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Capítulo 3 A REINCIDÊNCIA CRIMINAL NA ATUALIDADE

4.2 A penitenciária

A penitenciária “José de Deus Barros” foi inaugurada em março de 1999, quando encontravam-se recolhidos na antiga penitenciária aproximadamente 70 (setenta) presos. Inicialmente, a maioria dos presos era composta por pessoas do próprio município, mas após dez anos, a penitenciária já conta com aproximadamente 206 presos, sendo um menor número os de Picos e os demais oriundos de várias cidades próximas.

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http://www.picos.pi.gov.br

A estrutura física da penitenciária compõe-se de uma área administrativa e outra de segurança. A área administrativa compõe-se de gabinete da direção, consultório médico e odontológico; sala do psicólogo; sala do assistente social; sala do advogado; alojamento de agentes penitenciários e policiais militares; parlatório (cabines para o recebimento de visitantes pelos presos) e a cozinha. A área de segurança é composta por quatro pavilhões, onde permanecem recolhidos todos os presos; um módulo com dez apartamentos para encontros íntimos de presos com esposas ou companheiras; um templo para cultos ecumênicos e um outro módulo onde funcionam a panificadora e a sala de aula.

A capacidade de lotação da penitenciária é de 144 vagas, distribuídas em 4 pavilhões com 50 celas coletivas. Cada cela possui um banheiro e camas construídas de tijolos e concreto, sendo estas dimensionadas conforme a quantidade de presos que podem acomodar, conforme o Quadro 2:

Quadro 2: Quantidade versus dimensão das celas da Penitenciária

Quantidade de celas Dimensão Vagas por cela Total

36 8,5 m² 2 72

4 8,5 m² 4 16

7 18,7 m² 5 35

3 18,7m² 7 21

Fonte: Dados da pesquisa

Quanto à rotina dos presos na penitenciária, até a primeira metade do ano de 2002, consistia em recolhimento em cela por quase todo o dia, pois tinham apenas uma hora e meia diária de banho de sol. No entanto, a partir de meados do mesmo ano, a extinta Superintendência de Presídios, após reivindicação dos presos, alterou o horário de banho de sol para quatro horas diárias, sendo que dois pavilhões são liberados no turno da manhã, das 08:00 às 12:00hs, e os outros dois no turno da tarde, das 13:00 às 17:00hs.

No que concerne à visita familiar, também conhecida como visita de parlatório os presos recebem seus familiares e amigos, esta acontece aos finais de semana, sábado e domingo, das 08:00 às 17:00, divididos os visitantes em grupos que

permanecem por uma hora e meia com cada preso num local reservado especificamente para essa finalidade de visitação identificada de parlatório. Não há contato direto do preso com o visitante porque o parlatório é dividido por grade de ferro.

Em relação às visitas dos presos com suas esposas ou companheiras, também conhecida como visita íntima, esta ocorre em dois dias da semana, segunda e sexta-feira, devendo o preso escolher apenas um desses dias. Exige-se um procedimento administrativo prévio consistente em entrevista da esposa ou companheira com a assistente social, oportunidade em que é preenchido um cadastro de visita íntima, bem como estabelecido do melhor dia para a visitação.

Os visitantes, homens e mulheres, são submetidos a uma revista pessoal antes de adentrarem na área do parlatório, cuja finalidade é a manutenção da segurança interna da unidade prisional. Entretanto, em nome dessa segurança, submete-se, quase sempre, os vistantes ao inadmissível constrangimento da revista pessoal. A recomendação do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária é no sentido de que esse tipo de revista seja realizada somente através de meios eletrônicos, ou seja, detectores de metais, sendo permitido, excepcionalmente, os meios convencionais, após atendidas determinadas exigências formais. Entretanto, a Secretaria de Justiça do Estado do Piauí ainda não equipou adequadamente a penitenciária “José de Deus Barros” para o cumprimento dessa orientação.

Além das visitas que constituem direito e alcançam quase todos os presos, tem-se, ainda, as atividades de manutenção e conservação da penitenciária que são responsabilidade de um pequeno grupo, constituído por dez ou doze presos, em geral, condenados e de bom comportamento. Estes presos deixam de conviver com os demais, em celas, e passam a habitar quartos específicos, próximos aos pavilhões, onde passam a ter um maior grau de liberdade em função do trabalho exercido, o qual consiste em auxiliar os serviços da cozinha, limpeza da área interna, pequenos consertos e reparos, bem como são responsáveis pela distribuição da alimentação nos pavilhões. Esses presos são beneficiados com o instituto da remição de pena, ou seja, a cada três de dias trabalhados, diminui-se um dia de sua pena.

Ademais, a partir do mês de outubro do ano de 2006, implantou-se, na penitenciária de Picos, o projeto “Educando para a Liberdade” o qual consiste na alfabetização de presos dentro da unidade prisional. Assim, instalou-se uma sala de aula dentro do presídio, onde os presos, devidamente matriculados numa escola estadual, assistem aulas ministradas por professores do quadro da Secretaria Estadual de Educação, em convênio firmado com a Secretaria de Justiça. Apesar da importância da iniciativa, o número de presos interessados supera largamente o número daqueles que o projeto pode atender, que são apenas vinte presos por período, em função das condições de segurança e infraestrutura da penitenciária.

Com exceção dos presos que trabalham na manutenção e conservação do estabelecimento, não há outro tipo de trabalho ou outra atividade que possa preencher o tempo ocioso dos presos, bem como pudesse proporcionar condições harmônicas para a ressocialização.

Uma parcela de presos, para fugir da ociosidade, dedica-se ao artesanato dentro da própria cela, o que torna a atividade bastante limitada. Outros dedicam-se a atividades ilegais como consumo de drogas, brigas, motins e tentativas de fugas.

Trata-se, a penitenciária, de um estabelecimento para recolhimento de presos condenados, a fim de cumprirem pena, bem como de serem submetidos a um processo de ressocialização pelo Estado, para que possam retornar ao convívio social sem incidirem em novas condutas criminosas. Entretanto, é maior o número de presos provisórios recolhidos na penitenciária, ou seja, sem condenação, o que de certo modo contribui para a superlotação carcerária e, sobretudo, a ineficácia do processo ressocializador.