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A MATERIALIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL NAS DELEGACIAS

CAPÍTULO II ANÁLISE DOS DISPOSITIVOS CONCERNENTES A PRISÃO EM

2.4. A MATERIALIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL NAS DELEGACIAS

De modo procedimental este trabalho tratará sobre a atividade do Delegado de Polícia da Polícia Civil do Distrito Federal, local em que o pesquisador por ser servidor de carreira há mais de 13(treze) anos, consegue observar determinados acontecimentos e trazer à baila os fatos ali executados.

A princípio, importante salientar que grande parte das delegacias de Polícia Civil do Distrito Federal, funciona sob a coordenação de uma “central de flagrantes”.

Com efeito, em cada região metropolitana, há sub-regiões com uma delegacia de polícia para análise das situações onde houver prisões efetuadas pela própria Polícia Civil, pela Polícia Militar, pelos demais órgãos componentes da Segurança Pública, ou, até mesmo, pelo cidadão comum.

Desse modo, em cada uma dessas unidades há uma Autoridade Policial (Delegado de Polícia) previamente lotado naquele órgão ou previamente designado para substituir, segundo critérios legais, elaborados pela administração geral da polícia civil, que trabalha em regime de 12x24 ou de 12x72.

41 - Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;

Para tanto, cada equipe de plantão é composta por um Delegado de Polícia, quatro agentes e um escrivão de polícia.

Dessa forma, quando qualquer representante dos órgãos de segurança pública detém e encaminha qualquer pessoa presa à delegacia de polícia, os fatos que ensejaram aquele encaminhamento ou aquela prévia prisão serão narrados ao Delegado de Polícia.

Nesta diligência caberá ao delegado realizar a de colheita dos fatos, para tanto, ouvirá, em um primeiro momento, de maneira informal, o condutor do preso, ou o responsável pelo encaminhamento da situação, de forma separada e privada. Em seguida, ouvirá testemunhas, a vítima e o provável autor, pessoa física.

Após a análise desses depoimentos, bem como de materiais utilizados ou produtos oriundos do suposto delito, a autoridade policial decidirá, se a situação apresentada realmente se trata de um crime42.

Constatando-se a existência de um crime, será realizada a análise formal e material acerca da existência ou não de alguma das modalidades de flagrante. Caso a resposta seja afirmativa, o Delegado de Polícia tipificará a conduta de acordo com o dispositivo legal previsto no Código Penal Brasileiro ou nas demais dezenas de leis penais extravagantes em vigor. Ou seja, a tempo e com estrita observância ao princípio da legalidade que norteia o Direito Penal Brasileiro.

Por fim, decidirá de acordo com a pena abstrata prevista para o crime se é caso de lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO ou TC)43 ou de

lavratura de Prisão em Flagrante, com possível concessão de liberdade mediante arbitramento de fiança44.

Contudo, havendo recusa da assinatura do Termo de Compromisso de comparecimento à audiência preliminar (caso não seja encaminhado ao juiz competente imediatamente) será lavrado obrigatoriamente, de acordo com a inteligência do parágrafo único do artigo 69 da Lei 9.099/1995, o Auto de Prisão em

42 Vale ressaltar que este pesquisador teve como parâmetros a questão de que a autoridade policial

apenas avalia delitos, demais ilícitos são analisados na esfera jurisdicional ou administrativa.

43 Para esta pesquisa o referido termo circunstanciado de ocorrência “consiste em uma investigação

simplificada, com o resumo das declarações das pessoas envolvidas e das testemunhas, e eventualmente com a juntada de exame de corpo de delito para os crimes que deixam vestígios. Objetiva-se, como se infere, coligir elementos que atestem autoria e materialidade delitiva, ainda que de forma sintetizada” (ALENCAR, TAVORA, 2010, p.714). Referido instrumento procedimental foi instituído pela Lei 9.099/1995 e alterado pela lei 10.455/2002.

44 Importante ressaltar que, perante a legislação brasileira, a autoridade policial detém competência

para o arbitramento de fiança nos casos em que a pena isolada ou cumulada não ultrapasse 4 (quatro) anos de prisão.

Flagrante.

Assim, preenchidos os requisitos que autorizam a lavratura do auto de prisão em flagrante, serão materializadas as seguintes providências:

a) Será feita a oitiva formal do depoimento do condutor pela autoridade policial, colhendo desde logo a sua assinatura ao final e entregando a este uma cópia do termo e recibo de entrega do preso. Neste, o condutor descreverá os motivos que ensejaram a ação de perseguição, caso esta se realize, mencionará a contenção e motivos que retratam a afronta à legislação penal;

b) Serão formalizados, de igual forma, depoimento das testemunhas ou vítima (entende-se que a expressão testemunhas deverá ser interpretada, de modo amplo, pois nela se incorporará a pessoa da vítima), máxime focado no que presenciaram ou ainda ouviram dizer (testemunha direta e indireta, respectivamente)45;

c) Em seguida, será realizado o interrogatório do indiciado; comunicando- o, previamente, sobre o seu direito constitucional ao silêncio;

d) Por fim, far-se-ão as devidas comunicações de praxe: apresentação da nota de culpa ao indiciado, e as demais comunicações em sentido estrito, quais sejam, ao Poder Judiciário, ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, e à Defensoria Pública.

Portanto, essas são as ações e o “modus operandi” da atuação policial exercida especificamente no Distrito Federal, todavia, é de primorosa dicção apontar que a adequação e obediência à legislação deverá ser feita por todo e qualquer órgão de segurança pública.

Referido apontamento ganha primazia neste trabalho, pois servirá de substrato para demonstrar um dos casos práticos e emblemáticos para este pesquisador que foi preciso atenção ao fator proporcionalidade, pois, apenas de não

45 O procedimento da colheita de provas testemunhais estará em conformidade com o determinado

haver determinações legalmente vigente, mostrou-se contundente o desencadear das ações a serem abordadas no capítulo subsequente.

CAPÍTULO III

– O PRECEITO FUNDAMENTAL DO PRINCÍPIO DA

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