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4. A CAMINHADA E OS SEUS DESAFIOS

4.2 Organização do Processo de Ensino e da Aprendizagem

4.2.4 A Necessária Tarefa de Avaliar

A tarefa de avaliar é também uma das mais difíceis. Foi assim que ela se revelou ao longo do estágio, logo a partir das primeiras aulas, aquando das avaliações diagnósticas de cada modalidade abordada.

Foi na primeira aula prática que surgiu a primeira avaliação diagnóstica, que recordo pela sua singularidade: ser realizada em conjunto com os meus colegas de NE e o Professor Cooperante. Esta foi uma estratégia adotada pelo Professor Cooperante, para não nos sentirmos desprotegidos ou, como se costuma di er, ―lançados às feras‖, durante as aulas da primeira semana. Foi, sem dúvida uma mais-valia, porque era um dos meus maiores receios e na verdade, ainda me sentia inseguro relativamente à minha capacidade para conseguir avaliar todos os alunos. Contudo, a partir daí, estaríamos entregues a nós próprios, tendo que desenvolver uma capacidade de observação mais precisa e eficaz no que diz respeito às avaliações diagnósticas para depois conseguir elaborar da melhor forma possível os diferentes MECs para a minha turma.

Foi essa capacidade de observação, ou seja, ser capaz de perceber a prestação de cada um dos alunos, o que realmente valem, que se demonstrou como a primeira dificuldade a superar.

Nas aulas seguintes, talvez por terem acontecido num espaço interior esta dificuldade não foi tão sentida. No entanto perdia por vezes o campo de visão dos alunos da turma pela ansiedade de querer logo corrigir um aluno ou grupo onde observava um erro e cortava caminho pelo meio dos alunos.

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Sobretudo na sala de dança que era pequena e com uma turma enorme, ter constantemente o olhar atento sob os alunos era muito difícil.

―fazia mais sentido fazer um “quadrado” com os colchões e ter os alunos mais juntos uns dos outros, de forma a conseguir ter todos os alunos sobre o meu campo de visão para que possa controlar melhor os comportamentos deles e dar mais feedbacks, que de qualquer maneira penso que é difícil pois eles são muitos alunos para conseguir dar a devida atenção a todos...‖ (Reflexão da Aula 11, 30/10/2012).

Contudo, seria importante aperfeiçoar esta capacidade para não perder acontecimentos das aulas que fossem determinantes para a sua qualidade. Neste sentido, à medida que as aulas iam passando, tornei-me capaz adquirir uma maior capacidade de observação, o que me fe crer que a ―experiência‖, isto é, o experienciar, a prática, o confronto com a realidade, é determinante para que esta seja obtida. Esta evolução foi primeiramente confrontada nos momentos de avaliação formal, como são os casos da avaliação diagnóstica e sumativa. Fui sendo mais capaz de avaliar em conformidade com aquilo que os alunos realizavam. Mas aprendi também que é impossível conseguirmos observar tudo o que acontece numa aula, há sempre alguma coisa que nos escapa. O que não quer dizer que não nos devemos esforçar ao máximo para que isso não aconteça.

Também a avaliação em modalidades individuais como o Atletismo ou o Badmínton revelaram-se também difíceis, apesar de estar um pouco mais à vontade nestas modalidades. Realizar a avaliação e ao mesmo tempo ser capaz de gerir os restantes aspetos da aula, foi desafiante, principalmente porque os comportamentos dos alunos no início do 2º período foram piorando. No entanto, com ajuda do professor cooperante, e no dia das avaliações levar já a grelha de avaliação preenchida com as notas provisórias dos alunos, tornou mais facilitada a tarefa de avaliar e gerir os outros aspetos no meu trabalho. Assim, fui aprendendo que a emissão de um feedback a um aluno ou a um grupo que esteja mais distante do local onde me encontro e o

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posicionamento num local oposto ao do aluno que estou a avaliar são estratégias que favorecem o controlo da aula e evitam comportamentos inadequados.

Outro dos problemas foi também a definição dos critérios de êxito para cada conteúdo a avaliar. Se, primeiramente, selecionar um número de critérios que fosse passível de ser avaliado foi sendo melhorado à medida que os momentos de avaliação formal aconteciam, havia um problema bem maior que se revelou uma ―luta‖ com pouco sucesso, que foi sentir algum desinteresse de alguns alunos pela disciplina (talvez por a nota obtida não contar para ingresso da faculdade).

Compreendi ao longo do estágio que o processo de avaliação não se liga apenas à atribuição de um nível, isto é, à classificação. Se bem que essa seja obrigatória, o mais importante é o que aprendemos, o que obtemos e adquirimos ao longo de todo o processo, no sentido de melhorarmos as nossas práticas e de adequarmos o processo de ensino e aprendizagem aos nossos alunos.

Deste modo a avaliação diagnóstica foi o meio que me permitiu obter conhecimento sobre as capacidades dos meus alunos, e com a construção do MEC com a respetiva UD, adequei todo o processo de ensino e aprendizagem de cada uma das diferentes modalidades, no sentido de os fazer evoluir, isto é, aprender. A avaliação sumativa possibilitou avaliar a aquisição dos objetivos por parte dos alunos e, por outro lado, analisar e sumariar a qualidade das estratégias levadas a cabo por mim para esse fim.

Por outro lado, a avaliação formativa, com um caráter informal, realizada através de observação direta e das reflexões escritas de todas as aulas foi, sem dúvida, uma avaliação importante. Considero-a assim por diversos motivos: foi a que ocorreu com maior frequência, a que se revelou um alicerce fundamental para a avaliação sumativa, a partir da qual pude dar a conhecer aos alunos aquilo que pretendia deles, e porque me permitiu ajustar o processo de ensino e aprendizagem, isto é, construir e reconstruir de forma a ajustá-lo às necessidades dos alunos. Contudo, com a altura dos testes teóricos, alunos que eu sabia que eles valiam muito mais do que aquilo que demonstravam nas

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aulas de avaliação sumativa, desconcentravam-se, baixando o seu rendimento na última aula da UD da modalidade que foi abordada. Esses alunos tinham o pensamento no teste que iriam realizar a seguir. Outro aspeto foi que, alguns alunos abandonavam e faltavam à aula para estudarem na biblioteca para o teste, dizendo que estavam doentes, ou se sentiam mal dispostos.

―Uma situação caricata que aconteceu, foi a de uma aluna ter dito que se estava a sentir mal disposta, tendo em conta isso mandei-a ter com a funcionária para ela tomar um chá mas depois voltar à aula, mas o que aconteceu foi que ela nunca mais voltou à aula, indo o professor cooperante ver o que se tinha passado com ela, e viu que ela estava na biblioteca a estudar para outras disciplinas, tendo em conta esse aspeto a diretora de turma será notificada pelo comportamento da aluna em abandonar a aula sem permissão‖ (Reflexão da aula 35, 19/02/2013).

Neste sentido, devo à avaliação formativa a possibilidade de, no momento da sumativa e da classificação, ser capaz de decidir com maior rapidez, tendo em conta todo o processo anterior. A emissão de feedbacks e as conversas no final das aulas foram momentos que exemplificam a capacidade de, através deste tipo de avaliação, situar os alunos relativamente aos seus desempenhos e aquilo que ainda podiam atingir, se continuassem a trabalhar para tal.

É preciso também ter em conta que todo este processo avaliativo não se centra apenas nas capacidades e habilidades motoras mas em todas as áreas transdisciplinares da Educação Física como a cultura desportiva, os conceitos psicossociais e a fisiologia do treino e condição física. Isto era algo que a mim me escapava nas primeiras reflexões, mas que aos poucos foi fazendo todo o sentido devido à riqueza da nossa disciplina.

Quanto à classificação, foi sempre meu objetivo ser o mais justo possível, sabendo da dificuldade que esta me fez sentir nos momentos de avaliação. Recorri frequentemente à comparação entre os alunos para poder distinguir, com justiça, os desempenhos, embora alguns alunos baixassem consideravelmente a sua nota devido às atitudes que tomaram durante as

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aulas. Como o exemplo que referi de abandonarem as aulas para irem estudar para outras disciplinas, o que de certa maneira me entristeceu.

Assim, posso concluir que todo este processo avaliativo, desde o primeiro ao último momento, me fez evoluir como professor, permitir-me visionar as estratégias que melhor funcionavam com aqueles alunos e, dessa forma, promover a aprendizagem. Embora sem grande sucesso, provavelmente porque alguns alunos simplesmente não valorizavam a aula de Educação Física, uns porque não gostavam de alguma modalidade, outros porque estavam sempre em conflitos com os colegas e outros porque a nota não contava para ingresso na faculdade. Estes aspetos que levou-me a tentar motiva-los de todas as formas que conhecia, muitas vezes com a intervenção do professor cooperante, mas sem grande sucesso também.

Vou agora refletir acerca de alguns momentos que considero marcantes na minha atuação e que se revelaram de grande importância quer para a formação profissional, quer para o sucesso da atuação ao longo do ano.