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3 AS DIMENSÕES DO AMOR HUMANO

3.5 A EDUCAÇÃO PARA O AMOR

3.5.2 A mensagem de João Paulo II à juventude na construção do amor

A mensagem pastoral de João Paulo II à juventude contemporânea no contexto das JMJ resume-se fundamentalmente na promoção da dignidade da pessoa humana sobre todas as estruturas sociais, no empenho missionário em prol da paz, diante das divisões e na construção da Civilização do Amor, que defende os grandes valores, diante da cultura efêmera de morte, que oferta os antivalores. Daí a melhor herança a ser comunicada às próximas gerações são os valores superiores do espírito: a liberdade, a justiça social e a responsabilidade (CARDOSO, 2009).

Dois eixos centrais organizam todas as mensagens do Papa aos jovens. Um primeiro refere- se à construção da paz no século XXI. Os jovens sintonizam-se largamente com a natureza e o ideal da paz num mundo de conflitos, guerras, explorações. Campo incomensurável de desafios onde lhes toca batalhar. E para não permanecer num discurso genérico, o Papa lhes indica dimensões práticas da paz no campo da justiça, da verdade, do amor e da liberdade. Aí estão os

verdadeiros pilares da paz. Não deixa de acenar à unidade dos cristãos. Espera-se dos jovens empenho ecumênico como tarefa de paz (CARDOSO, 2009).

Um segundo eixo gira em torno da construção da civilização do amor: encarnação histórica do Reino. Expressão muito cara a Paulo VI, a qual João Paulo II retomou e ampliou. Numa cultura efêmera de morte, desafia os jovens quanto à necessidade de imbuírem-se dos princípios da civilização do amor para construí-la. Cabe-lhes tal responsabilidade. Se eles não o fizerem, ninguém o fará. Ainda vivem momento de certa liberdade em face das seduções ideológicas e das amarras da sociedade. Assim percebem melhor os grandes valores a fim de opor-se ao domínio dos antivalores (CARDOSO, 2009).

João Paulo II (2005) pronunciou que: são tantos os nossos contemporâneos que ainda não conhecem o amor de Deus, ou procuram encher o coração com alternativas insignificantes. É urgente, por conseguinte, ser “testemunhas do amor contemplado em Cristo”. O convite para participar na Jornada Mundial da Juventude é também para vós, queridos amigos que não sois batizados ou que não vos reconheceis na Igreja. Não é porventura verdade que também vós tendes sede de Absoluto e andais em busca de “algo” que dê significado à vossa existência? Dirigi- vos a Cristo e não sereis desiludidos.

Amados jovens, a Igreja precisa de testemunhas autênticas para a nova evangelização: homens e mulheres cuja vida seja transformada pelo encontro com Jesus; homens e mulheres capazes de comunicar esta experiência aos outros. A Igreja precisa de santos. Todos somos chamados à santidade, e só os santos podem renovar a humanidade. Sobre este caminho de heroísmo evangélico foram muitos os que nos precederam e exorto-vos a recorrer com frequência à sua intercessão. Encontrando-vos em Colônia, aprendereis a conhecer melhor alguns deles, como São Bonifácio, o apóstolo da Alemanha, e os Santos de Colônia, particularmente Úrsula, Alberto Magno, Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) e o beato Adolph Kolping. Entre eles, gostaria de citar em particular Santo Alberto e Santa Teresa Benedita da Cruz que, com a mesma atitude interior dos Magos, procuraram apaixonadamente a verdade. Eles não hesitaram em colocar as próprias capacidades intelectuais ao serviço da fé, testemunhando assim que fé e razão estão ligadas e que uma se refere à outra (JOÃO PAULO II, XX JMJ - COLÔNIA (ALEMANHA) – AGO. 2005). Assim, temos que a missão da Igreja Cristã na sociedade atual é apresentar Jesus Cristo e o Evangelho, como o fundamento para uma vida diferente, nova e carregada de sentido. Em 2005, Bento XVI esteve em Colônia, Alemanha, apresentando essa proposta à juventude da Europa. Afirmou que “ser sustentado por um grande amor e por uma revelação não é uma carga, mas pelo contrário, são

asas” (BENTO XVI, 2008). Assim, o jovem que assume a proposta cristã passa a fazer parte da comunidade (do grupo) daqueles que têm um projeto futuro; daqueles para os quais o horizonte deixa de ser nebuloso. Isso faz com que tenham uma vida que vale a pena viver. Assim, a sabedoria milenar do cristianismo; daqueles que passaram pela história recolhendo o que é essencial, está à disposição da pessoa e da juventude na sociedade atual. Apresenta a sabedoria cristã não como delimitação do caminho, mas como luz que amplia a visão e ajuda a escolher melhor.

A Igreja Cristã Católica aparece na sociedade atual como algo que tem a força de rejuvenescer, de trazer um conteúdo novo e libertador; diferente do novo apresentado pela cultura de hoje. Isso porque o conteúdo da sua mensagem é Deus – origem da vida. Ele é força, é energia, é juventude. Na Igreja, está tudo imbuído de vitalidade e força. Daí a importância de a sociedade atual perceber o cristianismo como uma possibilidade sempre nova que vem de Deus. Até porque a sua proposta é desconhecida em muitos lugares e em outros ainda não foi assumida com profundidade.

Mas compreendemos que essa proposta é uma entre inúmeras outras. E, como se isso não bastasse, depara- se com o enfraquecimento das raízes cristãs nas culturas super-desenvolvidas, na técnica, na ciência e na economia. O jovem, que vive mergulhado na cultura atual, percebe a vida com muitas possibilidades, o que o faz afastar-se de um caminho mais sóbrio ou que implique em renúncias. Isso faz lembrar a passagem do filho pródigo, quando este considerava a vida na casa do pai, um tédio; o que o fez sair de casa para desfrutar do que o mundo podia oferecer. Por isso que a Igreja de hoje deve reavivar em si mesma a tarefa de re- propor ao ser humano a voz daquele que disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida!” (Jo 8,12). A Igreja apresenta Jesus como a luz que quer iluminar o íntimo daqueles que buscam o verdadeiro bem e a paz.

O jovem quer viver um algo mais que a sua vida de agora; busca um sentido maior e quer saber como alcançá-lo. Compreende-se que essa perspectiva de futuro, de busca por um sentido maior, influencia na maneira de viver o presente. Faz viver a vida com entusiasmo, objetividade e responsabilidade. É preciso saber o que se quer. Claro que, para isso, o jovem de hoje deve enfrentar seus medos, consequências de si mesmo e de uma realidade adversa. O medo de morrer, seja pelas drogas, pela violência; o medo de não encontrar sentido naquilo que escolhe;

o medo de ficar para trás na evolução da sociedade/cultura, especialmente, quando se trata de oportunidades de estudo e trabalho (PEREIRA, 2000).

Precisa trilhar um caminho, optar por uma direção; valorizar as fontes autênticas do conhecimento e da sabedoria que se encontram na família, na escola, na Igreja e nas demais instituições. Jesus apresenta o caminho de Deus como o caminho da vida; como a possibilidade de uma realização verdadeira; como possibilidade de o jovem assumir seu lugar na construção de uma sociedade nova (PEREIRA, 2000).

Todavia, é sabido que o amor exige integridade, tanto em cada uma das pessoas que se amam como também entre elas. Wojtyla (1982) demonstrou isso analisando o amor nos aspectos metafísico, psicológico e ético e apontando a necessidade de se educar para o amor.

O problema da educação do amor foi destacado por Wojtyla (1982) quando procurou analisar as orientações principais dos esforços do amor como obra humana.

Suas preocupações se deram em três fases: a primeira foi ressaltada pelas dificuldades encontradas no passado e presente para descobrir os caminhos que facilitassem a integração da sexualidade. A segunda foi a de assegurar que as fontes e os referenciais permaneçam teoricamente os mesmos do passado: entretanto, todos devem passar por um processo hermenêutico sério, para que possam responder às interpelações de hoje, quando não só as sociedades se encontram profundamente alteradas, mas sobretudo se instauram novas práticas e novas compreensões no campo da sexualidade e do matrimônio. A terceira preocupação foi a de ressaltar alguns valores que devem ser cultivados. As circunstâncias históricas fazem perceber que o grande desafio da educação para o amor é o da superação de mentalidade pouco compatível com o ideal ético, mas que está profundamente enraigada em nossa cultura.