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A NORMALIZAÇÃO TÉCNICA E CERTIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE

3. A QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1.2 A NORMALIZAÇÃO TÉCNICA E CERTIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE

“Todo esforço de melhoria da qualidade de uma empresa, de um setor industrial e de um país começa com a normalização dos produtos, projetos, processos e sistemas. Sem normas e padrões não há controle nem garantia, nem certificação da qualidade.” (SOUZA et al., 1994).

A normalização tem como função especificar os produtos de acordo com as necessidades do consumidor e estabilizar os processos, com intuito de que todos os insumos sejam processados da mesma maneira, racionalizando o uso de materiais, mão-de-obra e equipamentos, visando reduzir os custos de produção e a conformidade do produto final.

Em função do avanço tecnológico e das necessidades dos consumidores, a normalização está em constante mudança, tendo caráter dinâmico e de modificação rápida.

Além das normalizações utilizadas pelas empresas, existem as de caráter mais abrangente, como: a normalização nacional (normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas - ABNT), a regional (normas da Comunidade Européia, etc.) e as normas internacionais (normas da International Organization for Standardization - ISO). Devido aos vários agentes envolvidos neste processo, estas têm sua evolução mais lenta.

No Brasil, desde 1940, a normalização está sob responsabilidade da ABNT, sendo o Comitê Brasileiro de Construção Civil – Cobracon (CB-02) – principal responsável pela elaboração e revisão das normas técnicas do setor da construção civil.

Estas normas são entendidas como instrumento de consolidação da tecnologia nacional e sua transferência entre as várias regiões do país, definindo os níveis de qualidade dos materiais e componentes, seus métodos de ensaios, os processos de planejamento, elaboração, projeto e execução de serviços e os procedimentos para operação e manutenção de obras (SOUZA et al., op. cit.).

Referente aos SPHS, o Cobracon tem em sua estrutura dois subcomitês (ABNT, 2004):

o Sc-110 - Aparelhos e Componentes Sanitários: Responsável pela normalização

referente a aparelhos sanitários de vários materiais e componentes em plásticos;

o Sc-146 - Sistemas Prediais Hidráulico-Sanitários: Responsável pela normalização

referente às instalações de água fria, água quente, águas pluviais, esgoto sanitário, segurança contra incêndios e instalações prediais de gás.

Foram publicadas 509 normas (ABNT, 2003) visando constituir uma unidade para padronização de componentes e a coordenação dimensional entre o projeto e os vários subsistemas que constituem o produto final, harmonizando e uniformizando os diversos agentes da cadeia produtiva.

Inúmeros profissionais participam da elaboração destas normas: representantes de entidades de classe, empresas projetistas, fabricantes, empresas construtoras, órgãos públicos, laboratórios, empresas de consultoria, institutos de pesquisa, universidades e o consumidor (ABNT, op. cit.).

A elaboração de uma norma técnica para o setor da construção civil passa por nove etapas básicas (SOUZA et al., 1994):

1. Identificação da necessidade da norma.

2. Inserção no plano quadrienal de normalização da ABNT.

3. Elaboração do texto-base da norma.

4. Instalação da comissão de estudos da norma.

5. Análise do texto pela comissão de estudos.

6. Aprovação do projeto de norma.

7. Votação nacional do projeto de norma.

8. Análise dos votos pela comissão de estudos.

9. Aprovação, numeração e publicação da norma.

Já a certificação de conformidade “... consiste da verificação da conformidade de um produto, serviço ou Sistema da Qualidade a uma determinada norma técnica, que pode ser feita através da realização de ensaios de produtos e de auditorias em sistemas de controle e garantia da qualidade praticados pela empresa que solicita a certificação.” (SOUZA et al., op. cit.). Caracteriza-se como importante instrumento para elevação dos padrões de qualidade do setor da construção civil.

Em 1973, o governo federal centralizou as certificações através do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Estas eram praticadas em segmentos específicos da indústria em escala reduzida. Em 1992, foi aprovado o novo Sistema Brasileiro de Certificação pelo Conselho Nacional de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial – Conmetro (ABNT, 2003).

POLÍTICA DE CERTIFICAÇÃO CONMETRO COMITÊ BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO INMETRO SE DO CBC CREDENCIA OCC RECONHECIMENTO INTERNACIONAL CERTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

ORGANISMO DE CERTICAÇÃO CREDENCIADO - OCC

AGENTES DE INSPEÇÃO LABORATÓRIOS

Figura 3.2: Novo modelo brasileiro de certificação (SOUZA et al., 1994). Os pontos mais importantes da sua estrutura são (SOUZA et al., op. cit.):

o Criação dos Organismos de Certificação Credenciados (OCCs), que podem ser

entidades setoriais públicas ou privadas, sem fins lucrativos, credenciadas pelo Inmetro para exercer a certificação de produtos, serviços e sistemas da qualidade, estes últimos de acordo com as normas ISO 9000.

o Reconhecimento do Inmetro como órgão responsável pelo credenciamento dos organismos de certificação de acordo com os guias ISO/IEC e as Normas Européias EM 45000, que abordam: estrutura gerencial e técnica da entidade certificadora; imparcialidade e independência da entidade, caracterizando a certificação de terceira parte, ou seja, a inexistência de interesses econômicos entre o órgão certificador e a empresa concessionária da certificação.

o Criação do Comitê Brasileiro de Certificação (CBC), formado paritariamente por

representantes do governo, trabalhadores, produtores, comércio, consumidores e entidades técnico-científicas, com as atribuições de estabelecer a política nacional e o planejamento estratégico na área de certificação, além de aprovar os procedimentos e critérios para credenciamento de OCCs.

Para certificação de Sistemas de Qualidade, a referência no Brasil é a NBR ISO 9001 – Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos (até 2002 dividida nas normas: ISO 9001, 9002 e 9003), é ela que define os modelos de garantia da qualidade a ser atendidos pelas empresas. As normas ISO estão presentes em mais de 130 países e no Brasil, sua edição e revisão estão sob responsabilidade da ABNT.

Em 1979 foi criado o Comitê da Qualidade 176 que, em 1987, publicou as primeiras normas da série ISO 9000, formada por um conjunto de cinco normas: ISO 9000, 9001, 9002, 9003 e 9004. Em 1994, estas normas sofreram a primeira revisão e, em 2000, sua segunda revisão em vigor atualmente.

Esta revisão teve como objetivo atender às principais reivindicações mundiais (LINK QUALITY, 2002):

o Beneficiar as principais partes interessadas: clientes, proprietários, funcionários,

fornecedores e a sociedade.

o Serem úteis para todos os tamanhos de organização e adequadas a todos os

setores.

o Serem de uso e entendimento fáceis e com linguagem e terminologia simples e

o Serem compatíveis com as outras normas de gestão, em especial a ISO 14000 (Meio Ambiente) – gestão integrada.

o Ligar o Sistema de Gestão da Qualidade aos processos do negócio (estrutura

baseada na abordagem de processo e não na atividade isolada).

o Sejam ajustáveis para o escopo das operações, ou seja, possibilidade de ajustes

com a devida justificativa.

o Incluir a Melhoria Contínua.

o Facilitar a auto-avaliação por meio de um questionário.

A ISO 8402 (Terminologia) e a ISO 9000 partes (Seleção e Uso) de 1994, deram origem a ISO 9000:2000 (Fundamentos e Vocabulário). As ISO 9001, 9002 e 9003 fundiram-se na ISO 9001:2000. A ISO 9004-1 (Gestão) originou a ISO 9004:2000 (LINK QUALITY, 2002).