex-presidente Luis Inácio Lula da

Silva.

No que se refere à mídia, podemos dizer que ela possui grande influência no

meio político e é um aparato indispensável nas campanhas eleitorais, por exemplo.

Hoje a mídia é o instrumento principal para que se realize uma boa campanha. Os

efeitos de sentidos são muitos e esses, influenciados pela mídia, são facilmente

aceitos pelo povo.

A produção de sentido nas notícias dos fatos se realiza a partir de sentidos de um jogo de influências em que atuam impressões dos próprios jornalistas, dos leitores e da linha política dominante no jornal. Por outro lado, há eventos políticos produzidos para se imporem como notícia. Nesse caso, a imprensa torna-se um veículo usado por determinados grupos/ partidos para ganhar visibilidade (ou notoriedade) política (MARIANI, 1998, p.60).

Desse modo, a equipe que trabalha em jornais, embora apresente ideologias

diferentes dos veículos de comunicação, acabam ―concordando‖ com o que é

pregado pelos donos dos suportes de comunicação.

Conforme Charaudeau (2016), a política produz um discurso com duas

lógicas, a simbólica, com a idealização, tratando de valores coletivos e a pragmática,

com propostas concretas. Assim, entendemos que os políticos possuem uma tarefa

bastante complexa ao produzirem seus discursos, para que sejam bem aceitos pelo

seu povo. Porém, não é o discurso do político que estamos analisando neste

trabalho, mas o que se reflete a partir das ações e das falas deles.

Ao pensar no discurso sobre política, é indispensável tratar da opinião

pública, uma vez que

A opinião é um fato de linguagem: sua construção resulta do entrecruzamento dos atos linguajeiros que o indivíduo (ou o grupo) recebeu, ouviu e produziu. A manipulação das mentes também se faz através da linguagem [...] (CHARAUDEAU, 2016, p. 20).

Dessa forma, compreendemos que a linguagem constitui num aspecto

essencial para se estudar quando se trata de opinião pública formada a partir de

discursos políticos, até mesmo porque é por meio da linguagem que acontecem as

manipulações das mentes. Compreendemos isso, pois ―a opinião é intrinsecamente

ligada à democracia‖ (CHARAUDEAU, 2016, p.42), logo, ela é um fator relevante

para o estudo do discurso político.

Para que uma opinião seja expressa, faz-se necessário um motivo, um

acontecimento que motive a sua manifestação, ou seja, ela se constrói no próprio

acontecimento (CHARAUDEAU, 2016). Em nossa pesquisa, por exemplo, nos

editoriais analisados, estão as opiniões dos editorialistas sobre o acontecimento do

possível impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Convém ressaltar, também, que a opinião pública está constantemente em

construção, segundo Charaudeau (2016), em um movimento triplo de reação por

parte dos grupos sociais, de atribuição por parte dos atores políticos, de

categorização por parte das instâncias midiáticas. A partir dessa ideia,

compreendemos que a mídia funciona como um ―mediador‖ entre os grupos sociais

e os políticos, pelo fato de haver a categorização.

Discutida a questão da mídia, discurso político e formação de opinião,

passamos à apresentação do gênero que analisamos: o editorial.

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