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A Música como Produto da Indústria Cultural

CAPÍTULO 2 ALICERCES TEÓRICOS

2.1. INDÚSTRIA CULTURAL E A MUDANÇA DOS SEGMENTOS ARTÍSTICOS

2.1.4. A Música como Produto da Indústria Cultural

A música é a manifestação artística mais presente no dia-a-dia das pessoas. Independentemente da cultura de cada do povo, o indivíduo tem desde a sua infância, contacto com essa linguagem emitida através de sons, capazes de extrair das pessoas os mais variados sentimentos. “Portanto, estudos apontam que a música é a mais universal das linguagens. É universal no tempo e no espaço porque desde sempre ocupou lugar preferencial em todas as culturas e todos os povos a utilizam.” (Canto et al. 2013, p. 1).

Em casa, nas ruas, no trabalho, por muitas vezes, não é necessário ir ao encontro da música para ter acesso a ela, muito pelo contrário, ela vai por diversas vezes ao encontro das pessoas. A música está inserida em todas as culturais, emitidas através dos veículos de comunicação como rádio; televisão; cinema; revistas especializadas (matérias jornalísticas); através dos cantores; nas historinhas infantis; nas cerimónias oficiais de estado; nas religiosas; no teatro; no folclore e em forma de jingles publicitários, uma vez que

A música como qualquer outra arte acompanha historicamente o desenvolvimento da humanidade e pode se observar ao analisar as épocas da história, pois em cada uma, ela está sempre presente. A música é algo constante na vida da humanidade, pode-se comprovar isto, em todos os registros da trajectória da história.(Ongaro et al. 2006, p. 3).

Na educação, a música é imprescindível para o desenvolvimento intelectual das crianças, pois possibilita uma melhor aprendizagem.

A música na vida do ser humano é tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem-estar das pessoas. No contexto escolar a

música tem a finalidade de ampliar, facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida. (Ongaro et al. 2006, p. 3).

No final do século XIX, a atividade musical torna-se um produto para consumo, com o surgimento do fonógrafo, cilindros de música e do gramofone. Ainda no século XX, com exportações de discos, a execução massiva das rádios e o surgimento do cinema sonoro possibilitam que a música se torne um produto comercial, influenciando os costumes e a cultura das sociedades, em todo o mundo ocidental.

O mundo da música popular, tal como ele se apresentava aos olhos de um observador mais atento dos anos 20 e 30, era um mundo complexo, de ampla penetração sociológica e cultural, mas ao mesmo tempo cada vez mais ligado ao grande negócio industrial que estava se formando a partir da música, com todo seu aparato tecnológico. (Napolitano, 2002, p.14).

Assim, o negócio da indústria musical representa-se mais lucrativo, como é visto, por exemplo, no Brasil, um país que sofreu diversas fusões de ritmos nativos e de outros países que culminaram no que chamamos de MPB (Música Popular Brasileira).

O processo de urbanização das traduções rurais também foi definitivo para a fusão desses ritmos.

No final do século XIX, tem início a fusão de ritmos que se consolida nos géneros musicais reconhecidos como brasileiros. Batuques, lundus, maxixes,

polcas, modinhas, marchas, dobrados, galopes e canções, expressões musicais

de origens africanas, indígenas e europeias fundem-se em novos padrões rítmicos e melódicos e delineiam a chamada Música Popular Brasileira. (Saldanha, 2013, p. 2).

Com a era de ouro do rádio, que se deu no período entre 1940 e 1950, na qual a Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi a que mais se destacou, surgem grandes nomes da música nacional e juntamente uma nova concepção do show business na música brasileira, através dos consagrados cantores e cantoras do rádio.

Os artistas apresentavam-se nas rádios nos seus auditórios para uma quantidade de fãs. Junto com as radionovelas, os programas musicais eram os que davam maiores audiências às rádios brasileiras. E com o passar do tempo, a rádio tornou-se o meio de comunicação mais popular e de maior importância para a sociedade brasileira. Pois, além da divulgação da música produzida no Brasil, a rádio, pela primeira vez começa a

democratização da notícia para todo o país. Uma vez que no Brasil existia um grande índice de analfabetismo.

Segundo Farias & Sousa (2010, p. 3) “de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), em 1920,75% da população brasileira era analfabeta, em 1940, 57,9% e em 1950, 53,16%.”

Consequentemente, a rádio torna-se algo decisivo na fusão de ritmos e de uma nova realidade na música brasileira, em que duas décadas antes da “época de ouro das rádios”, estas através das execuções de discos, contribuíam para a popularização da música brasileira. A rádio possibilita mesmo a formação do primeiro grande veículo de comunicação de massa com forte penetração social.

A consolidação da música popular enquanto produto da indústria de entretenimento e consumo se dá durante as décadas de 1920 e 1930, com a popularização da indústria fonográfica e o surgimento e firmação das emissoras de rádio. Como produto consolidado, o seu sucesso passa a ser medido, não mais só por questões estéticas ou locais, mas, pelas vias de difusão do capitalismo e o seu êxito passa a ser dado pelo tamanho do público atingido e pelo montante do capital gerado. (Saldanha, 2013, p. 4).

Toda essa fusão acabou por constituir novas nomenclaturas de subgéneros aos géneros musicais existentes. “O samba torna-se samba-exaltação, samba-canção,

samba de partido alto, etc. o frevo se torna frevo-de-rua, frevo-canção e frevo-de-bloco,

entre outros.” (Saldanha, 2013, p. 3).

Diante deste aspecto, é importante salientar que, nos Estados Unidos, nas décadas 20 e 30 foram popularmente conhecidas como a era do rádio, no qual esse veículo possuía o maior poder de comunicação e por isso, podemos constatar que

A década de 1930 fecha um ciclo que consolida os gêneros musicais populares ditos brasileiros. No entanto, foi a partir deste momento que estes começam a gozar de maior prestígio, divulgação e reconhecimento como representativos da cultura do seu povo, tendo a sua exposição tanto nos mercados interno quanto externo.” (Saldanha, 2013, p. 3).

E com esse acontecimento, surge a influência da música americana e de outros países sobre a música brasileira.