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CÁPITULO II: Vivendo o Digital

2.1 A Memória

2.1.1 A Memória Digital

A memória coletiva e social estão diretamente ligada a memória digital, segundo com Leroi-Gourhan (1964-65) apud Le Goff (1990, p. 427), a história da memória coletiva está dividida em cinco (5) períodos: “o da transmissão oral, o da transmissão escrita com tábuas ou índices, o das fichas simples, o da mecanografia e o da seriação eletrônica". Ainda no pensamento de Le Goff (1990), relaciona a memória humana com a memória de computadores, inferindo ao último a característica de extensão da memória do ser humana.

Com o advento da tecnologia digital, a memória começou a ser armazenada nos ambientes virtuais dentro do ciberespaço, que Polak (2013) denomina de nuvens. Assim, podemos chamar essa memória, de memória digital.

Com a cultura digital, o real e o virtual caminham juntos, em que podemos encontrar a junção da informação, comunicação e memória -seja ela individual/social ou coletiva. De acordo com Polak (2013) já estar acontecendo uma migração dos registros culturais para o ambiente virtual, como podemos constatar nos hipertextos, e-book, bibliotecas e museus virtuais, assim, podemos encontrar a memória social digital, em que os registros que estão saindo do analógico para o digital.

Conforme Worcman (2008) que na era digital os conteúdos estão disponível para todos os visitantes, assim a autora nos diz que: “[...] na era digital, na qual conteúdos são apropriados e produzidos por usuários de todo mundo, a questão da preservação da memória volta a existir.”.

Com o crescimento das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) surge uma nova possibilidade de armazenar e guardar a memória seja ela individual ou coletiva, o que Souza (2010) define como banco de dados. Já Santana (2010) mostra a memória digital como uma nova perspectiva de manter e conservar as fontes e o patrimônio histórico e social. Dessa forma, fica mais fácil encontrar e produzir as fontes históricas digitais, Santana (2010, p. 617) afirma que:

[...] é na tecnosfera e midiosfera distintas que são produzidas fontes históricas digitais que possibilitam documentar aspectos da História, no entanto, o fluxo constante e continuo de dados e informações também se apresentam como obstáculos para o historiador.

Caminhando no pensamento da memória digital, Santana (2010) afirma essas memórias digitais estão dentro do nosso pensamento, que Vernandsky (1945) definiu como noosfera. E essas produções são produzidas e guardadas, respectivamente, na tecnosfera e midiosfera. Então podemos definir a memória digital como artefato que carregam características culturais e históricas que são produzidas e armazenadas em meios digitais.

Sobre a tecnosfera e midiosfera Martins (2011, p. 28) nos mostra que tecnosfera são os suportes tecnológicos e a midiosfera são os espaço

comunicacionais. Dessa forma, podemos entender que a tecnosfera dá um suporte nas nuvens para a produção da memória digital. De acordo com Santos (2004, p. 256):

A tecnosfera se adapta aos mandamentos da produção e do intercambio e, deste modo, frequentemente traduz interesses distantes; desde, porém, que se instala, substituindo o meio natural ou o meio técnico que a precedeu, constitui um dado local, aderindo ao lugar como uma prótese.

Como o local que armazena a memória nas nuvens pode ser considerado a midiosfera, pois de acordo com Santana (2010), nos apresenta diversos locais que serviram e serve como espaço de armazenamento, sendo esses locais espaços para a troca de comunicação, que é a função da midiosfera, assim, o autor já citado acima, nos explica que a midiosfera pode ser considerado como:

[...] tecnologias e redes sociais em comunicação existentes em todo mundo na atualidade. Envolvem redes computacionais, telefônicas, televisão, rádio entre outras redes. Na atualidade, a Internet é seu maior representante. (SANTANA, 2010, p. 612).

Polak (2013) nos apresenta a memória social, mas, a sociedade contemporânea está migrando dos registros impressos e indo para as nuvens que Polak (2013, p. 191) nos fala que: “Embora os documentos digitais se encontrem nos ciberespaços, eles devem representar tanto a memória social, quanto a cultura digital”.

A memória nos auxilia a tercer a história e assim, nos proporciona (re)construir o passado, para que isso aconteça, foi pensado diversos meios para guardá-la, como é o caso de documentos e fontes históricas.

Já nessa perspectiva de memória digital, encontramos os museus virtuais como o local que é reservado para preservar a história e memória social de seu povo. Galvão e Bernardes (2011, p.132) afirmam que os museus virtuais podem ser o local destinado a guarda a memória digital, conforme apresenta:

O museu virtual, como um desses espaços de memória na Internet, pode conter apenas materiais publicitários - com catálogos e propagandas - ou até mesmos ambientes sensoriais no intuito de simular as instalações físicas de uma instituição, com o objetivo de atrair o público.

Dessa forma, podemos detectar os ambientes virtuais da memória os museus um dos seus repositórios nas nuvens, assim, os ambientes virtuais são, também, o local de preservação da memória. Na ação do museu virtual, a diretora e fundadora do Museu da Pessoa Karen Worcman (2008, p. 4) relata que o maior desafio dos ambientes museais virtuais são:

Nosso grande desafio de preservação é, portanto, identificar e estimular o uso contínuo e ampliado do acervo [...]. Este conceito tem norteado nossas ações de difusão e usos do acervo com foco em algumas atividades. Posso apontar a educação como uma delas.

Ainda na visão de Worcman (2008), as informações cotidianas estão sendo migrando do mundo concreto e sendo armazenado no mundo virtual. As tecnologias digitais estão tornando-se espaço de preservação e armazenamento da história, cultura e memória social, conforme a autora supracitada nos apresenta:

[...] ações de digitalização de acervos de bibliotecas e museus constituem reações tanto às novas possibilidades de preservação e armazenamento oferecidas pelas novas tecnologias quanto às inúmeras possibilidades de acesso. (WORCMAN, 2008, p.4)

Mas, o museu virtual como espaço para da memória social digital não ficam restrito aos meios de divulgação somente do ambiente museal, ele esta descrito na sua função social que é de ser o local de excelência da História e Memória. Sobre esse aspecto encontramos Demetrio (2011) afirma que os museus virtuais como o local da memória virtual de seu povo, a e assim:

[...] das funções sociais que os museus desempenhavam na Antiguidade, no decorrer da História se percebe que a instituição sempre cumpriu papéis de lugar de curiosidade nos períodos iniciais de sua constituição, passando depois para o uso social, [...]. Hoje se entende que os museus, além das funções tradicionais de disseminação da arte, assumem também o papel educacional na formação de público da memória social. (DEMETRIO, 2011, p. 45).

Através do pressuposto escrito acima, podemos constatar que a preservação da memória em objetos, imagens, documentos guardados em museus que estão dentro dos ambientes virtuais é uma ferramenta que possibilita a propagação da memória sociocultura nos ambientes virtuais,

guardar a memória digital é uma representação da memória social que é a memória de seu povo de sua sociedade.

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